O agente imunológico é diretamente responsável por defender o corpo de invasores como fungos, vírus e bactérias. Ele é composto por células, tecidos e alguns órgãos. Por isso, o organismo deve estar com um bom funcionamento, para que o individuo não esteja suscetível a doenças. Exemplos de hábitos ruins, como o consumo excessivo de álcool, cigarro, má alimentação e ingestão de água, poucas horas de sono e muitos outros, podem ser agravantes da questão.
É importante ressaltar que uma dieta equilibrada com a manutenção de exercícios físicos e boas noites de sono é uma ótima forma de moldar sua rotina a favor de sua saúde. Mas a verdade é que a imunidade de toda uma sociedade caiu após a pandemia de covid-19. Pois com todos reclusos em casa, foi tornando-se mais difícil de manter a rotina como antes. As consequências de uma rotina não balanceada são resfriados, viroses, e talvez doenças ainda mais graves.
Segundo a médica Manuela Dowsley, da clínica Otorrino DF, “Os pacientes estão mais preocupados com isso, buscando orientações preventivas com profissionais de saúde ou investigando as razões para fraqueza, ou gripe constante, por exemplo. Estar atento a essas questões é importante, a preocupação com o sistema de proteção do nosso organismo deve ser constante”.
Para ter um sistema imunológico funcionando bem e para se livrar de qualquer mal-estar a melhor saída é melhorar seus hábitos diários, o que de início não é nada fácil, pois as pessoas se acostumam com as suas rotinas. É também indicado reforçar o consumo de alimentos antioxidantes, como frutas ricas em vitamina C, por exemplo. Mas com a perseverança as mudanças vão acabar se tornando hábitos de fato, sendo assim, indispensáveis em seu cotidiano.
Esses são os principais sinais de imunidade baixa:
– Infecções recorrentes, como amigdalites; – Doenças simples que demoram a passar, como gripes; – Cansaço excessivo; – Manchas vermelhas ou brancas na pele; – Queda acentuada de cabelos; – Unhas fracas.
A vitamina D virou umas das grandes preocupações das pessoas, principalmente após a pandemia, já que ela ajuda o sistema imune e só é produzida a partir da exposição ao sol, coisa que nem todos conseguiram fazer durante longo tempo de isolamento social o qual passamos.
Mas como saber se de fato estamos com deficiência do nutriente ou se é só uma preocupação que virou febre nesses tempos? A nutricionista funcional e esportiva da CliNutri, Thais Barca, explica os sinais mais comuns no caso de falta da vitamina. "Baixa imunidade, fadiga sem um motivo aparente, dores nas costas, dores como sensação de dor óssea, desânimo, desmotivação, apatia problemas na cicatrização e dor muscular são comuns."
A endocrinologista da SBEM-SP (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo), Marise Lazaretti Castro, diz ainda que existe uma consequência indireta que é a osteoporose.
"Uma das funções da vitamina D é aumentar a absorção do cálcio dos alimentos. Então, quando eu não tenho vitamina D, o cálcio dos alimentos não é aproveitado e o paratormônio [hormônio responsável por regular os níveis de alguns nutrientes circulando no sangue de um indivíduo] para manter o cálcio normal ele o nutriente do osso para manter o sangue sempre normal." "O calcentriol, que é a forma ativa da vitamina D, também pode agir em outros locais não somente nos ossos, como no cérebro, no coração, no pâncreas e na pele", afirma Thais. Outra característica que pode ser notada em pessoas com déficit desse nutriente é a reincidência frequente de infecções respiratórias.
"Quem tem muita infecção respiratória pode estar com deficiência. Claro que essa não é a única causa, mas a vitamina D é importante para que o sistema imune fique competente, para que tenhamos todas as competências do sistema imune funcionando", ressalta Marise. Deficiência é mais comum em idosos
A única forma do corpo produzir a vitamina D é pela exposição ao sol. Diferente de outros nutrientes, os alimentos não são capazes de oferecer o necessário para manter o indivíduo saudável.
Os produtos mais ricos em vitamina D são os peixes gordurosos de águas geladas, como o salmão e o atum. "Teríamos de comer todo dia um filé de um desses peixes e não fazemos isso, já que não é nosso hábito. Outros alimentos têm pouquíssima vitamina D e não são considerados fonte", orienta a endocrinologista.
As pessoas que têm mais chances de apresentar deficiência do mineral são idosos, obesos, quem não se expõe ao sol ou usa protetor solar o tempo todo, doentes, quem tem distúrbios de absorção intestinal, como os pós-bariátrico e pacientes com doenças inflamatórias intestinal.
As pessoas de pele escura – negros, indianos e árabes – também têm possibilidades maiores da deficiência na vitamina D, já que a melanina da pele funciona como 'protetor solar' natural. "Essas pessoas precisam de mais sol para produzir vitamina D, quando toma pouco sol a deficiência aparece. Isso porque a melanina, que é o pigmento escuro da pele, funciona como um filtro solar. Por isso que a pele do negro é linda, não envelhece e o sol não deteriora. Ao passo que os branquinhos a pele enruga muito mais fácil, porque o sol estraga", destaca Marise. Como é feito o diagnóstico?
Só os sintomas descritos acima não são suficientes para confirmar a necessidade da reposição. "É necessário fazer uma anamnese bem minuciosa para poder entender qual é a realidade desse paciente? O que que ele faz ou deixa de fazer durante o dia dele e isso vai ajudar a gente a entender melhor, quais são os sintomas que esse paciente tem", conta Thais.
Mas a confirmação vem só com a análise clínica. "É importante solicitar o exame de sangue para avaliar, aí juntamos os sintomas com o resultado bioquímico para poder fechar o diagnóstico de deficiência de vitamina D e qual reposição deve ser feita", complementa a nutricionista. Excesso de vitamina D
As necessidade fisiológicas variam de acordo com a idade. Nas criança são necessárias 400 unidades por dia e no adulto de 1.000 a 2.000 unidades por dia.
Todavia, diante da febre que virou a reposição da vitamina D, a endocrinologista ressalta que a superdosagem é altamente prejudicial à saúde.
"Atualmente me preocupa mais com o excesso do que com a deficiência da vitamina D. O excesso geralmente acontece por prescrição médica ou prescrição por algum profissional da saúde. Não tem intoxicação tomando essa vitamina D que tem na farmácia, disponível para venda livre, porque elas em geral são em doses pequenas, doses diárias", salienta Marise.
Doses maiores que as necessárias podem causar toxicidade e a pessoa pode ter fraqueza, náuseas, perda de apetite, dor de cabeça, dor abdominal, câimbra e diarreia.
"Se essa toxicidade for elevada, o paciente pode ter hipercalemia, que é o excesso de cálcio no sangue, e ele pode durar um bom tempo porque ele tem uma liberação lenta e também tem um acúmulo no tecido adiposo, isso pode causar uma contração anormal dos vasos no músculo liso levando ali uma hipertensão, por exemplo", alerta Thais.
A endocrinologista finaliza: "Esse conceito errado de que quanto mais melhor não tem não nenhum fundamento científico. Precisamos das doses fisiológicas normais. O pessoal dá 100.000 unidades por dia, com essa ideia de que vai melhorar a imunidade que vai evitar doenças autoimunes, é um absurdo."
Pesquisadores da Washington State University descobriram que medir a forma que as pupilas dos olhos mudam quando expostas à luz pode ser uma ferramenta eficaz para detectar o autismo em crianças, principalmente as de até dois anos.
A primeira autora do estudo, Georgina Lynch afirma que obter o diagnóstico precoce do distúrbio é essencial, pois ele afeta a comunicação e a interação social das crianças. “Sabemos que quando intervimos com idades entre 18 e 24 meses, isso tem um impacto a longo prazo nos resultados. Intervir durante essa janela crítica pode ser a diferença entre uma criança adquirir a fala verbal e permanecer não verbal. No entanto, após 20 anos de tentativas, ainda não mudamos a idade média do diagnóstico aqui nos EUA, que é de quatro anos", explica Lynch.
A técnica, baseada em estudos anteriores e conhecida como reflexo pupilar à luz, tem por objetivo mudar essa situação e viabilizar uma tecnologia portátil capaz de rastrear de forma rápida e fácil os quadros de autismo em crianças. O estudo fez testes em 36 crianças de seis a 17 anos diagnosticadas com autismo, e um grupo de 24 crianças sem sinais do distúrbio e com desenvolvimento típico. Com o auxílio de um pupilômetro monocular portátil – capaz de medir um olho de cada vez –, os cientistas testaram os reflexos pupilares dos dois grupos.
Os resultados mostraram que, comparadas às crianças típicas, o grupo com autismo teve diferenças significativas no tempo que a pupila levou para se contrair em resposta à luz, e elas também demoraram mais para voltar ao tamanho original após a remoção da luz.
Os dados foram um achado, já que os pesquisadores sabiam que, comumente, "não há diferença significativa entre os olhos em termos de resposta pupilar no autismo, ao contrário de traumatismo craniano ou concussão, onde é comum ver tamanhos de pupilas desiguais".
Lynch explica que “esse sistema [de dilatação da pupila] é modulado no cérebro por nervos cranianos enraizados no tronco cerebral, e os nervos cranianos adjacentes afetam sua capacidade de adquirir fala e linguagem. O reflexo pupilar à luz testa a integridade desse sistema, então parecia lógico tentar essa medida muito simples e não invasiva para determinar se havia diferenças entre o desenvolvimento típico e o autismo".
Frente aos resultados positivos, as informações serão, possivelmente, inseridas nos processos de triagem das crianças, e o dispositivo servirá como base para os profissionais de saúde decidirem se devem ou não encaminhar a criança para uma avaliação mais detalhada do distúrbio. Sendo assim, permitirá que estes profissionais realizem uma triagem rápida e objetiva, com mais precisão e velocidade de diagnóstico.
A primeira autora do estudo já está preparando a solicitação de aprovação de pré-mercado da Food and Drug Administration – agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos – para o dispositivo.
Entre os tumores mais diagnosticados no Brasil, os de colo uterino ocupam a quarta posição no ranking. São também a quarta causa de morte por câncer, embora possam ser prevenidos por meio de vacinação e de um teste capaz de detectar o HPV – particularmente os tipos 16 e 18 desse vírus, considerados de alto risco oncogênico.
A forma de se obter a amostra para o teste de HPV é semelhante à do exame de Papanicolaou: células do colo do útero são coletadas, preferencialmente com uma escova específica para esse fim. No laboratório, por meio de uma tecnologia conhecida como PCR (reação em cadeia da polimerase), observa-se a presença ou não do DNA de diferentes tipos do vírus no colo do útero. No entanto, o rastreamento no país ainda é feito primariamente por meio do exame citológico (Papanicolaou), que apresenta baixa sensibilidade quando comparado ao teste molecular específico para identificação do HPV.
O maior impedimento para sua adoção seriam os valores envolvidos na alteração do sistema atualmente adotado. Porém, de acordo com uma pesquisa feita no Hospital de Amor (antigamente chamado Hospital do Câncer de Barretos), o método já é realidade em países da América Latina e poderia, sim, ser utilizado de maneira custo-efetiva no Brasil, o país mais rico da região. A conclusão foi publicada na revista Cancers.
Com apoio da FAPESP, os pesquisadores fizeram uma revisão dos estudos já publicados sobre o tema. Também levantaram informações oficiais sobre triagem primária com teste de HPV em oito países. No caso do México, o exame é feito de forma gratuita em todos os territórios. Já Argentina, Chile e Peru o adotaram apenas em determinadas regiões. Em El Salvador e Guatemala, a triagem com testes moleculares específicos é recomendada nacionalmente.
No Brasil foram realizados dois estudos-pilotos (um na capital paulista e outro em Indaiatuba, interior do Estado), cujos resultados corroboram a premissa de que a implementação dos testes de HPV na triagem primária feita pelo sistema público de saúde é não apenas viável, mas recomendável por seu potencial na redução da morbidade e mortalidade por câncer de colo de útero.
“A ideia de nossa pesquisa é pautar uma política pública para pensarmos se a implementação seria interessante em nível nacional, considerando custo e efetividade”, explica Luani Rezende Godoy, bacharel em biotecnologia e doutoranda do Grupo de HPV do Centro de Pesquisa em Oncologia Molecular (CPOM) do Hospital de Amor.
“Os resultados nos surpreenderam positivamente porque sabíamos que o exame era comumente realizado em países europeus, mas desconhecíamos sua viabilidade efetiva em outro contexto.”
Segundo os autores, observar a população latino-americana foi importante por conta de sua heterogeneidade e dos altos índices de carcinomas cervicais provocados por diferentes tipos de HPVs, dependendo das regiões e dos cuidados a que as mulheres têm acesso.
“Identificar essas diferenças de forma abrangente e robusta pode produzir dados que nos orientem a introduzir estratégias de prevenção mais eficazes”, afirma Adhemar Longatto Filho, professor convidado da Faculdade de Medicina da Universidade do Minho, em Portugal, pesquisador científico visitante do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) e coautor da revisão. Teste na idade correta
No Brasil, o Papanicolaou é realizado a partir dos 25 anos de idade, fase de atividade sexual presumivelmente mais frequente e, portanto, de maior contato com o vírus HPV. Na maioria das vezes, o microrganismo não permanece no corpo por tempo suficiente para causar as alterações que levam ao surgimento do câncer de colo de útero. Desse modo, mulheres jovens abaixo dos 25 anos, muitas vezes, acabam submetidas a um exame desnecessário para sua idade.
A realização do teste específico de HPV, por sua vez, é indicada na Europa e nos Estados Unidos para mulheres acima de 30 anos, quando já é possível reconhecer infecções persistentes.
Outras vantagens do teste de HPV são o maior intervalo entre exames (por conta do alto valor preditivo negativo recomenda-se a cada cinco anos, em vez dos três indicados oficialmente para o exame citológico). Além disso, a coleta do teste molecular pode ser realizada pela própria mulher (autocoleta), sem afetar a sensibilidade do método. Na avaliação dos pesquisadores, uma campanha de educação nesse sentido poderá contribuir para otimizar os melhores índices de desempenho do teste molecular e das estratégias de prevenção.
Uma vez coletada, a amostra pode ser enviada para análise. “Isso facilitaria o acesso do exame às populações de localidades rurais e remotas, ajudando a aumentar a cobertura de rastreamento”, acredita Luani. Apenas em caso de resultado positivo para HPV seriam recomendados exames complementares como colposcopia e, se necessário, biópsia.
Um estudo Temático do qual Luani participa envolve o desenvolvimento de um dispositivo para analisar também o DNA no teste de HPV, indicando a presença de proteínas indicativas de lesão, agregando ainda mais especificidade e potencialmente evitando colposcopias desnecessárias. Desafios e possibilidades
Além da cultura do sistema de saúde brasileiro, com médicos e pacientes habituados à realização do exame preventivo de Papanicolaou, o maior desafio visto para a implementação do teste de HPV seria financeiro. No entanto, a redução de custo gerada pelo maior intervalo de testagem e o menor número de colposcopias representariam uma compensação. Isso sem mencionar que a maior demanda poderia, por si só, reduzir os custos dos kits produzidos para esse fim.
Além disso, a ampla rede presente na saúde pública em determinados países na América Latina, como o Brasil, com estrutura e logística já bastante bem definidas, pressupõe boas perspectivas de implementação. A sugestão dos autores é que as pacientes sejam recrutadas de acordo com a idade, por meio de um banco de dados digital e de campanhas ativas e constantes.
“Esperamos adicionar mais uma de muitas contribuições relevantes à matéria, aumentando a capacidade de identificação de detalhes da biologia dos HPVs de risco oncogênico, para direcionarmos futuras intervenções preventivas e, muito provavelmente, investigações que englobem não apenas a introdução de testes de rastreio cada vez mais precisos, mas também direcionem a pesquisa de novas gerações de vacinas”, afirma Longatto.