O presidente da Federação da Agricultura no Piauí, Carlos Augusto Carneiro, o “Caú”, informou que mais de 550 mil cabeças de gado já morreram em consequência da estiagem no Piauí. Isso representa um terço do rebanho bovino do Estado. Ele disse que os criadores não têm pasto nem água para os animais. Caú disse que os criadores estão vendendo o patrimônio para conseguirem recursos para comprar alimento para os rebanhos.
Segundo ele, o rebanho bovino do Estado é de 1,8 milhão de cabeças de gado e mais de 7.500 ovinos e caprinos. “Destes, 30% já morreram por falta de alimento e água. Estamos sem saber o que fazer, porque não temos condições de manter os animais assim. No meu caso, eu vendi uns terrenos para comprar milho e algodão para dar aos bichos para eles não morrerem”, comentou o presidente da Federação, que tem uma fazenda com mais de mil cabeças de gado e mil caprinos e ovinos.
A Secretaria de Desenvolvimento Rural do Estado suspendeu a vacinação contra febre aftosa porque o rebanho estava muito debilitado e poderia não resistir à vacina. Os criadores estão mandando os rebanhos para outras localidades, no sentido de garantir água e alimento. O pasto é alugado por cabeça. Parte dos criadores está fazendo forragens de mandacaru para alimentar o gado. A água está sendo regrada, a qualidade da água nas fontes é muito ruim, está enlameada.
Pelas informações da Federação da Agricultura, o boi era vendido a R$ 7,50 o quilo do peso vivo. O preço caiu pela metade e estão vendendo a R$ 3,50 o quilo de peso vivo. Na região de Picos, onde o gado está muito magro e debilitado, já venderam o peso vivo por até R$ 2,50. Para auxiliar os criadores, o Governo anunciou a distribuição de milho com preço subsidiado, através da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), para tentar salvar os rebanhos.
O milho que chegou até agora, porém, não dá para todo mundo. “O milho que veio para a Conab não é suficiente para metade dos criadores e do rebanho. Não resolve nada e ainda causa briga pela disputa de algumas sacas. Por exemplo, no meu caso, preciso de 14 mil quilos de milho, e posso pegar no máximo 600 quilos. Já pedimos ajuda ao governo, a Conab, ao Ministério da Agricultura, mas não tem adiantado nada”, declarou Caú.
Diário do Povo