Sobrinho do deputado estadual Ubiratan Carvalho, o procurador do Estado de Goiás, Luis Henrique Sousa de Carvalho, representou a família na sessão de devolução simbólica do mandato aos deputados cassados pela Assembleia Legislativa, durante sessão extraordinária de 8 de maio de 1964. Luis Henrique fez um breve relato sobre a história do tio, com quem aprendeu a gostar de política. Amigo pessoal de Leonel Brizola, Ubiratan Carvalho foi o primeiro presidente do Partido Democrático Trabalhista (PDT) no Piauí.
“Meu tio era um idealista, que militou nos movimentos de esquerda no Piauí e no Brasil, um homem desprovido de ambições pessoais, tanto que morreu pobre, abandonado pelos falsos amigos, mas acolhido pela família e pela verdadeira amizade”, lembrou. Último orador a se pronunciar na sessão desta terça-feira, ,29, o advogado Celso Barros Coelho afirmou que falava em nome dos deputados cassados, citando um por um. Barros lembrou momentos que antecederam à sua cassação.
“Meu mandato foi cassado em face de um ato de rebeldia contra o golpe de 1964. Em 5 de maio, às 23 horas, chegavam à minha casa duas personalidade ilustres: Sebastião da Rocha Leal e Paulo de Tarso de Melo Freitas, auditor militar. Eles me disseram que o meu nome constava na lista de deputados a serem cassados. E que por interferência deles, conseguiram me tirar da lista de cassados, com a condição de que eu não falasse mais nada. Ou renunciasse ao mandato. Quanto à renúncia, não posso fazê-lo porque o mandato pertence ao povo que me confiou no voto. E também não prometo ficar calado. Fiz um discurso afirmando que não acreditava num movimento cujo o primeiro ato foi aumentar os vencimentos dos militares e civis”, recordou.
Celso Barros acrescentou que aproveitava a sessão para reafirmar que continuava ao lado daqueles que estão com o povo, na defesa de seus direitos. “No dia 11 de maio, comemoro aniversário de 92 anos e me sinto jovem para continuar fazendo justiça ao nosso povo”, disse. Fábio Novo considerou a data de hoje como histórica. “Esta casa está de parabéns por reparar, mesmo 50 anos depois, uma injustiça que foi cometida contra esses parlamentares”, concluiu.
Paulo Pincel Edição: Katya D'Angelles
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