Combinar a vacina contra covid-19 da AstraZeneca com uma segunda dose do imunizante da Pfizer-BioNTech, ou da Moderna proporciona uma "boa proteção", disse o SSI (Instituto Estatal de Soro da Dinamarca) nesta segunda-feira (2).
Um número crescente de países está cogitando mudar para vacinas contra covid-19 diferentes para administrar as segundas doses, uma medida particularmente necessária na Dinamarca desde que as autoridades de saúde suspenderam as inoculações com a vacina da AstraZeneca em abril por causa dos temores de efeitos colaterais raros.
Mais de 144 mil dinamarqueses, a maioria profissionais da linha de frente do setor de saúde e idosos, receberam uma primeira dose da AstraZeneca, mas foram vacinados subsequentemente com vacinas ou da Pfizer-BioNTech, ou da Moderna. "O estudo mostra que, 14 dias após um programa combinado de vacinação, o risco de infecção de SARS-CoV-2 é reduzido em 88% na comparação com indivíduos não-vacinados", disse o SSI.
Isto é uma "eficácia alta", acrescentou o SSI, comparável à taxa de eficácia de 90% de duas doses da vacina Pfizer-BioNTech, confirmou outro estudo dinamarquês.
O estudo, publicado na semana passada, cobriu um período de mais de cinco meses entre fevereiro e junho deste ano, durante o qual a variante Alfa do coronavírus foi predominante.
Ele não conseguiu concluir se a mesma proteção se aplica à variante Delta, que hoje é a mais disseminada na Dinamarca.
A variante Delta da coronavírus parece causar doenças mais graves e é tão contagiosa quanto a catapora, de acordo com um relatório dos Centros de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC, sigla em inglês) publicado pela mídia americana.
O jornal Washington Post publicou este documento interno do CDC segundo o qual as pessoas que completaram a vacinação para covid-19 podem transmitir a variante Delta tanto quanto as não vacinadas. "As pessoas precisam entender que não estamos dando um alarme falso", disse a diretora do CDC, Rochelle Walensky, à CNN.
Ela acrescentou que "este é um dos vírus mais contagiosos conhecidos" e é "comparável" ao "sarampo ou catapora".
Espera-se que o CDC divulgue hoje informações que apoiam sua decisão de modificar as recomendações que foram dadas para as pessoas que receberam a vacina contra a covid-19, como voltar com o uso de máscaras em locais fechados. "As pessoas precisam entender que não estamos dando um alarme falso", disse a diretora do CDC, Rochelle Walensky, à CNN.
Ela acrescentou que "este é um dos vírus mais contagiosos conhecidos" e é "comparável" ao "sarampo ou catapora".
Espera-se que o CDC divulgue hoje informações que apoiam sua decisão de modificar as recomendações que foram dadas para as pessoas que receberam a vacina contra a covid-19, como voltar com o uso de máscaras em locais fechados.
O documento do CDC mostra que o órgão reconhece que deve adequar suas mensagens à população, enfatizando que a vacinação é a melhor defesa "contra uma variante tão contagiosa que atua, quase, como se fosse um vírus novo e diferente", informa o Post.
O documento enfatiza ainda que a variante passa de uma pessoa para outra mais rapidamente do que o ebola, um resfriado comum, a gripe sazonal e o sarampo e é tão contagiosa quanto a catapora.
Esta semana houve uma média diária de 71 mil novos casos de covid-19 e dados das agências sanitárias indicam que as pessoas vacinadas transmitem o vírus, embora, aparentemente, em menor grau do que as pessoas não vacinadas.
Casos raros de síndrome de Guillain-Barré (SGB) após a vacinação contra covid-19 têm sido relatados em diversos países, inclusive no Brasil, alertou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Em um comunicado divulgado nessa quarta-feira (28), a Anvisa informa que, até o momento, recebeu 27 notificações de casos suspeitos de SGB após a imunização com a vacina da AstraZeneca, além de três casos com a vacina da Janssen e outros quatro com a CoronaVac, totalizando 34 registros.
A Anvisa explica que a SGB é um distúrbio neurológico autoimune raro, no qual o sistema imunológico danifica as células nervosas. Os episódios pós-vacinação (eventos adversos) também são raros, mas já conhecidos e relacionados a outras vacinas, como a da influenza (gripe).
De acordo com a agência, a maioria das pessoas se recupera totalmente do distúrbio. “O principal risco provocado pela síndrome é quando ocorre o acometimento dos músculos respiratórios. Nesse último caso, a SGB pode levar à morte, caso não sejam adotadas as medidas adequadas”, alertou a agência.
“É importante destacar que a Anvisa mantém a recomendação pela continuidade da vacinação com todas as vacinas contra covid-19 aprovadas pela Agência, dentro das indicações descritas em bula, uma vez que, até o momento, os benefícios das vacinas superam os riscos”, ressaltou a agência.
Diante dos relatos de eventos adversos raros pós-vacinação, a agência solicitou que as empresas responsáveis pela regularização das vacinas AstraZeneca, Janssen e CoronaVac incluam nas bulas dos respectivos produtos informações sobre o possível risco de SGB.
Sinais e sintomas
Segundo a Anvisa, a maior parte dos pacientes percebe inicialmente a SGB pela sensação de dormência ou queimação nas extremidades dos membros inferiores (pés e pernas) e, em seguida, superiores (mãos e braços).
Outra característica, acrescenta a agência, percebida em pelo menos 50% dos casos, é a presença de dor neuropática (provocada por lesão no sistema nervoso) lombar ou nas pernas. Fraqueza progressiva é o sinal mais perceptível, ocorrendo geralmente nesta ordem: membros inferiores, braços, tronco, cabeça e pescoço.
A Anvisa destaca que pessoas vacinadas devem procurar atendimento médico imediato se desenvolverem sinais e sintomas sugestivos de SGB, que incluem, ainda, visão dupla ou dificuldade em mover os olhos, dificuldade de engolir, falar ou mastigar. “Também devem ficar atentas a problemas de coordenação e instabilidade, dificuldade em caminhar, sensações de formigamento nas mãos e pés, fraqueza nos membros, tórax ou rosto, além de problemas com o controle da bexiga e função intestinal”, acrescentou a agência.
Notificação
A ocorrência de SGB pós-vacinação contra covid-19 deverá ser relatada à Anvisa. “É imprescindível o cuidado na identificação do tipo de vacina suspeita de provocar o evento adverso, como número de lote e fabricante”, ressaltou a agência.
Profissionais de saúde e cidadãos podem notificar eventos adversos pelo e-SUS Notifica e pelo formulário web do VigiMed.
A Anvisa lembra que se o caso for de queixa técnica ou de desvios de qualidade observados em vacinas, seringas, agulhas e outros produtos para saúde utilizados no processo de vacinação, as notificações devem ser feitas pelo Sistema de Notificações em Vigilância Sanitária.
A eficácia da vacina da Pfizer/BioNTech para casos sintomáticos de covid-19 pode cair de 96,2% para 83,7% entre quatro e seis meses após a segunda dose (em um intervalo de 21 dias entre as aplicações), conclui um estudo ainda não revisado por pares publicado nesta quarta-feira (28) na plataforma medRxiv.
O artigo, assinado por pesquisadores de diversos países incluindo o Brasil, ressalta ainda que a proteção contra formas graves da covid-19 permanece alta após seis meses: 97%.
A eficácia de covid-19 sintomática mencionada significa que 16,3% dos voluntários que receberam a vacina tiveram algum sintoma da doença entre quatro e seis meses após a segunda dose e que a presença do vírus foi confirmada por meio de um exame RT-PCR.
O coordenador dos estudos da vacina da Pfizer no Brasil, Cristiano Zerbini, que também assina o artigo, explica que há diferenças da eficácia após seis meses entre os países onde a pesquisa é realizada — Estados Unidos, Brasil, Argentina, Alemanha, Turquia e África do Sul.
"A queda variou de país para país. No Brasil e na Argentina, ficou em 86%, o que é muito alto, mas é um pouco menor do que os 95% observados nos dias após a segunda dose."
Zerbini acrescenta que a Pfizer já iniciou um estudo nos EUA, Brasil e África do Sul para analisar o efeito de uma terceira dose em voluntários já vacinados há pelo menos seis meses.
"Vamos necessitar de um reforço? Esse é o objetivo do estudo que está sendo feito agora aqui no Brasil, nos Estados Unidos e África do Sul. O estudo começou agora, e vamos ver se a gente tem a resposta talvez até o fim do ano."
Todavia, ele acrescenta que, como política pública, ainda não há indicação em lugar nenhum do mundo para revacinação de quem já completou o esquema vacinal.
Isto ocorre porque agora que faz um ano desde que os primeiros voluntários da vacina da Pfizer receberam a segunda dose. Ou seja, os dados de eficácia após um ano ainda precisam ser analisados e publicados.
O Ministério da Saúde deve alterar nos próximos meses o intervalo entre as doses da Pfizer, de 12 para três semanas, o que Zerbini considera "uma decisão muito acertada".
A mudança ocorrerá em meio a um possível aumento de casos de covid-19 pela variante Delta, identificada inicialmente na Índia.
Um estudo recente publicado no New England Journal of Medicine, aponta que as vacinas da Pfizer e da AstraZeneca oferecem boa proteção contra a cepa Delta, desde que as pessoas tenham tomado as duas doses, explica o médico.
"Se você tomar as duas doses da vacina BioNTech/Pfizer, você tem uma proteção contra a variante Delta em torno de 80% a 90%, mas precisa tomar as duas doses, uma só não adianta. Se você tomar as duas doses da vacina na AstraZeneca, vai ter uma proteção em torno de 75% contra a Delta. A eficácia das vacinas contra a Delta é um pouco menor do que contra a cepa original, mas ainda ficam em um nível bem alto para quem completa a vacinação. "