Sol, mar, areia, piscina… O que parece ser a combinação perfeita para curtir o verão, também pode criar o ambiente ideal para o surgimento de problemas vaginais como candidíase e corrimento, ou até mesmo infecção urinária.
Isso acontece porque o corpo produz mais suor durante o período de calor e a virilha acaba ficando mais úmida, o que aumenta a produção da flora bacteriana da pele e muda o pH da região, segundo explica o ginecologista Alexandre Pupo, do Hospital Sírio-Libanês e do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo.
“É uma época na qual aumenta o uso de biquíni, as pessoas ficam mais tempo com a roupa de banho molhada, tem a questão da areia suspensa na água do mar. Tudo isso cria um ambiente muito propício para mudar a flora vaginal, além de aumentar o contato entre as secreções do ânus com a uretra, o que facilita essas infecções, tanto a infecção urinária quanto as genitais”, afirma o médico.
Mas como identificar esses problemas? A candidíase, causada pelo fungo Candida albicans, se manifesta principalmente por meio de coceira, ardência e corrimento de cor esbranquiçada. Mas há outros tipos de corrimentos que também podem sinalizar a ocorrência de uma infecção genital, de acordo com o especialista.
“Se houve uma mudança de flora vaginal para algo que nós chamamos de vaginose bacteriana, pelo aumento na população de uma bactéria da flora chamada Gardnerella vaginalis, pode ter um aumento no odor, um odor fétido, principalmente associado com o momento da micção na hora em que urina ou quando em contato com o sêmen na relação sexual”, explica Pupo.
Quando há algum problema gential, o corrimento ocorre em grande quantidade e costuma estar associado à ardência, coceira, dor, vermelhidão, irritação local e, eventualmente, até inchaço nos lábios vaginais. “Além de ter um aspecto de cores esquisitas, como branco acinzentado, amarelo esbranquiçado ou esverdeado amarronzado”, afirma o médico.
Vale ressaltar que as secreções que ocorrem durante o período menstrual não são chamadas de corrimento. “Corrimento é o nome que se dá a uma infecção, então uma mulher não tem um corrimento no período do ciclo menstrual, o que ocorre é uma secreção natural da vagina, que acontece em pequena quantidade ao longo do dia”, destaca o especialista.
Ao frequentar praias ou piscinas, por exemplo, é importante evitar ficar muito tempo com as roupas molhadas. O uso das peças úmidas pode alterar não só o micro ambiente vaginal, como também facilitar o contato de secreções do ânus com a uretra e a vagina, o que aumenta o risco de infecção.
“É importante tomar cuidados com a higiene local, então saindo da praia é preciso lavar de forma a tirar o resíduo de areia, lembrando que a vulva tem várias dobrinhas, então lavar entre essas dobrinhas para que a água possa passar por ali e limpar o excesso de secreção. Também evitar roupas apertadas e de tecidos que sejam pouco transpirantes para não ocorrer o acúmulo de suor na virilha”, alerta o médico.
Além disso, o uso diário de absorventes e protetores também pode abafar a região da vulva e do períneo (espaço entre o ânus e a vagina), o que ajuda a criar um ambiente ideal para a proliferação da Cândida.
O mais importante, segundo Pupo, é manter o corpo bem hidratado durante o verão e não segurar a urina, indo ao banheiro sempre que der vontade, para evitar o risco de infecção urinária.
“A regra é olhar para a cor da urina, se estiver clarinha é porque a pessoa está hidratada, se começar a ficar amarelada ou alaranjada, a pessoa está desidratada e precisa aumentar a ingestão de água”, afirma o ginecologista.
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