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A obesidade e o sobrepeso são apontadas como grandes causas do desgaste e degeneração das articulações, por causar um trauma repetitivo no joelho por conta da ‘sobrecarga’. Mas não é só essa explicação para a obesidade ser maléfica para as articulações: um estudo recente descobriu que ela muda o ambiente dentro das articulações das pessoas, promovendo condições pró-inflamatórias que pioram a artrite. “Os pesquisadores descobriram que células específicas no tecido de revestimento articular (sinóvia) de pacientes com osteoartrite estão sendo alteradas devido a fatores associados à obesidade”, explica o Dr. Marcos Cortelazo, ortopedista especialista em joelho e traumatologia esportiva, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT).

Segundo o médico, pesquisas anteriores mostraram que o tecido adiposo que foi metabolicamente alterado pela obesidade libera proteínas chamadas citocinas e adipocinas, que são conhecidas por promover a inflamação em todo o corpo. “Esse estudo, no entanto, observou que em células retiradas de biópsias de articulações artríticas, a obesidade também altera o ambiente dentro da própria articulação, deixando as células na articulação vulneráveis a serem 'transformadas' naquelas que promovem a inflamação”, acrescenta o médico.

Assim, a obesidade poderia promover o tipo de inflamação destrutiva nas articulações que vai muito além do esperado pelo desgaste, pois acontece mesmo em articulações que não suportam peso, como as mãos. “Mas com essa observação, concluímos que a obesidade é duplamente lesiva aos joelhos: por conta do excesso de peso e em razão da inflamação gerada dentro da articulação”, destaca o médico. “A obesidade está criando um ambiente no corpo que está afetando negativamente as células chamadas fibroblastos sinoviais, que são células-tronco envolvidas na regulação do fluido lubrificante das articulações. Então, como maçãs-podres em um barril, eles começam a afetar toda a articulação, aumentando a secreção de substâncias químicas que degradam a articulação e aumentam a progressão da osteoartrite", acrescenta o médico.

A pesquisa O peso não foi elencado como o fator determinante para afetar as células das articulações, levando a uma maior inflamação, segundo a pesquisa. A equipe de pesquisadores usou informações de biópsia de uma variedade de articulações, incluindo articulações que suportam peso, como quadris e joelhos, bem como as mãos, para determinar se a tensão física adicional nas articulações associada à obesidade estava impulsionando citocinas pró-inflamatórias. Os resultados descobriram que houve impactos independentes da obesidade nas articulações que suportam e não suportam carga, e que entre os 16 pacientes com IMC acima de 30, o peso sozinho não foi responsável pelas alterações moleculares nessas articulações. “Este estudo fornece mais evidências de que a osteoartrite não é apenas inevitável 'desgaste', mas o resultado de alterações bioquímicas complexas e diversas na articulação.

A pesquisa revelou que a obesidade pode levar a uma alteração nas células do revestimento articular para torná-las mais inflamatórias, e que essas alterações ocorrem não apenas nas articulações que suportam carga, como joelho e quadril, mas também nas articulações que não suportam carga, como a mão”, explica o médico. Os pesquisadores acreditam que as descobertas aumentam a compreensão do que pode causar osteoartrite, aproximando da descoberta de tratamentos mais eficazes no futuro. “Mas devemos lidar com também o problema metabólico, incentivando o paciente a adotar novos hábitos de vida”, finaliza o médico.

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Um medicamento contra diabetes, barato e amplamente disponível, reduziria em 40% o risco de desenvolver Covid de longa duração após a infecção, de acordo com um estudo publicado na última quinta-feira (8).

A descoberta pode ser um marco na luta contra essa doença ainda misteriosa que, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), afeta uma em cada dez pessoas infectadas. Um ensaio clínico de fase 3 testou um medicamento chamado metformina, atualmente o tratamento mais utilizado no mundo para diabetes tipo 2.

Isso significa que se trata de um medicamento considerado seguro, além de ser de baixo custo e estar amplamente disponível no mercado.

O estudo, publicado na revista Lancet Infectious Diseases, envolveu 1.126 pessoas com sobrepeso ou obesidade nos Estados Unidos, metade delas tratada com metformina e a outra, com placebo, nos dias após o teste positivo de Covid-19.

Dez meses depois, 35 dos participantes que tomaram metformina receberam um diagnóstico de Covid de longa duração, em comparação com 58 no grupo do placebo, o que representa uma redução de 40% no risco, indica a pesquisa.

O ensaio clínico foi realizado de dezembro de 2020 a janeiro de 2022, o que incluiu a variante Ômicron, que causa menos casos de Covid longa do que as variantes anteriores.

A equipe responsável pelo estudo já havia demonstrado anteriormente que esse remédio reduz em mais de 40% o risco de hospitalização e morte entre os infectados pela Covid.

O médico Jeremy Faust, da Faculdade de Medicina de Harvard, que não tem envolvimento com o estudo, diz que os resultados são "potencialmente notáveis" na pesquisa sobre Covid persistente.

No entanto, Frances Williams, professora de epidemiologia no King's College de Londres, observa que, por se tratar de um método preventivo, ele obriga a medicação de pessoas que provavelmente não teriam contraído a doença.

Os sintomas de longo prazo da Covid incluem fadiga, dificuldades respiratórias, problemas de memória e concentração, tosse e dificuldade para falar.

AFP

Há 14 anos, a pediatra Natália Bastos atende desde pacientes recém-nascidos a adolescentes. Ela lembra, entretanto, que o atendimento pediátrico, sobretudo nas emergências de todo o país, mudou drasticamente ao longo das últimas décadas.

vacinas

Ela cita como exemplo a triagem de crianças com suspeita de meningite.

“Antigamente, a gente tinha inúmeras crianças esperando para fazer punção lombar, a gente já não tinha vaga no isolamento. Hoje, os residentes mal têm como fazer a punção lombar porque, graças a Deus, são poucas as crianças com quadro de meningite devido à vacinação."

Em meio a um consultório repleto de brinquedos, a médica, vestindo um jaleco decorado com temas de desenhos infantis, admite que o maior desafio é a lida com os pais, sobretudo quando o assunto é a imunização dos pequenos.

“No caso da vacina da gripe, por exemplo, sempre lançam fake news, dizendo que a dose não é segura, que contém cepa antiga, que não protege contra novos sorotipos. Tenho que ficar trabalhando pra desmistificar essas informações e garantir que a vacina é segura e protege as nossas crianças". “Temos também o exemplo da vacina contra a covid e como ela mudou o aspecto padrão da pandemia. Hoje, a gente pode sair sem máscara na rua graças à vacinação em amplo espectro”, disse.

Outra dose comumente questionada pelos pais, segundo Natália, é a contra o HPV, indicada atualmente para crianças a partir dos nove anos de idade. A infecção pelo vírus pode causar lesões na pele associadas ao câncer de colo de útero.

“Há sempre todo um trabalho de explicar que a vacina é segura e pode mudar a vida de uma mulher no futuro”, destacou.

Para o também pediatra e vice-presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), Renato Kfouri, o Dia Nacional da Imunização, lembrado nesta sexta-feira (9), funciona como uma oportunidade para reforçar a urgência na retomada das altas coberturas vacinais em todo o país.

Em entrevista à Agência Brasil, ele lembrou que, este ano, comemora-se ainda os 50 anos do Programa Nacional de Imunizações, primeiro programa de imunizações estruturado da região das Américas.

“O Brasil foi pioneiro no continente na eliminação de doenças, na erradicação e no controle de outras. Certamente a data nos remete a esse histórico de conquistas, a todos os avanços que conseguimos em 50 anos de um programa de vacinação que, infelizmente, nos últimos anos, vem sofrendo abalos na sua estrutura, falta de investimento na sua manutenção, desconfiança da população no valor da vacinas e chegada de grupos antivacina que têm colocado todas essas conquistas sob risco."

Segundo Kfouri, o momento é de comemoração de êxitos e, ao mesmo tempo, de preocupação.

“Não há exagero nenhum em dizer que o país está sob risco de retorno de diversas doenças já erradicadas”, alertou, ao citar que, atualmente, três em cada dez crianças que completam um ano de idade no país estão sem as três doses contra a poliomielite.

“E não só isso. O Brasil não faz uma boa vigilância de casos suspeitos, não monitora o vírus em esgoto. A Organização Pan-americana da Saúde [Opas] classifica o Brasil, junto com Haiti, Honduras e Peru, como um dos países de mais alto risco de reintrodução da poliomielite. É um risco real."

O rol de doenças que voltaram a assombrar o país inclui ainda a rubéola, a difteria, a rubéola congênita, o tétano e o sarampo.

“Na verdade, são todas as doenças, mas essas estão em um radar mais próximo em função do risco mais acentuado pela epidemiologia da região”, explicou o pediatra.

Para ele, diversos fatores explicam a queda nas coberturas vacinais no Brasil ao longo dos últimos anos e as estratégias para reverter esse cenário devem levar em consideração as particularidades de regiões, estados e municípios.

“O que tem diminuído a cobertura vacinal num país tão grande e desigual como o nosso não são os mesmos fatores. O que faz uma pessoa não se vacinar numa grande metrópole não é, certamente, o mesmo que motiva a não vacinação em outras regiões do país. É preciso enfrentar cada uma dessas realidades, dificuldades de comunicação são fundamentais, acesso, treinamento e capacitação dos profissionais de saúde. Precisamos investir muito também na produção de vacinas, para não haver falta."

“Notificação, registro de doses aplicadas, sistema de informação. Há muito o que avançar. O Brasil tem um programa absolutamente democrático, descentralizado, que hoje contempla mais de 38 mil salas de vacina em todo o país. Precisamos de investimento. Só vamos começar a recuperar essa cobertura vacinal com um grande programa, um grande pacto entre sociedade civil, ministério, estados e municípios, que realizam na prática a vacinação”, recomenda o pediatra.

Agência Brasil

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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