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Pesquisadores da Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha, construíram em laboratório os três tipos principais de células que formam os vasos sanguíneos, abrindo caminho para a produção industrial deste tipo de estrutura. A fabricação de vasos pode ser uma alternativa menos arriscada do que alguns procedimentos cirúrgicos envolvendo o sistema circulatório, como as pontes de safena.

Embora células sanguíneas e cardíacas já tenham sido criadas em laboratório antes, a partir de células-tronco, esta foi à primeira vez que todos os principais tipos de músculos lisos foram desenvolvidos em um sistema que poderia ser transposto para uma escala industrial.

Os resultados fazem parte de um estudo divulgado nesta segunda-feira na revista científica "Nature Biology".

"Esta pesquisa representa um importante passo para a geração do tipo correto de músculo liso para a construção de novos vasos sanguíneos", afirma o cientista que liderou o estudo, Sanjay Sinha.

Os músculos lisos são localizados nas paredes de órgãos ocos, como os vasos sanguíneos.

"Entre outros pacientes que podem se beneficiar destes novos vasos sanguíneos, estão aqueles com insuficiência renal que necessitem de enxertos vasculares para a diálise", disse o cientista.
Pureza

Na pesquisa, os cientistas usaram tanto células-tronco embrionárias quanto outras retiradas de amostras da pele de pacientes, capazes de formar qualquer tipo de célula presente no corpo humano. Com elas, foi encontrado um meio para criar músculos lisos vasculares de alto grau de pureza.

Os cientistas concluíram ainda que as origens distintas destes músculos lisos -- que se originam de tecidos distintos ainda nos primeiros estágios do embrião -- podem levar a doenças vasculares comuns, como aneurismas da artéria aorta e arteriosclerose.

"Podemos começar a entender como a origem dos músculos lisos afetam o desenvolvimento de doenças vasculares, e por que algumas partes do sistema circulatório são protegidas de doenças", disse Sinha.

Uma pesquisa revolucionária que estabeleceu vínculos entre o tratamento de reposição hormonal (TRH) para mulheres na menopausa e a incidência maior de câncer de mama está repleto de falhas, denuncia um novo estudo publicado nesta segunda-feira, 16.
A pesquisa, denominada Estudo Um Milhão de Mulheres (Million Women Study ou MWS), dominou as manchetes dos jornais quando foi publicada pela primeira vez, em 2003.

Baseado em questionários respondidos por mais de um milhão de mulheres na pós-menopausa na Grã-Bretanha, o estudo estabeleceu que a terapia de reposição hormonal (TRH) aumentava o risco de incidência de câncer de mama.
Suas estimativas causaram uma onda de ansiedade - e muita confusão - entre entidades reguladoras, médicos e mulheres que fazem uso da TRH.

A terapia de reposição hormonal consiste no uso dos hormônios femininos estrogênio e progesterona, às vezes combinados, para aliviar os sintomas da menopausa, como ondas de calor, perda do apetite sexual e ressecamento vaginal.

Atualizações na pesquisa original refinaram os dados sobre o risco percebido. Segundo o site MWS, há um risco 30% maior de câncer em mulheres que fazem uso exclusivamente de estrogênio e duas vezes maior entre as que usam a terapia de estrogênio e progesterona em comparação com aquelas que não fazem uso destes medicamentos.

O risco aumenta segundo o tempo em que a mulher faz uso do tratamento hormonal, mas cai para o nível normal no prazo de cinco anos após sua interrupção, destacou o MWS.

Mas uma avaliação publicada na edição desta segunda-feira do periódico Journal of Family Planning and Reproductive Health diz que o desenho do estudo MWS tem tantos problemas que uma conclusão segura não poderia derivar dele.

"A TRH pode ou não aumentar o risco de câncer de mama, mas a MWS não estabeleceu que o faça", determinou, secamente, o artigo.
Em meio à meia dúzia de tópicos, os autores afirmam que os cânceres detectados alguns meses após o início do estudo já estariam presentes quando as mulheres aderiram à pesquisa.

Mas estes casos não foram excluídos da contagem de incidências da doença, destacaram. A revista também aponta para "uma detecção tendenciosa" através da escolha das participantes. As voluntárias integravam um programa de check-up das mamas quando foram convidadas a participar do estudo.

Por este motivo, elas já teriam conhecimento sobre nódulos mamários ou lesões suspeitas relacionadas ao câncer de mama. Como resultado, o MWS encontrou uma incidência 40% maior de câncer de mama entre as voluntárias - independentemente de terem feito uso ou não de terapia hormonal - em comparação com a população em geral.

O artigo também destacou que os cânceres de mama normalmente levam muitos anos para se desenvolver. Portanto, seria "biologicamente improvável" que tantos casos tenham aparecido no prazo de um ano ou dois em que as voluntárias participaram do estudo, como sustentou o MWS.

"O nome 'Estudo Um Milhão de Mulheres' sugere uma autoridade, além da crítica ou refutação", afirmam os autores, chefiados por Samuel Shapiro, professor de saúde pública da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul.

Contudo, a validade de qualquer estudo depende da qualidade de seu desenho, execução, análise e interpretação. O tamanho por si só não garante que as descobertas são confiáveis.

Os responsáveis pelo estudo MWS refutaram as críticas, em e-mail à AFP, no qual afirmaram que mais de 20 estudos replicaram suas descobertas e que um declínio no uso de TRH levou a uma queda nos casos de câncer de mama.

"Cânceres sensíveis a hormônios ainda são três vezes mais comuns em usuárias de TRH do que em ex-usuárias ou não usuárias" do tratamento, disse Richard Peto, professor de estatística e epidemiologia da Universidade de Oxford.

A comentarista independente Anne Gombel, professora francesa que é membro da Sociedade Internacional da Menopausa, afirmou que emerge um panorama mais complexo sobre o câncer de mama.

A densidade dos seios, o álcool e a obesidade, e não apenas a TRH, agora emergem como fatores de risco que devem ser levados em conta, e não apenas a TRH, disse Gombel.

"A TRH não traz os mesmos riscos e benefícios para todas as mulheres. Algumas mulheres terão riscos aumentados, outras terão só benefícios, e isto também se aplica ao câncer de mama", acrescentou.

 

 

AFP

Tomar antidepressivos no fim da gravidez dobra o risco de dar à luz bebê que sofrem de hipertensão pulmonar persistente, de acordo com um estudo realizado nos países do norte europeu e publicado nesta sexta-feira.

"Antidepressivos do tipo ISRS (Inibidores Seletivos de Recaptação da Serotonina) após a 20ª semana de gestação estão associados a um risco dobrado de hipertensão pulmonar persistente no recém-nascido", afirma um estudo realizado pelo prestigiado Instituto Karolinska, em Estocolmo, na Suécia.

O estudo do Karolinska levou em conta 1,6 milhão de nascimentos entre 1996 e 2007 em cinco países do norte da Europa (Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia). É o primeiro estudo representativo desta magnitude, que complementa a pesquisa Chambers, publicada em 2006 no New England Journal of Medicine. Segundo o estudo, 11 mil mulheres que tomaram antidepressivos no final da gravidez deram à luz 33 crianças com hipertensão pulmonar.

"Os médicos que tratam pacientes grávidas contra a depressão devem tentar considerar uma abordagem não medicamentosa", adverte a responsável pelo estudo, Helle Kieler, em um comunicado. De acordo com dados do Instituto Karolinska, o número de recém-nascidos que sofrem da doença, em média, é de 1,2 a cada mil. Entre eles, a taxa de mortalidade é de 15%.

Os antidepressivos ISRS são amplamente utilizados no tratamento da depressão e incluem vários tipos de princípios ativos, como a fluoxetina, vendido sob o nome de Prozac. O estudo constatou que os riscos são os mesmos para todos os princípios ativos estudados, ou seja, a fluoxetina, citalopram, sertralina, paroxetina e escitalopram.


AFP

O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que 52 mil mulheres serão diagnosticadas com câncer de mama em 2012. E a Sociedade Brasileira de Mastologia estima que ao menos 20 mil delas precisarão fazer uma cirurgia de retirada das mamas, sendo que apenas cerca de 10% sairão do centro cirúrgico com a mama já reconstruída.

Ministério da Saúde afirma ainda que o SUS vai trocar as próteses de silicone das marcas PIP e Rofil das mulheres que apresentarem ruptura, aumentando ainda mais as filas para a reconstrução mamária. Isso tem preocupado entidades como a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama) e o Instituto Oncoguia, que lidam diretamente com mulheres em tratamento de câncer.

Para Luciana Holtz, psico-oncologista e presidente do Oncoguia, o governo precisa deixar claro como vai organizar as filas das mulheres que precisam fazer mastectomia, das mulheres que precisam fazer a reconstrução e das que possuem próteses da PIP ou Rofil com problemas.

“Nós entendemos que o centro cirúrgico é um só. E existem centenas de mulheres com câncer esperando de três a seis meses só para fazer a mastectomia. Para fazer a reconstrução, demora uns dois anos. Qual a urgência de trocar a prótese dessas outras mulheres? A fila será única ou separada?”, pergunta Luciana.

Para a mastologista Maira Caleffi, o governo está correto em garantir a assistência para as mulheres que tiverem problemas com as próteses PIP ou Rofil, mas ela também frisa que a fila de espera para uma mastectomia e para a reconstrução das mamas ainda é muito grande.

“O SUS poderia fazer as duas cirurgias ao mesmo tempo: a retirada e a reconstrução. Mas, em geral, os centros não fazem isso porque aumentaria o tempo de cirurgia. Nesse tempo, eles poderiam fazer outra cirurgia e tirar uma mulher da fila. E agora, como vai ficar?”, diz Maira.


Fonte: Estadão

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