• IMG_2987.png
  • prefeutura-de-barao.jpg
  • roma.png
  • vamol.jpg

A anemia falciforme pode não ser tão conhecida quanto doenças como a Aids, a turberculose e a febre amarela, mas afeta milhões no mundo todo.

 

Segundo a Fundação Sickle Cell Disease, da Califórnia, nos EUA, cerca 250 milhões de pessoas carregam o gene, que, se herdado do pai e da mãe, gera a enfermidade. Cerca de 300 mil crianças nascem todo ano com anemia falciforme.

 

Uma das doenças genéticas mais comuns do mundo, ela é caracterizada por uma alteração nos glóbulos vermelhos, que perdem a forma arredondada e adquirem o aspecto de uma foice. Essa deformidade faz com que eles endureçam, dificultando a passagem do sangue pelos vasos e a oxigenação dos tecidos. Pode causar dor forte, anemia crônica e prejudicar órgãos vitais.

 

Um estudo recente conduzido por pesquisadores do americano Center for Research on Genomics and Global Health (CRGGH), feito com base na análise do genoma de 3 mil pessoas, liga a anemia falciforme a uma mutação genética que teria se manifestado em apenas uma criança há pouco mais de 7 mil anos.

 

Efeito colateral

A história da doença é um exemplo de como uma coisa boa acabou tendo péssimas consequências.

 

Há milhares de anos, quando o deserto do Sahara era uma área úmida e chuvosa, coberta com uma floresta, uma criança nasceu com uma mutação genética que lhe deu imunidade à malária.

 

A doença era tão mortal há milhares de anos quanto é hoje – nos dias atuais a malária mata uma criança a cada dois minutos.

 

Em um ambiente que era habitat dos pernilongos que carregam a doença, essa mutação deu grande vantagem a essa criança, que viveu, cresceu e teve filhos.

 

Seus filhos herdaram a mutação e, graças à imunidade, se espalharam e se reproduziram. Até hoje, as pessoas que têm o gene são mais resistentes à malária.

 

Mas é aí que entram as más consequências: se uma pessoa herda o gene com aquela mutação de ambos os pais, ela pode acabar desenvolvendo anemia falciforme, moléstia que resulta em fortes dores e diversas complicações de saúde. Entre eles problemas pulmonares e cardiovasculares, dores nas articulações e fadiga intensa.

 

E, para piorar, quem herda os gene dos dois pais perde a proteção que eles têm contra a malária.

 

Em um estudo publicado na semana passada na revista científica American Journal of Human Genetics, os cientistas Daniel Shriner and Charles Rotimi apresentaram a descoberta sobre a origem da doença feita após uma análise do genoma de cerca de 3 mil pessoas, das quais 156 tinham anemia falciforme.

 

Ambos são pesquisadores do Center for Research on Genomics and Global Health, entidade ligada ao National Institutes of Health (NIH) - uma reunião de centros de pesquisa que formam a agência governamental de pesquisa biomédica do departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos.

 

Os pesquisadores dizem que rastrearam a mutação 7,3 mil anos atrás e descobriram que ela começou em apenas uma criança.

 

Porque isso importa?

Segundo Rotimi, a descoberta ajuda na classificação da doença. "Possibilita aos médicos um entendimento melhor sobre como classificar pacientes doentes de acordo com a severidade da enfermidade", diz ele à BBC.

 

Isso pode ajudar a melhorar o tratamento clínico oferecido às pessoas, segundo ele. Não há cura para a anemia falciforme. Os portadores da doença precisam de acompanhamento médico constante para garantir a oxigenação adequada nos tecidos, prevenir infecções e para controlar as crises de dor.

 

No entanto, um dos médicos mais proeminentes no estudo da doença - Frederick B. Piel, do Imperial College, em Londres - afirmou ao jornal americano The New York Times que gostaria de ver estudos mais abrangentes para checar se eles chegam à mesma conclusão.

 

Células falciformes foram descobertas pela primeira vez nos Estados Unidos, em pessoas com ascendência africana, mas também são comuns em povos do Mediterrâneo, do Oriente Médio e de partes da Ásia.

 

Até agora os cientistas identificavam os diversos tipos da doença usando grupos separados de acordo com etnia e língua, o que, na verdade, segundo Rotimi, não ajuda a entender a doença do ponto de vista clínico.

 

Por décadas os cientistas se perguntam se a mutação aconteceu apenas uma vez e se espalhou ou se diversas crianças não relacionadas desenvolveram a mutação separadamente.

 

Mas Shriner e Rotimi descobriram que as pessoas que eles analisaram tinham mutações genéticas muito parecidas. Pessoas do Quênia, de Uganda, da África do Sul e da República Centro Africana tinham genes tão similares que se encaixariam em um padrão compatível com a distribuição da mutação através da migração do povo bantu.

 

Os bantu se espalharam do oeste da África para o leste e para o sul há cerca de 2,5 mil anos.

 

Rotimi dá risada ao ser questionado pela BBC se está 100% seguro sobre os resultados de sua pesquisa.

 

"Como cientista é sempre uma péssima ideia dizer que uma conclusão é definitiva. Eu nunca assumo a posição de que existe uma resposta definitiva", diz ele.

 

"Mas as informações que temos hoje deixam bem claro que não é possivel sustentar, no momento, a teoria de uma origem múltipla para a mutação."

 

Estudos maiores podem ou não trazer o mesmo resultado. Por enquanto, no entanto, a imagem que fica é de uma criança que nasceu com sorte e espalhou seus genes para descendentes no mundo todo – que podem não ter a mesma sorte que ela.

 

BBCBRasil

Quem nunca caiu na tentação de espremer uma espinha mesmo sabendo que não pode? Além de machucar a pele, espremer a espinha pode também provocar infecções! Os dermatologistas, a consultora Marcia Purceli e Marco Alexandre Dias da Rocha explicam por que isso acontece e como evitar e tratar a acne.

 

A acne é uma doença da glândula sebácea, que passa a produzir mais sebo. Ele deixa um ambiente mais favorável à contaminação pelas bactérias presentes na pele e a acne se forma. O problema pode ser pontual e desaparecer após a adolescência, aparecendo só em situações específicas, ou persistir na fase adulta. Em alguns casos, a acne é tratada com medicação oral ou antibiótico.

 

Alguns alimentos de alto índice glicêmico podem piorar a acne. Isso porque eles causam um pico de insulina no sangue, que ativa a produção de sebo, aumentando a acne. Quem tem tendência a acne deve evitar abacaxi, banana, manga, papai, melancia, milho, arroz, massas de farinha branca, pão branco, batata, bolos, sorvetes e doces.

 

Mitos e verdades. O que piora a acne?

 

Estresse? Verdade! Em alguns casos, a acne pode aparecer somente por causa do estresse.

 

Falta de sono? Verdade! O mecanismo é o mesmo do estresse.

 

Chocolate piora a acne por causa da gordura? Mito! Ele piora porque é um alimento com alto índice glicêmico e não por causa da gordura.

 

E o suor? Mito! Se uma pessoa sente uma piora da acne após a atividade física, pode desconfiar que a causa seja o consumo de suplementos alimentares derivados de proteína. O suor é produzido pela glândula sudorípara. O sebo é produzido pela glândula sebácea. Não existe relação.

 

Poluição? Verdade! As micropartículas de poluição agem no receptor da glândula sebácea causando um processo inflamatório e a poluição modifica a qualidade do sebo, piorando a inflamação.

 

A limpeza da pele com acne deve ser feita com soluções micelares no máximo duas vezes ao dia. Quem tem pele oleosa deve usar hidratante e protetor solar indicado para o tipo de pele.

 

G1/Bem Estar

prematuroO tempo de gestação ideal é de 40 semanas, mas a partir de 38, o parto pode acontecer dentro da normalidade. O bebê que nasce antes de completar 37 semanas é considerado prematuro. Entre eles, existem os que são pouco prematuros porque nasceram com uma média de 36 semanas. Os extremamente prematuros são aqueles que nascem, em média, com 28 semanas. Os problemas que cada criança vai enfrentar estão ligados ao maior ou menor tempo em que ela ficou dentro do útero.

 

De acordo Ministério da Saúde, por ano, 340 mil crianças nascem prematuras no país. Isso representa 12,4% do total de nascidos vivos, ou um em cada dez bebês, aproximadamente. O Brasil ocupa o décimo lugar no ranking dos países com mais partos prematuros. A prematuridade é a principal causa de morte no primeiro mês de vida e a segunda para as crianças de até 5 anos de idade.

 

De acordo com a pediatra Joice Ogata, médica do Ambulatório de Prematuros do Instituto Viver e Sorrir, ligado à Unifesp, quanto menor o tempo de gestação, maior a possibilidade de o bebê ter complicações respiratórias ao nascer. Em muitos casos, existe a necessidade do uso de ventilação mecânica com oxigênio até que os pulmões estejam maduros e a criança consiga respirar sozinha. Essa necessidade pode trazer prejuízos como uma reação inflamatória nos pulmões.

 

O prematuro está mais sujeito às infecções por permanecer mais tempo no ambiente hospitalar. Ele pode apresentar, também, problemas com a alimentação, porque o intestino ainda é imaturo, e problemas neurológicos.

 

A pediatra explica que as crianças que nasceram prematuras devem ser acompanhadas até a adolescência e estimuladas para que possam alcançar o desenvolvimento ideal: "este acompanhamento deve ser feito com diversos profissionais como fisioterapeuta, neurologista e fonoaudiólogo. Com o passar do tempo, essas crianças podem apresentar atraso no desenvolvimento motor, problemas cognitivos, de audição e de visão".

 

A fertilização artificial aumenta a chance de gêmeos e, como consequência, a possibilidade de parto prematuro. A gestação de dois ou mais bebês costuma chegar ao fim antes de completar 40 semanas. Quanto maior o número de bebês, menor o tempo de gestação. "Nesses casos, o acompanhamento médico de qualidade é fundamental porque existem medicamentos que ajudam o organismo do bebê a ficar mais maduro, pronto para o parto algum tempo antes de completar 9 meses. Esses tratamentos podem diminuir os riscos para o recém-nascido", explica Joice Ogata.

 

Entre as principais causas do nascimento prematuro estão o pré-natal mal assistido, nutrição deficiente, trabalho extenuante, fumo e algumas doenças como diabetes, hipertensão, anemia e infecções. A hipertensão é uma das que mais aumenta o risco de um parto antes do tempo.

 

Para evitar o parto prematuro, a mãe que faz parte do grupo de risco deve fazer um pré-natal de qualidade, com consultas e exames periódicos. Também é importante prestar atenção em qualquer alteração na gravidez, no comportamento do bebê dentro do útero e ser capaz de reconhecer os sinais de trabalho de parto imaturo.

 

R7

Foto: Reprodução/Flickr/hudsonthego

Autor de diversos livros sobre o tema e pesquisador do Laboratório de Pesquisas Cognitivas do Inserm (Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica), em Lyon, Jean-Philippe Lachaux explica porque não podemos fazer várias coisas ao mesmo tempo.

 

Em tempos de internet e novas tecnologias, os estímulos que perturbam nossa atenção e nossa capacidade de concentrar são múltiplos. Isso porque, contrariamente ao que muitos acreditam, é impossível para o cérebro realizar duas tarefas intelectuais de uma vez.

 

Desconfie daquele amigo que jura ser capaz de conversar com alguém ao mesmo tempo que não desgruda do celular. Ele certamente não está prestando atenção no que você está falando, como explica Jean Philippe Lachaux. Ele também é o autor de diversos livros sobre o assunto.

 

A equipe do pesquisador francês estuda os mecanismos cerebrais que são ativados quando estamos atentos e mais especificamente os neurônios envolvidos no processo, incluindo os aspectos químicos e fisiológicos das sinapses.

 

   “Há duas maneiras de ser multitarefa. A primeira é executar duas ações simultaneamente, sendo que uma delas dever automática. Dirigir ouvindo rádio, por exemplo, ou andar de bicicleta e cantar. Agora, fazer duas coisas ao mesmo tempo que precisam de atenção, como verificar seus e-mails durante uma reunião, exige que você alterne rapidamente seu foco: ouvir o que a pessoa está dizendo e discretamente verificar suas mensagens ao mesmo tempo”, explica.

 

Essa alternância, diz o neurocientista francês, atrapalha a capacidade de concentração e de compreensão da mensagem que está sendo lida e respondida. Além disso, também impede o indivíduo de entender perfeitamente o que está sendo dito na reunião. Essa situação, por mais que pareça banal, contraria a natureza cerebral e “fragmenta a vida cognitiva”, afirma Jean-Philippe Lachaux.

 

   “Fala-se muito em plasticidade do cérebro, como se ele fosse capaz de fazer de tudo. Não é verdade. O cérebro é capaz de muitas coisas. Podemos aprender a tocar guitarra aos 40 ou 50 anos, ou usar um computador. É evidente que algumas redes neuronais podem se organizar para aprender uma nova tarefa. Por outro lado, o que é provavelmente falso, é afirmar que o cérebro é suficientemente plástico para, em um mundo dominado pelas novas tecnologias, conseguir fazer várias coisas ao mesmo tempo”, defende.

 

Para realizar várias tarefas de forma simultânea, que exigem atenção e concentração, o cérebro deveria ser capaz de utilizar a mesma rede neuronal nas ações, o que é fisiologicamente impossível. Esse é o caso de atividades gerenciadas pelo córtex pré-frontal, como a compreensão de um texto.

 

O resultado pode ser observado em diversas situações da vida cotidiana. Quando estamos concentrados em algo, por exemplo, e somos interrompidos com uma pergunta, a única maneira é parar o que está se fazendo (e recomeçar tudo em seguida) ou dar uma resposta monossilábica, automática. A automatização, que engloba ações que podem ser realizadas sem reflexão, mobiliza um grupo de neurônios diferentes dos que são solicitados pela atenção.

 

Todas as tarefas que exigem a criação de um universo mental, abstração e criatividade necessitam de concentração total, lembra o pesquisador francês. “Esse processo exige uma atividade mental prolongada. Toda vez que você se distrai, precisa recomeçar do zero para recriar essa mesma imagem mental”, observa o neurocientista.

 

Estresse, o inimigo número 1 da atenção

A dopamina é um dos principais neurotransmissores envolvidos no processo da atenção. Sua falta pode gerar um cenário caótico no cérebro, e nesse caso são necessários tratamentos específicos. O estresse também exerce uma influência nefasta, desequilibrando a descarga hormonal de dopamina.

 

Mas em grande parte dos casos onde há problemas de concentração, pode-se melhorar a capacidade de manter o foco com exercícios cognitivos. Apostando nessa tese, a equipe de Jean-Philipe Lachaux desenvolve atualmente um projeto que tem como alvo alunos de até 11 anos de 450 classes da região de Lyon. Batizado de ATOLE (Attentif à l'école, Atento na escola em tradução livre), ele visa desenvolver a capacidade da atenção dos estudantes com uma série de fichas pedagógicas desenvolvidas especificamente para trabalhar a atenção.

 

As crianças aprendem a fragmentar suas tarefas em ações simples, que podem ser concluídas em um curto espaço de tempo. Segundo o pesquisador, isso ajudará o cérebro a fazer uma triagem do que é importante ou não.

 

“É um programa que visa crianças mais jovens, antes de elas terem acesso às redes sociais ou um telefone celular. O objetivo é ensiná-los a controlar a atenção, para prepará-los antes que eles sejam completamente capturados por esses dispositivos”. Para quem já está “contaminado” pelas novas tecnologias, buscar o foco pode dar mais trabalho, mas não é impossível. “É um processo que se aprende”, conclui o cientista francês.

 

RFI