• IMG_2987.png
  • prefeutura-de-barao.jpg
  • roma.png
  • vamol.jpg

superfungosAs infecções hospitalares causadas por fungos multirresistentes devem se tornar cada vez mais comuns, segundo o pesquisador do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo João Nóbrega de Almeida Jr. “Se existe a superbactéria, existe o superfungo também”, disse o especialista que atua também no Hospital da Clínica de São Paulo ao comparar os fungos resistentes à superbactéria KPC (Klebsiella pneumoniae carbapenemase).

Recentemente, Almeida publicou um artigo no jornal científico Transplant Infectious Disease sobre o primeiro caso de um paciente contaminado pelo fungo Lomentospora prolificans na América do Sul. O rapaz havia feito transplante de medula há cerca de um mês quando foi infectado pelo fungo e acabou morrendo em decorrência da contaminação.

Segundo o pesquisador, o fungo só é capaz de afetar pessoas com o sistema imunológico comprometido. No entanto, caso a contaminação aconteça, a letalidade é de mais de 80%. Como ainda existem poucos laboratórios preparados para identificar esse tipo de infecção, Almeida acredita que possa haver casos não registrados. “Esse fungo não deve ter em grande quantidade no ambiente, como em outros países, mas também porque os nossos laboratórios não são habilitados para fazer o diagnóstico”, afirma.

Existem, entretanto, outros fungos que apresentam uma ameaça maior por poderem infectar não só pacientes com o sistema imunológico fragilizado, mas em situação delicada de internação, como em unidades de tratamento intensivo. Esse é o caso do Cândida auris.

Surtos na América do Sul

Em março de 2017, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou um comunicado de risco para o fungo, responsável por surtos em diversas partes do mundo. Foram registradas ocorrências no Japão, na Coreia do Sul, na Índia, no Paquistão, na África do Sul, no Quênia, no Kuwait, em Israel, na Venezuela, Colômbia, no Reino Unido, nos Estados Unidos e no Canadá. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos tem emitido alertas para o fungo.

As ocorrências em países da América do Sul indicam, de acordo com o pesquisador, que em algum momento o Brasil terá de lidar com o Cândida auris. “A gente está se preparando com uma força-tarefa nacional com vários pesquisadores para quando chegar esse fungo no país a gente fazer o diagnóstico correto”, ressalta.

Agrotóxicos e mudanças climáticas

As infecções hospitalares por fungos têm se tornado mais comuns devido ao aumento da resistências de algumas variedades desses organismos. Segundo Almeida, há indícios que o surgimento dos fungos multirresistentes está ligado ao uso de defensivos agrícolas. “A gente acredita [que o surgimento dos fungos multirresistentes acontece] principalmente pelo uso de antifúngicos fora do ambiente hospitalar. Na agricultura, por exemplo, nas plantações, os fungos são os principais biodecompositores, vão destruir verduras, plantas”, destaca.

As mudanças climáticas também parecem ter, de acordo com o pesquisador, uma contribuição para o aparecimento de espécies que não são afetadas pela medicação existente. “O aquecimento global. As alterações climáticas vão favorecer o aparecimento de fungos que crescem em temperaturas maiores. E os fungo que crescem em temperaturas maiores são os potencialmente patogênicos, porque o nosso corpo tem temperatura de 36 graus”, acrescentou.

Apesar da expansão do problema, Almeida enfatiza que não há risco para a população em geral. São os sistemas de saúde que precisam se preparar para lidar com as novas possibilidades de infecção dentro dos hospitais.

 

 

O término da parceria entre Brasil e Cuba tem prolongado o sofrimento de pacientes que precisam de atendimento no interior do Piauí. Alguns terão que percorrer mais de 100 km e enfrentar quase 3 horas de viagem para conseguir uma consulta. Essa é a realidade, por exemplo, na cidade de Guaribas onde o médico cubano era o único profissional de saúde. Com isso, quem precisa atendimento no município tem que viajar até São Raimundo Nonato, trajeto que inclui estrada de chão batido.

"Se uma pessoa adoecer será necessário ir para outra cidade mais próxima que pode ser de 2 a 3 horas de viagem. Isso é a realidade de municípios distantes como Morro Cabeça no Tempo, Redenção do Gurgueia [...] quem mora em Guaribas terá que ir para São Raimundo Nonato que são cerca de 3 horas, sendo que 50 km desse trajeto não tem asfalto", explica Idivani Braga, coordenadora do Mais Médicos no Piauí.

consems pi 1

De acordo com o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Piauí (Cosems-PI) e a Secretaria de Estado da Saúde do Piauí (Sesapi), a situação tende a piorar porque alguns profissionais de saúde inscritos no novo edital do Mais Médicos já demonstraram interesse de não atuar no interior do estado. Além disso, médicos que atuavam pelo Programa Saúde da Família (PSF) estão abandonando os postos de trabalho para se inscreverem no Mais Médicos deixando assim a população desassistida.

"Muitos médicos estão deixando o PSF para se inscrever no Mais Médicos em outra cidade. Pelo PSF, o valor pago é menor. Já pelo Mais Médicos o valor é maior e eles nã precisam pagar imposto de renda, pois recebem como bolsa o valor integral. Um problema se resolve e outros são criados", disse Leopoldina Cipriano, presidente do Cosems.

No total, 202 cubanos deixaram o Piauí. O novo edital abriu inscrições para 199 médicos em 100 municípios piauienses. Contudo, o déficit geral é de 38 profissionais porque além das três vagas a menos no novo edital, e um caso particular na cidade de União, na Grande Teresina, 34 médicos já haviam abandonado postos do PSF no ano passado.

"Essas 34 vagas que ficaram em aberto eram de brasileiros que faziam parte do PSF e abandonaram porque foram fazer residência médica, ou mesmo, por outro motivo. Essa situação é a mesma desde o início do ano, porque eles saíram e não foi aberto outro edital para preencher essas vagas. Os municípios ficaram se virando para fazer contratos temporários", explica Idivani Braga, coordenadora do Mais Médicos no Piauí.

CIDADES QUE PERDERAM MÉDICOS DO PSF
Pajeú do Piauí, Beneditinos, Assunção do Piauí, Água Branca, São Pedro do Piauí, União, Amarante

maismedicos

NOVO EDITAL
As 199 vagas abertas no novo edital foram preenchidas e os médicos têm até o dia 14 de dezembro para se apresentarem nas cidades para onde fizeram a inscrição. Apesar disso, as representantes do Cosems e da Sesapi acreditam que o íncide de desistência será alto e pacientes de algumas cidades continuarão sem atendimento médico.

"Dois médicos já ligaram para mim informando que não têm interesse. Eles se inscreveram, foram aprovados, mas não querem ir porque acharam distante da Capital. Daí, as cidades continuarão sem médicos", acrescenta Cipriano.

O total de desistentes só poderá ser contabilizada após o dia 14. Até o momento, apenas a médica inscrita para União, na Grande Teresina, se apresentou no município.

SEM NEGOCIAÇÃO
Leopoldina Cipriano avalia que o fim da parceria do Brasil com Cuba "criou mais problemas". Ela relata que alguns dos novos profissionais que vão atuar no Mais Médicos não querem cumprir as regras do edital e tentam negociar, por exemplo, a redução da carga horária.

"Alguns médicos estão ligando, perguntando quantos dias são de trabalho e informamos que são quatro dias. Daí, eles querem negociar a carga horária e também não querem ir para os locais mais distantes e, por isso, manifestam desejo de desistir. Para mim, não resolvemos um problema, criamos mais. Os médicos não vão conseguir se vincular, nós não vamos aceitar redução de carga horária porque a portaria determina que são 32 horas e vamos exigir isso", disse Cipriano.

A presidente do Cosems frisa ainda que a situação reflete diretamente em perigo de vida a pacientes.
"Gestantes, hipertensos e diabéticos estão desassistidos, correndo o rsico de ter um AVC, por exemplo, porque não há quem faça um acompanhamento rigoroso. Se tiver necessidade de mudar uma medicação, não há quem mude porque não tem médico", alerta Leopoldina Cipriano.

A automedicação é uma prática muito comum no Brasil, e também bastante prejudicial à saúde. O Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), mostra que os medicamentos são o maior fator de intoxicação e envenenamento, com 40% dos 39.521 casos ocorridos em 2016. O levantamento é feito com base nos últimos dados disponíveis, que são de 2016.

medicamento

Para a cardiologista Márcia Beatriz de Jesus Lima, a automedicação, principalmente para dores, é muito problemática. Quem é portador de doenças crônicas, por exemplo, e faz bastante uso de remédios anti-inflamatórios deve ter cuidado. Esses medicamentos tem muita repercussão na saúde, como insuficiência renal aguda, por exemplo. A médica estima que 50% dos seus pacientes se automediquem.

“Muitos pacientes se medicam com a indicação de um vizinho [por exemplo], sem entender que a medicação é prescrita com base na etnia, idade e se há outros problemas. Além disso, a receita é individualizada para o paciente”, diz. Márcia Beatriz afirma que, em caso de dores mais comuns e, de forma esporádica, pode ser feito o uso do medicamento. “O que não pode é a pessoa todo dia de sentir uma dor e não ir ao médico investigar as causas”, adverte.

medicamento para dormir

Uma questão que frequentemente volta a ser debatida, até mesmo no Congresso, diz respeito à comercialização de medicamentos isentos de prescrição (MIPs). Em maio deste ano, o presidente Michel Temer falou da possibilidade de liberar a venda de remédios dessa categoria nos supermercados. Essa é uma pauta de interesse dos empresários desses setores (farmacêutico e varejo), mas foi vista com desconfiança e vetada em 2012, pela então presidente Dilma Rousseff. Ela temia que a liberação indiscriminada desses medicamentos poderia levar a um aumento da automedicação.

40% dos brasileiros fazem autodiagnostico pela internet, aponta pesquisa

Outra prática comum é o autodiagnostico. Com a facilidade oferecida pelas pesquisas feitas com alguns cliques em buscadores na internet, não é raro ouvir de pessoas próximas o conselho para pesquisar no Google, ao aparecimento de um incômodo ou sintoma de doença. Um teste bem simples como pesquisar “o que pode ser dor de cabeça” já leva a várias palavras relacionadas e textos pouco confiáveis.

Uma pesquisa do ICTQ, divulgado em agosto, mostra que 40% dos brasileiros fazem autodiagnostico médico pela internet. Segundo o levantamento, o autodiagnostico é mais comum entre os jovens, com escolaridade de nível superior e das classes A e B. O ICTQ avalia que esse perfil mostra que “o autodiagnostico não é um comportamento resultante apenas da precariedade da saúde pública e suplementar no País”, mas que também é “resultado de um estilo de vida cada vez mais digital”.

auto medicação

 

Fonte: Portal O Dia

 

O mundo está vendo um ressurgimento do sarampo, com muitos países experimentando um "severo e prolongado" surto no ano passado, segundo um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS). Os dados mostram um aumento de incidência em praticamente todas as regiões do mundo, com 30% mais casos em 2017 do que em 2016.

Por trás desse aumento, segundo os especialistas, estão o colapso dos sistemas de saúde e o aumento de notícias falsas sobre a vacina - que pode salvar milhões de vidas.

PUBLICIDADE

O sarampo é uma doença altamente contagiosa que, quando em casos graves, pode levar a complicações como cegueira, pneumonia e infecção e inchaço do cérebro.

 

O relatório, publicado pela OMS e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (agência do departamento de saúde dos Estados Unidos), avaliou os números de sarampo nos últimos 17 anos.

De acordo com o texto, 2017 foi o primeiro ano nesse intervalo em que houve um aumento substancial no total de casos, com 110 mil mortes relacionadas ao sarampo. A preocupação é que a tendência de alta se mantenha em 2018, já que houve um número muito grande de casos no verão europeu.

Américas, Europa e os países do Mediterrâneo Oriental foram as regiões com maior aumento. O Pacífico Ocidental foi a única região que viu um declínio no volume de casos.

Um grande número de infecções foi visto na Venezuela, onde o sistema de saúde colapsou após crises políticas e econômicas. Anteriormente, o país havia erradicado a doença.

Há uma preocupação de que, à medida que mais pessoas se movimentam entre países nessa região, a doença continue a se espalhar.

No Reino Unido, que havia sido declarado como zona livre de sarampo pela OMS no ano passado, também viu o surgimento de pequenos surtos em 2018. Isso levou a médica Sally Davies, a principal conselheira em assuntos relacionados à saúde do governo britânico - que ocupa o cargo de Chief Medical Officer - a declarar que aqueles que acreditam nos "mitos" espalhados pelos movimentos anti-vacina estariam "completamente errados".

A especialistas recomendou que os pais ignorassem as informações falsas que circulavam nas redes sociais e imunizassem os filhos.

Martin Friede, médico da OMS, falou à BBC que era preocupante que, em muitos países europeus, os pais não estivessem vacinando seus filhos. "Na Europa, talvez nós estejamos vendo uma hesitação em relação à vacinação se tornar um problema mais sério que em outros lugares".
"Em alguns grupos, isso é motivado por crenças religiosas. Mas, em outros, é fruto da difusão de uma preocupação sem sentido com a segurança das vacinas."

Segundo Friede, as redes sociais têm uma parcela de culpa pela disseminação de informações falsas - assim, acrescenta, seria preciso encontrar formas de conter o avanço das notícias inverídicas para atacar o problema.

"Os países industrializados não podem ser complacentes e esquecer que a doença pode ressurgir como uma tempestade. Não é preciso haver muitas crianças não vacinadas para que isso ocorra. E, se ocorrer, não se trata apenas de erupções na pele. Pode causar cegueira e problemas no cérebro."

O relatório estima que, desde 2000, a vacina contra sarampo que é dada em crianças pode ter salvo mais de 21 milhões de vidas.

"Sem esforços urgentes para aumentar a cobertura da vacinação e identificar populações com níveis inaceitáveis de crianças não imunizadas ou pouco imunizadas, nós podemos perder décadas de progresso na proteção de crianças e comunidades contra uma doença devastadora, mas que pode facilmente ser prevenida", diz a médica Soumya Swaminathan, da OMS.

No Brasil, a imunização contra a doença faz parte do Calendário Nacional de Vacinação, sendo oferecida gratuitamente nos postos de saúde. De acordo com o calendário, a criança deve tomar a vacina aos 15 meses (tetraviral, que previne contra sarampo, rubéola, caxumba e catapora) e aos 4 anos (varicela atenuada).

 

BBCNewsBrasil