A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) suspendeu hoje (1º) a comercialização de 46 planos de saúde. A medida, que tem caráter temporário, passa a valer a partir de 11 de março. Juntos, os planos atendem a quase 570 mil pessoas.
A decisão foi tomada a partir de resultados trimestrais do Programa de Monitoramento da Garantia de Atendimento, responsável pelo acompanhamento de desempenho do setor para proteção de beneficiários. De acordo com a agência, foram registradas diversas reclamações sobre cobertura, prazo e rede de atendimento dos planos operados por 13 empresas.
O objetivo da agência reguladora é garantir a assistência dos atuais beneficiários desses serviços. Os planos suspensos só poderão voltar a ser comercializados quando as operadoras corrigirem falhas e comprovarem as melhorias.
"É uma medida que amplia a proteção ao beneficiário da operadora, já que não haverá ingresso de mais contratantes, ao passo que impede que novos consumidores contratem um plano que demande ajustes por parte da empresa", afirmou o diretor de Normas e Habilitação dos Produtos, Rogério Scarabel.
Paralelamente, a ANS liberou a comercialização de sete planos de saúde de duas operadoras que estavam suspensas em decisões anteriores. A data de retomada das vendas desses serviços também foi marcada para o próximo dia 11.
Dez países, apenas, são responsáveis por 74% do aumento de casos de sarampo no mundo. Com mais de 10 mil casos registrados, o Brasil está entre os três primeiros, atrás das Filipinas e da Ucrânia, líder com 30 mil casos no ano passado.
Os dados fazem parte de um estudo divulgado nesta quinta-feira (28) pela Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).
Os demais países são Iêmen (6.641), Venezuela (4.916), Sérvia (4.355), Madagascar (4.307), Sudão (3.496), Tailândia (2.758) e França (2.269). A agência da ONU ressalta que os “níveis alarmantes de sarampo no mundo estão sendo puxados por vários países que haviam sido declarados livres da doença”. Nesse quesito, o Brasil é o principal deles, com o maior número de casos, 10.262. O país havia recebido, em 2016, a certificação de eliminação da circulação do vírus da OMS (Organização Mundial da Saúde), que declarou a região das Américas livre do sarampo.
“Não importa como e por onde o vírus entrou no Brasil. Se começaram a haver casos no país, é porque a cobertura vacinal, principalmente das crianças, não estava boa”, afirma Cristina Albuquerque, Chefe de Saúde e HIV do Unicef no Brasil.
A reintrodução do vírus é atribuída ao surto da doença na Venezuela, que faz fronteira com o país, segundo a Ministério da Saúde.
Cobertura vacinal baixa em crianças é preocupação
Devido ao retorno da doença ao Brasil, o ministério fez, de agosto a setembro do ano passado, a Campanha Nacional de Vacinação contra o sarampo e a poliomielite. O público-alvo eram crianças entre 1 e 5 anos incompletos. A campanha alcançou 98% da cobertura vacinal do público-alvo, no entanto, no grupo de 1 ano, a meta não foi atingida, ficando em 92% — o recomendado pela OMS é de no mínimo 95%.
A principal preocupação, segundo a Unicef, são ainda as crianças abaixo de 1 ano de idade que não são vacinadas — a não ser em casos de surto em que a idade para vacinação é reduzida para os 6 meses de idade, como ocorre em Roraima e no Amazonas. “Esses bebês são os mais vulneráveis, pois apresentam risco de desenvolver a doença em sua forma mais grave”, explica Cristina.
“De toda forma, o sarampo não é bom em nenhuma idade. Às vezes, passada a fase aguda da febre podem aparecer complicações muito graves, como pneumonia e encefalite”, completa.
A chefe de Saúde do Unicef ressalta que, além de bater a meta da cobertura vacinal na campanha, é preciso alcançar também a meta da cobertura vacinal de rotina. “Essa é a mais importante”, diz ela. “A campanha só acontece quando as coisas não estão indo bem na rotina, é como um recall. Tanto que em 2016, quando não haviam casos, não teve campanha”.
Segundo o Ministério da Saúde, os dados da cobertura de rotina referentes a 2018 ainda não foram fechados. Em 2017, essa cobertura foi de 85%, apenas. “Esse dado de 2017 já demonstra a fragilidade a que a população estava submetida”, diz.
Entre as causas da volta e do crescimento do sarampo no Brasil, Cristina assinala como hipóteses a percepção de pouco risco, inclusive por profissionais de saúde, devido à eficácia do programa nacional de imunização, o horário de funcionamento dos postos de saúde que coincide com o período em que as pessoas estão trabalhando, e às fake news em relação a vacinas, de maneira geral.
“O Brasil sempre teve um programa nacional de imunização muito forte, com um calendário de 19 vacinas gratuitas. É preciso fazer um estudo dos determinantes sociais e culturais dessa queda na procura por vacinas para que se possa entender melhor esse fenômeno”, afirma.
Brasil é líder na volta do sarampo
O número de casos em países que registraram a volta do sarampo no ano passado é bem inferior ao do Brasil, que ultrapassou os 10 mil, sendo 321 na Moldávia, 203 em Montenegro, 188 na Colômbia, 59 no Timor Leste, 38 no Peru, 23 no Chile e 17 no Uzbequistão.
De acordo com o levantamento, 98 países reportaram mais casos de sarampo em 2018 do que em 2017, o que impediu, segundo a Unicef, avanços contra uma doença de fácil prevenção – já que conta com a vacina tríplice viral, que também protege contra caxumba e rubéola –, mas com grande potencial de morte.
Os Estados Unidos estão entre esses países, onde o número de casos aumentou seis vezes nesse período, chegando a 791 registros. “Os surtos no mundo não estão ligados à pobreza. Houve surto, por exemplo, em Nova York e no Estado de Washington”, diz.
A Unicef descreve o sarampo como uma doença mais contagiosa que o ebola, a tuberculose e a gripe. “O vírus pode ser contraído até duas horas depois de a pessoa infectada ter saído do local. Ele é transmitido pelo ar e infecta o trato respiratório, podendo matar crianças malnutridas e bebês que ainda são muito novos para serem vacinados. Uma vez infectado, não há um tratamento específico para o sarampo, por isso a vacinação é uma ferramenta para salvar a vida das crianças”, afirmou por meio de nota.
Apenas três Estados brasileiros apresentam transmissão ativa do sarampo, segundo o último boletim epidemiológico da doença do Ministério da Saúde, de 14 de fevereiro: Amazonas, Roraima e Pará. No ano passado, haviam casos em todas as regiões do país.
Um estudo feito por pesquisadores da Faculdade de Medicina e do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (USP) descobriu que a bactéria Klebsiella pneumoniae, super-resistente a antibióticos, já circulava pelo Brasil em 2011, quatro anos antes de ser descrita na China, em 2015.O estudo foi publicado na revista científica Bone Marrow Transplantation, do grupo Nature.
O trabalho foi conduzido pela professora doutora Silvia Figueiredo Costa, do Departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da USP e diretora técnica do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo (USP) e pela professora doutora Ester Sabino, também do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo.Ele foi realizado com base no banco de dados do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e apontou que, de 1.042 pacientes que se submeteram a um transplante de medula entre os anos de 2008 e 2015 nesse hospital, 12 se infectaram com a bactéria super-resistente aos antibióticos. E, deste total, 10 morreram.
A Klebsiella pneumoniae é uma bactéria presente no trato gastrointestinal de humanos e animais. Ela pode ser encontrada também no meio ambiente, na água, nos alimentos e no sistema de esgoto. Eventualmente pode ser identificada nas mãos de profissionais da saúde, em equipamentos hospitalares e no ambiente hospitalar, como na cama do paciente, por exemplo. E pode causar diferentes tipos de infecção - como infecção urinária ou no sangue – que podem levar à morte.
China
Essa resistência da bactéria pelo uso de antibióticos foi descoberta pela China em 2015. A China analisou que cepas de Klebsiella adotam um mecanismo de resistência à colistina [um antibiótico que é usado como último recurso no tratamento de infecções por bactérias], denominado MCR-1. Até então, esse mecanismo era desconhecido no mundo. Depois que a China divulgou esse estudo, outros países começaram a investigar seus bancos de dados e, em muitos deles, foram notados a existência do mesmo mecanismo, como ocorreu com esse estudo no Brasil. Isso demonstra que os genes de resistência já circulavam no mundo antes mesmo da comunidade científica ter se disposto de ferramentas para identificá-los.
“Quando surge um novo mecanismo de resistência no mundo, nós pesquisamos em amostras que estão armazenadas no hospital”, explicou Silvia. “Quando a China verificou esse mecanismo de resistência, todos no mundo fizeram isso. Todos foram pesquisar, nas bactérias que estavam guardadas, sobre esse gene de resistência. Foram encontrados também na Ásia, na Europa, na Argentina, aqui no Brasil”, falou.
No Brasil, o estudo apontou que as cepas da bactéria continham vários genes de resistência aos antibióticos. E não só o MCR-1, como também o KPC. “Geralmente, quando a bactéria contém o MCR-1, apresenta resistência à colistina, entretanto permanece sensível aos carbapenêmicos. As bactérias do nosso estudo apresentavam os dois genes de resistência o que torna muito difícil o tratamento”, disse Silvia.
Antibiótico
O que pode ter provocado essa resistência, explica ela, é o uso indiscriminado do antibiótico colistina na veterinária e na agricultura. Em humanos, o uso de antibióticos é controlado, ou seja, só pode ser vendido sob prescrição médica. No caso específico da colistina, seu uso em humanos é ainda mais controlado: ele só ocorre em hospitais.
“Esse antibiótico é mais usado em animais de grande porte e que servem de alimentação, como suínos, do que em humanos. Mas na última década, como as bactérias foram ficando mais resistentes, começou-se a usar esse antibiótico também para humanos”, falou.
“Já existe um esforço para não usar tanto esse antibiótico na veterinária e na agricultura. Há países que proibiram o uso. Em vários países da Europa, ele só pode ser utilizado no tratamento de humanos. No Brasil, há um ano teve uma diretriz de controle de uso da colistina na veterinária. Mas não temos dados brasileiros [sobre o uso]”, falou ela, em entrevista à Agência Brasil.
“Não sabemos o quanto esse antibiótico é usado na veterinária ou na agricultura. E esse controle é o que precisa melhorar no Brasil. Mesmo em hospitais, não temos um dado brasileiro. Não sabemos qual é o consumo nos hospitais”, acrescentou.
Prevenção e cuidados
Para prevenção da bactéria, a pesquisadora diz que é importante controlar o uso de antibióticos e isolar o paciente infectado. Além disso, destacou, é preciso que os profissionais da saúde adotem hábitos como a higiene das mãos e uso de luvas e aventais no cuidado com o paciente.
“E a forma de evitar é controlando o uso do antibiótico e detectando a resistência. Porque na hora em que detecta que o paciente tem essa bactéria, ele precisa estar em um quarto, sozinho, sem ter outro paciente ao lado dele. Os profissionais também precisam usar luvas e aventais para evitar que ocorra a transmissão”, falou.
Outra questão importante, destacou, é que os hospitais de São Paulo que percebam infecção por esse tipo de bactéria, comuniquem e enviem as cepas para o Instituto Adolfo Lutz.
Outros hospitais
Segundo Silvia, o estudo ainda não está finalizado. “Encontramos o gene em outros dois hospitais de São Paulo. Estamos finalizando o estudo para mandar para publicação”, falou.
O trabalho deverá ser apresentado em um congresso na Europa, em abril.
A hipertensão na adolescência dobra o risco de doença renal na vida adulta, independentemente do peso ou da gravidade da hipertensão. Isso é o que demonstrou um estudo realizado por pesquisadores israelenses e publicado no periódico médico Jama (Jornal da Associação Médica Americana).
Foram analisados dados de mais de 2,6 milhões de jovens candidatos ao serviço militar de Israel de 16 a 19 anos, a maioria do sexo masculino, entre 1967 a 2013. Entre eles, quase 8 mil apresentavam diagnóstico de hipertensão. Cerca de 20 anos depois, 2.189 desenvolveram doença renal com necessidade de diálise ou transplante renal.
A pesquisa ainda mostrou que cerca de metade dos jovens com hipertensão tinha sobrepeso ou obesidade, comprovando seu fator de risco para futuras doenças renais.
No entanto, mesmo com o controle do IMC (índice de massa corpórea), a hipertensão na adolescência duplicou o risco de doença renal na vida adulta.
O risco foi semelhante mesmo quando os jovens com hipertensão grave foram excluídos da análise.
Um dos autores do estudo, o médico Ehud Grossman, do Centro Médico Chaim Sheba, em Israel, alertou em entrevista ao jornal norte-americano The New York Times que adolescentes com hipertensão devem ser tratados.
“Não ignore a hipertensão em jovens”, afirmou. “Se você não a trata, aumenta o risco não apenas para doenças renais, mas também para acidentes vasculares cerebrais e doenças cardiovasculares”, completou.
Hipertensão é uma doença
Hipertensão arterial é o termo médico que se usa à alta pressão que exerce o coração para o sangue para passar pelas artérias. É considerada uma doença, sendo a principal causa de infarto e outras cardiopatias – as que mais matam no Brasil. Cerca de 300 milhões de pessoas morrem por ano dessas doenças.
É considerada hipertensa a pessoa que apresenta valores iguais ou acima de 14 por 9 (140mmHg x 90mmHg) ao ter pressão arterial medida em repouso.
A hipertensão é a causa de 60% dos infartos e 80% dos AVCs (acidente vascular cerebral), segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
Além da hipertensão, os outros fatores de risco das cardiopatias são o colesterol alto e o diabetes. De acordo com a SBC, 94% das pessoas que sofrem de hipertensão não têm a doença controlada.