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ovuloscongHá cinco anos, com o fim de um namoro longo, a chef de cozinha Luisa Veiga, decidiu congelar os óvulos. Na época ela tinha 33 anos e não sabia quanto tempo levaria para começar um novo relacionamento e engravidar. Também pesou o fato de ela ter tirado um ovário aos 14 anos.

Hoje, aos 38 anos e em um relacionamento de dois anos, ela ainda não sabe se vai precisar usar os óvulos congelados, mas se sente mais tranquila sabendo que existe esta possibilidade:

“Quando nós somos mais novas, ninguém explica que a capacidade reprodutiva cai com o passar dos anos, que o número de óvulos diminui, a gente não percebe como pode ser difícil engravidar e como é importante congelar os óvulos”.

A decisão de preservar os óvulos para uma futura fertilização é cada vez cada comum. O que surpreende é o motivo que leva as mulheres até uma clínica especializada: a dificuldade de começar um relacionamento duradouro.

Esta foi a conclusão de um estudo apresentado na 34º reunião anual da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia, que aconteceu em Barcelona entre os dias 1 e 4 de julho.

A pesquisa feita para entender os motivos que levam uma mulher a congelar óvulos, foi desenvolvida por uma equipe da Universidade de Yale, liderada pela antropóloga Marcia Inhorn. O estudo foi feito apenas com pacientes que alegaram motivações sociais para congelar os óvulos, e não de saúde.

Os pesquisadores entrevistaram 150 mulheres. O resultado mostra que 85% das entrevistadas estavam solteiras quando tomaram a decisão e 15% tinham um relacionamento com um parceiro que não se considerava pronto ou disposto a ter filhos.

Marcia explica que o estudo deixa claro que a falta de parceiros, e não a vida profissional, é a principal razão pela qual as mulheres estão congelando seus óvulos.

“Congelamento de óvulos não é sobre planejamento de carreira, pelo menos no presente momento. Esse foi o caminho menos comum para o congelamento de ovos entre as mulheres solteiras no estudo”, destaca a pesquisadora.

O especialista em embriologia e genética Philip Wolff, da Genics, clínica de reprodução humana de São Paulo, acompanhou as discussões do congresso e diz que o estudo pode refletir uma mudança de comportamento das mulheres e também dos médicos.

Ele explica que a capacidade reprodutiva diminui com o passar do tempo, especialmente depois dos 37 ou 38 anos. Para ele, uma mulher solteira por volta dos 30 anos que pretende engravidar deve pensar em congelar os óvulos para o futuro e os médicos devem orientar as pacientes para que elas saibam que existe essa possibilidade.

“Os óvulos envelhecem junto com a mulher e o congelamento pode aumentar as chances de uma gravidez futura”, explica.

O medico especialista em reprodução humana Ivan Penna, da clínica FertRio, que trabalha com fertilização humana no Rio de Janeiro, concorda que esse padrão de comportamento também é observado no Brasil.

“Eu congelo óvulos de três a cinco pacientes por mês, 90% delas dizem que tomaram esta decisão pela falta de um companheiro específico”, destaca Penna.

Ele explica que o congelamento é como um seguro, “porque o óvulo sempre vai ter a idade que ele tinha quando foi congelado. É uma cápsula do tempo”.

Outro estudo

Um outro estudo, desenvolvido no Reino Unido pela Universidade de Cambridge, também mostra uma mudança de comportamento entre as mulheres inglesas.

Depois de avaliar os procedimentos feitos na Clínica Feminina de Londres, a equipe liderada pela socióloga especialista em reprodução, Zeynep Gurtin, percebeu que a idade das mulheres que buscam o congelamento de óvulos está diminuindo. Entre 2012 e 2016 a média era de 37,5 anos. Em 2017, a idade média caiu para 36,7.

Além disso, o levantamento mostrou que 95% das mulheres que decidiram congelar óvulos por motivos sociais declararam ser solteiras.

“Embora muitas mulheres entre 30 e 40 anos ainda decidam congelar seus óvulos para manter a fertilidade restante, estamos vendo cada vez mais mulheres no início dos 30 anos pensando em congelar seus óvulos para o futuro, para quando encontrarem o parceiro ideal”, destaca a socióloga.

 

R7

Thinkstock

Assistir aos jogos do Brasil na Copa do Mundo é uma emoção que pode se tornar perigosa para algumas pessoas. Uma partida muito disputada e difícil de ter um desfecho, por exemplo, costuma deixar muita gente com o nível de estresse elevado: um sinal amarelo para quem sofre do coração.

No primeiro jogo do mata-mata da Copa da Rússia, a seleção brasileira passou sem precisar ir aos pênaltis, o que foi positivo para o coração de milhares de torcedores. Mas a possibilidade ainda existe nesta sexta-feira (6), contra a Bélgica, e em outros dois jogos, caso continue vencendo.

"Jogos de Copa do Mundo estão associados ao aumento da ocorrência de IAM [infarto agudo do miocárdio] entre brasileiros, que varia entre 4% e 8%", diz um estudo USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto, divulgado em 2014, com dados coletados entre 1998 e 2010.

Na Inglaterra, diversos torcedores relataram que seus relógios inteligentes registraram mais de 120 batimentos cardíacos por minuto durante a cobrança dos pênaltis contra a Colômbia, na terça-feira (3).

"Grandes emoções podem causar aumento da frequência cardíaca e pressão arterial e até em casos especiais desencadear um infarto ou um AVC [acidente vascular cerebral]", observa o presidente do Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP), professor doutor Roberto Kalil Filho.

No campo, o técnico colombiano, José Pékerman, de 69 anos, cobriu os olhos na hora dos pênaltis, demonstrando claro nervosismo. Diante das imagens, o presidente da Fundação Cardiológica Argentina, Jorge Eduardo Tartaglione, chegou a sugerir em entrevista ao jornal Clarín que fossem extintas as definições por pênaltis "pelo alto risco de infarto".

O coordenador do Centro de Treinamento da SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia), Sergio Timerman, acrescenta que o aumento dos batimentos cardíacos devido ao estresse emocional não é o mesmo de uma atividade física e, portanto, não deve ser prolongado. "Para quem tem uma obstrução [de artéria], isso pode causar um infarto e até morte súbita", observa.

O principal problema na opinião dele, é que milhões de brasileiros nem sequer sabem que têm problemas cardiovasculares. "É uma doença silenciosa", diz.

O cardiologista Francisco Helfenstein, professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), explica que pessoas que já tenham sido diagnosticadas com problemas cardíacos devem evitar momentos cruciais da partida, caso se envolvam demais com o jogo.

"As recomendações universalmente são de que pacientes que tiveram um infarto recente, ou um AVC, pessoas que não têm a pressão sob controle ou que estejam com suspeita de problemas cardiovasculares e uma situação cardiológica ainda não esclarecida não assistam a uma partida mais disputada", diz.

Pesquisadores britânicos estudaram a incidência de infarto agudo do miocárdio durante a partida em que a Inglaterra perdeu nos pênaltis para a Argentina na Copa da França, em 1998.

 

R7

Levantamento da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) mostra que 86% dos medicamentos genéricos disponíveis para comercialização atendem a todas as exigências técnicas, como padrões de rotulagem e uniformidade da dose em todos os comprimidos. Os dados são do Programa de Verificação de Medicamentos (Proveme), criado em 2001 pela agência.

A agência não divulgou exatamente quais lotes foram reprovados no teste, mas diz que, de modo geral, os dados atestam a qualidade e a segurança dos produtos -- apesar das divergências encontradas em 14%. Lotes que não passam no teste, são suspensos, diz a agência.

"Os resultados de lotes que não passam nos testes definem diversas ações sanitárias, como a suspensão de venda e uso, alterações no registro, ações de inspeção, adoção de ações corretivas pelos fabricantes e instauração de processos administrativos sanitários" -- Anvisa.

A divulgação do estudo foi feita em face dos 18 anos do primeiro registro de um medicamento genérico no Brasil -- realizado em 2000. Os testes foram feitos em 284 lotes de medicamentos entre 2016 e 2017. A quantidade de lotes de genéricos selecionados para testes no período representou 61,4% do total comercializado (462).

A Anvisa diz que os testes avaliam aspectos físicos e químicos dos produtos. Nos testes, são analisados erros de rotulatem, a dosagem correta do princípio ativo, variação de peso e uniformidade da dose (que deve ser a mesma, por exemplo, em todos os comprimidos).

Outro ponto avaliado é a dissolução do medicamento no organismo. No teste, a agência avalia se o composto se dissolve no tempo adequado para obter o efeito esperado.

De acordo com a Anvisa, a seleção dos medicamentos avaliados é feita com base no volume das notificações de queixas técnicas e de desvio de qualidade. Também são priorizados os medicamentos usados no Sistema Único de Saúde e distribuídos na Farmácia popular.

Um medicamento genérico deve ser, no mínimo, 35% mais barato que o medicamento de referência, diz a agência.

Crescimento de 130% nos registros nos últimos três anos

A Anvisa diz que o número de registros de medicamentos genéricos cresceu 130% em três anos (foram 146 registros em 2014 para 336 registros em 2017).

No total, diz a agência, houve um total de 1.830 solicitações de registro deste tipo de produto, das quais 1.229 estavam de acordo com as exigências Anvisa. Outros 601 pedidos de registro foram recusados por não cumprirem os parâmetros sanitários para a produção.

"A entrada de genéricos no mercado brasileiro fez cair o preço de medicamentos e contribuiu para ampliar o acesso da população a produtos seguros e eficazes, o que exigiu o aprimoramento da regulação" -- Anvisa.

Segundo a Anvisa, o Brasil conta com 6300 medicamentos genéricos. Considerando o volume de produtos sintéticos comercializados no Brasil, há predominância de genéricos e similares (genéricos de marca), chegando a um percentual de 75,7% em 2016.

 

G1

obesidA designer Camila Muffo, de 39 anos, sempre teve hábitos saudáveis e eles aumentaram depois de sua primeira gravidez. "Nunca bebi nem fumei. Quando a minha primeira filha nasceu, comecei a me alimentar melhor." A designer conta que já percebe o impacto da vida saudável nos hábitos da filha mais velha, Alice, de 7 anos. "Ela se acostumou a comer coisas diferentes. Na minha casa não tem refrigerante, nem 'junk food'."

As conclusões de um novo estudo feito por cientistas da Universidade Harvard (EUA) sugerem que a obesidade não deverá ser um problema para os filhos de Camila. Segundo a pesquisa, as crianças têm uma chance 75% menor de se tornarem obesas na infância ou na adolescência quando as mães, durante esse período mantêm um conjunto de cinco hábitos: ter uma dieta saudável, manter o peso sob controle, fazer exercícios regularmente, consumir álcool com moderação e não fumar.

Publicado nesta quarta-feira (4), na revista científica The BMJ, o estudo mostra que cada um dos bons hábitos da mãe reduz os riscos de obesidade dos filhos - e a maior queda acontece quando a mãe adota todos os cinco. "Nosso estudo foi o primeiro a demonstrar que para reduzir o risco de obesidade nas crianças um estilo de vida integralmente saudável das mães é mais importante que ter algum desses hábitos saudáveis de forma isolada", disse o autor principal do estudo, Qi Sun, do Departamento de Nutrição da Universidade Harvard.

Para estudar a associação entre o estilo de vida das mães e o risco de obesidade entre os filhos, os cientistas analisaram dados de dois grandes estudos nacionais que acompanharam, ao longo de 5 anos, cerca de 17 mil mulheres e seus mais de 24 mil filhos - crianças e adolescentes com idade entre 9 e 18 anos - nos Estados Unidos.

De acordo com Sun, identificar os fatores de risco para a prevenção da obesidade infantil se tornou uma prioridade de saúde pública nos Estados Unidos. Lá, um em cada cinco crianças e adolescentes de 6 a 19 anos de idade é obeso. "O problema é grave, já que a obesidade infantil está associada ao aumento dos riscos de vários distúrbios, incluindo diabete, doenças cardiovasculares e morte prematura na idade adulta", afirmou.

Segundo ele, os resultados destacam os potenciais benefícios de intervenções baseadas nos pais para reduzir os riscos de obesidade infantil. "Precisaremos agora fazer novas pesquisas para examinar o papel do pai no desenvolvimento da obesidade de seus filhos", disse.

De acordo com o estudo americano, 1.282 crianças e adolescentes - 5,3% das que foram avaliadas - desenvolveram obesidade durante o acompanhamento. O excesso de peso da mãe e o tabagismo, afirmam os pesquisadores, foram os fatores que influenciaram mais fortemente a obesidade das crianças.

Aquelas cujas mães mantiveram um peso saudável tiveram risco de obesidade 56% menor em comparação às crianças com mães que estavam acima do peso ou eram obesas. Entre os filhos de mulheres que não fumavam, o risco de obesidade foi 31% menor, em comparação aos filhos de fumantes.

Brasil

A preocupação com a obesidade infantil no País é a mesma - e a solução também é fazer com que os pais mudem seus hábitos, segundo Denise Lellis, pediatra da Liga de Obesidade Infantil do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). "Não há mais dúvidas de que os fatores ligados ao estilo de vida são centrais nessa epidemia de obesidade e é bastante evidente que os hábitos dos pais vão se refletir nas crianças", disse.

Para ela, a conclusão de que os bons hábitos da mãe reduzem substancialmente a chance de obesidade nos filhos é coerente com tudo o que se vê na clínica e na literatura médica. "Isso faz sentido em todos os aspectos, porque a criança está aprendendo com os pais. Se conseguirem melhorar seu estilo de vida, isso vai se refletir na saúde infantil. Por isso acreditamos que incentivar mudanças no estilo de vida é o futuro para prevenir doenças crônicas."

Segundo Denise, que participou há duas semanas, em Harvard, de um congresso que discutiu como médicos podem ajudar a mudar os hábitos da população, há um consenso de que a obesidade e as doenças crônicas estão mais associadas a um estilo de vida ruim do que à genética. "Nós sabemos hoje que a maior parte desses problemas vêm do estilo de vida - e isso é muito importante para os pediatras, porque os hábitos são adquiridos na infância", explicou ela.

 

Agência Estado

Foto: Getty Images

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