A variante brasileira do novo coronavírus – conhecida como P.1. ou variante de Manaus – pode ser entre 1,4 e 2,2 vezes mais transmissível que as linhagens que a precederam. Além disso, estima-se que em parte dos indivíduos já infectados pelo SARS-CoV-2 – algo entre 25% e 61% – a nova variante seja capaz de driblar o sistema imune e causar uma nova infecção. É o que sugerem pesquisadores do CADDE (Centro Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus).
A variante brasileira provavelmente emergiu na capital amazonense em meados de novembro, cerca de um mês antes do número de internações graves na cidade dar um salto. Em apenas sete semanas, a P.1. tornou-se a linhagem da Covid-19 mais prevalente na região.
As conclusões do grupo, coordenado por Ester Sabino, da USP (Universidade de São Paulo), e Nuno Faria, da Oxford University, no Reino Unido, se baseiam na análise genômica de 184 amostras de secreção de pacientes diagnosticados com o novo coronavírus em um laboratório de Manaus entre novembro de 2020 e janeiro de 2021. O trabalho foi realizado em colaboração com pesquisadores do Imperial College London, também do Reino Unido, e contou com o apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
Segundo Ester, os números são uma aproximação, pois se trata de um modelo. Contudo, traz um importante alerta à população: mesmo quem já foi infectado pelo vírus precisa continuar se precavendo.
Além disso, análises feitas pelo grupo em mais de 900 amostras coletadas no mesmo laboratório de Manaus, entre elas as 184 que foram sequenciadas, indicam que a carga viral presente na secreção dos pacientes foi aumentando à medida que a variante P.1. tornou-se mais prevalente.
De acordo com a coordenadora do estudo, é comum no início de uma epidemia a carga viral dos infectados ser mais alta e baixar com o tempo. Por esse motivo, os pesquisadores não sabem se o aumento observado nas amostras pode ser explicado por um fator epidemiológico ou se, de fato, ele indica que a P.1. consegue se replicar mais no organismo humano do que a linhagem anterior.
A Secretaria de Saúde de Floriano anunciou nesta terça-feira (02) o início da imunização de idosos com idade entre 86 e 89 anos para o dia 3º de março. A imunização se dará por agendamento de horário nas Unidades Básicas de Saúde e leva em consideração o cadastro prévio realizado pelas equipes de saúde da família.
Segundo a Coordenação de Imunização de Floriano, idosos com 89 anos completos devem ser vacinados no dia 03 de março, quarta-feira. Idosos com 88 e 87 anos serão imunizados na quinta-feira, 04 de março. E pessoas com 86 anos serão imunizadas no dia 05 de março, sexta-feira.
“Essa é uma boa notícia para aumentar nossa esperança, perspectiva de proteção à vida em meio a demora do envio de novas doses. Mas estamos preocupados com a quantidade que Floriano tem recebido”, disse o Secretário de Saúde, James Rodrigues.
Na sexta-feira (26), o município de Floriano recebeu 350 doses de referentes ao público-alvo de idosos com idade entre 85 e 89 anos, mas o levantamento realizado pela Secretaria de Saúde de Floriano indica que o município tem cerca de 450 pessoas nessa faixa etária.
No último lote, a Secretaria de Saúde havia recebido 240 doses para idosos acima dos 90 anos, mas esse quantitativo não foi suficiente, pois o número de pessoas nessa faixa etária é, atualmente, de 313 idosos.
A SMS de Floriano detecta que terá problemas para atender faixas etárias seguintes, pois o número de doses enviadas não estão suprindo a necessidade local. Além das 350 doses para o público-alvo de 85 a 89 anos, o município recebeu mais 150 vacinas que correspondem a 24% do público-alvo de idosos de 80 a 84 anos com base no CENSO de 2010 do IBGE que estima que Floriano teria 610 pessoas nessa faixa etária, mas no último levantamento realizado pela SMS, a cidade tem 730 pessoas com idades entre 80 e 84 anos.
O primeiro Relatório Mundial sobre Audição, lançado nesta terça-feira (2) pela Organização Mundial da Saúde (OMS), estima que um quarto da população global, ou o equivalente a cerca de 2,5 bilhões de pessoas, terá algum grau de perda auditiva em 2050. O estudo destaca, entretanto, que cerca de 60% das perdas podem ser evitados com investimentos em prevenção e tratamento de doenças ligadas à surdez. Segundo a OMS, o retorno é de US$ 16 para cada US$ 1 investido.O primeiro Relatório Mundial sobre Audição, lançado nesta terça-feira (2) pela Organização Mundial da Saúde (OMS), estima que um quarto da população global, ou o equivalente a cerca de 2,5 bilhões de pessoas, terá algum grau de perda auditiva em 2050. O estudo destaca, entretanto, que cerca de 60% das perdas podem ser evitados com investimentos em prevenção e tratamento de doenças ligadas à surdez. Segundo a OMS, o retorno é de US$ 16 para cada US$ 1 investido.
Medidas como vacinação contra rubéola e meningite, melhoria dos cuidados maternos e neonatais e tratamento precoce da otite média são incluídos pela OMS na prevenção de doenças auditivas. O relatório foi lançado na véspera do Dia Mundial da Audição 2021, que se comemora amanhã (3) e tem como lema "Cuidados Auditivos para Todos!".
A OMS recomenda que os tratamentos auditivos façam parte dos planos nacionais de saúde. Para a população adulta, em especial, a orientação é fazer uma boa higiene dos ouvidos, controlar os ruídos e manter níveis seguros de volume para reduzir o potencial de perda auditiva.
ProblemasPara o médico Marcos Sarvat, membro da Câmara Técnica de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia do Conselho Federal de Medicina, não é surpresa a preocupação da OMS ante a perspectiva de aumento significativo do número de pessoas com problemas de audição no horizonte de 29 anos. “São problemas já conhecidos e muito comuns os decorrentes na infância de infecções e problemas não tratados na época devida; as doenças infecciosas maternas, que podem levar à perda auditiva congênita, ou seja, as crianças já nascem com o problema; e, ao longo da idade pré-escolar, muitas desenvolvem problemas em geral de boa solução, mas que passam despercebidos.”
Em entrevista à Agência Brasil, Sarvat afirmou que a detecção da deficiência ao nascimento, a educação, o tratamento e as cirurgias precoces, como o implante coclear, podem ajudar bastante a reduzir a perda auditiva. “Ao longo da vida, pela exposição sonora excessiva, isso já soma muita gente”, destacou. O problema da perda da audição é agravado pelo natural envelhecimento da população, pois, após os 60 ou 70 anos, a perda auditiva é natural, disse Sarvat, que também é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro. “O simples envelhecimento da população já gera ‘epidemia’ de deficiência auditiva, o que não quer dizer surdez absoluta, mas perda parcial”, disse o médico.
Sarvat recomendou que as perdas parciais sejam avaliadas e façam parte dos programas de saúde pública, do nascimento à terceira idade. Avaliações periódicas são também necessárias para orientar os que enfrentam deficiências auditivas e minorar o problema. “Ainda estamos muito longe disso. Não me surpreende esse alerta [da OMS], que já é dado pelas entidades médicas há alguns anos, mas é bom que seja amplificado pela OMS, especificamente nos dias destinados a uma maior atenção a problemas desse tipo”, afirmou.
Pouca ofertaO médico admitiu que, o problema da perda de audição é maior nos países subdesenvolvidos em termos de assistência à saúde, entre os quais o Brasil, onde há pouca oferta de medicamentos, cirurgias e próteses. “Ou seja, a prevenção por meio de exames periódicos é de difícil acesso; a consulta é de difícil acesso, assim como o acesso ao medicamento ou à cirurgia e as filas para receber a prótese auditiva na terceira idade são enormes.”
Sarvat destacou que existem no Brasil deficiências estruturais que resultam em pior qualidade de vida para todas as gerações. “Isso reflete na educação das crianças. Uma criança que ouve mal aprende mal e se torna um adulto menos capaz do que seria, e assim por diante. Temos uma cascata de efeitos do idoso abandonado, do idoso solitário, da depressão, da perda de motivação, do desvinculo familiar, da perda de condições de trabalho. Tudo isso vem em cascata e é ignorado”, acrescentou o médico. Para ele, o alerta da OMS é bem-vindo e repercute de forma mais ampla para a população mundial, neste momento.
Quanto mais cedo a perda auditiva for detectada, melhor, afirma a fonoaudióloga Marcella Vidal. Ela destacou que é importante abordar e tratar a perda de audição em tempo hábil, tão logo apareçam os primeiros indícios de dificuldades para ouvir. “Com isso, evitamos uma série de prejuízos na comunicação, nos relacionamentos, e as pessoas podem continuar aproveitando a vida ao máximo. Para isso, uma das opções de tratamento é o uso de aparelhos auditivos, que proporcionam inúmeros benefícios para o indivíduo."
Conselho alerta sobre aumento da surdez entre jovens - Foto Cyntia Veras/Governo do PiauíBrasil enfrenta problema no caso de problemas auditivos - Cyntia Veras/Governo do PiauíAparelhosMarcos Sarvat observou que, no caso dos aparelhos auditivos, o Brasil, em particular, enfrenta um problema de ordem técnica e econômica, porque depende de forma absoluta da produção estrangeira. Com isso, os produtos disponíveis no mercado são extremamente caros para a maioria da população.
“Com o envelhecimento progressivo da população, seria interessante termos essa oferta, com estímulo à produção interna de aparelhos mais acessíveis. Mas, infelizmente, isso hoje está longe com a produção de tudo made in China [feito na China]”, opinou. Sarvat disse que isso repercute exatamente na saúde das pessoas ao se tornar algo pouco alcançável pela maioria.
O relatório da OMS destaca também a questão do preconceito que envolve as pessoas com baixa audição e que, muitas vezes, leva à inibição de buscar o tratamento adequado. Os recursos humanos disponibilizados pelos sistemas de saúde para tratar desses pacientes são reduzidos, sobretudo nos países mais pobres, onde cerca de 78% têm menos de um especialista em doença de ouvido, nariz e garganta por cada milhão de habitantes. Somente 17% dos países têm um ou mais fonoaudiólogos e metade tem um ou mais professores para surdos por milhão, indica o documento.
AudiometriaDe acordo com Marcella, é preciso checar a audição periodicamente, fazendo o exame de audiometria uma vez por ano. Isso é recomendado especialmente para quem tem mais de 50 anos, predisposição genética ou dificuldades para ouvir e para quem sofre infecções frequentes na orelha, trabalha em ambientes ruidosos ou ouve som alto por longos períodos, como ocorre entre os mais jovens com a “febre dos fones de ouvido”, disse a fonoaudióloga.
Estudo feito em conjunto em 2019 pelo Instituto Locomotiva e a Semana da Acessibilidade Surda revela a existência, no Brasil, de 10,7 milhões de pessoas com deficiência auditiva. Desse total, 2,3 milhões têm deficiência severa. A surdez atinge 54% de homens e 46% de mulheres. A predominância é na faixa de 60 anos de idade ou mais (57%).
Entre as pessoas com deficiência auditiva, 9% nasceram com essa condição e 91% a adquiriram ao longo da vida, sendo que a metade foi antes dos 50 anos e, entre os que apresentam deficiência auditiva severa, 15% já nasceram surdos. Do total pesquisado, 87% não usam aparelhos auditivos.
Experimentos laboratoriais conduzidos na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) indicam que anticorpos presentes no plasma sanguíneo de pessoas que já tiveram covid-19 e se recuperaram são cerca de seis vezes menos eficientes para neutralizar a variante brasileira do SARS-CoV-2, denominada P.1., do que a chamada linhagem B, que circulou no país nos primeiros meses da pandemia.Experimentos laboratoriais conduzidos na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) indicam que anticorpos presentes no plasma sanguíneo de pessoas que já tiveram covid-19 e se recuperaram são cerca de seis vezes menos eficientes para neutralizar a variante brasileira do SARS-CoV-2, denominada P.1., do que a chamada linhagem B, que circulou no país nos primeiros meses da pandemia.
O estudo mostra ainda que o plasma coletado de indivíduos que receberam a segunda dose da CoronaVac há cerca de cinco meses apresenta baixa quantidade de anticorpos capazes de neutralizar o novo coronavírus – tanto a linhagem B quanto a variante P.1. Os dados foram divulgados segunda-feira (1º) na plataforma Preprints with The Lancet e ainda estão em processo de revisão por pares.
“O que esses resultados preliminares sugerem é que tanto as pessoas que já tiveram COVID-19 como aquelas que foram vacinadas podem ser infectadas pela nova variante P.1. e, portanto, não devem se descuidar”, alerta José Luiz Proença Módena, professor do Instituto de Biologia (IB-Unicamp) e coordenador da investigação.Segundo o pesquisador, esse fenômeno é comum e ocorre também com outras vacinas, fazendo com que alguns vírus continuem circulando mesmo após uma população ser imunizada. “Em hipótese alguma ele sugere que a vacina não funciona”, afirma. Os experimentos descritos no artigo foram realizados com apoio da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) (projetos 16/00194-8 e 20/04558-0) no Laboratório de Estudos de Vírus Emergentes (Leve) do IB-Unicamp, que tem nível 3 de biossegurança (NB3) e é administrado por Módena. O grupo recebeu de colaboradores do Centro Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (CADDE) 20 amostras de secreção nasofaríngea de pacientes infectados pela variante brasileira, que foram inoculadas em culturas celulares suscetíveis ao SARS-CoV-2. A presença da P.1. nas amostras dos pacientes foi confirmada por sequenciamento do genoma viral.Dois isolados da variante P.1. obtidos a partir das culturas infectadas in vitro foram usados nos testes de neutralização feitos tanto com o plasma de convalescentes quanto de vacinados.
“Nós já tínhamos uma coleção de plasma doado por pessoas que se recuperaram da COVID-19 – todas as amostras com altas quantidades de anticorpos neutralizantes. Esse material foi originalmente colhido e analisado para o tratamento de pacientes em estado grave [método conhecido como transfusão passiva de imunidade ou terapia com plasma convalescente]”, conta Módena à Agência FAPESP.
As amostras de plasma convalescente – coletadas entre dois e três meses após a infecção – foram testadas paralelamente contra a linhagem B e a variante P.1. Os resultados indicam que o potencial de neutralização frente à nova cepa foi em média seis vezes menor.“Esse é um valor que chama a atenção”, diz Módena. “No caso do vírus influenza [causador da gripe], por exemplo, quando de um ano para outro surge uma nova variante que é seis vezes menos neutralizada pelos anticorpos, já se considera que há escape imune e que é necessário atualizar a vacina.” Mais estudoOs experimentos de neutralização com o plasma de vacinados foram feitos com amostras coletadas de oito voluntários que participaram do ensaio clínico de fase 3 da CoronaVac – imunizante desenvolvido pela empresa chinesa Sinovac Biotech em parceria com o Instituto Butantan. A imunização ocorreu entre os meses de agosto e setembro de 2020.
Como os testes clínicos de fase 2 já haviam indicado, a quantidade de anticorpos neutralizantes no sangue dos vacinados cai fortemente após aproximadamente seis meses. Desse modo, nos testes in vitro feitos na Unicamp, o efeito de neutralização do plasma sanguíneo foi pequeno tanto contra a P.1. quanto contra a linhagem B. No entanto, os pesquisadores destacam que esses resultados precisam ser interpretados com cautela, pois anticorpos neutralizantes são apenas um dos componentes do sistema imunológico.
“Outros elementos de proteção que podem ser fortemente induzidos pela vacina, como a imunidade celular, provavelmente ainda são capazes de evitar que os imunizados desenvolvam a doença – principalmente as formas mais graves. No entanto, tudo indica que os vacinados não estão livres de se infectarem e de transmitirem o vírus”, avalia Módena.
Segundo o pesquisador, o número de indivíduos avaliados no estudo é pequeno e os resultados não são robustos o suficiente para concluir algo relacionado à eficácia da CoronaVac contra a variante brasileira do novo coronavírus. “São necessários estudos mais aprofundados para avaliar tanto a eficácia da CoronaVac como de outras vacinas contra a P.1.”, diz.
Os autores ressaltam ainda que medidas de higiene e distanciamento social continuam essenciais para controlar a disseminação do vírus, mesmo entre pessoas previamente infectadas ou já vacinadas. “Essas medidas são importantes para evitar possíveis casos de reinfecção, especialmente pelas novas linhagens emergentes”, afirmam.
Participaram dos testes o bolsista William Marciel de Souza, a mestranda Karina Bispo dos Santos, a bolsista de iniciação científica Camila Lopes Simeoni e a doutoranda Pierina Lorencini Parise. Ao todo, a pesquisa contou com cientistas de dez universidades, entre elas Unicamp, Universidade de São Paulo (USP), University of Oxford (Reino Unido) e Washington University in St. Louis (Estados Unidos). Além da FAPESP, o grupo recebeu recursos de Medical Research Council (Reino Unido), Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Fundação de Desenvolvimento da Unicamp (Faepex), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e National Institutes of Health (Estados Unidos). O trabalho Levels of SARS-CoV-2 lineage P.1 neutralization by antibodies 2 elicited after natural infection and vaccination pode ser lido em https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?