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coronavaccA Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmou nesta sexta-feira (23) que já fez uma análise do pedido de importação pelo Instituto Butantan de insumos da vacina chinesa contra Covid-19 CoronaVac, na qual foram identificadas "discrepâncias" informadas ao centro de pesquisas paulista, e destacou que não houve qualquer tipo de atraso na verificação.

O Butantan havia reclamado na véspera, em comunicado, de um suposto atraso de mais de um mês da Anvisa em analisar pedido de importação de insumos da vacina chinesa, mas o órgão regulador, também em nota, havia contestado e dito que a questão será respondida em até cinco dias úteis, negando que tenha atrasado o processo.
Em uma nova manifestação nesta sexta, a Anvisa disse que "o referido processo já havia sido analisado, quando da publicação da notícia, e que foram identificadas discrepâncias. Estas discrepâncias foram comunicadas ao Instituto Butantan".

A Anvisa acrescentou que o instituto paulista fez no mesmo processo de insumos um pedido de autorização excepcional para importação de vacina na forma em seringa preenchida e na forma de um produto intermediário. Segundo a agência, são produtos em condições sanitárias diferentes.

"Para não haver perda de tempo, o processo foi desmembrado e as vacinas envasadas terão sua análise feita no prazo máximo de até cinco dias úteis, separada da análise do pedido de insumos", afirmou a agência.

O órgão regulador afirmou que o processo se encontrava pautado para 4 de novembro, "justamente para que houvesse tempo hábil para o atendimento das discrepâncias apontadas no processo referente à matéria prima vacinal".

"Assim sendo, não há nenhum tipo de retardo/atraso/morosidade por parte da Anvisa. A análise foi feita e as discrepâncias foram encaminhadas para o atendimento pelo laboratório", informou.

Na véspera, o Butantan havia dito que aguardava desde 18 de setembro parecer da Anvisa ao pedido de importação de matéria-prima para produção da CoronaVac no Brasil.

O centro de pesquisa biológica paulista, que será responsável pela produção da CoronaVac no Brasil, disse no comunicado que o pedido tem "caráter excepcional para agilizar o fornecimento do imunizante no Brasil, contribuindo para salvar vidas e combater a pandemia", e acrescentou que "obviamente" a vacina não será aplicada sem a aprovação e registro da Anvisa.

A vacina chinesa virou tema de disputa acirrada entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria, seu desafeto político, uma vez que o Butantan é ligado ao governo paulista.

Bolsonaro vetou um acordo costurado por seu ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que previa a compra de 46 milhões de doses da vacina produzida pelo Butantan com o objetivo de integrar o Programa Nacional de Imunização.

Apesar da disputa, o Butantan disse esperar que a agência "reavalie prazos e contribua para resguardar a saúde pública e a proteção dos brasileiros".

 

Reuters

Wu Hong/EFE/EPA

aviaocovidO risco de a covid-19 se disseminar em voos parece ser "muito baixo", mas não pode ser descartado, apesar de estudos só mostrarem um número pequeno de casos, disse a Organização Mundial da Saúde (OMS).

"A transmissão em voo é possível, mas o risco parece ser muito baixo, dado o volume de viajantes e o número pequeno de relatos de casos. O fato de que a transmissão não é amplamente documentada na literatura publicada não significa, porém, que não acontece", disse a OMS em um comunicado à Reuters.A caracterização do risco ecoa as descobertas de um estudo do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, que na semana passada descreveu a probabilidade de se contrair a doença em aeronaves comerciais como "muito baixa".

Mas algumas empresas aéreas usaram uma linguagem mais vigorosa para descrever o risco da transmissão em voo.

Southwest Airlines e United Airlines disseram que estudos recentes mostraram que o risco é "virtualmente inexistente".

A Southwest, uma das poucas empresas aéreas que atualmente mantêm o assento do meio desocupado, disse nesta quinta-feira que, à luz da pesquisa, revogará a interdição destes assentos.

No dia 8 de outubro, a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) disse que só potenciais 44 casos de transmissão em voo foram identificados entre 1,2 bilhão de viajantes neste ano.

 

Reuters

cargaviralO que é carga viral? O pneumologista José Rodrigues Pereira, da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, explica que carga viral é o número de cópias que a gente tem de um vírus em uma amostra de tecido ou secreção.


A carga viral pode tornar a covid-19 mais grave? De acordo com Pereira, não há comprovação científica de que uma maior carga viral reflete diretamente na gravidade da covid-19. "O que a gente sabe, com certeza, é que a exposição à carga viral maior aumenta o risco de a pessoa ter sintomas da doença", afirma. O especialista explica que isso acontece porque quanto maior o número de cópias do vírus, mais difícil é o combatê-lo e faz uma analogia: "O sistema imune é nosso exército protetor e o coronavírus é o exército invasor. Se o número de elementos desse exército for muito grande, a capacidade de invadir o sistema imune é maior"

Por sua vez, o pneumologista Carlos Carvalho, Diretor da Divisão de Pneumologia do InCor (Instituto do Coração) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, observa que quanto maior a carga viral, mais forte será a reação do sistema imune. É essa resposta exagerada do sistema imune que leva a casos mais graves de covid-19. "Vamos supor que eu sou o sistema de defesa da sala onde me encontro. Se entra um rato aqui eu posso dar uma vassourada e ele vai embora. Essa seria uma resposta leve e efetiva. Mas também posso dar uma resposta exacerbada e jogar uma dinamite, o rato vai embora do mesmo jeito, mas eu também vou explodir a porta", compara.

Vamos supor que sou o sistema de defesa dessa sala aqui. se vai entrar um cachorro aqui eu posso dar uma vassourada e ele vaiembora - leve e efetiva eu posso ter uma resposta exacerbada e jogar uma banana de dinamite e o cachorro vai embora, mas tbm vai explodir a porta (rato).

Um estudo mostrou que o coronavírus permanece por até 28 dias em algumas superfícies, como a tela de celular. Mas a carga viral ali presente é capaz de provocar infecção? Sim, é capaz, porém é pouco provável que isso aconteça, segundo Pereira. "Em superfícies como vidro, metal, papelão a carga viral vai diminuindo com o passar do tempo e assim, menor o risco de a pessoa se contaminar. Então, é possível o contágio, mas é pouco provável que ele ocorra", esclarece.


Em que fase da doença o paciente possui maior carga viral e possibilidade de infectar outras pessoas? Entre o sétimo e o décimo dia após o contágio. Essa é a fase de maior replicação viral, quando o vírus cria cópias de si mesmo. Pereira destaca que essa fase exige atenção, pois corresponde a um pico inflamatório e, depois dela, há pacientes que vão melhorar, enquanto outros vão apresentar uma evolução grave do quadro de covid-19
Crianças tendem a adquirir menos carga viral que adultos e idosos? Não se sabe. Mas, independente da carga viral, há algum fator de proteção que faz com que elas tenham menos risco de desenvolver sintomas sintomas e de apresentar formas graves da covid-19, de acordo com Pereira.

O uso de máscara reduz a exposição à carga viral? Sim, por isso a máscara é um método eficaz de prevenção."A pior máscara ainda é melhor que nenhuma máscara", destaca Pereira. Elas funcionam como uma barreira para todo tipo de infecção respiratória porque bloqueiam as gotículas maiores expelidas quando uma pessoa fala, canta, tosse e principalmente espirra. "Aerossóis [pequenas partículas líquidas contaminadas com o vírus que ficam suspensas no ar] ou gotículas menores podem passar, mas o risco de contágio é muito menor", acrescenta.

 

R7

lacenO Laboratório Central de Saúde Pública Dr. Costa Alvarenga (Lacen-PI) detectou material genético do novo coronavírus no líquido cefalorraquiano de um paciente vitimado recentemente por síndrome de Guillain-Barré. O exame foi realizado no setor de biologia molecular do Lacen-PI, por meio da técnica RT-PCR.

Segundo o médico neurologista e responsável pela pesquisa, Marcelo Adriano, essa identificação é um achado inédito para a ciência. “É o primeiro caso documentado no mundo em que o vírus é detectado no sistema nervoso de um paciente com a doença”, explica o médico.

Diante dos indícios iniciais de que a Covid-19 poderia atacar o sistema nervoso dos indivíduos, o programa local de vigilância epidemiológica dos agravos com manifestações neurológicas passou a incluir a pesquisa do SARS-CoV-2 no líquido cefalorraquidiano dos pacientes desde maio de 2020, no Lacen-PI.

Lacen está trabalhando 24 horas por dia para acelerar nos exames de identificação do coronavírus. “Nós estamos trabalhando sem parar desde o início da pandemia, buscando levar aos pacientes um diagnóstico preciso e de qualidade. Também realizamos pesquisas como esta que vão ajudar a entender como o vírus se comporta no sistema nervoso central”, destaca a diretora do Lacen-PI, Walterlene de Carvalho.

O exame de RT-PCR para o novo coronavírus foi adicionado ao painel de investigação laboratorial de herpes vírus, enterovírus e arbovírus dentre eles: zika, dengue, chikungunya e vírus do Nilo Ocidental. Essa estratégia foi responsável pela detecção do primeiro caso de encefalite pelo vírus da febre do Nilo Ocidental do país, em 2014.

“Em 2019, o Piauí foi alvo de uma visita de uma equipe de neuroepidemiologistas do Centers for Disease Control and Prevention (CDC), dos Estados Unidos, por conta dos resultados positivos do programa”, lembra o neurologista Marcelo Adriano.

Atualmente, o Ministério da Saúde estuda a ampliação dos procedimentos de vigilância executados pelo Piauí para outros Estados da federação. A pesquisa realizada pelo laboratório do Piauí será encaminhada para o Instituto Evandro Chagas, no Pará, centro de referência para o estudo da doença.

“Após detectarmos líquor positivo, repetimos a análise por três vezes. Essa amostra será enviada para Instituto Evandro Chagas, em Belém do Pará. Foi feito também quimioluminescência do soro do paciente com detecção do IgM e IgG, que testaram positivo para o vírus”, pontua a diretora do Lacen.

Síndrome

O líquido cefalorraquidiano é um fluido que envolve e protege o cérebro, a medula espinhal e as raízes de todos os nervos do corpo humano. Esse líquido é coletado por punção na região da coluna lombar, nos casos suspeitos da doença. A síndrome de Guillain-Barré é caracterizada pela perda aguda da força muscular e da sensibilidade nas pernas, nos braços, na face e até mesmo nos músculos da respiração. “Geralmente, a doença é deflagrada por infecções virais ou bacterianas – especialmente a bactéria intestinal Campylobacter jejuni e o vírus Zika. Nesse estudo, queremos saber se a síndrome é mais um agravamento correlacionado com a Covid-19″, explica o neurologista Marcelo Adriano.

Diante de uma infecção, por vezes o sistema imunológico do paciente confunde-se e passa a atacar os próprios nervos do indivíduo, reconhecendo erroneamente os seus envoltórios como se fossem vírus ou bactéria a serem eliminados. Nessas situações, indica-se o uso da medicação “imunoglobulina humana hiperimune” (disponível pelo SUS), na tentativa de interromper o processo de lesão dos nervos pelo próprio sistema imunológico.

 

O diretor do Hospital Natan Portella e infectologista, José Noronha esclarece que esse caso avaliado é de um paciente que apresenta uma síndrome que é uma resposta desregulada do sistema imunológico. De acordo com o médico, a síndrome causa uma desregulação e inflamação nos nervos periféricos.

“Apesar de já termos alguns casos descritos na literatura, secundários à infecção por Covid-19, é a primeira vez que conseguimos isolar uma amostra. Além disso, nós temos implicações a serem estudadas adiante, como o próprio sistema nervoso central funcionar como um abrigo para o Sars-Cov-2, principalmente se o paciente desenvolver manifestações neurológicas”, explica o infectologista.

 

Sesapi