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exameUma solução desenvolvida por uma startup de Ribeirão Preto promete solucionar um sério problema na saúde no Brasil: como determinar quando uma cirurgia para retirada de nódulos indeterminados na tireoide é realmente necessária?

Batizada de mir-THYpe, a inovação é resultado do trabalho da Onkos, empresa ligada ao Supera Parque de Inovação e Tecnologia, no campus da USP, em parceria com o Hospital de Câncer de Barretos, e tem potencial para reduzir em até 81% o número de cirurgias desnecessárias da tireoide no Brasil.

De acordo com dados da empresa, a estimativa é que todos os anos sejam realizadas cerca de 40 mil cirurgias no país, sem que haja real necessidade. “Isso acontece porque o método utilizado para identificar quando um nódulo é benigno ou maligno não é tão preciso. Hoje, é realizada uma punção no nódulo para a retirada de células que, posteriormente, serão analisadas pelo médico no microscópio, e é ele quem vai classificar o material como benigno ou maligno”, explica Marcos Santos, CEO da startup.

O problema do método de exame atual, denominado de PAAF, é que em cerca de 20% a 30% dos casos não é possível determinar a benignidade ou malignidade do nódulo. “Isso acontece porque o médico não tem informação suficiente para definir o diagnóstico e esse nódulo é então classificado como indeterminado. Como existe a chance desse nódulo ser maligno, o paciente é geralmente encaminhado para cirurgia de retirada parcial ou total da glândula, mesmo sem que haja a certeza se isso era de fato necessário”, enfatiza Santos. E completa: “Só depois da cirurgia é possível identificar que em até 80% dos casos de diagnósticos indeterminados, o nódulo era benigno e o procedimento cirúrgico era totalmente dispensável”.

De acordo com Marcos Santos, o mir-THYpe, além de diminuir o número de cirurgias desnecessárias, também oferece mais qualidade no atendimento ao paciente. “Com o nosso teste, o paciente não precisa fazer uma nova punção já que é possível utilizar o mesmo material já coletado na PAAF que classificou aquele nódulo como indeterminado, evitando o desconforto com um novo procedimento”, ressalta.

Os nódulos são os problemas mais comuns na tireoide hoje: 0,1% da população mundial tem nódulos identificados na tireoide todos os anos e o problema atinge, principalmente, as mulheres, numa proporção de até sete para um. “A tireoide é responsável pela produção de hormônios e o paciente que passa pela retirada precisa de reposição hormonal para o resto da vida. Além disso, há outras preocupações com possíveis complicações pós-cirúrgicas, como rouquidão crônica por lesão nas cordas vocais, hipocalcemia e infecção hospitalar”, alerta.

Cerca de 0,1% da população tem nódulos

Cerca de 0,1% da população tem nódulos

Ilustração: Caio Vinícius Bonifácio/Jornal.usp.br

Além disso, a solução pode contribuir para desonerar o sistema de saúde público e privado. “Calculamos um desperdício de recursos de cerca de R$ 500 milhões gastos pelo sistema de saúde com cirurgias desnecessárias de tireoide. Uma única cirurgia custa em média R$ 18 mil, enquanto o custo do exame diagnóstico molecular é em torno de R$ 4 mil”, finaliza.

Em abril passado, a empresa recebeu dois prêmios concedidos pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo, durante o XVIII Encontro Brasileiro de Tireoide.

Supera Parque

O Supera Parque de Inovação e Tecnologia de Ribeirão Preto é resultado de uma parceria entre a Fipase, a Universidade de São Paulo (USP), Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto e Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São Paulo. Instalado no campus da USP local, o parque abriga a Supera Incubadora de Empresas, o Supera Centro de Tecnologia, a associação do Arranjo Produtivo Local (APL) da Saúde e o Polo Industrial de Software (PISO), além do Supera Centro de Negócios.

Ao todo, são 74 empresas instaladas no parque, sendo 52 delas na Supera Incubadora de Empresas de Base Tecnológica; 15 empreendimentos no Centro de Negócios e sete na aceleradora SEVNA Startups.

 

Jornal da USP

Foto: Ilustração: Caio Vinícius Bonifácio/Jornal.usp.br

purpuraAs cores das manchas que surgem na pele podem indicar os problemas que temos de saúde. Às vezes pode ser um problema estético. Entretanto, em outros casos, pode significar, por exemplo, melanoma.

Para falar das cores e seus significados, o Bem Estar desta quinta-feira (24) convidou duas dermatologistas – Alessandra Romiti e a consultora Márcia Purceli.

Manchas marrons

Melanose - ela está diretamente ligada ao sol e aparece mais no dorso das mãos, colo e costas, que são áreas de muita exposição solar. Muitas pessoas acham que é mancha de idade, mas é o acúmulo do sol. Um dos tratamentos é o laser de luz pulsada. E atenção: Não vira câncer!

Fitofotodermatose (mancha do limão) – ela sai depois de um tempo, diferente da melanose. Essa mancha é uma queimadura causada pela reação do componente químico da fruta com o sol. Muitas vezes não adianta só lavar, é preciso usar protetor solar para não queimar a pele.

Melasma – tem o surgimento relacionado a fatores genéticos, hormonais e sol. Costuma aparecer durante a gravidez ou por causa do uso de pílula anticoncepcional. Não tem cura, mas tem melhora. Quem tem melasma precisa usar filtro solar acima de 50 FPS, duas vezes ao dia. Precisa também evitar lugares quentes.

Manchas pretas

Nevo – a maioria das pintas são benignas, mas é preciso ficar atento, porque a pinta preta não pode aumentar de tamanho e nem mudar a forma.

Nevo congênito – é considerado quando a criança nasce com a mancha ou quando ela aparece até os dois anos de idade. É importante fazer o acompanhamento das pintas e, quando possível, a sua retirada para prevenir a doença.

Melanoma – geralmente é uma lesão sólida, que pode ser plana ou mais alta, irregular, escura, com mais de uma tonalidade. É um dos tipos mais graves de câncer.

Queratose seborreica escuras – são pintas escuras que aparecem com o tempo e podem ser confundidas com nevo, mas não tem índice de transformação ruim. Ela é mais áspera e aparece em área de dobra e rosto.

Manchas brancas

Leucodermia solar ou sardas brancas – aparecem principalmente depois dos 40. Pode ser confundida com vitiligo.

Pitiríase versicolor ou pano branco – causado por um fungo. Pessoas com pele oleosa têm mais chance de ter. Também pode ser confundido com vitiligo.

Vitiligo – doença genética, autoimune, que é acordada normalmente por uma alteração emocional.

Manchas roxas

Hematomas – pessoas com fragilidade capilar maior ficam roxas à toa. Isso é genético. O uso de vitamina C ajuda a melhorar.

Púrpura senil – é o nome que se dá para aquelas manchinhas roxas que aparecem nos braços dos idosos.

Manchas vermelhas

Nevo rubi – aparecem do nada na pele, como se fosse um novelo de lã. Quando coça sangra. A retirada é uma questão estética.

 

G1

esquizofreniaQuando Cainã Nicollelli tinha 19 anos ele teve o primeiro surto psicótico.

De repente, começou a falar que tinha chip no cérebro, que era monitorado, que as pessoas liam seus pensamentos e que precisava ir para o hospital para que retirassem esse chip da cabeça dele.

A mãe, Sarah Nicolleli, funcionária pública, nunca tinha ouvido falar sobre esquizofrenia. A primeira reação foi chamar uma ambulância.

“Até então eu nunca tinha ouvido falar sobre a esquizofrenia. Já tinha visto algumas coisas na televisão, mas não sabia o que era. Quando meu filho foi internado, fui estudar, e tentar entender o que era essa doença”.

Entre o primeiro contato e a aceitação foi um longo processo. Sarah conta que, em princípio, recebeu a notícia com uma certa naturalidade porque achou que fosse algo passageiro, que logo o filho voltaria à normalidade.

“Depois percebi que ele estava piorando. No início, ele até melhorou um pouco, depois começou a se recusar a tomar os medicamentos e foi regredindo. Depois que eu entendi o que estava acontecendo, começou a luta para fazer ele entender que ele tinha uma doença e que precisava de um tratamento”.

Essa luta durou quase cinco anos. Tempos difíceis para a família que não entendia por que essa doença tinha aparecido ali e que precisava entender e tentar controlar o comportamento obsessivo do Cainã.

“Teve uma época em que ele tomava banho a cada cinco minutos, a ponto de a pele ficar em carne viva. Foi um processo difícil de aceitação de ambas as partes. Da parte dele, ele dizia que era normal, que ele não tinha nada. A não-aceitação da minha parte eram os porquês. Por que o meu filho, por que essa doença, o que causou, o que eu fiz?”.

Sarah conta que depois que o filho entendeu que tinha uma doença e que precisava de tratamento, tudo começou a mudar.

“Aí eu comecei a ver o efeito do tratamento, ele voltou a ser o filho que eu tinha antes da primeira crise. Porque ele estava diferente, agressivo, quebrava coisas dentro de casa, vivia em um mundo irreal. A partir do momento da aceitação, começou a ficar melhor, saiu do isolamento social, da apatia, voltou a sorrir”.

Hoje, aos 27 anos, Cainã controla os sintomas da esquizofrenia com medicação e faz acompanhamento psiquiátrico. Há três meses ele voltou ao mercado de trabalho, em uma empresa de call center. Aos poucos também conseguiu retomar a vida social, fazer amigos, se readaptar à vida.

“Ver ele tomar os medicamentos e retomar rédeas da vida dele, foi uma alegria. Como mãe a gente se preocupa muito com a vida dos filhos, com o que vai ser deles quando a gente não estiver mais aqui. Hoje eu estou mais tranquila”.

Mania de perseguição é sintoma

De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria, a esquizofrenia é uma doença mental que afeta cerca de 1% da população mundial e é mais comum em homens.

O início da doença pode acontecer com surto psicótico – como foi com o Cainã – ou com sintomas como isolamento, retraimento social, queda de rendimento escolar ou no trabalho, mudanças de comportamento que devem estar associadas a um quadro perseguitório, ou seja, ideias de perseguição e delírio.

Existe um risco genético, a esquizofrenia pode ser hereditária. Mas isso não é determinante para o desenvolvimento da doença. É preciso que fator ambiental também contribua.

De acordo com o psiquiatra Ary Gadelha, do Departamento de Psiquiatria da Escola Paulista de Medicina, sofrer algum tipo de violência ou o uso drogas como maconha e cocaína podem desencadear a doença em alguém que já tenha a vulnerabilidade genética.

Doença pode ser controlada

Quando se fala em esquizofrenia, muita gente ainda tem a ideia estereotipada de que o paciente nunca mais vai voltar ao normal e precisa ser internado porque não vai conseguir viver em sociedade.

O psiquiatra Ary Gadelha explica que, com o avanço dos tratamentos, a realidade nos dias de hoje é completamente diferente.

“Hoje, com o tratamento adequado, é possível superar a esquizofrenia e buscar qualidade de vida”.

Gadelha explica que, para isso, é preciso ter o que se chama de esperança realista. É preciso reconhecer a dificuldade, entender a doença e a partir disso reorganizar a vida.

“Com o avanço no tratamento, é possível não só controlar os sintomas, mas promover a superação da esquizofrenia, uma maneira de ter uma vida plena e significativa, apesar da doença. Nos últimos anos estamos assistindo vitórias que antes se consideravam impossíveis, como pacientes voltando ao mercado de trabalho, concluindo faculdades e fazendo pós-graduação”, destaca o psiquiatra.

A esquizofrenia não tem cura, o tratamento deve ser seguido por toda a vida. Os remédios ajudam a controlar os sintomas, mas isso não é o suficiente. É preciso que o paciente seja acompanhado por uma equipe multidisciplinar que inclui psiquiatra, enfermeiro, psicólogo, terapeuta ocupacional e assistente social.

O acompanhamento familiar também é importante em todos os processos.

“A família tem que estar envolvida em todos os momentos do tratamento. Hoje, todos os protocolos incluem a participação da família, porque os familiares também precisam de acompanhamento para enfrentar as dificuldades, os receios e os medos”, conclui Gadelha.

 

R7

Thinkstock

dengurEquipe de cientistas do Instituto Pasteur conseguiu estabelecer quais indivíduos estão sob maior risco de desenvolver a dengue hemorrágica, a forma mais grave da doença. A partir de um experimento na Tailândia, eles identificaram a quantidade de anticorpos que um indivíduo precisa ter para não desenvolver a condição. O risco é então estabelecido quando o exame de sangue identifica células de defesa com número de anticorpo abaixo desse limiar.

Os anticorpos no sangue são medidos por um teste que chama "títulos de anticorpos" e os parâmetros encontrados pelos pesquisadores foram os seguintes: indivíduos com teste menor que a proporção "1:40" tem 7,4 vezes mais chance de desenvolver dengue hemorrágica que um indivíduo com anticorpo abaixo desse parâmetro.

O achado, publicado na revista "Nature" nesta quarta-feira (23), pode ser utilizado para um mapeamento dos indivíduos mais vulneráveis à doença. Com isso, governos podem adotar políticas públicas de prevenção mais focadas nesses grupos.

Cientistas do Instituto Pasteur chegaram a essa conclusão através de uma parceria com pesquisadores nos Estados Unidos. Juntos, eles selecionaram 3.451 crianças de uma região rural no norte da Tailândia com altas taxas de circulação da dengue. Elas foram monitoradas durante 5 anos, com coleta de sangue a cada 90 dias. Também foram feitas consultas para verificar se elas apresentavam sintomas da doença.

"A análise identificou o nível de anticorpos que coloca um determinado indivíduo dentro da janela de risco para a dengue", explica o autor Henrik Salje, estatístico e epidemiologista do Instituto Pasteur, em nota.

O estudo aponta que depois de um ano da infecção os afetados chegam a uma quantidade de anticorpos que os coloca dentro ou fora do risco para uma segunda infecção. Um ponto importante da medicação de anticorpo é que, atualmente, há muitas casos de dengue sem sintomas. Da amostra, pesquisadores identificaram que 65% das infecções são subclínicas.

A partir dos dados coletados nesse trabalho, os cientistas criaram um modelo estatístico capaz de associar os anticorpos observados no sangue das crianças com a possibilidade de complicações mais graves para a dengue. Na prática, o experimento permitiu que um parâmetro de anticorpos fosse criado (menor que "1:40", maior a chance de infecção).

Isso é particularmente importante porque formas mais graves da dengue surgem a partir de uma segunda infecção pelo vírus. Indivíduos que desenvolvem a dengue hemorrágica, por exemplo, têm anticorpos da primeira infecção, mas eles são insuficientes para combater a segunda.

"Quando indivíduos são infectados uma segunda vez , seus níveis de anticorpos aumentam, mas não o suficiente para protegê-los", diz Henrik Salje.

"É como se os anticorpos se agarrassem ao vírus, mas fossem incapazes de neutralizá-lo."

A especificidade da dengue

O vírus da dengue tem quatro formas diferentes, conhecidas como sorotipos. Os indivíduos correm o risco de serem infectados pelos quatro tipos do vírus, como se estivessem pegando quatro doenças diferentes.

Isso faz com que a dengue seja uma doença específica, diferente de outras infecciosas, como o sarampo, por exemplo. Funciona da seguinte maneira: se você pega dengue uma vez, você só fica protegido para aquele tipo de vírus específico -- e não aos outros.

"Se você está infectado com sarampo, desenvolve imunidade vitalícia", diz Henrik Salje.

"Mas a dengue é diferente. Aqueles infectados pela segunda vez por outra forma do vírus têm maior probabilidade de desenvolver uma forma grave da doença ".

Soma-se a isso o fato de que quando se é infectado por um tipo de vírus, e depois a pessoa é infectada por outro tipo, ela tem mais chance de desenvolver uma forma grave de dengue, a hemorrágica.

Nessa forma de dengue, além da febre e de sintomas similares à gripe, há sangramento pelo nariz, boca e gengiva. De forma geral, há sangramentos internos em uma espécie de colapso da circulação que pode levar à morte.

 

G1