O acidente vascular cerebral (AVC) é a segunda maior causa de morte no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ficando atrás da doença isquêmica cardíaca. Juntas, elas mataram 15,6 milhões de pessoas em 2016 e lideram o ranking mundial nos últimos 15 anos.
Provocado pelo rompimento ou obstrução de um vaso sanguíneo no cérebro, o AVC é uma emergência médica e, por isso, o tempo é fundamental para evitar possíveis sequelas graves. Especialistas apontam que cada minuto sem ajuda médica corresponde a 1,9 milhão de neurônios a menos.
Pensando nisso, a Rede Brasil AVC e a Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares (SBDCV) se uniram para lançar a campanha "A Vida Conta - cada minuto faz diferença", que alerta sobre a importância do atendimento rápido em casos de AVC.
O tempo se mostra essencial para definir o tratamento adequado. A trombólise, por exemplo, que é a dissolução do coágulo no vaso sanguíneo, é uma importante opção nos casos de obstrução. "O tratamento pode ser dado até 4 horas e 30 minutos após o início do AVC, mas quanto mais precoce o tratamento é administrado, melhor é o seu efeito", informa a Rede Brasil AVC.
Para conscientizar a população, as entidades fazem uma ação nesta sexta-feira (8), na Ponte Estaiada, na zona oeste da capital paulista. A partir das 19h, a iluminação da estrutura será reduzida - uma alusão à perda gradativa de neurônios - e, depois, um vídeo de conscientização será projetado na coluna da ponte.
Assim, é importante saber a hora aproximada do início dos sintomas, que incluem formigamento na face, no braço ou na perna - principalmente em apenas um lado do corpo -, dificuldade para falar e compreender a fala, alteração na visão e dor de cabeça súbita, intensa e sem causa aparente.
Caso o atendimento não seja rápido, o problema pode se agravar e incapacitar a pessoa. As sequelas vão desde dificuldades visuais, de memória e na fala até perda de força muscular, dificuldade de movimentação e alteração no comportamento.
Segundo a SBDCV, 90% dos casos de AVC podem ser evitados, basta que a pessoa controle alguns fatores de risco, tais como: tabagismo, obesidade, colesterol alto, pressão alta, fibrilação atrial, diabetes e estresse crônico.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de pulmão é o mais comum entre todos os tumores malignos. A cada ano, mais de um milhão de pessoas são diagnosticadas com a doença em todo o mundo.
No Brasil, a expectativa é que em 2018, 31.270 pessoas descubram que têm câncer no pulmão – entre estes pacientes, estão 18.740 homens e 12.530 mulheres.
Ainda segundo o Inca, este é um tipo de câncer altamente letal, que no fim do século XX, se tornou uma das principais causas de morte evitáveis.
Como todos os tipos de câncer, no de pulmão a expectativa de cura ou de maior tempo de sobrevida depende, principalmente, do momento em que a doença é descoberta.
Novo exame para diagnóstico precoce
Atualmente, o diagnóstico de câncer de pulmão é feito por meio de uma tomografia, que deve ser feita anualmente em pacientes que apresentam risco para a doença, como os fumantes – de acordo com o Inca, 90% dos casos estão associados ao consumo de derivados de tabaco.
Sem este controle, o diagnóstico costuma aparecer apenas quando surgem os primeiros sintomas, o que, segundo o oncologista Jacques Tabacof, do Grupo Oncoclinicas, só acontece quando a doença já está em um estágio mais avançado.
Além disso, o diagnóstico por meio de tomografia não é 100% assertivo, é comum que aconteçam os chamados resultados “falsos-positivos”.
“Na tomografia podem aparecer nódulos pequenos, que nem sempre são tumores malignos, mas precisamos investigar, fazer biópsia, colocar uma agulha no pulmão do paciente”, explica o oncologista.
Um estudo apresentado no Asco 2018 – o congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, que terminou na terça-feira (5), em Chicago, nos Estados Unidos – mostrou que nos próximos anos a tomografia pode deixar de ser a única ferramenta para o diagnóstico.
Depois de analisar amostras de sangue de mais de 1.700 voluntários, pesquisadores dos Estados Unidos e do Canadá desenvolveram um sofisticado exame de sangue capaz de identificar a presença de fragmentos de DNA do tumor de pulmão em fase inicial na corrente sanguínea.
"Estamos um passo mais perto de sermos capazes de detectar o câncer de pulmão precoce a partir de um simples exame de sangue"
David Graham
"Estamos animados porque os resultados iniciais do estudo mostram que é possível detectar câncer de pulmão em estágio inicial a partir de amostras de sangue usando o sequenciamento genômico", disse o principal autor do estudo, Geoffrey R. Oxnard, professor associado do Instituto do Câncer Dana-Farber e da Escola de Medicinal de Harvard.
Oxnard também afirma que um exame sanguíneo capaz de identificar a doença "pode ser facilmente implementado por sistemas de saúde".
O exame não está aprovado para uso clínico porque o estudo ainda não foi totalmente concluído. Neste momento, os pesquisadores estão desenvolvendo uma segunda etapa com outros mil voluntários.
Mas, especialistas já começam a ter esperanças de que esta nova possibilidade possa fazer parte da rotina clínica nos próximos anos.
"Estamos um passo mais perto de sermos capazes de detectar o câncer de pulmão precoce a partir de um simples exame de sangue. Embora ainda haja um caminho a percorrer antes que o DNA livre de células do sangue possa ser usado para a detecção do câncer em larga escala, essa pesquisa serve como um alicerce para o desenvolvimento de testes futuros ”, afirma David Graham, diretor médico do Levine Cancer Institute, em Charlotte, na Carolina do Norte.
O oncologista Jacques Tabacof acompanhou a divulgação do estudo e também se mostra esperançoso:
“Eu fiquei muito animado em ver como a tecnologia chegou em um ponto onde este exame está muito mais perto do que podíamos imaginar. Embora seja uma inovação para daqui a alguns anos, parece totalmente possível”.
Saiba quais são os tipos de câncer mais comuns no Brasil:
O problema ainda é considerado novo. A esofagite eosinofílica só foi descrita como doença no início da década de 1990. Mas é fato que, entre as doenças atópicas - dermatite, asma e alergia alimentar - esta é a que mais cresce.
Um levantamento feito em hospitais dos Estados Unidos concluiu que, em seis anos, o número de pacientes com o problema subiu 18% no país.
No Brasil não existem estatísticas, mas o que se sabe é que este tipo de esofagite pode se manifestar em pessoas de qualquer idade e é mais comum em homens. A cada três homens, uma mulher é diagnosticada com a doença.
A esofagite eosinofílica é uma doença crônica, persistente, que pode ter origem genética e costuma evoluir com ciclos de remissão. Assim como a dermatite atópica e a asma crônica, ela acontece por causa de uma reação exagerada do sistema imunológico a um agente que causa alergia.
Um estudo desenvolvido pela USP apontou uma prevalência de 38% de casos de esofagite eosinofílica em alérgicos graves à leite. Mas outros alimentos ou substâncias também podem causar o problema.
A principal questão relacionada à esofagite eosinofílica é o desconhecimento. Como é uma doença nova, muitos médicos ainda não sabem identificar os sintomas e é comum que pacientes passem muito tempo sem tratamento adequado – ou pensem que os sintomas têm causas psicológicas.
O assunto foi discutido no EAACI 2018 (European Academy of Allergy and Clinical Immunology), congresso da Academia Europeia de Alergia e Imunologia, que aconteceu entre os dias 26 e 30 de maio, em Munique, na Alemanha.
O que é esofagite eosinofílica
A esofagite eosinofílica é uma inflamação no esôfago que concentra um alto índica de células brancas do sistema imunológico.
Estas células são normalmente ligadas às doenças alérgicas e quando levam a uma inflamação no esôfago, elas causam uma espécie de machucado. Por causa deste machucado, as células liberam outras substâncias que provocam uma resposta exagerada do sistema imunológico – que manda mais células brancas e faz com que o problema aumente cada vez mais.
O esôfago é o tubo muscular responsável por levar comida da faringe até o estômago. Para isso ele realiza os movimentos peristálticos, movimentos coordenados pelo sistema nervoso que empurram o bolo alimentar para baixo.
A imunologista Ariana Yang, chefe do ambulatório de Dermatite Atópica do Hospital das Clínicas da USP-SP, explica que a esofagite eosinofílica faz com que a pessoa perca a capacidade de engolir o alimento:
“Uma característica de qualquer inflamação é diminuir a função do órgão, se você machucar o seu pé, você fica mancando, a sua função fica prejudicada. Então, esse esôfago com esofagite eosinofílica não consegue fazer os movimentos peristálticos, a função de engolir fica prejudicada. Então, a pessoa come e tem a sensação de que a comida não desce”.
De acordo com a imunologista, muitas pessoas sofrem com a doença e não sabem. Isso porque, quando a inflamação é leve, a pessoa desenvolve mecanismos de compensação:
“Quando a pessoa começa a ter uma inflamação, ela percebe que começa a querer engasgar, e ela compensa a dificuldade para engolir com líquido, por exemplo, e isso passa a ser uma necessidade, ela não consegue comer sem beber alguma coisa. Normalmente a gente não precisa de líquido para engolir, isso é um hábito nosso, não uma necessidade”.
Conforme a doença vai avançando, a passagem do alimento começa a ficar cada vez mais difícil e começa a acontecer a impactação alimentar – a comida entala na garganta ou no peito.
“Este é o sintoma mais típico, a pessoa come e não consegue falar, a comida para na garganta ou para no peito, fica entalada. Alguns pacientes acabam indo para a emergência, pensam que estão infartando porque junto vem uma dor forte, suor frio. É extremamente desagradável, os pacientes descrevem como algo terrível”, explica Ariana Yang.
A doença pode começar a se manifestar em qualquer idade.
No bebê o sintoma mais comum é um tipo de refluxo que mesmo quando é tratado, não melhora. Entre as crianças, os sintomas mais comuns são dor abdominal, engasgo e vômito, além de dificuldade de comer.
Nos adultos é mais comum a disfagia, que é a dificuldade para engolir, e a impactação alimentar.
Desconhecimento de médicos e pacientes
Como é uma doença nova, o conhecimento sobre esofagite eosinofílica ainda é restrito ao grupo de especialistas em doenças do sistema gastrointestinal ou alergistas e imunologistas.
Ariana Yang explica que, muitas vezes, a dificuldade para engolir é associada ao câncer de esôfago, mas “hoje essa doença é a primeira causa de dificuldade para engolir e impactação alimentar em adultos”.
O desconhecimento da doença acaba acarretando na dificuldade de diagnóstico. Depois que a suspeita de câncer é eliminada, muitos médicos ficam sem conseguir explicar a causa do problema. Isso acaba levando os pacientes para os consultórios de psicólogos e psiquiatras.
“Sem diagnóstico, o paciente começa a pensar que é psicológico, é da cabeça, mesmo quando entala, quando começa a passar mal e vai para uma emergência, pensa que é o estresse e a ansiedade que estão deixando um bolo na garganta”, explica a imunologista.
Sem um tratamento adequado, os sintomas vão ficando cada vez mais fortes.
“A comunidade médica desconhece a doença. Ela é mais difundida, hoje, entre alergistas e gastroenterologistas, mas mesmo entre especialistas mais antigos existe o desconhecimento. Quem precisa saber, que é o pediatra, o clínico, o médico que está na emergência, não sabe”, alerta a médica.
Tratamento
Quando uma doença é identificada, começam a ser feitos estudos para o desenvolvimento de medicamentos que possam controlar ou curar o problema, e isso pode levar bastante tempo.
Como a esofagite eosinofílica é uma doença muito nova, estes estudos ainda não foram concluídos. Portanto, não existe, no mundo, um medicamento com indicação específica para a doença.
De acordo com a imunologista Ariana Yang, atualmente, o tratamento é feito com a mesma medicação usada para asma, que são basicamente corticoides.
A especialista explica que alguns pacientes com sintomas mais leves melhoram com dieta, “como é uma doença muito associada à alergia alimentar, a retirada dos alimentos causadores da alergia pode ser o suficiente para controlar a doença, mas isso não acontece em todos os casos”.
Entre os alimentos que costumam causar este tipo de reação, estão o leite, trigo, ovo, soja, peixe, camarão, amendoim e castanha.
“O leite é disparado o principal alimento envolvido. Isso em qualquer lugar do mundo que se estuda a doença, o leite é o principal”, destaca Ariana.
Duas semanas depois de começar uma dieta com restrição ao consumo de carboidratos, a comediante Jess Fostekew se sentiu "hangry" - um neologismo em inglês que surgiu da junção de "hungry" e "angry", respectivamente "esfomeada" e "irritada".
"Eu perdi completamente a cabeça num incidente no trânsito", lembrou Fostekew durante o programa Woman's Hour, da BBC Radio 4. "O carro atrás de mim, que por acaso estava cheio de homens grandes, buzinou porque não atravessei a tempo o semáforo."
Depois de sair do carro, desafiá-los para uma briga e ser recebida com risos, ela voltou à direção e deu a partida.
"Em seguida, eu estacionei e comecei a chorar de soluçar - soluços de raiva - e então prometi nunca mais deixar de comer carboidratos."
Afinal, o que aconteceu com ela?
"Há muito tempo, a ciência sabe que a fome provoca irritação", diz Sophie Medlin, professora de nutrição e dietética do Kings College London. "Mas o maravilhoso mundo das redes sociais mesclou as duas palavras e nós agora conhecemos (esse fenômeno) como 'hanger' ('hunger', fome, e 'anger', raiva)".
"Quando o nível de açúcar do sangue cai, ao mesmo tempo sobem os de cortisol e adrenalina - nossos hormônios de luta ou fuga (ou mais conhecidos como do estresse)", completa.
Além disso, quando o corpo precisa repor a energia com mais alimento, os neurônios liberam os chamados neuropeptídeos, que são substâncias que provocam a sensação de fome no cérebro. "Os (neuropeptídeos) que provocam a fome são os mesmos que provocam irritação, raiva e comportamentos impulsivos. Então, é por isso que você tem este mesmo tipo de resposta", diz ela.
Todos já espumamos de raiva por causa do vazio no estômago, mas essa reação é frequentemente descrita na mídia como sendo mais aplicável às mulheres do que aos homens. Os artigos sobre essa sensação de fome e irritação geralmente são ilustrados com imagens de mulheres estressadas e aos gritos. Não à toa, fez bastante barulho o tuíte da snowboarder americana Chloe Kim durante as Olimpíadas de Inverno, em fevereiro:
"Eu deveria ter terminado o meu café da manhã, mas o meu 'eu' teimoso decidiu não fazê-lo", escreveu a medalhista de ouro. "Agora estou ficando 'hangry'".
As mulheres são, então, mais vulneráveis a essa aflição?
"Absolutamente, não", diz Medlin. "Isso pode acontecer com qualquer um e, talvez, do ponto de vista da neurociência, seja mais provável de acontecer com homens do que com mulheres".
Curiosamente, homens têm mais receptores para os neuropeptídeos, ela explica. Essas substâncias, por sua vez, "são afetadas por coisas como a flutuação de estrogênio, então, pode acontecer de mulheres sentirem 'hanger' em momentos diferentes de seu ciclo", diz Medlin.
Mas "bioquimicamente, na neurologia, os homens são muito mais propensos ao fenômeno do que as mulheres". Isto por causa dos níveis mais altos de testosterona combinados com mais desses receptores.
Demonstração de raiva
Por isso, aquela visão da "hanger" feminina pode ser simplesmente mais um estereótipo de gênero, o que inclui ainda a estigmatização de homens que demonstram seus sentimentos. "Talvez seja por que (os homens) ainda não se sentem à vontade para falar da relação emocional que eles têm com a comida e a fome, e talvez essa seja a razão por que se acredita que sentir 'hanger' é coisa de mulher quando, na verdade, é do ser humano em geral", diz Jess Fostekew.
"Todos têm uma relação bastante complicada com a comida", concorda Sophie Medlin.
A "hanger" pode ter um impacto até nos relacionamentos, de acordo com um estudo de 2014 que mostrou que os baixos níveis de açúcar no sangue estão relacionados a mais agressividade entre casais.
Durante o experimento, cada participante enfiou um determinado número de alfinetes em um boneco de vodu que representava seu cônjuge - o número variava de acordo com o nível de irritação. Em seguida, o cônjuge irritado ainda emitia sons contra o parceiro, que usava um fone de ouvido. Enquanto isto, os níveis de açúcar eram medidos.
Sem muita surpresa, "os participantes que tinham baixos níveis de glicose enfiaram mais alfinetes no boneco de vodu e gritaram com mais frequência e mais alto contra seu cônjuge".
E como evitar o temido 'hanger'?
"Depende de quanto tempo haverá até a próxima refeição", diz Medlin. "Preferivelmente, você precisa de algo que eleve um pouco o açúcar no sangue e que o mantenha lá. Então, um lanche com algum tipo de carboidrato salgado poder ser a melhor opção."