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irusA doença do beijo, também conhecida como mononucleose, pode aumentar o risco de desenvolvimento de outras doenças, como a esclerose múltipla, lúpus e diabetes tipo 1. De acordo com um estudo publicado recentemente na revista Nature Genetics, o vírus responsável por causar a mononucleose é capaz de se ligar a partes do genoma humano, tornando a pessoa infectada mais vulnerável a essas doenças.

Mononucleose

A mononucleose é uma infecção causada pelo vírus Epstein-Barr (EBV), transmitida pela saliva – por isso também é chamada de doença do beijo. Seus sintomas incluem dor e inflamação da garganta, febre alta, placas esbranquiçadas na garganta e ínguas no pescoço. O EBV pode provocar infecção em qualquer idade, mas é mais comum apresentar sintomas em adolescentes e adultos.

A mononucleose não tem um tratamento específico, mas é possível curá-la apenas com repouso, ingestão de líquidos e uso de remédios para aliviar os sintomas. Com essas medidas, a doença desaparece após uma ou duas semanas. No entanto, depois de infectada, a pessoa permanece com o vírus por toda a vida.

EBV e o aumento do risco de doenças

Ao longo dos anos, cientistas ligaram o EBV a algumas outras doenças raras, incluindo certos tipos de câncer do sistema linfático. Além disso, alguns dos pesquisadores já vinham estudando o vírus e fizeram conexões entre ele e o lúpus, por exemplo. Outras doenças relacionadas ao EBV descobertas durante a pesquisa são: esclerose múltipla, artrite reumatoide e artrite idiopática juvenil, doença inflamatória intestinal, doença celíaca e diabetes tipo 1.

Segundo os resultados da pesquisa, os cientistas perceberam que os componentes produzidos pelo vírus interagem com o DNA humano nos lugares onde o risco genético da mononucleose (e de outras doenças) aumenta. “Esta descoberta é importante o  suficiente para estimular muitos outros cientistas em todo o mundo a reconsiderarem este vírus nesses distúrbios. Como consequência, e supondo que outros possam replicar nossas descobertas, isso poderia levar a terapias, formas de prevenir e antecipar doenças”, disse John Harley, um dos autores do estudo, ao Science Daily. Apesar de não existir vacina contra o EBV, outras iniciativas procuram desenvolvê-la.

Atuação do vírus no corpo

Em infecções virais e bacterianas nosso sistema imunológico recebe o comando das células B para produzir anticorpos no intuito de combater os invasores. No entanto, quando ocorrem infecções por EBV, algo incomum acontece: esse vírus é capaz de ‘hackear’ as células B, assumindo o controle de suas funções e reprogramando-as. A equipe do Cincinnati Children, responsável pela pesquisa, encontrou pistas de como o vírus faz isso.

O corpo humano tem cerca de 1.600 fatores de transcrição conhecidos no nosso genoma. Estes fatores são proteínas que ajudam a transformar genes específicos em “ligados” ou “desligados” através da conexão com o DNA para garantir que as células funcionem como esperado. No entanto, quando os fatores de transcrição são alterados, as funções normais da célula também podem mudar e isso pode levar à doença. Os cientistas suspeitam que o fator de transcrição EBNA2 do EBV esteja ajudando a mudar a maneira como as células B infectadas operam e como o corpo responde a elas.

Com base nessas informações, os cientistas descobriram que, dependendo de onde esses grupos de fatores de transcrição relacionados ao EBNA2 se ligam no código genético, aumenta o risco de algumas dessas doenças. “Normalmente, pensamos nos fatores de transcrição que regulam a expressão do gene humano como sendo humanos. Mas, neste caso, quando este vírus infecta células, ele produz seus próprios fatores de transcrição, e estes se situam no genoma humano nas variantes de risco lúpico (e nas variantes de outras doenças) e é isso que suspeitamos estar aumentando o risco da mononucleose”, explicou Leah Kottyan, outra cientista envolvida no estudo.

Estas descobertas abrem novas linhas de estudo que podem acelerar os esforços para encontrar tratamentos que impeçam o vírus de atuar nas células, o que poderia levar a cura dessas doenças. Entretanto, os pesquisadores informam que será preciso muito tempo para alcançar esses objetivos.

 

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abacaxiNão é de hoje que se fala nos benefícios da alimentação para a nossa saúde. As novidades sobre este ou aquele grupo de alimentos surgem a todo o instante. A mais recente trata de um dos maiores mistérios da medicina: a endometriose.

Entender o que causa o crescimento descontrolado das células do endométrio – e o processo inflamatório decorrente disto - é um desafio para cientistas de todo o mundo. Só depois de saber a causa é possível determinar um tratamento eficiente e mapear as formas de prevenção.

Na busca por respostas, uma nova pesquisa publicada na última edição da revista Human Reproduction, conduzida por cientistas da Universidade de Oxford, nos Estados Unidos, mostrou que o consumo de frutas é capaz de reduzir as chances de uma mulher desenvolver endometriose.

Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores coletaram,durante 20 anos, informações genéticas, físicas, biológicas e sobre o estilo de vida de 70 mil mulheres com idade entre 25 e 42 anos.

Também foram avaliadas informações sobre os hábitos alimentares - foram verificadas a frequência com que as mulheres ingeriam 130 itens alimentícios, incluindo bebidas. As opções de respostas variavam de nunca ou menos de uma vez por mês a seis ou mais vezes por dia. O uso de suplementos nutricionais também foi monitorado para evitar distorções.

As participantes que relataram consumir frutas e outros vegetais 3, 4, 5, 6 ou mais vezes por dia tiveram, respectivamente, 9%, 10%, 18% e 12% menos risco de endometriose no comparativo com as que afirmaram comer duas ou menos porções diárias.

De acordo com o ginecologista Marco Aurelio Pinho de Oliveira, chefe do Ambulatório de Endometriose do Hospital Universitário Pedro Ernesto da UERJ, o estudo não fecha a questão, mas é importante porque envolve todas as formas da doença e o resultado pode ajudar, principalmente, os casos nos quais a doença ainda está no início.

“A alimentação tem influência menor quando a doença já está mais avançada, mas pode ajudar nos casos no qual a doença ainda está começando a se desenvolver. Este tipo de benefício, os cuidados com a alimentação, quanto mais cedo são adotados, o efeito vai ser mais positivo”, explica.

Frutas cítricas protegem mais

Analisados separadamente, as frutas e demais vegetais apresentam resultados distintos.

          

Frutas cítricas como laranja, limão e abacaxi foram o grupo que mais atuou na prevenção da endometriose. Mulheres com o hábito de comer ao menos uma porção diária tiveram 22% menos risco de desenvolver endometriose do que as que consumiam menos de uma vez por semana.

O estudo indica que a provável responsável pelo benefício é a beta-criptoxantina, uma substância com propriedades antinflamatórias que é transformada pelo organismo em vitamina A.

Mas isso não significa que as mulheres com histórico de endometriose devam incluir as frutas cítricas em todas as refeições. Embora a pesquisa não indique uma quantidade mínima para se obter o benefício, é preciso dosar e encontrar uma forma satisfatória de incluir diferentes grupos de alimentos na dieta.

 “O excesso também faz mal e isso serve para qualquer alimento. O que a gente recomenda é que a mulher não deixe de comer essas frutas. Às vezes as pessoas têm consumo baixo de alguns grupos de alimentos, isso pode causar falta de vitaminas”, destaca o ginecologista da UERJ.

O médico destaca, ainda, que a dica é importante principalmente para mulheres mais jovens e adolescentes, que não construíram o hábito de comer frutas e legumes e dão preferência para lanches e alimentos processados ou industrializados.

“É biscoito, hambúrguer... As mais jovens costumam comer mal. Elas precisam incluir a fruta na rotina alimentar em quantidade adequada, pelo menos uma ou duas vezes por dia”, explica.

A fruta pode ser consumida in natura ou na forma de suco natural. Uma dica que também ajuda no combate à hipertensão e outros malefícios causados pelo sal refinado, é passar a temperar a salada com limão.

Alimentos que fazem o efeito contrário

O estudo também mostrou que alguns alimentos parecem aumentar o risco de endometriose. É o caso dos vegetais crucíferos – aqueles que apresentam flores em forma de cruz, com quatro pétalas. É o caso da couve-flor, brócolis e couve de Bruxelas.

Mulher que costumam consumir estes alimentos tiveram o risco da doença aumentado em 13%. Os autores, no entanto, dizem que são necessárias, ainda, pesquisas adicionais para esclarecer se os crucíferos causaram aumento real no número de casos ou se apenas facilitaram o diagnóstico.

Isso pode ter acontecido porque estes vegetais tendem a potencializar as dores abdominais características da endometriose.

Sobre esta questão, o ginecologista faz um alerta. Os próprios cientistas dizem que este ponto ainda precisa de mais pesquisa, por isso, não vale a pena riscar estes alimentos do cardápio.

“É complicado não recomendar um alimento natural baseado em uma questão que ainda precisa ser estudada. Evitar um tipo de comida pode ser ruim porque esses vegetais têm outras propriedades que podem trazer outros benefícios”, destaca.

Segundo o médico, mais importante do que evitar um alimento natural, é evitar gorduras, refrigerantes e industrializados. "Isso é mito mais impactante para a saúde do que um tipo de vegetal ou outro”.

A recomendação é incluir na dieta alimentos ricos em ômega 3, a exemplo da sardinha, atum, salmão, castanhas e amêndoas. Evitar adoçantes industrializados, reduzir açúcares e farinhas brancos e priorizar hortaliças, carnes magras, ovos, queijo cottage, azeite de oliva, feijões e frutas como caju, goiaba, limão e abacate — todos capazes de reduzir a resposta inflamatória. Óleos hidrogenados, sal refinado comum e temperos prontos também devem ser substituídos.

 

R7

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cancerO câncer já é a principal causa de morte em 10% dos municípios brasileiros, superando as doenças cardiovasculares – atualmente líderes em mortalidade. Se nada for feito para mudar ou estabilizar essa curva, calcula-se que até 2030 as neoplasias serão a primeira causa de morte no país, sendo o envelhecimento da população uma das causas. A constatação é de levantamento inédito realizado pelo Observatório de Oncologia, ferramenta do movimento Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM).

Os dados se referem ao ano de 2015 e levam em consideração os números mais recentes disponíveis no Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. Os pesquisadores cruzaram as informações dos 5.570 municípios brasileiros e chegaram nas 516 cidades onde o câncer é a principal causa de óbito. Os resultados foram apresentados hoje durante a terceira edição do Fórum Big Data em Oncologia, em Brasília, onde serão discutidos os impactos disso especialmente na saúde pública.

Um dos dados que chamam a atenção é que 80% das cidades onde o câncer é a principal causa de morte estão concentradas nas regiões Sul e Sudeste, justamente as mais desenvolvidas do Brasil, onde a expectativa de vida é maior e onde o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é mais alto. O Nordeste soma 9% desses municípios; seguido do Centro-Oeste (7%) e do Norte (4%).

Segundo os pesquisadores, ao todo essas cidades somam 6,6 milhões de habitantes, mas apenas 11 são considerados de grande porte (acima de 100 mil habitantes), sendo Caxias do Sul (RS) a cidade mais populosa. Outros 27 municípios são de médio porte (com população entre 25 mil e 100 mil), sendo a maioria pequenas cidadezinhas com menos de 25 mil habitantes (Veja tabela).

O Rio Grande do Sul, inclusive, é o Estado com o maior número de cidades onde o câncer é a primeira causa de morte: ao todo são 140 municípios, o que representa 27% do total.

Segundo Ana Cristina Pinho, diretora geral do Instituto Nacional de Câncer (Inca), braço do Ministério da Saúde, esses números podem ser explicados da seguinte maneira: o Rio Grande do Sul é uma região bastante desenvolvida e a tendência é que as pessoas vivam mais. Assim, a incidência de câncer aumenta, pois a doença está relacionada ao envelhecimento da população.

Outros fatores que explicam esses dados, diz Ana Cristina, são as características genéticas da população do sul, aliadas à questões como alimentação e fatores de risco. “É sabido que no Sul há mais casos de câncer de pele não melanoma porque as pessoas têm a pele muito clara. Também há mais casos de câncer de intestino por causa do alto consumo de carne vermelha”, diz. O subdiagnóstico da doença em regiões menos desenvolvidas também acaba se tornando um fator importante na leitura dos dados. “O nosso grande gargalo ainda é fazer o diagnóstico precoce do câncer, especialmente nas cidades do Norte e do Nordeste. São locais com menos assistência de nível primário. Muitas pessoas morrem sem ao menos terem sido diagnosticadas com a doença”, avalia a diretora do Inca.

Ainda segundo a pesquisa, das 9.865 mortes registradas em 2015 nessas 516 cidades, a maioria foi entre homens (57%), sendo que apenas no Ceará e no Mato Grosso a mortalidade entre mulheres foi maior. Com relação à idade, metade dos óbitos se concentra na faixas entre 60 a 79 anos. Crianças e adolescentes, faixa que compreende de zero a 19 anos, somaram 1,3% das mortes naquele ano.

Transição epidemiológica

Em 2015, o Brasil registrou 209.780 mortes por câncer e 349.642 relacionadas a doenças cardiovasculares e do aparelho circulatório. Ao cruzar esses números com os de 1998 – quase 20 anos atrás –, observa-se um aumento considerável na mortalidade por neoplasias: 90% de aumento em relação a 1998, quando 110.799 pessoas morreram da doença. Ao mesmo tempo, houve uma alta de apenas 36% na mortalidade por doenças cardiovasculares (saltando de 256.511 em 1998 para 349.642 em 2015), demonstrando que as mortes por câncer evoluíram três vezes mais rápido.

“Esses dados demonstram que o câncer está passando por uma transição epidemiológica. O Brasil terá de se planejar com políticas específicas de atenção oncológica, principalmente na rede de atenção primária. As doenças cardiovasculares foram e ainda são objeto de muito cuidado dentro da indústria farmacêutica e nos sistemas de saúde. Está chegando o momento de o olhar focar no câncer”, avalia Ana Cristina, do Inca.

Hermann von Tiesenhausen, primeiro secretário do CFM, concorda com Ana Cristina e diz que tendo um mapeamento adequado, feito por região e por tipo de câncer mais prevalente, é possível investir em centros especializados nesses tipos de tumor. “Esses dados nos permitem entender melhor onde está o câncer e o tipo de câncer em cada região do pais, o que permite direcionamento de recursos para serviços específicos”, sugere.

Para Merula Steagall, coordenadora do movimento Todos Juntos Contra o Câncer e presidente da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), a expectativa é justamente a de que o estudo contribua para um melhor planejamento de ações de controle e de tratamento da doença no Brasil. “O aumento da mortalidade por câncer está relacionado, também, às dificuldades enfrentadas pelo paciente para ter um diagnóstico precoce e um tratamento adequado”, diz. Ela pede mais atenção às políticas de combate à doença. “Diversos tipos de câncer são preveníveis e outros têm seu risco de morte significativamente reduzido quando diagnosticado precocemente. Nosso objetivo é alertar”, destacou.

Thiago Cepas Globo, um dos pesquisadores responsáveis pelo levantamento, afirmou que os municípios que tiverem interesse em detalhar os dados podem entrar em contato com o Observatório da Oncologia. “Será possível saber quais os tipos de câncer foram os que mais causaram mortes naquela cidade, quais idades mais atingidas, o sexo, a prevalência, entre outros dados. Assim, será possível auxiliar o gestor a entender o que acontece na sua cidade para poder tomar medidas específicas”, finalizou.

 

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Quatro entidades médicas divulgaram uma nota técnica para esclarecer alguns pontos sobre a vacinação contra a febre amarela.

O objetivo é dar segurança aos médicos e outros profissionais da saúde envolvidos na orientação da população brasileira para aumentar a adesão à vacinação contra a febre amarela.febamarel

Os documentos são assinados pela  SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), SBMT (Sociedade Brasileira de Medicina Tropical), SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) e  SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria).

A nota técnica inclui um protocolo inédito para orientar os profissionais que atuam na triagem sobre quem pode ou não ser vacinado.

O guia contém perguntas sobre o uso de medicamentos, presença de determinadas enfermidades e histórico de alergia grave ao ovo ou a algum dos componentes da vacina.

Entre os grupos que não devem ser vacinados estão crianças menores de 6 meses de idade, pacientes com reação de hipersensibilidade grave a algum componente da vacina, pacientes em uso de medicamentos biológicos em geral, pacientes em uso de medicamentos imunossupressores e pessoas com história de doença do timo.

Já para os chamados grupos de precaução, a recomendação da vacina de febre amarela precisa ser analisada previamente pelo médico ou profissional da saúde. “Isto acontece naquelas situações em que a contraindicação não deve ser generalizada para todos, mas merece cuidado na avaliação dos riscos (possibilidade de se infectar versus possibilidade de evento adverso grave e os benefícios para seu paciente quando o risco de se infectar é maior que o risco de evento adverso grave)”, informa o documento.

São considerados grupos de precaução: pessoa com doenças imunossupressoras ou em tratamento com medicamentos imunossupressores, gestantes, pessoas maiores de 60 anos de idade, mulheres amamentando lactentes com menos de 6 meses de idade, pessoas que vivem com HIV/Aids e pessoas com doenças autoimunes, como lúpus, doença de Addison e artrite reumatoide.

Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil confirmou 1.127 casos e 331 óbitos entre 1º julho de 2017 a 10 de abril deste ano. Os estados do Rio de Janeiro, Bahia e São Paulo estão com a cobertura abaixo da meta, que é de 95%, e 10 milhões de pessoas ainda precisam se vacinar contra febre amarela.

 

Agência Brasil

Edu Garcia/R7