Desenvolvido por cientistas brasileiros, um novo medicamento chamado IRSh* combinado com antibióticos pode reduzir a mortalidade por infecção generalizada. Testes iniciais, feitos em camundongos, conseguiram aumentar em 500% a sobrevida dos animais.
Um em cada três pacientes internados em UTIs (unidades de terapia intensiva) são vítimas de sepse – infecção generalizada. Estima-se que a doença acomete 30 milhões de pessoas por ano no mundo — com aproximadamente 600 mil casos só no Brasil, segundo o ILAS (Instituto Latino Americano de Sepse).
O diferencial da nova terapia é corrigir a forma como o organismo combate a bactéria. Essa resposta errada e exagerada do sistema imunológico é a causadora da sepse, de acordo com o médico Alexandre Nowill, mestre em imunologia pela Universidade de Paris XI.
Ele é o coordenador do estudo sobre o novo medicamento, que ganhou destaque mundial ao ser publicado em um jornal da Associação Americana de Imunologistas, o The Journal of Immunology.
“Clinicamente, 50% dos pacientes no país morrem de sepse. Não importa se eles estão em um hospital público ou privado. A perspectiva é salvar a maioria deles com esse novo tratamento”, afirma Norwill.
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Hoje, o conceito que predomina entre os médicos é o de que o antibiótico cura a infecção. Entretanto, Nowill descobriu que o remédio apenas bloqueia a bactéria, mas quem cura a doença é o sistema imunológico do paciente.
“Esse novo remédio não age contra a bactéria. Ele muda a cara dela e a transforma em algo que o corpo já conhece. Com essa nova roupa, a resposta do sistema imune ocorre como se a pessoa tivesse tomado uma vacina”, explica.
PublicidadeFechar anúncio Segundo o médico, esse mecanismo combinado com o uso de antibióticos leva à conquista de dois fatores a favor do combate à infecção generalizada: o antibiótico vai continuar favorecendo o corpo ao bloquear a bactéria; e o sistema de defesa irá exercer sua função do jeito certo.
“Quem vai curar é o corpo, mas ele precisa da ajuda do antibiótico para enfraquecer a bactéria e levar vantagem”, esclarece o imunologista.
Ainda de acordo com o especialista, esse novo tratamento pode ser capaz de reduzir a mortalidade, o sofrimento e o tempo que o paciente permanece na UTI.
“Se a pessoa é curada mais rápido, ela tem menos sequela. Hoje, tem paciente que perde os membros por conta da infecção generalizada”, observa.
O próximo passo da pesquisa científica é testar o tratamento em porcos. A expectativa é que ele comece a ser testado em humanos daqui três anos.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta terça-feira (3) a liberação da venda em farmácias de produtos à base de cannabis para uso medicinal no Brasil. A regulamentação foi aprovada por unanimidade e é temporária, com validade de três anos.
Na mesma reunião da diretoria colegiada do órgão foi rejeitado o cultivo de maconha para fins medicinais no Brasil. Por 3 votos a 1, proposta foi arquivada pela agência reguladora. Com a decisão, fabricantes que desejarem entrar no mercado precisarão importar o extrato da planta.
Venda dos produtos Sobre a venda em farmácias, a norma passa a valer 90 dias após sua publicação no "Diário Oficial da União". De acordo com a resolução, os produtos liberados poderão ser para uso oral e nasal, em formato de comprimidos ou líquidos, além de soluções oleosas.
O texto não trata do uso recreativo da maconha, que continua proibido.
Princípios ativos Cannabis sativa é o nome da planta da qual podem ser extraídas substâncias como o canabidiol (CBD) e o tetra-hidrocanabidiol (THC). O canabidiol é usado em terapias como analgésico ou relaxante.
Já o THC é o principal elemento tóxico e psicotrópico da planta, ou seja, altera as funções cerebrais e é o que provoca os efeitos do consumo da maconha, droga ilegal no Brasil. Entretanto, estudos indicam que o THC também pode ser usado como princípio ativo para fins medicinais.
A regulamentação impede que a cannabis seja manipulada em farmácias de manipulação.
A comercialização ocorrerá apenas em farmácias e drogarias sem manipulação, que venderão os produtos prontos, mediante prescrição médica.
O tipo de prescrição médica necessária vai depender da concentração de THC do produto:
Nas formulações com concentração de THC inferior a 0,2%, o produto deverá ser prescrito por meio de receituário tipo B, com numeração fornecida pela Vigilância Sanitária local e renovação de receita em até 60 dias.
Já os produtos com concentração de THC superior a 0,2% só poderão ser prescritos a pacientes terminais ou que tenham esgotado as alternativas terapêuticas de tratamento. Neste caso, o receituário para prescrição será do tipo A, mais restrito, padrão semelhante ao da morfina.
A embalagem dos produtos deve informar a concentração dos principais canabinoides presentes na formulação, dentre eles o CBD e o THC, mas somente a concentração de THC é levada em conta para a classificação dos rótulos. Todos devem conter a frase "Venda sob prescrição médica", seguida de "Só pode ser vendido com retenção de receita" no caso de produtos com menos de 0,2% de THC ou "Uso desse produto pode causar dependência física ou psíquica" no caso de concentrações superiores a 0,2%.
Produto x medicamento A resolução da Anvisa cria uma nova classe de produto sujeito à vigilância sanitária: "produto à base de cannabis". Ou seja, durante os três anos de validade, os produtos ainda não serão classificados como medicamentos.
A votação sobre a liberação do cultivo de cannabis no Brasil para uso medicinal vai ocorrer na tarde desta terça. Se isso for vetado, o insumo deverá ser obrigatoriamente importado.
A regulamentação aprovada cita que os produtos à base de cannabis ainda precisam passar por testes técnicos-científicos que assegurem sua eficácia, segurança e possíveis danos, antes de serem elevados ao patamar de medicamentos.
A delimitação do intervalo de três anos para validar a norma foi sugerida pelo diretor Fernando Mendes, sob a justificativa de que ainda não há comprovação da eficácia dos tratamentos a base dos produtos. "Não há qualquer evidência de baixo risco no uso desses produtos", afirmou ele.
Após esse período, uma nova resolução deverá ser editada.
Os produtos liberados pela Anvisa podem ser ou fabricados no Brasil ou importados.
O regulamento exige que as empresas fabricantes tenham:
Certificado de Boas Práticas de Fabricação (emitido pela Anvisa); autorização especial para seu funcionamento; conhecimento da concentração dos principais canabinoides presentes na fórmula do produto; documentação técnica da qualidade dos produtos; condições operacionais para realizar análises de controle de qualidade dos produtos em território brasileiro. Em nota, a Anvisa disse que os fabricantes que optarem por comprar o insumo no exterior "deverão realizar a importação da matéria-prima semielaborada, e não da planta ou parte dela".
O comunicado continua: "A proposta de norma remete essa atividade aos atuais regramentos de importação e demais regulamentos relacionados ao controle dos pontos de entrada e saída referentes a qualquer produto entorpecente, psicotrópico ou precursor, independentemente de se tratar de matéria-prima ou produto acabado".
Além disso, de acordo com a norma, "para viabilizar o monitoramento integral dos lotes de produtos e medicamentos da cannabis importados, foram limitados os pontos de entrada dos produtos em território nacional".
Cannabis como remédio: quais o Rótulos A resolução aprovada nesta terça pela Anvisa proíbe nos rótulos dos produtos:
os termos medicamento, remédio, fitoterápico, suplemento, natural ou qualquer outro semelhante; qualquer indicação quanto à sua destinação de uso, especialmente incluindo alegações terapêuticas; nomes geográficos, símbolos, figuras ou qualquer indicação que permita interpretação falsa. O colegiado da Anvisa também analisa nesta terça uma segunda resolução, que trata dos requisitos para a liberar o cultivo da cannabis no Brasil exclusivamente para fins medicinais.
A pastilha feita com tijolo de cerâmica desenvolvida no Departamento de Química da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) é mais uma forma de combate ao Aedes aegypti e foi criada para atender uma demanda da própria universidade, já que foi constatado que no campus Saúde boa parte das larvas do mosquito se proliferam dentro de bueiros.
Tudo foi desenvolvido no próprio laboratório da UFMG. A tecnologia já funcionava só que para água limpa. A diferença da nova pastilha para o outro dispositivo é que ela é eficaz em lugares sujos. "Quando nos deparamos com o problema no campus Saúde, tivemos que desenvolver uma nova tecnologia para funcionar em bueiros que não tem luz e a água também não é potável", explica o pesquisador Jadson Belchior
Tudo começou em 2018 e segundo estudiosos já foi possível reduzir o problema no campus Saúde da UFMG. "Estamos testando o material e tem demonstrado bastante eficiência, em torno de 80%", afirma Jadson Belchior.
Uma das vantagens do material é o custo. Cada sachê com 5 pastilhas custa apenas R$ 1. O sachê faz uma liberação controlada do larvicida e dura entre 5 e 6 semanas. "A larva cresce em torno de 7 a 9 dias. Então, se a gente colocar um produto lá que acabe em dois dias não seria eficiente para combater a larva", observa o pesquisador.
O Ministério da Saúde defendeu o resultado da avaliação de uma equipe de médicos da Universidade de São Paulo (USP) sobre o caso de reações adversas a vacinas contra HPV em jovens no Acre. Segundo os profissionais, os pacientes tiveram uma crise “psicogênica”, e não um problema em decorrência da substância aplicada na imunização.
A apresentação ocorreu nessa semana, em Rio Branco, e contou com a presença de representantes da Secretaria de Saúde, do Ministério Público e da Assembleia Legislativa do estado. Mais de 80 jovens apresentaram diversos sintomas após tomar a vacina, dando origem a suspeitas disseminadas em redes sociais.
A equipe de médicos da USP selecionou 12 jovens e observou-os para avaliar a condição médica. O diagnóstico não indicou qualquer reação à substância, mas o que definiram como “crise não-epilética psicogênica”. Os sintomas teriam emergido em razão de um conjunto de fatores, desde o receio em relação à própria vacina até condições socioeconômicas. A crise se espraiou entre as pessoas da região.
Estresse emocional “Esta doença ocorre em razão de um conjunto de problemas psicossociais. O fator estressante emocional é a vacinação. Não apenas o ato da vacinação, mas a crença compartilhada por aquele grupo de que a vacina pode ser perigosa. Essa apreensão provoca nas pessoas que já são vulneráveis o surgimento dos sintomas, que são agravados por estímulos que vão reforçando a ocorrência das crises”, disse o médico da USP Renato Luiz Marchetti.
Segundo ele, essa reação já foi verificado em relação a outros tipos de vacina, como as para o vírus H1N1, malária e tétano. Nesses casos, houve também um espraiamento “a partir da crença compartilhado de que tem algo acontecendo”.
Marchetti disse ainda que se a vacina não foi a causadora, tampouco os pacientes fingiu a doença. Ele citou como elementos potencializadores da difusão das crises tanto o tratamento equivocado na rede de saúde como a difusão de conteúdos nas redes sociais.
“Alguns pacientes não tiveram problemas acolhidos adequadamente, receberam tratamentos incorretos. E houve o papel da rede social. Essas crises são suscetível à sugestionabilidade. As mães postaram as crises e divulgaram na Internet, expondo a outras crianças. E isso provoca o agravamento”, avalio.
A consultora da Organização Pan-americana de Saúde (Opas) Maria Teresa da Costa ressaltou que mais de US$ 300 milhões foram gastos em todo o mundo para examinar a eficácia da vacina contra o HPV, que atestaram o caráter seguro dela. Os eventos que ela pode produzir, acrescentou, são locais e de resolução espontânea, como dores, febre e mal estar localizados.
Costa destacou a importância da vacinação para prevenir a ocorrência do câncer de colo de útero. “Este câncer está matando mulheres e essa vacina protege em 100% para os tipos existentes. De concreto temos que o câncer mata e esta vacina previne e é importante ser imunizado jovem pois melhora a resposta”, defendeu a consultora.
Esclarecimento O representante do Ministério da Saúde no evento, Júlio Groda, reforçou a análise da equipe médica e criticou a suspeição sobre o diagnóstico. Ele lembrou que o órgão possui um canal para fornecer esclarecimentos sobre notícias falsas acerca de temas sobre saúde. O canal pode ser acessado tanto pelo site da pasta (http://www.saude.gov.br/fakenews) quanto pelo Whatsapp, no número (61)99289-4640