A Secretaria de Estado da Saúde, através da Gerência de Saúde Mental, disponibiliza para a sociedade, a partir desta sexta-feira(17), em seu site a “Cartilha de Posvenção do Suicídio”. O Material trás uma serie de orientações para a população sobre como lidar com o momento após o suicídio, uma vez que estudos mostram que um caso pode afetar diretamente até 14 pessoas de maneira direta na questão de sua saúde mental.
A Cartilha está sendo divulgada ainda no mês do Setembro Amarelo, mês de ação que reforça ainda mais o enfrentamento ao suicídio e a valorização da vida. Neste ano, desde o último dia 15, a Sesapi, através de sua gerência de atenção a saúde mental, vem realizando ações virtuais para reforçar a importância de manter os cuidados com a saúde mental. No entanto, é necessário destacar quer os cuidados com a saúde mental devem ser levados a serio em todos os momentos do ano, e não somente durante o mês de Setembro.
Socorro Milhomem, técnica de referência da gerência de atenção a saúde mental e coordenadora do grupo de trabalho interinstitucional de prevenção ao suicídio, fala que a cartilha trás orientações importantes que podem ajudar as pessoas a passarem pelo momento do luto pós suicídio da melhor forma possível.
“Nós decidimos elaborar essa cartilha com orientações para aquelas pessoas que perderam entes queridos para o suicídio. Entre os vários pontos que esse material aborda, temos orientações sobre como lidar com o momento do luto, além da importância da busca de ajuda com serviços e profissionais especializados”, destaca a técnica.
Os cuidados são essenciais uma vez que o impacto causado por um suicídio de um ente querido pode afetar diretamente a saúde mental das pessoas. A cartilha está disponível na aba de Avisos e informes da pagina online da Secretaria de Estado da Saúde.
A vacina da empresa chinesa Sinopharm demonstrou ser segura e induzir uma resposta imune "robusta" contra o coronavírus em crianças e adolescentes entre 3 e 17 anos. Os dados se referem aos resultados dos testes de fases 1 e 2 realizados na China publicados no periódico científico Lancet, na quarta-feira (15). O ensaio clínico ainda contará com a fase 3.
Participaram 720 crianças saudáveis. Foram testadas três dosagens e número de doses diferentes (duas e três doses), com intervalo de 28 dias. Metade do grupo recebeu a vacina e o outro, placebo. As reações adversas foram, em sua maioria, leve e moderada, sendo as mais comuns febre e dor local. A média para o surgimento das reações foi de sete dias. A vacina da Sinopharm é feita a partir de vírus inativado, assim como a CoronaVac, de outra empresa chinesa, a Sinovac.
"A vacina inativada BBIBP-CorV é segura e bem tolerada em todos os níveis de dosagem testados em participantes com idade entre 3 e 17 anos. Ela também induziu respostas humorais [processo de defesa do organismo] robustas contra a infecção por SARS-CoV-2 após duas doses", aponta o estudo.
Na próxima etapa (fase 3), serão confirmadas a eficácia e segurança da vacina na mesma faixa etária em um maior número de pessoas. "A pandemia de covid-19 causou mais de 4 milhões de mortes no mundo. As crianças são suscetíveis à infecção por SARS-CoV-2, mas apresentam manifestações clínicas mais leves da doença. Essa suscetibilidade aumenta a possibilidade de transmissão entre os familiares e o risco para os idosos mais vulneráveis à doença", descreve a pesquisa.
A vacina da Sinopharm já está sendo aplicada na China em adultos acima de 18 anos e em outros países do mundo, como Cuba, mas não faz parte da campanha nacional de vacinação do Brasil. Representantes da empresa tiveram reunião com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) na segunda-feira (13) para tratar sobre a autorização do uso no país, mas a questão ainda não foi concluída. A Sinoparm é representada no Brasil pela Blau Farmacêutica.
A Sinopharm conta com das vacinas. A BBIBP-CorV que passa por testes em crianças é feita no Instituto de Produtos Biológicos de Pequim, na China; a outra, no instituto de Wuhan.
A segurança e a imunogenicidade da CoronaVac também está sendo testada em um ensaio clínico de fases 1 e 2 na faixa etária de 3 a 17 anos na China.
A SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações) critiou na noite desta quinta-feira (16) a decisão do Ministério da Saúde, que retirou a recomendação de vacinar irrestritamente adolescentes entre 12 e 17 anos. Em nota assinada pela diretoria do grupo, a entidade afirmou que a "medida gera receio na população e abre espaço para fake news".
A associação disse entender "que a população de maior risco deve ser priorizada" na campanha de imunização, porém discordou dos pontos apontados pelo ministro Marcelo Queiroga para embasar a decisão da pasta. Segundo a SBIm, "as justificativas apresentadas não são claras ou não têm sustentação". A nota da entidade rebateu nove itens, mencionando que a OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda a vacinação de adolescentes entre 12 e 17 anos, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) não restringiu a administração a pessoas com comorbidades e a incidência de eventos adversos graves é extremamente baixa e inferior ao risco da própria covid-19.
"O óbito de um adolescente que recebeu a vacina Pfizer deve ser investigado com rigor, assim como todos os demais casos de possíveis eventos adversos. Até o momento, no entanto, não foi estabelecida relação causal com a vacina. É necessário cautela para evitar a adoção de medidas precipitadas", disse a SBIm.
Por fim, a entidade destacou a melhora no cenário epidemiológico brasileiro em razão da campanha de imunização em massa. "Não há evidências científicas que embasem a decisão de interromper a vacinação de adolescentes, com ou sem comorbidades. A SBIm, portanto, entende que o processo deve ser retomado, de acordo com o que já foi avaliado, liberado e indicado pela Anvisa."
Recuo
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, confirmou na tarde desta quinta (16) que o governo decidiu que só sejam vacinados adolescentes entre 12 e 17 anos com deficiências permanentes, comorbidades ou privadas de liberdade.
Em 2 de setembro, a pasta publicou uma nota informativa recomendando a vacinação de todo esse público. Durante a coletiva, Queiroga afirmou que "de forma intempestiva" quase 3,5 milhões de crianças e adolescentes entre 12 e 17 anos receberam a vacina. Desse total, 1,5 mil apresentaram eventos adversos.
A pandemia da gripe espanhola, que ocorreu em 1918, teve variantes, assim como a de covid-19 que o mundo enfrenta hoje, segundo o epidemiologista Eliseu Waldman, professor da Faculdade de Saúde Pública, da USP (Universidade de São Paulo). "O H1N1 que circula atualmente evoluiu, mas vem daquela cepa que emergiu em 1918", afirma. "A bula da vacina contra o influenza menciona cepas variantes que mudam anualmente", acrescenta.
Waldman afirma que não havia recursos na época para a identificação de novas cepas, mas que uma análise posterior do vírus foi possível a partir da recuperação do corpo de uma vítima da gripe espanhola que teria ficado congelado em uma região fria do planeta, como o Ártico.
Supõe-se que o surgimento de variantes interferiu no curso da pandemia da gripe espanhola, já que teve três ondas e durou em torno de dois anos, assim como vem influenciando a pandemia atual de covid, que já leva um ano e meio. Segundo o epidemiologista, o comportamento semelhante desses microrganismos se deve ao fato de ambos - tanto o influenza, que causou a gripe espanhola, quanto o coronavírus, que provoca a covid-19 - serem vírus de RNA. "É uma característica genética que confere grande capacidade de mutação e recombinação, ou seja, de alteração genética com mudança de comportamento", explica.
No momento, a OMS (Organização Mundial da Saúde) classifica quatro variantes do coronavírus como "de preocupação": Alfa (Reino Unido), Beta (África do Sul), Gama (Brasil) e Delta (Índia). Segundo o órgão, a variante Delta já é predominante no mundo pela sua grande capacidade de transmissão. No Brasil, a Gama é mais frequente, mas foi comprovado que a Delta já prevalece nas cidades de São Paulo e no Rio de Janeiro.
Variantes prolongam pandemia
O prolongamento da pandemia é uma das consequências das variantes. Waldman explica que a mutação é um mecanismo de sobrevivência e de perpetuação desses microrganismos. "Boa parte das variantes não agregam uma capacidade especial ao vírus e ele desaparece. Sobrevivem os que são mais rápidos. São eles que mantêm a espécie viva e, portanto, junto com a capacidade de transmissão, mantêm ou aumenta a capacidade de provocar a doença, levando ao prolongamento da pandemia", diz.
Sem vacina, a pandemia da gripe espanhola acabou por meio da imunidade adquirida naturalmente pela população - um custo muito alto, conforme ressalta o epidemiologista. Acredita-se que entre 50 milhões e 100 milhões de pessoas morreram em decorrência da doença, o equivalente, na época, a 5% da população mundial. Cerca de 500 milhões de pessoas foram contaminadas. "A população era bem menor, mais jovem e mais agrária. A expectavita de vida era mais baixa. Uma composicão bem diferente", observa. "O preço pago foi bem maior do que nós estamos pagando, que não é pequeno", completa. O pior já passou?
Os que sobreviveram adquiriram imunuidade, mesmo que parcial, ao vírus influenza, que continuou circulando, mas levando a quadros menos graves da gripe, segundo Waldman. "É o que as vacinas fazem hoje", afirma. "Essa é mais uma evidência de que a gripe espanhola teve variantes. Para se proteger do vírus atual, é preciso tomar a vacina anualmente. E a composição dos imunizantes mudam em função dos vírus que estão circulando. Eles mudam, mas não totalmente", acrescenta.
Com grande parte da população imunizada, seja pela ação da própria doença - como aconteceu com a gripe espanhola - seja por meio de vacinas, como vai ocorrer com a covid -, caem os casos de doença grave e de morte e o vírus passa a ser endêmico. "Ele continua circulando, consegue se manter na comunidade, mas perde a capacidade de matar um grande número de pessoas. A partir desse ponto, se torna bem menos perigoso", explica.
Para o epidemiologista, "há ainda de se conferir se grande parte do processo já está cumprido". "Não sabemos ainda se as novas variantes vão dar muito trabalho. A Delta, em alguns países, está criando situações bem adversas, como em Israel, onde estava tudo liberado e voltaram a fechar", diz.
"A capacidade de transmissão da Delta é bem maior e por isso acaba substituindo as outras variantes. Não se sabe exatamente como ela vai se comportar em relação à cepa brasileira [Gama], que também tem grande capacidade de transmissão. No Rio de Janeiro, aparentemente ganhou e tudo indica que será assim no resto do país. É preciso tomar cuidado para evitar essa transmissão", conclui.