O Instituto Butantan divulgou na quinta-feira resultados dos ensaios pré-clínicos da ButanVac, imunizante contra a Covid-19 produzido pelo laboratório e que está em fase de teste, e a vacina se mostrou eficaz também contra as variantes do SARS-CoV-2 Alfa, Beta e Gama. A Delta foi incluída no estudo mais tarde, já que ainda não estava em circulação no Brasil quando a pesquisa foi feita, e os resultados devem ser divulgados no próximo mês.

Nessa fase da pesquisa, a vacina é aplicada em camundongos e hamsters para ver a se o organismo apresenta resposta imune. Segundo o Instituto, a ButanVac apresentou uma produção potente de anticorpos neutralizantes contra a replicação do vírus causador da Covid, que permitiram a neutralização também das variantes.

O ensaio foi feito com as duas versões do imunizante. A primeira, que será produzida no Butantan, é feita com vírus inativados para administração intramuscular, nos mesmos moldes da vacina da gripe; a segunda versão utiliza vírus vivos e a aplicação é via intranasal, por spray.

Atualmente, a vacina está sendo testada em humanos em quatro países: Brasil, México, Vietnã e Tailândia.

A ButanVac usa um vetor viral que contém a proteína Spike do novo coronavírus de forma íntegra. O vírus utilizado como vetor é o da doença de Newcastle, uma infecção que afeta aves. Ela produzida totalmente em solo brasileiro a partir da inoculação do vetor viral em ovos embrionados de galinhas – mesma tecnologia da vacina contra a gripe.

R7

avcO número de mortes de brasileiros entre 20 e 59 anos por AVC (acidente vascular cerebral), conhecido popularmente como derrame, vem aumentando proporcionalmente no país em relação ao total de óbitos por essa causa desde 2019.

Dados da CRC Nacional (Central Nacional de Informações do Registro Civil) consolidados pelo R7 mostram que essa faixa etária representava 17,2% dos óbitos por AVC em 2019, índice que subiu para 18,5% no ano passado e chega a 20% entre janeiro e outubro deste 2021. O total de óbitos por acidente vascular cerebral no Brasil foi de 101.965, em 2019; 102.812, em 2020; e 84.426, de janeiro a 27 de outubro de 2021. Os idosos continuam a ser o grupo com maior prevalência.

Esta sexta-feira (29), Dia Mundial do AVC, é uma data para conscientizar sobre os riscos de uma condição que afeta cerca de 15 milhões de pessoas mundialmente todos os anos — desse total, 5 milhões morrem e outros 5 milhões ficam permanentemente incapacitados, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).

Embora seja incomum em pessoas abaixo dos 40 anos, o AVC pode ter um efeito devastador na vida de um jovem, segundo a neurologista vascular Letícia Costa Rebello, membro da ABN (Academia Brasileira de Neurologia).

"O impacto do AVC é imensurável. Quando uma pessoa tem um AVC, ela não tem um AVC sozinha. Ela tem um AVC com a família, com os parentes mais próximos e, em um grau maior, com a sociedade. No momento em que a gente tem pessoas mais jovens, economicamente ativas, sendo acometidas por um AVC, elas podem não conseguir voltar ao trabalho, voltar com limitações, ou até provedores de famílias ficarem incapacitados."

Um artigo publicado no ano passado na revista Stroke, da Associação Americana do Coração, alerta para estudos prévios que mostram que fatores de risco para sofrer um AVC, que antes eram mais frequentes em idosos, estão se tornando comuns entre adultos jovens.

São eles: hipertensão, diabetes, colesterol alto, tabagismo, obesidade, sedentarismo, arritmias cardíacas, abuso de álcool, drogas e/ou alguns medicamentos.

O derrame é a segunda principal causa de mortes no Brasil, apenas atrás do infarto. Essas duas condições compartilham os mesmos fatores de risco, salienta a médica.

"A população jovem vem desenvolvendo pressão alta e diabetes mais cedo, mudanças de estilo de vida que aumentam o peso, sedentarismo...", observa.

Ainda assim, a idade continua a ser um fator de risco determinante, acrescenta Letícia. "A partir da sexta década de vida, a incidência do AVC duplica a cada dez anos. É uma patologia que acomete muito mais o idoso." E O AVC ocorre quando um vaso sanguíneo do cérebro é bloqueado por um coágulo (AVC isquêmico) ou se rompe (AVC hemorrágico).

A área do cérebro o nde ocorreu aquele evento vai ficar sem receber oxigênio e nutrientes que seriam levados pelo sangue.

Em consequência, as células morrem, o que pode levar a danos temporários ou permanentes.

O AVC isquêmico é o mais frequente e corresponde a cerca de 85% de todos os casos.

O AVC hemorrágico costuma ser mais fatal e representa em torno de 15% do total.

A neurologista ressalta que os sintomas são os mesmos (veja abaixo quais são) e que qualquer tratamento só deve ser feito em ambiente hospitalar após exames de imagem. Como identificar

Os sinais de um AVC começam de uma hora para outra e podem ser sutis, mas exigem atenção. Segundo o Ministério da Saúde, o paciente pode apresentar:

  • fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo; • confusão mental; • alteração da fala ou compreensão; • alteração na visão (em um ou ambos os olhos); • alteração do equilíbrio, coordenação, tontura ou alteração no andar; • dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente.

Cada minuto faz diferença no tratamento do derrame. É por isso que identificar os sintomas e levar a pessoa o mais rápido possível para o hospital é determinante, inclusive na extensão das sequelas.

R7

Foto: Freepik

A 10º Coordenação Regional de Saúde recebeu nesta semana, na terça-feira, 26, a 44ª remessa dos imunizantes contra o novo coronavírus.

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Os malotes com as doses foram recebidos pelo Francisco Alves, que está na função de coordenador da Regional.

Como ocorre na maioria das vezes, as remessas chegaram na parte da manhã a essa última chegou às 11:40h

Os Imunizantes são: ASTRAZENECA e PFIZER e chegaram 21.147 doses, sendo que deste número, 7.616 ficam em Floriano, as demais são direcionadas as cidades que compõe a regional.

Da redação

Pesquisa realizada no Centro de Estudos do Genoma Humano e Células-Tronco (CEGH-CEL) da USP mostrou que a aplicação sistêmica de três injeções com vírus zika em camundongos com tumores no cérebro é capaz de destruir o câncer sem provocar lesões neurológicas ou em outros órgãos, aumentando a sobrevida dos animais.

Os cientistas também injetaram o zika em um órgão semelhante ao cérebro humano criado in vitro (em células no laboratório) com células-tronco, chamado organoide cerebral, e detectaram que o vírus impediu a progressão do tumor, chegando a reduzi-lo.

Nos dois modelos – em animais e in vitro –, após o tratamento, as citocinas (proteínas que regulam a resposta imunológica) suprimiram a progressão do tumor e houve aumento da migração de células de defesa para o cérebro afetado pelo câncer, acordando o sistema imunológico para a existência do tumor.

Esses resultados, publicados em edição especial da revista científica Viruses, confirmaram a eficácia e a segurança do tratamento com zika nos modelos, abrindo perspectivas para o uso da viroterapia em tumores do sistema nervoso central. No Brasil, foram registrados no ano passado cerca de 11 mil novos casos da doença, sendo aproximadamente 5.200 em mulheres, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca).

“Um dos pontos importantes, e que confirma pesquisas anteriores, foi o recrutamento do sistema imune, dando uma boa resposta à terapia. As duas vias de ação do vírus são muito importantes, pois podem permitir que ele atue em um número maior de tumores do que achávamos inicialmente”, afirma Mayana Zatz, professora do Instituto de Biociências (IB) da USP e coordenadora do CEGH-CEL – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Ela foi orientadora do artigo, juntamente com a pesquisadora Carolini Kaid, bolsista da Fapesp, e do professor Oswaldo Keith Okamoto, do IB-USP.

Cientistas do centro já haviam demonstrado a capacidade do zika de infectar e destruir células de tumores do sistema nervoso central em estudo feito com camundongos, divulgado em 2018, e com cachorros, publicado em 2020. O grupo também foi o primeiro a descobrir que o zika brasileiro pode ser um agente eficiente para tratar formas agressivas de tumores embrionários do sistema nervoso central, incluindo meduloblastoma. As terapias disponíveis atualmente para esses tumores pediátricos são de baixa eficiência e causam efeitos adversos graves, afetando a qualidade de vida dos pacientes.

Agora, os pesquisadores apontaram a segurança e a eficácia da técnica. “Para qualquer tentativa de tratamento, é preciso saber a dosagem e a via de administração. Mostramos nesse trabalho que três doses de injeções sistêmicas intraperitoneais do zika, com intervalo de sete dias, apresentaram resultados promissores nos modelos”, disse Raiane Ferreira, bolsista de doutorado da Fapesp e primeira autora do artigo.

Entre o final de 2015 e 2016, o Brasil passou por uma epidemia de zika, ficando, à época, entre os países com o maior número de casos da doença. Em parte, a explicação está ligada à presença do vetor de transmissão do vírus, o mosquito Aedes aegypti, que também transmite a dengue.

Apesar de a infecção por zika geralmente ser assintomática, pesquisas mostraram a ligação entre a doença e o desenvolvimento de síndromes neurológicas em adultos, como a de Guillain-Barré, e malformações congênitas em recém-nascidos, como a microcefalia.

O País registrou um número significativo de mulheres infectadas por zika que tiveram bebês com síndrome congênita, principalmente em Estados do Nordeste. Entre 2015 e 2020, nasceram 3.423 crianças com síndrome congênita associada ao vírus, segundo dados do Ministério da Saúde.

Zatz conta que esteve na região Nordeste, onde colheu material genético logo no início dos trabalhos do grupo. “Na formação do cérebro há células neuroprogenitoras. Coletamos amostras de gêmeos discordantes, em que um teve microcefalia e o outro não. No laboratório, fizemos linhagens dessas células neuroprogenitoras e infectamos com zika para entender como o vírus atuava. Daí surgiu a ideia de testar em tumores cerebrais, ricos nesse tipo de células.”

O estudo

Os pesquisadores trabalharam com camundongos imunodeficientes, uma linhagem conhecida como “nude”, ou seja, eles têm um sistema imunológico inibido por apresentar um número reduzido de linfócitos T. A carga viral utilizada foi de 2 mil partículas de zika para cada dose.

Para avaliar a segurança do tratamento, primeiro foi testada a aplicação do vírus diretamente no cérebro dos animais já com tumor. O efeito foi positivo, mas depois de 21 dias o câncer voltou a crescer.

Também foram feitas injeções intracerebrais ventriculares (ICV) em animais infectados com a mesma carga viral, mas estas se mostraram muito agressivas e virulentas. Houve perda de peso significativa e sobrevida de até quatro semanas após a administração do zika, enquanto o grupo-controle permaneceu vivo e sem alterações clínicas.

Os cientistas realizaram então aplicações sistêmicas via intraperitoneal, com as três doses e o mesmo intervalo de tempo, obtendo efeitos positivos – os animais continuaram comendo, não perderam peso e mantiveram boas condições clínicas.

Em um experimento feito para analisar o tropismo do zika – se ele se direcionaria diretamente para o cérebro ou para o tumor –, os cientistas injetaram o tumor na região da coxa (flanco) dos camundongos e observaram que o vírus não atuou nele. Nenhuma remissão tumoral foi observada em ambos os grupos, sugerindo que o tropismo do zika é de fato direcionado ao sistema nervoso central.

“Depois que conseguimos detectar a segurança e que o tropismo era para o cérebro, começamos as três injeções intraperitoneais do zika a cada sete dias e acompanhamos”, explica Ferreira.

Quando o tumor foi localizado no cérebro dos camundongos, injeções sistêmicas em série apresentaram destruição tumoral eficiente, sem lesão neurológica ou de outro órgão e aumentaram a sobrevida dos animais.

No caso dos organoides cerebrais, eles foram desenvolvidos em estágio inicial (26 dias) e infectados também com 2 mil partículas de zika sete dias após a adição de células de tumor. As células tumorais rapidamente se ligaram e começaram a se espalhar nos organoides após uma semana.

O resultado foi que a infecção provocada pelo vírus nas células tumorais prejudicou a progressão da doença, indicando efeito oncolítico intensivo de zika. Pela primeira vez, o grupo trabalhou com tumores embrionários do sistema nervoso central in vitro, com resultados semelhantes. O artigo, no entanto, destaca a necessidade de mais investigação para confirmar a seletividade do vírus nesses casos.

Segundo Zatz, agora começa uma nova fase do estudo, com o recrutamento de cães acometidos por tumores cerebrais. A proposta é trabalhar com animais de raças e tamanhos diferentes.

“Os cães são modelos extremamente importantes antes de pensarmos em testar em pacientes, pois têm tumores muito semelhantes aos seres humanos e sistema imunológico preservado. Será possível analisar tumores diferentes”, completa a professora.

Fapesp