• prefeutura-de-barao.jpg
  • roma.png
  • vamol.jpg
  • WhatsApp_Image_2025-06-06_at_12.28.35_2.jpeg

Uma empresa paulista desenvolveu um método computacional inovador que está tornando mais rápida, simples e precisa a atuação dos radiologistas na hora de analisar exames de mamografia e localizar alterações suspeitas.

mamografia

Utilizando recursos de inteligência artificial como aprendizado de máquina e modelos neurais, a Harpia Health Solutions desenvolveu a plataforma Delfos, que, após a realização da mamografia, identifica e classifica automaticamente anomalias e lesões no tecido mamário, facilitando o processo de triagem feito pelo radiologista. Sediada no Parque Tecnológico de São José dos Campos (SP), a empresa teve apoio do Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) para o desenvolvimento da solução.

“Os exames de mamografia são enviados em nuvem para a plataforma Delfos, que devolve os resultados em até cinco minutos”, diz Daniel Aparecido Vital, pesquisador responsável pelo projeto e um dos sócios da Harpia.

O pesquisador explica que a plataforma funciona em integração com os sistemas PACS (Picture Archiving and Communication System), que é o software padrão utilizado pelas clínicas para visualizar e armazenar as imagens de mamografia.

O exame de mamografia é o principal método diagnóstico capaz de detectar alterações no tecido mamário e é fundamental para possibilitar o tratamento precoce do câncer de mama, reduzindo assim a mortalidade.

"É importante que a solução esteja integrada ao PACS, que já faz parte da rotina dos radiologistas. A plataforma é totalmente automatizada e pode resultar em vários benefícios, como o aumento da assertividade – com redução de até 15% das incoerências de diagnósticos –, o aumento da produtividade em até 40% e do diagnóstico precoce em até 20%, além de uma redução de custos considerável para as operadoras, hospitais e clínicas", afirma Vital.

A agilidade do novo método permite também que os médicos tomem decisões mais acertadas na priorização da fila de diagnósticos, agilizando a emissão dos laudos. A tecnologia indica automaticamente a presença de nódulos, massas mamárias e agrupamentos de calcificações para que o radiologista faça a triagem necessária.

"O tempo de diagnóstico pode ser reduzido em cerca de 40%. Um fator importante é que o radiologista é dispensado de tarefas de baixo valor cognitivo, focando sua atenção nos achados suspeitos", avalia.

Alta tecnologia A empresa foi criada em abril de 2019, na incubadora Nexus, do Parque Tecnológico de São José dos Campos, por um grupo de alunos, ex-alunos e docentes da pós-graduação em engenharia biomédica no Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal de São Paulo (ICT-Unifesp), no campus da cidade paulista. Além de Vital e sua sócia, Catarina Cardoso Reis, são cofundadores da empresa e consultores científicos os professores Henrique Alves de Amorim e Matheus Cardoso Moraes.

O projeto PIPE foi finalizado em novembro de 2021 e a solução desenvolvida pela Harpia já é um produto comercial. Ao longo de 2021, a plataforma Delfos processou 35 mil mamografias.

"Hoje o número é maior, processamos de 12 mil a 13 mil mamografias por mês. Temos 12 clientes em seis Estados e estamos negociando com grandes empresas nacionais do setor de saúde e ampliando parcerias", afirma Vital.

Agência Fapesp

Foto: Freepik

As pessoas que receberam pelo menos uma dose da vacina contra a gripe têm 40% menos chance de desenvolver a doença de Alzheimer ao longo de quatro anos, segundo a pesquisa.

alzeimergripe

O estudo, assinado por cientistas da americana UTHealth Houston, comparou o risco de incidência da doença entre pessoas com e sem vacinação prévia em quase dois milhões de pessoas com 65 anos ou mais.

"A vacinação contra a gripe em adultos mais velhos 'reduz o risco' de desenvolver Alzheimer ao longo de vários anos, e esse efeito protetor aumentou com o número de anos que uma pessoa recebeu uma vacina anual", disse um dos signatários do estudo, Avram Bukhbinder, em comunicado.

O pesquisador considerou que pesquisas futuras devem avaliar se esta vacina também está associada à taxa de progressão dos sintomas em pacientes que já apresentam demência de Alzheimer.

Estudos anteriores encontraram uma diminuição do risco de demência associada à exposição prévia a várias vacinas na idade adulta, incluindo tétano, poliomielite e herpes, além da gripe e outras vacinas.

O estudo, publicado na revista científica Journal of Alzheimer's Disease, analisou dois grupos, cada um formado por 935.887 pessoas, um vacinado contra a gripe e outro não. Os participantes foram acompanhados por quatro anos e nas consultas de acompanhamento verificou-se que cerca de 5,1% dos pacientes vacinados contra a gripe desenvolveram a doença de Alzheimer, em comparação com 8,5% dos não vacinados.

Esses resultados, segundo a equipe, “destacam o forte efeito protetor da vacina contra a gripe contra a doença de Alzheimer. No entanto, os mecanismos subjacentes a este processo requerem um estudo mais aprofundado".

O líder do estudo, Paul Schulz, afirmou que "uma vez que há evidências de que várias vacinas podem proteger contra a doença de Alzheimer, pensamos que este não é um efeito específico da vacina contra a gripe".

O sistema imunológico é complexo, e alguns distúrbios, como a pneumonia, podem ativá-lo de forma a piorar a doença de Alzheimer, mas outros podem fazê-lo de forma diferente, e um deles protege contra essa doença, acrescentou.

"Claramente", disse ele, "precisamos aprender mais sobre como o sistema imunológico piora ou melhora os resultados desta doença".

Além disso, à medida que mais tempo passa desde a introdução da vacina contra a covid-19 e que mais dados de acompanhamento se tornam disponíveis, Bukhbinder afirmou que valerá a pena investigar se existe uma associação semelhante entre ela e o risco de enfermidade de Alzheimer.

Agência EFE

Foto: Freepik

Recentemente, a doutoranda do Instituto de Biologia da Unicamp Patrícia Fernandes de Souza identificou a capacidade do pigmento de impedir o agravamento do câncer colorretal. Orientada pela professora de bioquímica do instituto Carmen Veríssimo Ferreira-Halder, ela descobriu que a violaceína tem a habilidade de diminuir ou bloquear a ação de algumas proteínas que possibilitam o crescimento do tumor, a metástase e a resistência ao tratamento.

“De alguma forma, a violaceína acaba desligando vias ou rotas metabólicas que são importantes para manter o tumor vivo e, muitas vezes, manter o tumor agressivo”, conta a professora.

O estudo busca identificar os principais agentes do tumor que ocasionam a piora dos quadros clínicos para, futuramente, desligá-los e fornecer informações relevantes para o desenvolvimento de remédios. De acordo com dados estimados pelo Inca (Instituto Nacional de Câncer), o segundo tipo de câncer mais incidente, tanto em homens quanto em mulheres, é o colorretal. Apesar disso, segundo a doutoranda, a maioria dos pacientes é assintomático e descobre o tumor em um estado avançado da doença, o que dificulta o tratamento.

Pensando nisso, o estudo detalha, principalmente, a via que permite que uma célula tumoral se torne invasiva, processo denominado transição epitélio-mesênquima. Quando ela ganha essa capacidade, consegue invadir diferentes locais e migrar para outros órgãos, ocasionando a metástase.

A partir de modelos que imitam tumores humanos, chamados de esferoides, a pesquisa constatou que a violaceína consegue bloquear essa transformação e induzir aquela célula tumoral à morte por apoptose — tipo de eliminação que é o mais indicado, pois destrói a célula sem causar uma reação impactante ao paciente, como uma resposta inflamatória.

Em laboratório, a equipe utilizou um método — fator de crescimento, chamado TGF-β — que estimulou a transformação da célula de câncer colorretal em uma com capacidade de migração, ou seja, com características metastáticas. Até mesmo nesse caso, a violaceína conseguiu bloqueá-la.

“Nós tivemos a ideia de mimetizar o que acontece em seres vivos, porque esse TGF-β está presente no nosso organismo”, explica a doutoranda.

Aumento da eficácia de medicamentos A pesquisa constatou ainda que a combinação da violaceína com o quimioterápico 5-fluorouracil, muito utilizado em tratamentos, melhorou a ação do medicamento e diminuiu as doses necessárias de duas a cinco vezes.

“Nós observamos que quando a gente trata essa célula com violaceína e com o quimioterápico, foi necessária uma dose menor para conseguir observar o efeito de inibição da proliferação da célula e também na impulsão da morte das células por apoptose”, detalha a professora.

R7

Depois de demonstrar que a dieta pode interferir na expressão gênica, a ciência começa a identificar os mecanismos pelos quais isso acontece. Segundo estudo recente, publicado na revista Food and Chemical Toxicology, a dieta suplementada ou deficiente em metionina, um aminoácido essencial fornecido por alimentos proteicos, tem o poder de interferir na expressão de genes relacionados ao metabolismo das gorduras nas células do fígado e de genes modificadores da cromatina (material genético enrolado em proteínas).

aminoacido

O trabalho investigou como a metionina influencia um processo bioquímico conhecido como “metilação do DNA” (adição de um radical metil à molécula de DNA). Trata-se de um dos mecanismos da chamada epigenética, termo que se refere a mudanças no perfil de expressão dos genes que definem as características apresentadas por um indivíduo (o fenótipo) e podem se repetir na divisão celular e até mesmo ser transmitidas aos descendentes, embora não estejam relacionadas com alterações na sequência de DNA (o genótipo). Um dos aspectos mais estudados da atualidade é a relação entre as alterações no padrão de metilação e o surgimento de doenças. Para chegar à descrição dos mecanismos epigenéticos envolvidos nas alterações em células hepáticas, os pesquisadores realizaram experimentos com camundongos. Parte dos animais foi alimentada com dieta deficiente de metionina e, os demais, com dieta suplementada com o aminoácido. Após esse período, as células hepáticas foram congeladas e submetidas a análises moleculares.

Este é o quarto estudo publicado pelo Grupo de Pesquisa em Nutrigenômica da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FCFRP-USP) e tem como base os dados gerados durante o doutorado de Alexandre Ferro Aissa, que teve bolsa de doutorado e de estágio no exterior da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

O trabalho tem ainda a colaboração da equipe coordenada por Igor Pogribny, pesquisador do National Center for Toxicological Research, nos Estados Unidos, e pioneiro na publicação de estudos sobre a metilação e o papel da metionina. O alvo de Pogribny é a doença hepática gordurosa não alcoólica, a chamada esteatose hepática, atualmente considerada uma epidemia. Foi o próprio Pogribny quem sugeriu que Aissa focasse seus estudos nas ações da metionina sobre células do fígado.

Em artigos anteriores, como o publicado em 2014 na revista Molecular Nutrition & Food Research, o grupo da FCFRP-USP demonstrou que a deficiência e a suplementação de metionina na dieta podem induzir anormalidades moleculares no fígado associadas ao desenvolvimento de doença hepática gordurosa não alcoólica, incluindo a expressão alterada de genes que leva ao acúmulo de lipídios no fígado.

Os pesquisadores também constataram que o acúmulo de gorduras nas células hepáticas aconteceu apenas quando houve deficiência de metionina. São situações que predispõem a doenças, como a cirrose, e ao surgimento do câncer. “Mas ainda não sabíamos como isso ocorria”, diz Aissa à Agência FAPESP.

Os achados contribuem para o melhor entendimento da atividade dos compostos presentes na dieta sobre a regulação gênica. Um dos seus méritos é avançar na compreensão do impacto da dieta sobre a ação dos microRNAs (ou miRNAs, pequenas moléculas de RNA que não dão origem a proteínas, mas regulam o funcionamento de genes).

“Vimos que dietas com concentrações inadequadas de metionina, especialmente aquelas deficientes, podem envolver a desregulação de vários microRNAs que desempenham papel significativo na homeostase hepática”, destaca Lusânia Maria Greggi Antunes, autora correspondente e coordenadora do Grupo de Nutrigenômica da FCFRP-USP.

“Nossas análises indicaram uma quantidade considerável de genes que poderia ser alvo da ação desses microRNAs ligados à homeostase hepática, incluindo miR-190b-5p, miR-130b-3p, miR-376c-3p, miR-411-5p, miR-29c-3p, miR-295-3p e miR-467d-5p, com a dieta deficiente em metionina causando um efeito mais substancial”, relata Aissa.

Biomarcadores

Para Antunes, “a contribuição específica deste trabalho é fornecer uma lista de alguns desses biomarcadores relacionados a uma alteração tecidual, como os genes que têm o padrão de metilação alterado e os microRNAs associados a esse processo. Tudo isso pode ser utilizado para melhorar o diagnóstico e o prognóstico”.

O grupo ainda tem muitos dados a serem analisados. O trabalho atual, por exemplo, foi feito em camundongos fêmeas no período reprodutivo, o que permitirá análises futuras sobre as repercussões da dieta suplementada ou deficiente nos descendentes. Há também dados sobre a relação entre o metabolismo da metionina e sua influência, também por mecanismos epigenéticos, no desenvolvimento de doenças do coração.

Vale destacar que o estudo analisou a influência da metionina na expressão dos genes, o que varia de indivíduo para indivíduo. E que os resultados, segundo os pesquisadores, sugerem que o consumo excessivo do aminoácido também pode ser nocivo. O ideal é consultar um nutricionista antes de qualquer alteração na dieta ou de iniciar o uso de suplementos.

Agência Fapesp

Foto: NIH