Ao contrário dos outros dois estádios em que o Brasil jogou até aqui na Rússia, o do Spartak não tem uma tribuna de imprensa lá no ponto mais alto da arquibancada, mas bem atrás dos bancos de reservas. Dali, a talvez uns dez metros da linha lateral, deu para ver direitinho nesta quarta-feira a melhor atuação da Seleção na Copa do Mundo, a vitória por 2 a 0 sobre a Sérvia.
Deu para comprovar de perto: os sérvios são realmente altos, tema que tinha norteado parte da entrevista de Tite na véspera do jogo decisivo. Entrevista em que o técnico disse (ou previu), com outras palavras, que esse ponto positivo do rival também poderia atrapalhá-lo.
– Com uma altura maior, vai perder alguma coisa. A vida é assim – falou, enquanto olhava sorridente à esquerda para o auxiliar Cléber Xavier, um dos responsáveis por dissecar os rivais.
Foi assim mesmo.
Os grandalhões sérvios levaram a melhor em muitas disputas pelo alto, mas perderam na velocidade. Se perderam nas trocas rápidas de passes e nos lançamentos seguidos de infiltrações pelas costas da defesa. Foi assim que o Brasil chegou na metade inicial do jogo. Gabriel Jesus e Paulinho, duas vezes, apareceram cara a cara com o goleiro. Na última delas, o volante o encobriu e abriu o placar.
Dali da tribuna, pertinho do campo, deu para ver Tite abraçar seu auxiliar e lhe dizer algo depois do gol. A impressão é de que o treinador festejava com seu braço-direito o sucesso de uma jogada estrategicamente pensada e repetida.
Os primeiros minutos do segundo tempo foram os mais nervosos. A Sérvia se lançou em busca da virada e morou na área brasileira um bom tempo. Mas, de novo, a equipe de Tite teve comportamento maduro, de gente grande. "Soube sofrer", uma das expressões da moda.
O golpe final veio quando o Brasil já tinha de volta o controle do jogo, com o reforço de Fernandinho no meio. Curiosamente, um golpe aéreo, em cobrança de escanteio. Thiago Silva, zagueiro que não é dos mais altos – mede 1,83m –, saltou bem mais do que Milenkovic, de 1,95m, para meter a cabeça na bola e marcar o segundo gol.
Até Mladen Krstajic, técnico da Sérvia, se rendeu:
– Nós temos jogadores altos, é verdade. Em algumas situações, tentamos jogadas ensaiadas, tentamos ser uma ameaça. Mas não é que o Brasil tenha jogadores baixos na defesa. O Brasil demonstrou disciplina.
Classificada, a seleção brasileira encara o México nas oitavas de final. O duelo será na próxima segunda-feira, em Samara.
Com um futebol ofensivo e não limitada apenas aos contra-ataques e ao jogo aéreo, a Suécia arriscou e foi premiada. Venceu o México bem, por 3 a 0, nesta terça-feira, em Ecaterimburgo, e se classificou às oitavas de final da Copa do Mundo da Rússia. Apesar do revés, os mexicanos também vão ao mata-mata.
Com a derrota por 1 a 0 da Alemanha para a Coreia do Sul, que eliminou os atuais campeões mundiais, os suecos avançaram na primeira colocação do Grupo F com os mesmo seis pontos que o México mas na frente por ter saldo de gols superior. Agora, a equipe nórdica aguarda o segundo colocado do Grupo E, o do Brasil, para saber quem enfrenta na próxima fase. O confronto será na próxima terça-feira, às 11 horas (de Brasília), em São Petersburgo.
Apesar da dura derrota nesta terça, o México também foi às oitavas em razão da derrota da Alemanha. Passar pela fase de grupos novamente não costuma ser um problema à seleção mexicana. A grande questão é o que vem depois. Nos últimos seis Mundiais, os mexicanos não conseguiram avançar nas oitavas de final. A última vez que a seleção da América do Norte seguiu às quartas foi na Copa de 1986, disputada em casa. Na ocasião, caiu para a Alemanha.
Na Rússia, a seleção de Osorio e Chicharito tentará quebrar esse tabu e a sina de que "o México joga como nunca e perde como sempre", contra o primeiro colocado da chave do Brasil, que pode ser a seleção brasileira, a Suíça ou ate mesmo a Sérvia. O confronto será na segunda-feira, às 11 horas (de Brasília), em Samara.
Jogando um futebol de alto nível, a Suécia deixou o pragmatismo de lado para atacar e conseguir o triunfo com méritos. Passou em branco no primeiro tempo mas balançou as redes três vezes na etapa final. Augustinsson abriu o placar aos cinco minutos, Granqvist ampliou de pênalti aos 16 e o mexicano Álvarez, em um lance bizarro, marcou contra para selar a vitória sueca.
A seleção alemã está fora da Copa do Mundo da Rússia. Nesta quarta-feira, os atuais campeões mundiais entraram em campo contra a modesta Coreia do Sul em Kazan, pela última rodada do Grupo F, mas não só não conseguiram vencer a retranca adversária como também sofreram dois gols já nos acréscimos para saírem de campo derrotados por 2 a 0, graças a Kim Youn-Gwon e Son, e com a eliminação na primeira fase do Mundial, algo inédito na história do futebol do país.
O Mundial de 1994 foi o primeiro disputado pela Alemanha reunificada e de lá para cá a pior campanha do país em Copas foram as eliminações nas quartas de final nos EUA e em 1998, na França. Atual campeã do mundo, a Mannschaft não conseguiu exibir o futebol consistente que todos se acostumaram a ver há quatro anos e conquistou apenas uma vitória na Rússia, contra a Suécia, por 2 a 1, com o gol da virada marcado aos 50 minutos do segundo tempo.
Com a surpreendente derrota da Alemanha, quem avançou às oitavas de final no Grupo F foram México e Suécia. O time nórdico começou a rodada em terceiro lugar, mas foi eficiente diante dos até então líderes da chave e saíram de campo com 3 a 0 a seu favor, placar que assegurou a primeira colocação à equipe azul e amarela.
O jogo – A Coreia do Sul não deu brechas para a seleção alemã no primeiro tempo. Extremamente obedientes na parte tática, os sul-coreanos dificultaram a vida dos rivais na busca por espaço e só permitiram que eles chegassem ao gol pela primeira vez na partida graças à uma falha própria. Aos 13 minutos, Kim saiu jogando errado e deu a bola de presenta para Reus. O meia do Borussia Dortmund acionou Leon Goretzka pela direita, que, por sua vez, tentou o cruzamento para Timo Werner, livre na esquerda. A defesa asiática, porém, conseguiu se recompor na jogada e travou o passe, mandando para escanteio.
Com o time todo no campo defensivo e deixando Son, estrela do time, sozinho no ataque, a Coreia do Sul chegou poucas vezes ao gol de Manuel Neuer nos 45 minutos iniciais, mas quando chegou, levou perigo. Aos 18, Jung bateu falta direto para o gol, e o goleiro alemão, ao tentar encaixar a bola, a deixou escapar. Contudo, no rebote, ele foi mais rápido que o atacante adversário e conseguiu mandar para escanteio.
Posteriormente, aos 24 minutos, foi a vez de Son quase balançar as redes. O camisa 7 aproveitou a sobra do cruzamento e, dentro da área, soltou uma bomba, mandando rente ao ângulo esquerdo de Manuel Neuer.
Somente na reta final do primeiro tempo, aos 38 minutos, a Alemanha voltou a ameaçar. Antes disso, o time até vinha pressionando os sul-coreanos e marcando presença no campo ofensivo, mas sem reverter a superioridade em lances de perigo. A situação mudou de figura quando Ozil acionou Timo Werner na direita. Ao tentar bater, o atacante do Red Bull Leipzig foi travado, porém, logo na sequência, após escanteio, tocou para Hummels dentro da área. O zagueiro driblou o defensor rival e na hora que ia bater para o gol viu o goleirão sul-coreano sair de baixo das traves para ficar com a bola.
Segundo tempo
Já na etapa complementar a Alemanha não demorou para mostrar eficiência. Logo aos dois minutos, Kimmich cruzou na medida para Goretzka, livre no meio da área. O meia subiu sozinho e cabeceou firme, no canto direito do goleiro sul-coreano, que voou para fazer uma defesa espetacular e evitar o gol dos atuais campeões mundiais. Depois, aos cinco, foi a vez de os alemães chegarem pela esquerda com Ozil, que acionou Timo Werner dentro da área e viu o atacante pegar de primeira, tirando tinta da trave direita de Jo Hyeon-woo.
Precisando reagir o quanto antes para não depender de outros resultados para se classificar, o técnico Joachim Löw decidiu mexer na equipe já aos 13 minutos do segundo tempo, quando o experiente Mario Gomez entrou no lugar de Sami Khedira. Pouco depois, foi a vez de Thomas Müller substituir Leon Goretzka. A formação mais ofensiva por pouco não surtiu efeito após cobrança de escanteio aos 19 minutos. Werner ficou com a bola no segundo pau após cela atravessar toda a área e bateu no cantinho, mas mandou para fora.
Com a Alemanha praticamente inteira no campo ofensivo, a Coreia do Sul sabiamente apostou na velocidade de seus jogadores para surpreender os adversários no contra-ataque. Aos 20 minutos, Moon recebeu livre na entrada da área, porém, ao invés de bater, tentou mais um corte para clarear ainda mais a jogada e acabou desarmado. Já aos 32 minutos foia vez de Son mandar rente à trave direita de Neuer, levando a torcida asiática à loucura em Kazan.
A Alemanha, cada vez mais desesperada pelo gol, continuou martelando os sul-coreanos, mas não encontrava espaços para finalizar com mais precisão. Coube aos jogadores arriscarem de fora da área. Marco Reus, aos 38 minutos, mandou muito próximo ao ângulo direito do goleiro rival, mas não estufou as redes. Já aos 41 minutos, foi a vez de Hummels cabecear no meio da área, porém, não pegou em cheio na bola e levou as mãos à cabeça ao vê-la sair pela linha de fundo.
Para piorar, já nos acréscimos, a Coreia do Sul conseguiu abrir o placar com Gwon, que aproveitou a sobra da cobrança de escanteio para balançar as redes e acabar com qualquer esperança que a Alemanha tinha de evitar sua campanha vexatória no Mundial da Rússia. Como se não bastasse, o time asiático ainda ampliou com Son, que aproveitou a ausência de Manuel Neuer no gol para receber lançamento livre e apenas empurrar para o fundo das redes.
FICHA TÉCNICA
COREIA DO SUL 2 X 0 ALEMANHA
Local: Arena Kazan, em Kazan (RUS)
Data: 27 de junho de 2018, quarta-feira
Horário: 11h (de Brasília)
Árbitro: Mark Geiger (EUA)
Assistentes: Joe Fletcher (CAN) e Frank Anderson (EUA)
Gols: Kim Young-Gwon, aos 47 minutos do 2ºT, e Son, aos 50 minutos do 2ºT (Coreia do Sul)
Cartões amarelos: Jung, Lee, Moon e Son (Coreia do Sul)
COREIA DO SUL: Jo; Lee, Yun, Kim e Hong; J S Lee, Jung, Jang e Moon (Ju Se-Jong); Koo (Hwang) e Son
Técnico: Taeyong Shin
ALEMANHA: Neuer; Kimmich, Hummels, Süle e Hector (Brandt); Khedira (Mario Gomez) e Kroos; Goretzka (Müller), Özil e Reus; Werner
“Estamos nos preparando para enfrentar Portugal e não o Cristiano Ronaldo". Essa foi uma das frases mais marcantes da entrevista coletiva com o zagueiro uruguaio Sebastián Coates, nesta quarta, em Nizhny Novgorod. Questionado várias vezes sobre a expectativa para enfrentar CR7, o defensor ressaltou que a partida de sábado é contra a seleção de Portugal e não apenas contra o melhor do mundo. Uruguaios e portugueses se enfrentam pelas oitavas de final em Sochi. Quem passar pega o vencedor de França x Argentina nas quartas.
- Cristiano é uma estrela a nível mundial, mas vamos respeitá-lo do mesmo jeito que os demais jogadores portugueses. Teremos o mesmo cuidado com todos. Estamos nos preparando para enfrentar Portugal e não o Cristiano Ronaldo - disse o zagueiro.
Coates justificou a sua opinião ao afirmar que Portugal é uma das seleções mais entrosadas do Mundial 2018. O uruguaio lembrou que a maioria dos jogadores portugueses atuam juntos há muito tempo, sem contar que a equipe vem embalada pelo título da Eurocopa 2016.
- Eles têm um entrosamento grande, assim como nós também temos. Os jogadores portugueses estão sempre juntos, se conhecem e ganharam uma Eurocopa há dois anos. Isso tudo já é um motivo de preocupação - ressaltou.
Coates acredita em uma partida muito equilibrada no sábado. Para o defensor, o vencedor do confronto será decidido "no detalhe".
Vai ser uma partida dura para os dois. São detalhes que vão decidir o vencedor. Quem vencer os duelos pessoais vai estar em vantagem. Só esperamos que a decisão não vá para os pênaltis - concluiu.