Quatro centésimos. Esta é a diferença que colocou o piauiense Lauro Wilson Cabral Filho, no topo do pódio da competição 200 metros de nado borboleta nesse domingo, 25, pelo Campeonato Brasileiro Júnior em piscina curta, o Troféu Julio De Lamare, que acontece no Rio de Janeiro.
Lauro Filho, que nadou pelo Flamengo (RJ) conseguiu a melhor marca nas séries classificatórias com um tempo de 02min05seg15 e garantiu a vaga na final. Na disputa pelas medalhas, ele saiu em desvantagem nos 150 metros, ficando atrás nas três batidas do atleta do Corinthians/Abdem Arthur Mendes Filho, garantido o ouro apenas nos últimos 50 metros. O piauiense fechou a prova com o tempo de 02min02seg45. O segundo lugar ficou com Arthur (02min02seg85) e o terceiro foi do atleta do FFC/RJ Lucas Azevedo de Aquino (02min03seg04).
Além do primeiro lugar, o nadador do Piauí conquistou duas outras medalhas no Troféu Julio De Lamare. Na manhã da última sexta-feira (23), o Lauro ficou em terceiro lugar nos 100 metros borboleta da categoria Júnior 2, com 55seg18. Ele ficou atrás de Arthur Mendes Filho (54seg17), do Corinthians/SP, e Lucas de Aquino (54seg63), do Fluminense/RJ.
No mesmo dia, ele levou bronze com a equipe do Flamengo no revezamento 4x100m na equipe formada ainda por Alexandre Graczyk, José Carvalho Jr. e Douglas Trigo, que fizeram o tempo de 03min26seg86. Os rubro-negros perderam para o Pinheiros/SP (03min23seg72) e Corinthians (03min25seg65).
Medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de Londres, o judoca Felipe Kitadai estará em Teresina nos dias 8 e 9 de dezembro. Ele irá participar da terceira edição da Copa AJEF/SESC, promovida pela Associação de Judô Expedito Falcão, que tem como principal atleta a campeã olímpica Sarah Menezes.
Junto com Sarah, Felipe Kitadai foi responsável pelo início arrebatador do Brasil nas Olimpíadas de Londres, com a conquista de duas medalhas no judô. Fora da lista de favoritos, o judoca da categoria até 60kg subiu ao pódio logo no primeiro dia do evento.
"A vinda de mais esse atleta mostra o esforço da organização do evento em proporcionar uma grande festa do judô piauiense e brasileiro", disse Expedito Falcão.
O torneio acontecerá no ginásio do Sesc Ilhotas, em Teresina. Tanto Sarah Menezes como Felipe Kitadai estarão a disposição dos competidores e fãs para fotos e autógrafos. Os atletas inscritos vão ganhar camisa alusiva ao evento.
Enquanto dava seus primeiros toques na bola, ainda vestindo a camisa do Palmeirinha, time amador da cidade de Picos, localizada a 306 km de Teresina, capital do Piauí, o garoto franzino que corria pelos campos de várzea ou mesmo pelas ruas na tradicional disputa de “travinha” possuía muitos sonhos e ambições. Coisas de criança aos dez anos de idade, do tipo: um dia vestir a camisa de um grande clube, crescer financeiramente para ajudar a família, disputar campeonatos europeus e, quem sabe, fazer parte da Seleção Brasileira. Era seu vizinho que montava o time de moleques da rua. Os desejos eram comuns de qualquer garoto que buscavam na bola suas últimas esperanças a vontade de ser jogador de futebol.
Esse dia chegou para o piauiense Rômulo Borges Monteiro. Não é mais um sonho de criança, mas sim uma realização de gente grande. Hoje com 22 anos, o atual volante do clube russo Spartak Moscou fez uma trajetória meteórica, que contou com título de 2011 pela Copa do Brasil no ex-clube Vasco da Gama; o vice-campeonato Brasileiro do mesmo ano; o Superclássico das Américas contra a Argentina; e titular absoluto na vice-campanha do Brasil nas Olimpíadas de Londres de 2012. As conquistas ganharam repercussão e se espalharam pelo mundo. A trajetória relâmpago, entretanto, terá pela frente uma pausa forçada. No mínimo, de seis meses: rompimento do ligamento cruzado do joelho direito.
E se tudo começou com um sonho nos campos de Picos, Rômulo manda um recado para aqueles que desejam trilhar seus mesmos passos. Ídolo, ele usa a família como base para alcançar voos mais altos.
- Meu pai me ensinou a jogar bola. Acompanhava e junto com minha mãe incentivava. Em nenhum momento pensei em desistir, mesmo diante dos muitos momentos de dificuldade e de coisas difíceis. Não, não. Isso não passou pela minha cabeça. Temos que pensar sempre na vitória. O futebol piauiense tem muito a crescer, mas infelizmente é esquecido, precisando de mais investimentos e apoio de autoridades. Por isso, nunca podemos desistir do objetivo. Sempre pensar que vai dar tudo certo. Aquele que vence na vida, não se abate e luta cada vez mais – relata Rômulo.
Com esse otimismo, Rômulo concedeu entrevista para o GLOBOESPORTE.COM. Em um dos breves períodos de pausa das sessões de fisioterapia – que faz desde o dia 2 de novembro em São Paulo, no Corinthians – o jogador falou sobre a atual fase de descanso. Longe dos gramados, o piauiense aproveita para ficar ao lado da família durante o longo processo de recuperação.
Lesão
O dia 23 de setembro reservava uma desagradável surpresa para Rômulo. Aos 39 minutos do segundo tempo, na partida com o Rostov pelo Campeonato Russo, um adversário caiu sobre seu joelho em uma disputa de bola. A expressão de dor na imagem do piauiense sendo amparado pelos médicos do Spartak já dava sinais da gravidade da lesão:
É apenas mais uma baixa no sobe e desce da vida de Rômulo, que pode ser comparada com tudo aquilo com que ele já passou pelo futebol desde 2004, quando Rômulo teve que abandonar Picos para sozinho iniciar nas categorias de base do Porto de Caruaru, até 2012 – época em que foi contratado pelos diretores russos por 8 milhões de euros (o equivalente a R$ 20,7 milhões). Se o período é de baixa, a volta por cima deve acontecer assim como sua trajetória no futebol, de maneira rápida.
Pelo menos é o que o volante garante. Se o final de 2012 é um ano perdido e o primeiro semestre de 2013 será de recuperação, 2014 – ano da Copa do Mundo no Brasil – promete ser do renascimento e da volta efetiva aos gramados. O dono do meio-campo volta a sonhar, igualzinho na época em que corria em Picos, e crava uma vaga na Seleção Brasileira no Mundial. Nada difícil para um jogador que em sete anos ganhou e se garantiu entre os onze titulares do time verde-amarelo.
- Estou melhorando a cada dia com fé em Deus. Nesse momento é ter tranquilidade, cabeça no lugar e contar com o apoio da família para que possamos encarar esse momento e possamos voltar bem, do mesmo nível que estávamos jogando. A previsão inicial é de seis meses. Estou tratando ao máximo para poder voltar dentro desse período, que é o recomendável pelos médicos – fala o jogador, ao se referir as sessões diárias de três horas de fisioterapia em dois turnos. Esquecimento, nada disso!
Era de fato uma fase dos sonhos. No Spartak, sete jogos, três vitórias e dois empates com direto a dois gols, um deles o da vitória do clube durante sua estreia e outro contra o temido Barcelona de Messi na Liga dos Campeões da Europa. Pela Seleção Brasileira, 15 jogos com 13 vitórias, duas derrotas, dois gols, um título e medalha de prata em Londres. Forte na marcação e sabendo o tempo certo de subir ou recuar despertaram as características do meio-campo.
- Fiquei um pouco triste. No momento da lesão passa muita coisa na cabeça da gente, pensamos em tudo. Passou todo um filme, principalmente por conta da boa fase na Seleção. Depois do jogo estava ciente do problema, sabia que a lesão tinha sido séria. Já tinha conversado com meus companheiros e tinha falado que agora é só esperar e recuperar. É ter paciência, esperar e recuperar – lamenta Rômulo, completando que acelera o tratamento.
Os 180 dias de molho, segundo o jogador, irão atrapalhar “um pouco” a sua sequência e futuro na Seleção. A cirurgia foi feita na Alemanha no final de setembro, sendo considerada um sucesso. A recuperação segue sem atropelos e dentro do programado. Caso seja seguido o planejamento, em janeiro do próximo ano o volante retorna a Rússia. A previsão de sua volta aos gramados é apenas para abril de 2013. É nos campos russos que o piauiense pretende ganhar novamente visibilidade.
- O futebol russo está crescendo a cada dia. Sem dúvida a permanência no Spartak Moscou fará com que ganhe ascensão, pois o time tem um planejamento definido para os campeonatos que disputa. Vou correr, claro para ser visado. Sei que tenho um caminho pela frente. Ao mesmo tempo sei que tenho capacidade de construir tudo isso novamente. Séria a lesão foi. Mas futuramente pretendo está jogando meu futebol, sempre com alegria. Além de trabalhar nesse foco de chegar a Seleção – projeta o piauiense.
Em 2014 podemos contar com um piauiense na seleção? Para Rômulo, sim. Mesmo diante da concorrência para a vaga na equipe verde-amarelo.
- Ah, claro. Acho que sim (risos). Estou trabalhando para acontecer isso. Na Copa das Confederações vai ficar um pouco em cima. Mas com fé em Deus vamos trabalhar para retornar na Copa do Mundo e voltar em uma boa fase – garante Rômulo.
Os caminhos para Seleção Brasileira em 2014
Com a camisa da seleção pentacampeã de futebol, Rômulo passou cerca de um ano, desde sua estreia com a Argentina (dia 28 de setembro). A sintonia vestindo a amarelinha deu tão certo que o jogador a considera uma “segunda pele”. A convivência com outros jogadores, como Neymar, Oscar, Pato, Thiago Silva serviu de aprendizado dentro e fora de campo.
- Sem dúvida me senti confortável representando a seleção. É sempre bom poder estar vestindo a camisa da seleção, pois é uma felicidade muito grande estar dentro de campo e dar o máximo em cada uma das partidas – explica o piauiense, ao se referir da responsabilidade de representar 190 milhões de brasileiros.
Nessa carreira na seleção, Rômulo tem um tropeço que ele ainda lamenta hoje: a final olímpica diante do México traz um sentimento de derrota. A campanha invicta parou diante dos mexicanos. Houve um apagão? Falha? O volante titular da época explica:
- A derrota nos trouxe ensinamentos. Futebol tem tudo isso. Estamos sujeito à derrota. Fomos surpreendidos daquela maneira, mas jogamos no nosso limite. Infelizmente, não conseguimos reverter o placar. Paciência. Temos que valorizar a medalha de prata que ganhamos – comenta Rômulo. Foi nas Olimpíadas de Londres que o volante cita ter feito o gol mais importante da carreira contra a Coréia do Sul, pelas semifinais.
- O jogo estava truncado e tive a oportunidade de deixar os jogadores da minha equipe mais soltos para garantir a vaga – justifica o jogador a vitória de 3 a 0 sobre os sulcoreanos.
Página de Londres virada, Rômulo diz que vai brigar para uma convocação em 2014. A relação com o treinador Mano Menezes, aliás, é a das melhores. Considerado peça chave e de confiança, o jogador que protege o meio-campo, acredita no ambiente da equipe como fundamental para futuras conquistas.
- Procuramos viver ao máximo o ambiente e sempre buscar o aprendizado. Tenho uma relação com o Mano de respeito e tranquilidade. É um cara que sabe muito de futebol e procuramos absorver o máximo disso. Com os jogadores, é uma pessoa consciente que sabe conversar. É tipo um pai, escuta bastante e ouve todas as opiniões de jogadores – revela Rômulo. Apesar dos elogios, às vezes o “professor” solta a bronca.
– É normal (risos). Já recebi bronca por conta de uma jogada ou posicionamento tático. Acredito que é o melhor para o nosso crescimento profissional – completa o jogador.
Na Rússia, o camisa 37 do Spartak – número que considera ser da sorte – passou pouca dificuldade de adaptação no novo clube. O único problema, confessa, foi o idioma. O jeito foi então pedir ajuda para outros amigos brasileiros. No clima russo, onde o atacante tem contrato até 2017, a volta para um clube brasileiro ainda é decisão para o futuro.
- Ainda não sei sobre esse assunto [volta para o Brasil]. Isso é mais para frente, pois ainda temos que nos basear um pouco. Vai depender muito do desenrolar daquilo que estamos vivendo. Ou seja, vai do momento. Meu pensamento agora é permanecer lá [na Rússia]. A decisão de mudança será tomada mais para frente – comentou Rômulo, não citando nenhum clube brasileiro de uma provável volta ao país tropical.
Acompanhando as notícias sobre o Vasco, clube que ganhou destaque, o jogador reconhece o momento difícil do ex-time, lamenta, entretanto, confia no profissionalismo dos ex-companheiros e amigos que deixou no Gigante da Colina.
- O Vasco é o time onde construí minha carreira. Tenho vários amigos. Sempre falo com o Dedé e Felipe. Ninguém gosta de trabalhar sem receber, mas todos sabem o momento de tomar uma decisão. No meu tempo atrasava, mas pagavam. O momento que eles estão vivendo é mais grave, pois não tem previsão de pagamento. É uma pena. O jogador fica insatisfeito e incomodado. Mas vários deles são experientes. É um momento que tem que ser feito alguma coisa – analisa o ex-volante o cruzmaltino.
A menos de dois anos da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, o técnico Mano Menezes foi demitido da seleção brasileira e outro nome assumirá o cargo no início de 2013 com a missão de formar o time do hexacampeonato. Mas a demissão do treinador pode representar um bom sinal pensando no título mundial daqui a dois anos. Isso, não levando em conta o desempenho da seleção com Mano, e sim o histórico de todas as últimas Copas conquistadas pelo Brasil.
Em todas elas – 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002 -, os técnicos que levantaram o caneco junto com a seleção brasileira chegaram a esse êxito sem ter completado o ciclo de quatro anos no comando da equipe nacional. Vicente Feola, Aymoré Moreira, Mario Jorge Lobo Zagallo, Carlos Alberto Parreira e Luiz Felipe Scolari, todos eles campeões do mundo com o Brasil, assumiram o time faltando alguns meses ou, no máximo, três anos para a Copa e, ainda assim, conseguiram levar o título mais importante do futebol mundial.
A primeira conquista, com Vicente Feola, veio em tempo recorde. O treinador assumiu a seleção brasileira em maio de 1958 e, um mês depois, já estava estreando na Copa do Mundo, vencendo a Áustria por 3 a 0. Na campanha invicta, o Brasil se classificou em primeiro do grupo, eliminou País de Gales e França na fase final até decidir o título contra a Suécia, vencendo a partida por 5 a 2, conquistando o primeiro título do Mundial em sua história.
O treinador campeão também comandaria a seleção na Copa seguinte, mas acabou adoecendo e Aymoré Moreira assumiu o posto em abril de 1961, quando faltava pouco mais de um ano para o Mundial. E, mesmo com a substituição de técnicos ‘em cima da hora’, mais uma vez o Brasil chegou ao topo. Com nova campanha invicta – apenas um empate em cinco jogos -, o time liderado por Mané Garrincha passou por Inglaterra, Chile e Tchecoslováquia e levantou a taça pela segunda vez na Copa do Mundo.
Quatro anos depois, Vicente Feola estaria de volta à seleção para a campanha do Mundial de 1966, mas, desta vez, não teve a mesma ‘sorte’, e viu o Brasil ser eliminado ainda na primeira fase.
Para a campanha de 1970, era a vez de Zagallo ser jogado ‘na fogueira’, após a demissão de João Saldanha. O ‘Velho Lobo’ assumiu a seleção brasileira em março, a três meses da Copa, e levou o time que tinha Pelé, Tostão e Rivellino a uma campanha histórica no Mundial, só com vitórias e um show dentro de campo. O tricampeonato seria conquistado sobre a Itália em uma goleada na final por 4 a 1.
Mas depois do título conquistado com Zagallo, a seleção amargaria 24 anos de jejum na Copa do Mundo e só voltaria ao topo em 1994, com Carlos Alberto Parreira no comando. Mas o técnico do tetra também não completou o ciclo de quatro anos na equipe nacional e assumiu somente em 1991, a três anos do Mundial. Ainda assim, com Romário, Dunga e companhia, o Brasil passou pela primeira fase, eliminou o anfitrião Estados Unidos nas oitavas, a Holanda nas quartas, a Suécia na semi e chegou ao tetra naquela decisão dramática definida nos pênaltis contra a Itália.
Quase sete anos depois, a ‘dança os técnicos’ da seleção brasileira estava ainda pior, e no ciclo de 1998 a 2001, três comandantes passaram pelo Brasil em apenas dois anos. O único remanescente foi Felipão, que assumiu o cargo em 2001 depois da saída de Vanderlei Luxemburgo e Emerson Leão e, apesar das decepções iniciais, conseguiu formar a “Família Scolari”, time que encantaria o Japão e a Coreia do Sul e que conquistaria o pentacampeonato mundial. Com Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho e Ronaldinho – e sem Romário -, a seleção garantiu o título em uma campanha só com vitórias, passando por Bélgica, Inglaterra e Turquia até bater a Alemanha na final. E, de novo, com um técnico que chegou ‘no meio do caminho’.
Agora, a seleção brasileira, que era comandada por Mano Menezes desde o fim do Mundial de 2010, quando Dunga deixou o cargo, tomará um novo rumo em 2013 com outro treinador no comando. A missão do substituto não será fácil. A menos de dois anos da Copa, o Brasil ainda não tem um time definido e a grande missão do novo técnico será justamente transformar os jovens jogadores brasileiros em um time vitorioso para impedir um novo “Maracanazzo” em 2014. E, para isso, pelo menos uma semelhança com outros treinadores campeões, o novato já vai ter.