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Desde o início da pandemia 28 pessoas entre 0 e 19 anos morreram em decorrência das complicações da Covid-19 no Piauí. Foram 14 pessoas no grupo de 0 a 09 anos e 14 entre as idades de 10 a 19 anos.

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Dos 338.582 casos confirmados no estado, 4,72% são das idades de 0 a 09 anos e 9,08% entre 10 e 19 anos. As mortes equivalem a 0,38% do total de 7.348 óbitos contabilizados pela doença no Piauí. No Hospital Infantil Lucídio Portella, referência em pediatria no estado, 05 crianças estão internadas em leitos Covid-19, sendo duas em unidade de terapia intensiva.

“É importante considerar o impacto da Covid-19 na letalidade também na faixa etária pediátrica. Embora crianças adoeçam menos e menos frequentemente desenvolvam formas graves da doença, elas transmitem o vírus e infelizmente podem vir a óbito. Por isso que devemos ficar atentos aos cuidados com as nossas crianças, principalmente com a retomada das atividades escolares”, lembra ao secretário de Estado da Saúde, Florentino Neto.

Uma das principais armas para evitar agravamentos e óbitos por Covid-19 é a vacinação. No Piauí 3.164 crianças de 05 a 11 anos já receberam sua primeira dose de vacina contra a doença, em 57 cidades do estado, que vacinam.

Para aumentar a oferta de doses para o público infantil, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) enviou, na manhã desta segunda-feira (24), 54 mil vacinas CoronaVac, que foi liberada na última semana pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para ser aplicada em pessoas de 06 a 17 anos. “Essas vacinas fazem parte das doses que o Governo do Piauí comprou diretamente com o Instituto Butantan, e agora enviamos aos nossos municípios para reforçar na campanha de vacinação de nossas crianças”, lembra Florentino Neto.

No Brasil dois imunizantes estão sendo usados para a o público infantil. A Pfizer pediátrica, que pode ser aplicada em crianças de 05 a 11 anos, inclusive naquelas imunossuprimidas, com o intervalo de 08 semanas entre a primeira e a segunda aplicação. E a CoronaVac, que deve ser aplicada em pessoas de 06 a 17 anos, não podendo ser vacinadas pessoas dessa faixa etária que são imunossuprimidas, a dose é a mesma aplicada em adultos e tem o intervalo de 28 dias entre primeira e segunda dose.

“Nós mais uma vez pedimos aos pais e responsáveis que levem suas crianças para tomar as vacinas, assim que os municípios chamarem. Pedimos também ao nosso público de adolescentes que tomem também sua proteção e que voltem para a segunda dose. Só com todos vacinados poderemos vencer esta pandemia”, reforça o gestor.

Sesapi

Crianças de 0 a 4 anos são mais vulneráveis ao novo coronavírus do que o público infantil de 5 a 11, faixa etária que entrou no plano nacional de vacinação contra a Covid-19.

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Oficialmente, o Brasil registrou 1.544 mortes de crianças de 0 a 11 anos por Covid-19 desde o início da pandemia. Do total, 324 delas tinham de 5 a 11. Entre 0 e 4, o número de óbitos alcançou 1.220, o que representa quase quatro vezes mais ocorrências que na faixa acima de 5.

Em 2021, segundo o IBGE, havia no país 14,7 milhões de crianças de 0 a 4 anos e 20,5 milhões de 5 a 11 anos.

Levantamento da Vital Strategies —organização global composta por especialistas e pesquisadores com atuação junto a governos— avalia ainda que há subnotificação de dados e projeta a omissão de 2.537 mortes no balanço da Covid.

Isso ocorre porque, como não há um diagnóstico do motivo da morte em alguns casos de SRAG (síndrome respiratória aguda grave), os óbitos entram nas estatísticas como SRAG por causa não especificada.

Com isso, o total estimado pode chegar a 4.081 mortes de crianças por Covid. Os números chegariam então a 3.249, de 0 a 4 anos, e 832, de 5 a 11 anos.

A médica epidemiologista e especialista sênior da Vital Strategies Fatima Marinho explicou que existem diferentes motivos que levam à falta de um diagnóstico, como a baixa testagem, colapso no sistema de saúde e acesso desigual à assistência.

A SRAG é uma condição do paciente que pode ser causada tanto pelo novo coronavírus quanto por outros vírus respiratórios, como o H1N1, agente infeccioso da Influenza A (gripe). Os dados foram coletados no Sivep-Gripe (Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe), do Ministério da Saúde.

Marinho disse que para chegar a essa projeção foi feita a redistribuição de óbitos de SRAG não especificados considerando a série histórica de anos anteriores à pandemia —no caso 2018 e 2019.

O número excedente foi reclassificado como Covid e também por outros vírus respiratórios, como o da Influenza. Houve explosão de casos de mortes não especificadas por SRAG em 2020 e 2021, o que aponta a preponderância do novo coronavírus.

"As crianças têm menor diagnóstico de Covid por causa da clínica diferente [sintomas]. Muitas vezes o sintoma de Covid nas crianças é a diarreia, dor abdominal, tosse, não tendo muitas vezes alguns sintomas clássicos como febre, falta de ar. Em paralelo há a baixa testagem que contribui para a não identificação da Covid-19", disse Marinho.

Os dados apontam que a Covid-19 tem impactado mais crianças de 0 a 4 anos. Faixa etária que, segundo especialistas, continuará mais vulnerável à doença porque ainda não pode receber vacinas. Em alguns países, já há autorização para imunizar crianças de 3 e 4 anos.

No Brasil, há dois imunizantes aprovados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O da Pfizer está liberado para crianças a partir de 5 anos, e a Coronavac, para crianças a partir de 6 anos.

Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), concorda que há subnotificação no Brasil. Segundo ele, um maior número de mortes na faixa etária de crianças menores de 5 anos também ocorre em outros países.

De acordo o médico, o sistema imunológico dessas crianças é mais imaturo e não responde às infecções como os mais velhos. Por isso, as vacinas de outras doenças já começam nos primeiros meses de vida.

"As crianças nessa faixa etária vão continuar mais vulneráveis [para Covid]. Por causa disso, as pessoas elegíveis [crianças mais velhas, adolescentes e adultos] devem tomar a vacina para ajudar a reduzir a circulação do vírus, continuar usando máscara, lavar as mãos", afirmou.

A dona de casa Adriana de Godoy Zaniolo, 41, teve seu terceiro filho durante a pandemia em Rio Claro, no interior paulista, ainda no início da campanha de vacinação da Covid no Brasil. Com isso, ela não havia ainda sido imunizada.

Nas primeiras horas de vida de Matheus de Godoy Marangoni, o Theusinho, em 10 de março de 2021, a criança foi transferida para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

Adriana disse que teve uma gestação tranquila, e o filho nasceu saudável. Naquele dia, o bebê começou a gemer como se quisesse chorar e não conseguisse. Além disso, a oxigenação estava baixa.

A previsão era que ele logo voltasse para os braços dos pais, mas em cada visita o menino demonstrava piora. Segundo a mãe, foram feitos procedimentos na tentativa de descobrir o que ele tinha. Somente no terceiro dia a família foi informada de que ele estava com Covid.

A partir desse momento, os médicos isolaram o bebê e pediram para Adriana também fazer um teste, que deu positivo. No dia seguinte, Theusinho morreu.

"Parece inacreditável tudo o que acontece, parece que ainda não caiu a ficha. Tudo pronto esperando meu filho, nasceu tão perfeito e do nada parece que o mundo desaba. Cada vez que nós íamos à UTI o médico não tinha um diagnóstico. A única coisa que eu sei é que toda hora mudava de medicação", disse Adriana.

Para evitar incidência de mortes entre os menores, Flávia Bravo, diretora da Sbim (Sociedade Brasileira de Imunizações) disse acreditar que as vacinas contra Covid não devem demorar a chegar para faixas etárias abaixo de 5 anos.

No entanto, enquanto não há imunizante para esse público, é preciso focar uma maior cobertura entre os que podem se imunizar para controlar a doença e a transmissão.

De acordo com a médica, os estudos começaram concentrados nas pessoas que morrem mais, que no caso são os adultos. Há pouco tempo foi estendido o olhar para esse grupo infantil e, agora, é preciso esperar o tempo da ciência, diz ela.

São vários fatores levados em conta antes de iniciar a vacinação, como definir a dose correta, o esquema vacinal, entender a expectativa dos eventos adversos. "Não podemos menosprezar os números, e a ciência está buscando a solução para essas idades. Ainda que demore, ela virá. Enquanto isso, tem de proteger os não vacinados vacinando os demais", disse Bravo.

O pedido do Instituto Butantan à Anvisa era para usar as doses em crianças a partir de 3 anos. No entanto, a agência entendeu que não existem dados suficientes para reduzir a vacinação contra a Covid-19 até essa idade.

O instituto agora aguarda resultados da pesquisa do Chile com crianças de 3 a 5 anos para encaminhá-los à agência reguladora. A previsão é que ocorra ainda neste ano.

Em entrevista à Folha, a presidente da Pfizer no Brasil, Marta Díez, disse que a farmacêutica pretende apresentar à Anvisa o pedido de autorização de uso da vacina da Covid-19 em crianças de 6 meses a 5 anos neste ano. Em nota, o laboratório afirmou que ainda não há previsão de data da submissão.

O Ministério da Saúde prevê em contrato com a Pfizer a possibilidade de adquirir doses para crianças de 0 a 4 anos caso a vacina seja aprovada pela agência reguladora.

Não só mortes registram subnotificações, segundo Vital Strategies —as internações também. Dados do Ministério da Saúde apontam 18.326 internações no público de 0 a 4 anos e 6.802 em crianças de 5 a 11 anos.

Entretanto, o Brasil já pode ter atingido 92.837 internações em crianças de 0 a 4 anos, e 39.584 em crianças de 5 a 11 anos.

Marinho, da Vital Strategies, afirmou que uma política de testagem eficaz é imprescindível para controlar os casos em crianças. Porém, ela apontou que, quase dois anos após a pandemia, ainda não há uma estratégia consolidada quanto ao tema.

A médica, no entanto, ponderou que as crianças que não poderão tomar a vacina continuarão vulneráveis e acompanhando as curvas da pandemia —à medida que cresce o número de casos e mortes de doenças, isso ocorre também entre as crianças, mas em uma proporção menor que a de adultos.

"A vulnerabilidade ocorre principalmente entre as crianças mais pobres e negras. Muitas já têm muitos problemas respiratórios por causa do meio ambiente em que vivem, moradias precárias, sem saneamento básico, muitas pessoas por cômodo, o que aumenta o risco de doenças transmissíveis, especialmente as respiratórias", afirmou Marinho.

Folha press

O Governo do Piauí vai distribuir a partir da próxima semana aos municípios novas doses de CoronaVac para a vacinação de crianças. O uso do imunizante contra a Covid-19 foi aprovado para a faixa etária de 6 a 17 anos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

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A Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) divulgou que possui 100 mil doses da vacina em estoque e que disponibilizará já a partir da próxima segunda-feira (24), 50 mil doses aos municípios para a aplicação da primeira dose. Os outros 50 mil ficarão em estoque para aplicação da segunda dose, por medida de segurança.

O Ministério da Saúde aguarda a publicação oficial da decisão da Anvisa para emitir Nota Técnica sobre o assunto, com as devidas orientações para utilização dos estoques existentes bem como as próximas pautas de distribuição aos estados. Só após a divulgação da nota é que o Piauí começará a aplicar as vacinas.

O imunizante que poderá ser utilizado nas crianças é a mesma formulação disponibilizada para adultos, com a aplicação de duas doses num intervalo de 28 dias entre a primeira e segunda aplicação. “Chamamos atenção para o fato de que as crianças imunossuprimidas devem tomar apenas o imunizante da Pfizer”, destaca Herlon Guimarães, superintendente de Atenção à Saúde e Municípios da Sesapi.

O secretário Florentino Neto recebeu a decisão da Anvisa com otimismo. "Uma notícia alvissareira nesse momento em que precisamos proteger mais e mais pessoas mundo afora. O uso de mais um imunizante para vacinação de nossas crianças vai acelerar o processo de imunização para essa faixa etária ”, afirma o gestor.

Sesapi

A procura por testes para essa síndrome aumentou em mais de 400% no ano

Ambiente tóxico, grande volume de demanda para dar conta, assédio sexual e clima corporativo ruim são alguns dos problemas que podem causar a Síndrome de Burnout, um transtorno mental que se destacou nesse período, sobretudo pela mudança de ritmo de trabalho imposta para algumas pessoas.

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A doença, que antes da pandemia era pouco comentada, atingiu popularidade máxima de 100% pois a busca pelo termo no Google cresceu em 2021, é o que aponta o indicador da plataforma de pesquisas Google Trends. A procura por testes para essa síndrome aumentou em mais de 400% no ano, segundo a plataforma, e o interesse por saber os sintomas da Síndrome de Burnout aumentou repentinamente ficando no topo das pesquisas sobre o assunto.

“A pessoa com burnout não sente vontade de levantar da cama para trabalhar, além de poder apresentar dor de cabeça e ansiedade, a autoestima fica baixa, o indivíduo deixa de acreditar em si e no seu potencial. É uma síndrome que tem relação com o trabalho”, explica a psicóloga clínica e doutora em Medicina, Sívia Cal.

Com duração indeterminada, que varia em cada pessoa, a síndrome precisa ser tratada a fim de evitar uma evolução e maior prejuízo na saúde do indivíduo. Após a confirmação do diagnóstico, é necessário acompanhamento com psicólogo ou psiquiatra, quando for o caso, e terapia.

“Artigos recentes focados em burnout têm falado muito da meditação como auxílio para a eficiência do tratamento da síndrome, principalmente o mindfulness. Existem aplicativos, livros e cursos que ensinam a meditar e temos percebido que realmente ajuda no tratamento, aliado com o acompanhamento psicológico”, reitera a psicóloga.

Burnout passa a ser doença ocupacional

A concessão de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez por transtornos mentais e comportamentais bateu recorde em 2020, segundo números da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho. Com isso, os transtornos mentais estiveram em maior evidência no ranking de afastamentos do trabalho por doença ocupacional, conforme a Secretaria.

Diante da crescente solicitação de licença devido à doença, no início desse ano a Síndrome de Burnout entrou em vigor na nova classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS), a CID 11, caracterizada como "estresse crônico de trabalho que não foi administrado com sucesso".

Na prática, a mudança reconhece a síndrome como uma doença relacionada ao trabalho e facilita o reconhecimento pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) do direito ao afastamento do trabalhador por doença ocupacional.

Na opinião da psicóloga Sílvia Cal, “burnout realmente é uma doença ocupacional”. Para a profissional, muitas empresas focam na produtividade, mas esquecem que isso sem saúde mental não é importante e deixa vulnerável a própria instituição. “Em contrapartida, é fundamental que nesse processo o trabalhador avalie como está seu estilo de vida, o que pode melhorar e ter uma vida mais saudável”, salienta.

Fonte: Agência Educa Mais Brasil