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O desaparecimento de um linfoma não Hodgkin de um paciente de 61 anos tratado com uma técnica nova reacendeu a esperança de cura do câncer. Mas por que ainda não se pode falar que ele está definitivamente curado? O termo correto é remissão completa.

linfoma

Segundo a American Cancer Society, na remissão completa, todos os sinais e sintomas do câncer desaparecem, e as células cancerígenas não são mais encontradas em nenhum exame. Para um leigo, seria possível, então, dizer que o paciente está curado. Só que não é bem assim. O desaparecimento de um linfoma não Hodgkin de um paciente de 61 anos tratado com uma técnica nova reacendeu a esperança de cura do câncer. Mas por que ainda não se pode falar que ele está definitivamente curado? O termo correto é remissão completa.

Segundo a American Cancer Society, na remissão completa, todos os sinais e sintomas do câncer desaparecem, e as células cancerígenas não são mais encontradas em nenhum exame. Para um leigo, seria possível, então, dizer que o paciente está curado. Só que não é bem assim.

R7

Foto: Freepik

A Universidade de São Paulo (USP), junto com o Instituto Butantan e o Hemocentro de Ribeirão Preto, trouxeram um estudo para a rede pública de saúde do país, que consiste em uma técnica inédita contra o câncer que é utilizada em alguns países. A terapia celular usa as células de proteção do paciente que foram modificadas em laboratório contra a doença.

teccancer

A terapia celular também conhecida como CAR-T Cell, combate três tipos de cânceres, leucemia linfoblástica B, linfoma não Hodgkin de células B e mieloma múltiplo, que ataca a medula óssea do indivíduo. A pesquisa consiste na retirada de celular T (sistema de defesa do corpo), após passado por modificação genética, o DNA é inserido novamente no paciente. Essa modificação obriga as células a produzirem um elemento chamado CAR-T (Receptor de antígeno quimérico) que começam a reconhecer as células cancerígenas no organismo e a combatê-las com mais força.

No Brasil, com o auxílio das verbas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Cerca de 14 pessoas já receberam o tratamento com a terapia celular. Dentre todos os pacientes houve ao menos 60% de remissão dos tumores. Paulo Peregrino, de 61 anos, foi um dos que realizaram o tratamento. Ele conviveu com a doença por 13 anos e em apenas um mês com a terapia celular teve a remissão completa do seu linfoma. Sua recuperação, como dos outros pacientes foi pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Para este segundo semestre, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), aprovou a pesquisa clínica e 75 pessoas devem receber o tratamento com o CAR-T Cell pelo SUS. O procedimento também está disponível na rede privada no país, contudo, custa em torno de R$ 2 milhões por pessoa. A reação da terapia pode ser agressiva no organismo e todo procedimento deve ser feito em hospitais especializados para o controle da inflamação. O estudo é essencial e revolucionou a medicina moderna.

3 min de leitura R7

 Foto: reprodução redes sociais

A probabilidade de que o mundo venha a enfrentar novas pandemias no curto ou médio prazo é muito alta. E precisamos estar preparados para isso. O alerta foi feito pelo médico infectologista Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan, na 2ª Conferência Fapesp 2023, que tratou do tema “Vírus, pandemia e vacinas”.

butantan

Estar preparado é combater a “pandemia da desinformação”, fabricada pelos negacionistas da ciência, e, de forma rápida e eficiente, estabelecer iniciativas como a chamada Missão 100 Dias, que consiste em detectar o agente infeccioso, criar uma forma de tratamento e desenvolver a respectiva vacina em pouco mais de três meses. Kallás disse quanto o Butantan já avançou nesse sentido. “O primeiro passo, fundamental para qualquer país, é ter um sistema de vigilância capaz de detectar qualquer anomalia. Para isso, ele deve definir as síndromes clínicas; rastrear os eventuais patógenos; pesquisar novos agentes; e estabelecer tendências epidemiológicas”, explicou. E acrescentou que o Butantan já possui uma estrutura, o CeVivas (Centro de Vigilância Viral e Avaliação Sorológica), capaz de fazer diagnóstico molecular e classificação genômica de Sars-CoV-2, influenza e dengue.

O segundo passo, segundo o epidemiologista, é criar uma forma de tratamento. E a maneira mais rápida, além de rastrear os produtos já disponíveis na prateleira, é por meio de anticorpos monoclonais ou pool de anticorpos com ação anti-infecciosa. Nesse caso, o Butantan possui duas plataformas: uma, que data da época da criação do instituto, é a produção de soros hiperimunes extraídos de plasma de animais imunizados; a outra, bastante desenvolvida durante a pandemia de Covid-19, é a identificação e o desenvolvimento de anticorpos monoclonais neutralizantes.

O último passo é a produção de vacinas. “O papel do Brasil no desenvolvimento de vacinas contra a Covid-19 é inquestionável. Os quatro produtos utilizados no país, todos eles foram feitos ou só aqui ou também aqui. Juntamente com alguns poucos países, foram pesquisadores brasileiros que deram as principais contribuições para trazer essas vacinas para o dia a dia. Nós vivenciamos isso intensamente nestes últimos anos”, enfatizou o infectologista.

Kallás detalhou as diversas plataformas disponíveis para a produção de vacinas, seus prós e contras: RNA mensageiro, DNA, agente inteiro inativado ou atenuado, vetores virais, subunidades proteicas, moléculas carreadoras de proteínas e vacinas produzidas em ovos. E afirmou que o alvo principal, no momento, é a influenza, por ser essa a principal ameaça pandêmica no horizonte. Fatores de risco

O infectologista mencionou um conjunto de fatores gerais que contribuem para o risco de novas pandemias: o aumento da população mundial e da mobilidade; o crescimento do número de pessoas vivendo na fronteira da civilização com a vida selvagem; o avanço do número de pessoas com comorbidades e imunodeficiências primárias; a maior ocorrência de desastres causados pela ação humana. E, por último, mas certamente o fator mais importante: as mudanças climáticas.

“A população mundial ultrapassou, em 2022, o patamar de 8 bilhões de pessoas, com a previsão de que alcance um pico de 10,4 bilhões por volta de 2080, antes que a curva de crescimento comece a cair. Isso, por si só, aumenta o número de pessoas que podem ser suscetíveis a um agente infeccioso. Com o aumento de mobilidade proporcionado pelas viagens aéreas, é possível chegar a qualquer lugar do mundo em menos de 24 horas — o que, para um agente transmissível, constitui uma grande vantagem, porque ele vai conseguir estar presente em diversos lugares em um intervalo de tempo muito curto”, disse Kallás. “O primeiro passo, fundamental para qualquer país, é ter um sistema de vigilância capaz de detectar qualquer anomalia. Para isso, ele deve definir as síndromes clínicas; rastrear os eventuais patógenos; pesquisar novos agentes; e estabelecer tendências epidemiológicas”, explicou. E acrescentou que o Butantan já possui uma estrutura, o CeVivas (Centro de Vigilância Viral e Avaliação Sorológica), capaz de fazer diagnóstico molecular e classificação genômica de Sars-CoV-2, influenza e dengue.

O segundo passo, segundo o epidemiologista, é criar uma forma de tratamento. E a maneira mais rápida, além de rastrear os produtos já disponíveis na prateleira, é por meio de anticorpos monoclonais ou pool de anticorpos com ação anti-infecciosa. Nesse caso, o Butantan possui duas plataformas: uma, que data da época da criação do instituto, é a produção de soros hiperimunes extraídos de plasma de animais imunizados; a outra, bastante desenvolvida durante a pandemia de Covid-19, é a identificação e o desenvolvimento de anticorpos monoclonais neutralizantes.

O último passo é a produção de vacinas. “O papel do Brasil no desenvolvimento de vacinas contra a Covid-19 é inquestionável. Os quatro produtos utilizados no país, todos eles foram feitos ou só aqui ou também aqui. Juntamente com alguns poucos países, foram pesquisadores brasileiros que deram as principais contribuições para trazer essas vacinas para o dia a dia. Nós vivenciamos isso intensamente nestes últimos anos”, enfatizou o infectologista.

Kallás detalhou as diversas plataformas disponíveis para a produção de vacinas, seus prós e contras: RNA mensageiro, DNA, agente inteiro inativado ou atenuado, vetores virais, subunidades proteicas, moléculas carreadoras de proteínas e vacinas produzidas em ovos. E afirmou que o alvo principal, no momento, é a influenza, por ser essa a principal ameaça pandêmica no horizonte. Fatores de risco

O infectologista mencionou um conjunto de fatores gerais que contribuem para o risco de novas pandemias: o aumento da população mundial e da mobilidade; o crescimento do número de pessoas vivendo na fronteira da civilização com a vida selvagem; o avanço do número de pessoas com comorbidades e imunodeficiências primárias; a maior ocorrência de desastres causados pela ação humana. E, por último, mas certamente o fator mais importante: as mudanças climáticas.

“A população mundial ultrapassou, em 2022, o patamar de 8 bilhões de pessoas, com a previsão de que alcance um pico de 10,4 bilhões por volta de 2080, antes que a curva de crescimento comece a cair. Isso, por si só, aumenta o número de pessoas que podem ser suscetíveis a um agente infeccioso. Com o aumento de mobilidade proporcionado pelas viagens aéreas, é possível chegar a qualquer lugar do mundo em menos de 24 horas — o que, para um agente transmissível, constitui uma grande vantagem, porque ele vai conseguir estar presente em diversos lugares em um intervalo de tempo muito curto”, disse Kallás.

A enorme pressão demográfica e a facilidade de locomoção fazem com que os humanos invadam, cada vez mais, os habitats selvagens. E o contato direto com os animais que vivem nessas áreas, seja pela alimentação, seja pela interação com excrementos e outros meios, pôe a humanidade à mercê de agentes patogênicos para os quais ainda não desenvolveu defesas. “Só os morcegos possuem mais de 40 mil tipos de vírus capazes de infectar os mamíferos”, informou o infectologista.

Por outro lado, a extensão do tempo de vida e o aumento das chances de sobrevivência a doenças, que constituem uma grande vitória da ciência e da medicina, fazem com que os percentuais de pessoas com comorbidades ou imunodeficiências primárias cresçam progressivamente na população. “Esses grupos estão mais sujeitos a se infectar, abrigar mutações dos agentes infecciosos e transmiti-los a outras pessoas. No caso da Covid-19, suspeita-se que algumas das variantes ocorreram porque o vírus continuou se multiplicando por períodos muito longos em pacientes imunodeficientes, que não eram capazes de erradicá-los”, afirmou Kallás.

Tudo isso compõe um quadro favorável à ocorrência de novas pandemias, quadro esse extremamente agravado por desastres causados pela ação humana (como as tragédias de Mariana e Brumadinho, ocorridas, respectivamente, em 2015 e 2019, com enorme impacto social e ambiental) e, mais ainda, pela crise climática.

“Situações climáticas extremas criam diversas condições de impacto na saúde humana. O extremo calor pode causar por si só problemas de saúde, mas a mudança do clima também tende a facilitar a disseminação de doenças de transmissão respiratória, hídrica ou alimentar e a disseminação de vetores em regiões onde eles normalmente não estariam presentes. É o caso do atual surto de dengue em Santa Catarina”, exemplifica Kallás, lembrando que o vetor da doença, o mosquito Aedes aegypti, não ocorria antes no Sul do país em função da baixa temperatura.

Nesse contexto de fatores gerais propícios a uma possível nova pandemia, a OMS (Organização Mundial da Saúde) listou os seguintes agentes ou doenças como causadores prioritários: Covid-19; febre hemorrágica da Crimeia-Congo; ebola e vírus de Marburg; febre de Lassa; Mers-CoV e Sars; nipah e outras doenças henipavirais; febre do Vale de Rift; zika. E acrescenta uma “doença X”, provocada por algum fator ainda imponderável.

Kallás é professor titular do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da FM-USP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), foi diretor do Centro de Pesquisas Clínicas do Hospital das Clínicas da FM-USP e, durante a pandemia de Covid-19, atuou na linha de frente do atendimento clínico, integrou o Centro de Contingência do Estado de São Paulo e participou como investigador principal da fase 3 do desenvolvimento da CoronaVac.

Na sessão de perguntas e respostas que se seguiu à conferência, ele lembrou que as medidas de contenção adotadas durante a pandemia de Covid-19 no estado de São Paulo impediram o sistema de saúde de entrar em colapso, como aconteceu, por exemplo, na cidade de Nova York, nos Estados Unidos.

Por José Tadeu Arantes, da Agência FAPESP

Foto: Renato Rodrigues/Instituto Butantan

Nesta quinta-feira (25) se celebra o Dia Internacional da Tireoide. A tireoide é uma glândula constituída por dois lobos, o esquerdo e o direito, ligados por um istmo. Juntos, eles assumem o formato de uma borboleta de asas abertas, de um escudo da letra H.

tireoide

O Dia Internacional da Tireoide tem como objetivo conscientizar a população sobre doenças ligadas a glândula.

O câncer de tireoide atinge três vezes mais as mulheres do que os homens, na faixa entre os 25 e os 65 anos. Os tipos mais comuns são os carcinomas papilífero, folicular, medular e o anaplásico.

A médica Dra. Suelen Martins, oncologista do Centro de Oncologia CEON+ e pesquisadora do Cepho-FMABC, apontou que se estimam para o triênio de 2023-2025 cerca de 16.600 novos casos de câncer na tireoide. Falou também que este é um tumor que acomete três vezes mais mulheres do que homens, com previsão de 2.500 casos em homens e 14.160 em mulheres.

Ela também informou que: “Temos alguns tipo de cânceres da tireóide a depender da localização, sendo mais comuns o carcinoma papilífero e o carcinoma folicular da tireoide. 80% dos cânceres de tireoide são carcinomas papilares, também conhecidos como carcinomas papilíferos. Normalmente, crescem muito lentamente e se desenvolvem em apenas um lobo da glândula tireoide, mas às vezes pode ocorrer em ambos os lobos. Mesmo que seu desenvolvimento seja lento, os carcinomas papilíferos se disseminam para os gânglios linfáticos do pescoço”.

Ela complementa informando que o carcinoma folicular ou adenoma folicular é muito menos comum do que o câncer de tireoide papilífero, correspondendo a 10% dos cânceres de tireoide. O carcinoma folicular, ao contrário do papilar, geralmente não se dissemina para os gânglios linfáticos, mas alguns podem se disseminar para outros órgãos, como os pulmões ou ossos. Outros tumores menos comuns são chamados medulares, anaplásicos, linfomas e sarcoma.

A prevenção é bastante importante para que se possa evitar a doença. Na maioria das vezes, grande parte dos diagnósticos são feitos durante exames de rotina através de ultrassonografia. A Dra. Suelen explica que neste exame é possível identificar nódulos de pequeno tamanho e muitas vezes em pacientes assintomáticos.

Em geral, o tratamento do câncer de tireoide é cirúrgico e leva em conta o tipo e a gravidade da doença. Caso as células malignas tenham comprometido os gânglios cervicais, é necessário retirá-los.

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Foto: Reprodução/Google Imagens