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“ É como estar em uma sala cheia de gente. Só o que você escuta são múltiplas vozes gritando com você", conta a britânica Laura Moulding, hoje com 21 anos, sobre a experiência de ter passado anos da sua infância escutando vozes em sua cabeça - e que vêm à sua mente até hoje.

criança

O caso de Moulding é, na verdade, mais comum do que se imagina: levantamento feito no Reino Unido estimou que cerca de 8% das crianças ouvem com alguma frequência vozes que não existem no mundo real - ou seja, alucinações auditivas. Trata-de, segundo a pesquisadora Sarah Parry, da Universidade Metropolitana de Manchester, de algo que chega a ser tão comum quanto asma ou dislexia.

Mas a forma como os pais e os demais adultos reagem a isso pode ter grande influência no futuro dessas crianças.

No caso de Laura, as vozes começaram a povoar sua mente aos 3 anos de idade. Ela estava sentada nas escadas da casa de seus avós e escutou um leão e um urso de um programa infantil lhe dizendo: "vou pegar você, vou pegar você", repetidamente.

Foi uma experiência assustadora, diz Laura.

"Elas são uma combinação de vozes masculinas e femininas, de crianças e de adultos", conta ela à BBC.

"Praticamente o tempo todo elas me dizem que eu não valho nada."

Automutilação

Na primeira vez em que Laura contou aos pais o que ouvia, eles acharam que ela estava falando de amigos imaginários.

Depois disso, ela passou anos sem falar sobre o assunto, mas continuou sendo perturbada pelas vozes em sua cabeça.

Até que, aos 15 anos, decidiu pedir ajuda a sua mãe, que a levou ao médico.

"Eu estava me automutilando, foi uma época terrível", lembra Laura. "Era difícil porque as vozes eram altas, intimidadoras, abusivas. Era algo com o que eu não conseguia lidar."

Agora, a pesquisadora Sarah Parry está compilando casos como o de Laura em um amplo estudo com crianças que sofram esse tipo de alucinação. Ela dá ideias sobre como lidar com a questão.

"As crianças veem essas vozes como parte delas mesmas, então quando um adulto lhes diz que as vozes são um problema, pode causar estresse. E isso pode fazer com que essas vozes se tornem mais incômodas", explica ela, citando o exemplo de uma criança que disse que "as vozes que ouvia ficaram mais assustadas porque ninguém acreditou nelas".

O que Parry sugere é que, em vez de deixar a criança pensar que "está ficando louca" ou se sentir mal por não conseguir controlar as vozes - o que pode levar à automutilação ou ao uso de drogas -, os adultos devem abordar o tema com "curiosidade" e "aceitação", além de buscar orientação psicológica especializada caso a criança esteja sendo afetada negativamente pela experiência.

Motivos por trás das vozes

Estudos acadêmicos mostram que, em alguns casos, essas alucinações auditivas podem ser causadas por momentos de estresse ou trauma na vida das crianças e adolescentes ou por consequência de problemas médicos, como distúrbios do sono, desequilíbrios metabólicos ou enxaquecas.

Uma pesquisa publicada em 1998 no Journal of Child Neurology, nos EUA, associou essas alucinações a uma prevalência maior de crises de pânico ou dores de cabeça nas crianças.

E alguns episódios podem estar associados a "sintomas prematuros de reações esquizofrênicas" nas crianças ou a algum tipo de psicopatologia que requer atenção médica cuidadosa para não evoluir ou derivar em comportamentos perigosos - pensamentos suicidas, por exemplo.

"A observação das alucinações em crianças e adolescentes requer exame clínico e psicológico para descartar (possíveis) causas médicas e identificar os fatores psicopatológicos, psicossociais ou culturais associados a essas experiências", diz estudo de 2014 de coautoria do pesquisador francês Renaud Jardri, que estuda o tema no Departamento de Psiquiatria Infantil da Universidade de Lille.

Em muitos casos, porém, os pais descobrirão que não há motivo para preocupação: as vozes podem ser um fenômeno isolado em crianças saudáveis e desaparecer espontaneamente, conclui a pesquisa de Jardri.

'A voz da minha mãe'

Dentro desse universo, há crianças que relatam ouvir vozes que as trazem conforto ou as divertem.

É o caso de Tia (nome fictício), de 13 anos, que ouviu vozes a partir dos 7 anos - e teve uma experiência muito mais positiva do que Laura com as vozes em sua cabeça.

"Eu ouvia muito a voz da minha mãe", lembra. Ela também escutava gritos distantes de homens ou torres de alta tensão cantando, coisas que, em vez de incomodá-la, a faziam dar risada.

A ponto de ela levar bronca durante as aulas na escola porque "uma das vozes estava brincando comigo, me fazendo rir muito".

Assim como em muitas crianças, a causa por trás das vozes ouvidas por Tia parece ser uma experiência traumática relacionada à saúde de sua mãe, que sofre de uma doença crônica e acha que o estresse que isso impôs na família afetou sua filha profundamente.

"Tia passou por muita coisa e agora está expressando isso (com as vozes)", diz a mãe.

Ela decidiu não levar a filha para ser examinada por médicos, mas buscou ajuda de um grupo de apoio britânico chamado Hearing Voice Network.

Até que, certo dia, as vozes deixaram de aparecer na cabeça de Tia.

"Foi tipo, 'ei, não tem nada na minha mente - ninguém está falando comigo. Posso ouvir meus próprios pensamentos'", lembra. "E não sinto saudades delas (vozes)."

Laura, por sua vez, ainda escuta as vozes, mas aprendeu a lidar com elas com a ajuda de medicamentos. Também ouve música quando quer abafá-las.

"Hoje me sinto mais forte, melhor comigo mesma, embora as vozes continuem aqui", conta. "Elas não me controlam mais. Eu as controlo."

 

BBC

Foto: Getty images

toxoplasmoseA cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, confirmou mais de 500 casos de toxoplasmose nesta semana – e outros 212 aguardam uma análise laboratorial. É o maior surto da doença na história do estado.

O que é a toxoplasmose?

De acordo com a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), é uma doença infecciosa causada pelo protozoário Toxoplasma gondii. Esse micro-organismo é facilmente encontrado na natureza, em grande número entre mamíferos e pássaros.

Como é transmitida?

Os seres humanos podem ser infectados pelo protozoário de três maneiras:

Ingestão dos micro-organismos por meio de qualquer material/alimento/líquido contaminado por fezes de gatos infectados;

Ingestão de carne crua infectada, especialmente de porco e carneiro;

Infecção interplacentária, quando a mãe está com o protozoário e passa para o feto.

"A gente pega a partir da ingestão de alimentos que tenham os oocistos, que são microscópicos, em uma carne ou uma verdura. Ele se adere a tecidos do corpo e muitas de nós vamos ficar com os micro-organismos latentes durante anos, e eventualmente nem manifestar sintomas", disse o infectologista Alexandre Schwarzbold.

"O que acontece neste período de epidemia? Houve alguma alteração ambiental. As populações mais suscetíveis sãos as crianças pequenas, os imunodeprimidos e as gestantes. Para as grávidas, o problema está mais ligado ao bebê, que pode ter complicações", completou.

Como saber que estou com a doença?

A toxoplasmose apresenta diferentes sintomas – desde a ausência deles, até um quadro clínico mais complicado, de acordo com a SBI.

Na maioria das vezes, a doença é assintomática. Em alguns casos, podem ocorrer:

Febre;

Cansaço;

Mal estar;

Gânglios inflamados.

O período de incubação vai de 10 a 23 dias quando a causa é a ingestão de carne, e de 5 a 20 dias quando o motivo é o contato com cistos de fezes de gatos.

Como prevenir?

Não ingerir carnes cruas ou malcozidas;

Ferver a água ingerida;

Comer apenas vegetais e frutas bem lavados em água corrente;

Evitar contato com alimentos ou água que possam estar contaminados com fezes de gato. As gestantes devem submeter-se a adequado acompanhamento médico (pré-natal). Alguns países obtiveram sucesso na prevenção da contaminação intrauterina fazendo testes laboratoriais em todas as gestantes;

Em pessoas com deficiência imunológica a prevenção pode ser necessária com o uso de medicação dependendo de uma análise individual de cada caso.

Os gatos são os transmissores?

Não. Muitas vezes, em momentos de surto, os felinos acabam culpados. De acordo com o médico infectologista Alexandre Schwarzbold, da SBI, o gato é o hospedeiro. Arranhão, nem o contato, transmitem a doença. O foco é atacar os alimentos e líquidos que podem estar contaminados.

 

G1

Foto: Reprodução/RBSTV

cancerovarioO câncer de ovário é bastante difícil de ser diagnosticado em seu estágio inicial porque seus sintomas podem ser facilmente confundidos com outras condições mais simples de saúde, como inchaço ou mero desconforto gastrointestinal.

A doença é séria e pode se espalhar para as regiões da pelve e do abdômen, sendo assim mais difícil de ser tratado. Conhecer e prestar atenção aos sinais mais comuns da condição, portanto, é fundamental para a cura.

Sintomas comuns de câncer de ovário

Saciedade logo no início da refeição mesmo consumindo pouca comida

Inchaço

Dor abdominal, pélvica ou nas costas

Indigestão

Diarreia ou constipação

Vontade de urinar com frequência

Cansaço excessivo

Perda apetite

O câncer de ovário pode surgir em qualquer idade, mas é mais comum entre mulheres entre 50 e 60 anos de idade, principalmente as que já possuem histórico familiar da doença. Tratamentos de reposição hormonal e até mesmo as idades da primeira menstruação e do início da menopausa podem ser fatores de risco.

 

Vix

Foto: Magic mine/Shutterstock

O que causa a doença celíaca? A doença celíaca é uma doença autoimune, ou seja, ela é causada por anticorpos que o corpo produz e que acabam agindo contra ele mesmo. Ela é caracterizada por uma intolerância ao glúten, que está presente no trigo, na cevada e no centeio. Não existe relação da doença celíaca com o consumo de aveia. A doença celíaca tem característica genética, ou seja, a pessoa já nasce com essa propensão. Existe, em alguns casos, o fator hereditário. Cerca de 10% dos filhos de celíacos podem desenvolver a doença.

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Quando a doença celíaca se manifesta? O mais comum é que a doença se desenvolva entre os seis meses e os dois anos de idade, quando a criança começa a ter contato com os alimentos com glúten, mas ela pode ocorrer em qualquer fase da vida, inclusive em adultos. Pessoas que nunca tiveram problemas com alimentação podem desenvolver a doença celíaca durante a vida adulta.

Quais são os sintomas da doença celíaca? Isso depende muito de pessoa para pessoa e do nível de sensibilidade ao glúten. Algumas toleram pequenas quantidades, outras não. Normalmente, esse tipo de intolerância causa dificuldade de absorção dos alimentos que contêm glúten na composição. Isso causa uma irritação na parede do intestino, o que pode provocar sintomas que podem ser muito fortes como diarreia, dor e desconforto.

O paciente celíaco tem maior probabilidade de desenvolver alguma doença? A longo prazo, a alteração na absorção de alimentos pode levar à falta de nutrientes como vitaminas, ferro e cálcio. Isso aumenta a incidência de problemas como anemia, osteoporose ou hipovitaminoses que podem levar à fraqueza muscular, queda de cabelo ou ossos mais fracos. Também pode acontecer um aumento na incidência de câncer intestinal, principalmente entre os pacientes que não restringem a dieta. Isso acontece porque a doença acaba causando uma inflamação crônica na parede do intestino que pode aumentar a chance de câncer.

Como é o tratamento? Não existe um tratamento específico para doença celíaca. Quem tem intolerância a glúten terá por toda a vida e a única forma de evitar os sintomas e a progressão da doença é evitando os produtos que contém glúten.

Produtos sem glúten, mas com trigo sarraceno ou malte são seguros? O trigo sarraceno também pode desencadear sintomas da doença porque ele contém glúten, apesar de ser em menor quantidade. O malte e o extrato de malte às vezes também causam sintomas. Por isso, celíacos costumam ter mais desconforto com cerveja e bebidas produzidas a partir de malte ou com alimentos que contenham malte ou qualquer componente desse tipo.

Meu filho celíaco pode brincar com massinha de modelar? A massinha de modelar pode conter glúten. Algumas massinhas têm trigo na composição. O produto é usado para deixar o material mais macio. Os fabricantes costumam ter o cuidado de colocar nas embalagens se o produto contém glúten ou não e, claro, é melhor dar preferência aos que não tem. Por mais que a criança não vá comer a massinha, ela brinca, fica com a mão suja, acaba pondo na boca e engolindo. Dependendo do grau de sensibilidade, isso pode causar sintomas.

Como agir em relação à escola, se meu filho é celíaco? Os professores e cuidadores da criança devem ser orientados sobre a necessidade de evitar produtos com glúten. O ideal é que as crianças levem de casa o lanche com produtos que não contenham a substância. Deixar para comprar o lanche na escola pode dificultar o controle e os sintomas podem se agravar. Também é importante orientar a própria criança a não aceitar biscoito dos amiguinhos, dividir lanche e compartilhar comida porque tudo isso pode causar reações indesejadas.

O celíaco pode tomar café, refrigerante ou suco? Em relação às bebidas, o essencial é procurar na embalagem a informação sobre o glúten. Normalmente, o café puro não contém a substância, mas algumas marcas podem misturar cevada ou outros grãos para aumentar o volume do produto. O celíaco precisa ficar atento a essas misturas. Em relação a refrigerantes e sucos, normalmente também são livres de glúten, mas alguns fabricantes colocam na embalagem que pode haver traços da substância, pois pode acontecer contaminação na máquina que embala ou na máquina que produz a bebida.

O celíaco pode tomar qualquer medicamento? Em relação a medicamentos, normalmente não contêm glúten, mas alguns comprimidos podem ter a substância na composição. Por isso é preciso tomar cuidado. A indicação é ler a bula antes de começar a tomar o remédio. Alguns já trazem a indicação de glúten na caixa.

 

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Foto: Reprodução/Pinterest