A chegada de uma massa de ar polar baixou as temperaturas nos últimos dias, chegando a menos de 0°C no Sul do país. Mas, para cada pessoa, o frio se apresenta de uma maneira diferente.
De acordo com o fisiologista Everardo Carneiro, professor-titular de biologia estrutural e funcional da Unicamp, a percepção do frio está relacionada a condições genéticas, metabolismo, produção de hormônios, quantidade de gordura do corpo e receptores, que são terminações nervosas da pele que detectam a temperatura.
Os hormônios da tireoide (T3 e T4), que regulam o metabolismo do corpo, são um dos principais responsáveis por algumas pessoas sentirem mais frio que outras.
De acordo com Carneiro, os hormônios T3 e T4 “respondem” ao frio. Isso significa que a temperatura mais baixa aumenta sua quantidade. O aumento desses hormônios provoca o aumento do metabolismo, o que faz com que uma pessoa sinta menos frio.
Caso a pessoa tenha problemas na produção desses hormônios, como o hipotireoidismo – baixa produção do hormônio T4 e alta do hormônio tiroestimulante (TSH), que incentiva a produção dos hormônios T3 e T4 –, seu metabolismo será mais lento e, consequentemente, sentirá mais frio.
O endocrinologista Rogério Siliciani, do Hospital Israelita Albert Einstein, explica que homens tendem a sentir menos frio que as mulheres porque têm maior massa muscular, o que reflete em um maior gasto energético, que é transformado em calor corporal.
O gasto energético também está relacionado à percepção de frio, independentemente do sexo. As pessoas que se movimentam mais também sentem menos frio do que as mais sedentárias, já que há uma produção maior de calor corporal. "Quanto mais parado for o indivíduo, mais sensação de frio ele tem", afirma Siciliani.
Quanto mais gordura subcutânea, maior será a resistência à perda de calor. A idade também pode influenciar na percepção do frio. Siciliani esclarece que bebês nascem com mais gordura marrom, que está relacionada ao maior gasto energético e maior geração de calor, e, ao longo da vida, a pessoa perde esse tecido adiposo. Já os idosos sentem mais frio pela diminuição da gordura marrom e por terem menos massa muscular.
"Outro motivo é o fato de no Brasil, por não ter predominância do tempo mais frio, as pessoas se agasalham inadequadamente. Pela falta de agasalho apropriado, as mãos, por exemplo, ficam mais geladas porque, para reter calor, o coração bombeia menos sangue para as extremidades", diz Carneiro.
Para evitar essa sensação, seria necessária uma proteção mais adequada. Carneiro explica que, assim como os pêlos, as roupas ajudam a manter a temperatura corporal. A roupa não fornece calor, mas sim mantém o calor produzido pelo próprio corpo.
R7
Foto: reprodução