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Os chamados IBP (inibidores de bomba de prótons) são comercializados desde os anos 1980 e costumam ser usados no tratamento de problemas como úlceras de estômago e duodeno, gastrites, doença do refluxo gastroesofágico, como prevenção de úlceras induzidas pelo uso de anti-inflamatórios ou AAS, no tratamento de esofagite eosinofílica e, junto com uso de antibióticos, no tratamento de erradicação do Helicobacter pylori, uma bactéria que pode levar a úlceras e câncer gástrico. Atualmente, no Brasil, são comercializados seis medicamentos desse tipo: omeprazol, lansoprazol, pantoprazol, rabeprazol, esomeprazol e dexlansoprazol.


De acordo com o gastroenterologista Ricardo Barbuti, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, esses medicamentos inibem o funcionamento da chamada bomba de prótons da célula parietal, um tipo de célula do estômago. Essa bomba é a responsável pela produção de ácido clorídrico no estômago. Além de diminuir a produção do ácido, os IBP podem também atuar como imunomoduladores, podendo agir em doenças imunomediadas, por exemplo, esofagite eosinofílica e mesmo na prevenção do câncer de esôfago.


omeprazolEsse tipo de remédio pode causar câncer de estômago? Foram publicados recentemente trabalhos tentando mostrar a associação do uso desses medicamentos com surgimento de câncer gástrico. Contudo, de acordo com o gastroenterologista, essas pesquisas são passíveis de críticas, principalmente por serem retrospectivas e de incluírem no grupo pacientes com várias outras comorbidades que aumentam risco de câncer gástrico, como tabagismo e obesidade. De fato, o uso de IBP pode aumentar o risco de câncer em pacientes infectados pelo H. pylori, por isso, a recomendação é que seja feita a erradicação da bactéria em pacientes que vão usar IBP de forma contínua.


O gastroenterologista explica que esses estudos mostram um aumento do risco de câncer de estômago muito pequeno. "O que se tem que ter em mente é não usar IBP quando não é necessário. Uma vez usando, a realização de endoscopias digestivas altas de tempos em tempos deve ser feita", afirma. Os IBP inclusive têm se mostrado eficazes em reduzir o adenocarcinoma de esôfago.


Esse tipo de remédio pode causar demência? Os IBP podem causar demência se o paciente evoluir para deficiência de vitamina B12. Essa vitamina, uma vez ingerida, para ser absorvida precisa se ligar a uma substância chamada de fator intrínseco, que é secretada junto com o ácido clorídrico. Havendo diminuição da secreção de ácido, ocorre também menor liberação de fator intrínseco, que dificulta a absorção de vitamina B12. Em usuários crônicos de IBP, o índice de vitamina B12 no organismo deve ser acompanhado, se seus níveis diminuírem, a vitamina deve ser reposta. A deficiência de vitamina B12 pode a longo prazo, levar à demência. Caso seus níveis sejam monitorados, não há motivo para preocupação.


Esse tipo de remédio pode ser de uso contínuo? Estes medicamentos são seguros para serem usados a longo prazo, desde que bem indicados e desde que o paciente seja acompanhado. Os IBP, como qualquer outro medicamento, podem causar efeitos adversos que passam por aumento do número de bactérias no intestino e dificuldade de absorção de ferro, vitamina B12, zinco, magnésio e eventualmente vitamina D. Isto tudo precisa ser monitorado pelo clínico que prescreve estes fármacos. Também é importante destacar que estes medicamentos não perdem eficácia quando usados a longo prazo.

 

R7