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omsA OMS (Organização Mundial da Saúde) alertou nesta sexta-feira (19) que o mundo está entrando em uma nova e “perigosa” fase da pandemia. Em uma entrevista coletiva, o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que a pandemia está se acelerando, principalmente no continente americano.

Apenas na quinta-feira, mais de 150 mil novos casos de Covid-19 foram reportados em todo o planeta.

“O mundo está em uma nova e perigosa fase. Muita gente está cansada de ficar em casa. Os países estão ansiosos para abrir suas sociedades e suas economias. Mas o vírus continua a se disseminar rapidamente, ainda é mortal e a maior parte das pessoas ainda é vulnerável”, lembrou o diretor da OMS.

Neste momento, a maior parte dos casos estão concentrados no continente americano, sendo os Estados Unidos e o Brasil os países com o maior número de contaminados e de mortes. Mas há também um avanço importante de contaminações no continente africano e no sudeste asiático.

Desde o início da pandemia, mais de 8,5 milhões de pessoas foram contaminadas pelo novo coronavírus. O vírus foi responsável pela morte de 453 mil pessoas em todo o mundo.

"Convocamos todos os países e pessoas a serem extremamente vigilantes. Continue mantendo distância, fique em casa se estiver doente, continue cobrindo o nariz e a boca quando tossir, use uma máscara quando necessário e continue lavando as mãos ", insistiu o diretor.


Países podem ter segundo pico antes de controle da doença
O diretor-executivo para emergências, Michael Ryan, chamou atenção para a reabertura de países e a volta da população à rua em lugares em que a contaminação continua alta.

“A saída do confinamento deve ser feita com cuidado, passo a passo, e deve ser orientada pelos dados", disse Ryan. “Você pode ter um segundo pico no meio da sua primeira onda. O segundo pico depende da habilidade e da eficiência em controlar a doença”.
Ryan lembrou o caso brasileiro, destacando as 1.200 mortes registradas nas últimas 24 horas, e o grande número de casos entre trabalhadores da área da saúde no país.

O especialista em emergências elogiou a Alemanha, China e Coreia do Sul pela forma como estão lidando com a pandemia. Os três países estão monitorando novos casos, adotando a aplicação de grande quantidade de testes para a população e isolamento das pessoas doentes.


Vacina ainda leva tempo
Apesar do importante número de remédios e vacinas em teste atualmente, os especialistas da OMS afirmaram que ainda são necessários testes em larga escala e que os efeitos colaterais devem ser monitorados cuidadosamente.

"Embora não seja impossível encontrar uma vacina, será uma jornada muito difícil", disse Tedros.

 

Por RFI

Foto: Reuters/Denis Balibouse

cloroquinaA Organização Mundial da Saúde (OMS) suspendeu em definitivo os testes com a hidroxicloroquina no ensaio clínico global Solidariedade.

A entidade anunciou a decisão nesta quarta-feira (17), após a revisão da base de dados coletados em pacientes voluntários ao redor do mundo que receberam o medicamento ao serem tratados em hospitais que fazem parte da rede de pesquisa da OMS.

Em entrevista coletiva, Ana María Henao, diretora do Plano de Ação para Pesquisa e Desenvolvimento da OMS, destacou que a revisão de dados das principais pesquisas promovidas e também publicadas sobre o uso do medicamente comprovou que o uso da hidroxicloroquina "não reduz a mortalidade dos pacientes com covid-19".

A OMS já tinha anunciado a suspensão de testes com a hidroxicloroquina no final de maio, dias depois da divulgação de uma pesquisa que indicava que o remédio, usado no tratamento da malária e doenças autoimunes, aumentava o risco cardíaco nos pacientes.

No dia 3 de junho, depois de revisar os dados, a organização retomou os testes solidários com o medicamento.

Uso suspenso nos EUA
A hidroxicloroquina é um medicamento utilizado há décadas em doentes de malária. Durante os dias em que a OMS paralisou os testes, o procedimento continuou sendo utilizado no Brasil e nos Estados Unidos, os dois países com o maior número de casos de covid-19.

Na segunda-feira passada, a agência americana Food and Drug Administration (FDA) retirou a autorização do uso emergencial da hidroxicloroquina em pacientes graves com Covid-19, ao também concluir que o procedimento não estava sendo efetivo.

O fim dos testes coincide com a descoberta, também por parte da Universidade de Oxford, de que o uso da dexametasona pode reduzir consideravelmente a mortalidade de pacientes graves de covid-19, o que a OMS considerou um grande passo no combate à pandemia.

Anna Maria Henao destacou que a suspensão dos testes não significa que os estudos sobre o uso profilático da hidroxicloroquina, ou seja, como remédio para prevenir quadros graves da doença. Este uso não foi comprovado ainda em estudos científicos.

 

Reuters

Foto: Chris Wattie/Reuters

drogacovidPesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, afirmaram ter encontrado a primeira droga que, comprovadamente, reduz a incidência de mortes pela covid-19. Segundo dados divulgados pela universidade nesta terça-feira (16), um terço dos pacientes em fase aguda da covid-19 apresentaram melhora significativa ao usar o medicamento dexametasona, um corticoide de baixo custo e amplamente disponível, segundo a Oxford.

O medicamento de ação anti-inflamatória foi testado no que é considerada a maior pesquisa do mundo sobre coronavírus para encontrar um medicamento para o combate do vírus. Os pesquisadores afirmaram que se a droga tivesse sido amplamente utilizada desde o início da pandemia no país mais de 5 mil vidas poderiam ter sido salvas.

Durante o teste, a equipe de pesquisa de Oxford ofereceu o medicamento a 2 mil pacientes internados e os comparou com outros 4 mil que não receberam a droga. Para pacientes em respiradores, o risco de morte caiu em 40%, já para aqueles que estavam utilizando oxigênio a taxa foi de 25% a 20%.

Aparentemente a droga, que já era utilizada para melhorar a inflamação de outras doenças, quando detecta falhas no sistema imunológico passa a atacar o vírus.

"Dexametasona é a primeira droga que comprovadamente melhora as chances de sobrevivência da covid-19. A recomendação é que, a partir de agora a dexametasona se torne padrão no tratamento desses pacientes. O medicamento é barato e pode salvar vidas ao redor do mundo imediatamente”, explicou Peter Horby, pesquisador e chefe do estudo em Oxford, por meio de nota.

De acordo com a universidade, o estudo completo será publicado em breve com todos os detalhes possíveis.

 

R7

Foto: EFE/EPA/YAHYA ARHAB

 

pulmaoNem sempre receber a notícia de que a Covid-19 foi curada significa que a pessoa se recuperou plenamente de todas as complicações do coronavírus. Para uma parcela de acometidos, em especial os casos mais graves, que exigem internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), há risco de sequelas no cérebro, nos rins, nos pulmões e no coração.

“Podemos dizer que saímos da urgência para um quadro com características crônicas, que pede cuidados prolongados de uma equipe multidisciplinar”, aponta Gustavo Prado, pneumologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo. Prado é autor de uma nota técnica do Ministério da Saúde que trata justamente dos cuidados após a fase aguda da doença.

O pulmão, alvo favorito do Sars-CoV-2, tende a demorar mais para se recuperar. Depois que o vírus vai embora, a inflamação pode persistir por semanas, comprometendo o funcionamento do órgão.

Em casos específicos, a batalha travada no local deixa suas cicatrizes, chamadas de fibroses, que normalmente são irreversíveis (pelo menos para outras infecções respiratórias). Isso ocorre porque o coronavírus deflagra uma inflamação intensa nos alvéolos, estruturas que realizam as trocas gasosas, e no interstício, uma espécie de rede localizada entre o alvéolo e pequenos vasos sanguíneos (os capilares).

 “Apesar de ser pouco mencionado, o interstício, quando fica comprometido, está ligado a sequelas como insuficiência respiratória”, aponta Prado.

Esse déficit ocorre em diversos graus. Os sintomas podem ser um cansaço leve, uma redução da resistência na prática de atividades físicas ou alterações em exames.

Já quando pulmão fica mais prejudicado, o tratamento exige fisioterapia. “É possível que 10 a 20% dos entubados evoluam com necessidade permanente de oxigênio”, explica Ludhmilla Hajjar, cardiologista e professora da Universidade de São Paulo (USP).

Sequelas são mais frequentes nos casos graves de Covid-19
Antes de listarmos as outras marcas que podem ser deixadas pela doença, vale destacar alguns pontos. Primeiro: as sequelas mais prolongadas são observadas em pessoas com versões severas da doença, que desenvolvem a tal tempestade inflamatória. Trata-se de uma enxurrada de substâncias que deveriam ajudar na defesa contra o vírus, mas que, em excesso, acabam danificando o organismo.


Segunda observação: ainda não sabemos se os abalos na saúde são permanentes. Afinal, convivemos há poucos meses com a infecção, tempo que muitas vezes não é suficiente para a recuperação completa de uma vítima grave de outras infecções.

Aliás, essa é outra questão: boa parte das consequências do novo coronavírus, inclusive as pulmonares, são semelhantes às deixadas por outras mazelas respiratórias agressivas, que exigem entubação e longos períodos na UTI. Não estamos falando, portanto, só de particularidades dessa pandemia.

É o caso da fraqueza muscular, outra consequência encontrada em pacientes graves de Covid-19. Ora, o tempo acamado resulta em perda de massa magra e dificuldades para realizar movimentos simples, como andar e mesmo comer.

Outra sequela já conhecida de infecções que geram longas internações são os danos neurológicos. Entram na lista déficits de concentração, alterações de apetite, humor e outros. “Nos estudos já publicados sobre o assunto, até um terço dos pacientes mais graves demonstra algum grau de comprometimento mesmo depois de um mês em casa”, aponta Gisele Sampaio, neurologista da Academia Brasileira de Neurologia. “Não sabemos se isso irá se resolver no caso da Covid-19, mas outras doenças que atrapalham a oxigenação do cérebro podem deixar danos cerebrais permanentes”, completa.Pesquisas anteriores à crise atual mostram, por exemplo, que até 20% dos indivíduos afetados pela Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), uma das complicações que a Covid-19, a gripe e outras infecções podem provocar, apresentam déficits cognitivos até cinco anos depois da alta. Entre eles, além de dificuldade de raciocínio e memória prejudicada, surgem sintomas de ansiedade, depressão, estresse pós-traumático etc.

Agora, uma chateação que parece ser exclusiva do novo coronavírus é a perda prolongada do olfato. “Mas, na maioria dos casos, o sentido volta semanas depois da resolução do quadro”, diz Prado.

Ameaça do coronavírus ao coração e aos rins
Seja pela inflamação exacerbada ou por um ataque direto do vírus, o peito também pode sofrer no longo prazo. Ainda é cedo para falar de incidência, porém há relatos de insuficiência cardíaca pós-internação por Covid-19. Esse risco aumenta quando há algum transtorno cardiovascular pré-existente.

Quanto aos rins, até 40% das pessoas que vão para a UTI sofrem com insuficiência renal e precisam de hemodiálise durante a internação (máquina que realiza o trabalho de filtragem do sangue). Geralmente, são pelo menos três meses para a recuperação completa.


Quando a Covid-19 vira doença crônica
Dada a complexidade do quadro, os médicos temem que o avanço da pandemia gere uma segunda sobrecarga à saúde pública brasileira: a de cuidados com os recuperados. “Muitos precisarão de reabilitação em longo prazo, com acompanhamento de médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, enfermeiros e outros”, lista Prado.

São atendimentos relativamente simples — no sentido de que não exigem grande infraestrutura física. Ainda assim, podem sobrecarregar as redes públicas e privadas.

 

Vejasaude

Foto: Ilustração: Jonatan Sarmento/SAÚDE é Vital