O Brasil teve 407 novas mortes nas últimas 24 horas em razão da pandemia do novo coronavírus (covid-19), o maior número neste período desde o início da contagem. No total, o país soma 3.313 óbitos, 49.492 mil casos confirmados da doença e 26.573 pacientes recuperados. Ainda de acordo com os dados divulgados hoje (23) pelo Ministério da Saúde, 19.606 casos estão em acompanhamento.
As novas mortes marcaram um aumento de 14% em relação a ontem quando foram registrados 2.906 falecimentos. O percentual de acréscimo foi mais do que o dobro do divulgado ontem em relação a terça-feira, de 6%.
Já a quantidade de pessoas infectadas teve uma elevação de 8,2% em relação a ontem, quando foram contabilizados 45.757 pacientes nessa condição.
São Paulo se mantém como epicentro da pandemia no país, concentrando o maior número de falecimentos (1.345). O estado é seguido pelo Rio de Janeiro (530), Pernambuco (312), Ceará (266) e Amazonas (234).
No Piauí, 14 profissionais de enfermagem foram infectados e há outros 30 casos suspeitos, segundo o levantamento do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), com o apoio do Conselho Regional de Enfermagem do Piauí (Coren-PI).
Um dos casos é o da enfermeira de Floriano (a 240 km de Teresina) que está em isolamento, após confirmação da Covid-19. Ela, o marido e os dois filhos de 2 e 7 anos estão tendo acompanhamento psicológico após a exposição que tiveram por causa da doença.
A Secretaria de Estado de Saúde (Sesapi) informou preliminarmente sobre a testagem positiva em 19 profissionais da saúde. Os hospitais fazem a notificação e o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) o acompanhamento.
Na linha de frente do combate ao novo coronavírus, os enfermeiros estão diretamente em contato com pacientes infectados.
Diante deste cenário de pandemia, com Equipamentos de Proteção Individual (EPI) escassos e falta de treinamento para o correto uso destes equipamentos e fluxo de atendimento, estes profissionais estão mais sujeitos à contaminação.
O Conselho regional realizou fiscalizações em unidades de saúde públicas e privadas de dos municípios de Teresina, Miguel Alves, Parnaíba, Picos, Floriano e São Raimundo Nonato.
De acordo com a presidente do Coren-PI, Tatiana Melo, nas vistorias foi possível constatar que além dos EPIs falta treinamento dos profissionais de enfermagem em relação ao uso adequados destes dos equipamentos e ao fluxo de atendimento nestas unidades de saúde.
"Pacientes com suspeita de contaminação pela Covid-19 devem passar por uma triagem para verificar a existência de sintomas respiratórios. Além disso, os estabelecimentos de saúde precisam oferecer fluxo exclusivo para estes pacientes. Estes espaços precisam estar sinalizados de forma clara para que profissionais de saúde e pacientes saibam por onde devem circular. A maioria das instituições não possuem este fluxo de atendimento bem definido", explica Tatiana Melo.
Número de profissionais pode se tornar insuficiente
A presidente do Coren-PI também alerta ainda que, se o número de pacientes diagnósticos com a Covid-19 aumentar rapidamente, não haverá profissionais de enfermagem capacitados para prestar assistência.
"É fundamental que a população também faça a sua parte, respeitando as medidas de isolamento social e de higiene. Dessa forma, poderemos controlar o avanço do vírus no nosso estado e oferecer toda assistência necessária à população", conclui.
No Brasil
Segundo dados divulgados pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), já são mais de 4 mil casos suspeitos de contaminação pela Covid-19 entre os profissionais de Enfermagem no Brasil. Mais de 800 profissionais receberam o diagnóstico positivo para o vírus e estão em quarentena.
O primeiro lote com 500 mil testes para diagnóstico de covid-19, comprados pelo Ministério da Saúde via Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), chegou ontem (22) ao Brasil. A distribuição aos estados começa ainda nesta semana.
Foram adquiridos 10 milhões de testes RT-PCR (biologia molecular), que identificam o coronavírus logo no início, ou seja, no período em que ainda está agindo no organismo. O restante dos testes, produzidos pelo laboratório Seegene, da Coreia do Sul, chegará de forma escalonada, sendo cerca de 500 mil por semana.
A aquisição faz parte do esforço do Ministério da Saúde em ampliar a testagem para o coronavírus na rede pública de saúde. De acordo com a pasta, já foram distribuídos mais de 2,5 milhões de testes para diagnóstico de covid-19 em todo o país. Deste total, 524.536 mil são testes RT-PCR e 2 milhões são testes rápidos (sorologia). Estes últimos detectam a presença de anticorpos no organismo e são realizados entre o sétimo e décimo dia do surgimento dos sintomas da doença.
Para o ministro da Saúde, Nelson Teich, a partir da testagem é possível avaliar a evolução da doença no Brasil e conduzir as ações de enfrentamento. “É preciso que sejamos rápidos o bastante para fazer o diagnóstico e tomar uma atitude”, disse em comunicado do ministério.
De acordo com a pasta, até a próxima semana está prevista a distribuição de cerca de 3 milhões de testes que já chegaram ao Brasil e estão seguindo os trâmites legais para a distribuição. São 984 mil testes RT-PCR, oriundos de compras da Fiocruz (184,2 mil) e OPAS (500 mil), além da doação de 300 mil testes da Petrobras. Já em relação aos testes rápidos, são mais 2 milhões de unidades doadas pela mineradora Vale que chegaram ao Brasil nos últimos dias.
Uma pesquisa realizada com 36 espécies de morcegos da parte ocidental do Oceano Índico e áreas próximas à África descobriu que estes animais convivem juntos com diferentes tipos de coronavírus há milhões de anos. As informações foram publicadas no jornal científico Scientific Reports e divulgadas pelo EurekAlert. Os pesquisadores analisaram mais de mil morcegos, e o resultado foi de que 8% destes morcegos avaliados eram portadores de coronavírus.
Segundo o estudo, liderado por cientistas da Université de La Réunion, esses tipos de coronavírus não são danosos aos morcegos, mas possuem potencial perigo para outros animais caso os vírus tenham oportunidade de passar por outras espécies.
Veja também: OMS nega que novo coronavírus tenha sido criado em laboratório
O biólogo Steve Goodman afirmou que encontraram uma “profunda história evolucionária entre os morcegos e os coronavírus”. Segundo ele, compreender melhor como os diferentes tipos do vírus evoluem pode ajudar a humanidade a construir programas de saúde pública no futuro.
Goodman faz questão de destacar que as pessoas não devem tentar, em resposta, causar danos aos morcegos em nome da saúde pública.
O biólogo pontua que os morcegos são importantes para o funcionamento do ecossistema com a polinização de flores, frutas e o consumo de insetos. “O bem que eles fazem por nós supera qualquer mal potencial”, afirma.