A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), um braço da OMS nas Américas, emitiu um alerta contra produtos com cloro como tratamento para a covid-19, não recomendando o uso oral ou injetável da substância. “Não há evidências de sua eficácia e a ingestão ou inalação de tais produtos pode causar graves efeitos adversos”, alertou o documento.

O alerta tornou-se necessário, pois desde o início da pandemia, começaram a ser comercializados numerosos produtos contendo dióxido de cloro ou seus derivados isoladamente ou em combinação com outros produtos com falsas alegações de que poderiam prevenir a covid-19 ou até mesmo curar a doença.

O dióxido de cloro, um gás usado como alvejante nas estações de tratamento de água, e o hipoclorito de sódio, um desinfetante comercializado como alvejante doméstico, podem ser tóxicos se ingeridos e causar vários efeitos adversos.


A entidade afirma que órgãos de saúde de vários países emitiram alertas sobre os riscos à saúde do consumo de dióxido de cloro ou clorito de sódio ódio e alertaram sobre a comercialização de produtos “milagrosos” não comprovados para prevenir ou tratar a covid-19.

Qualquer propaganda enganosa que relacione a substância ao tratamento da doença deve ser reportada às autoridades de saúde locais.

 

catracalivre

 

 

vacinapaiferDiferentemente da vacina de Oxford e da Coronavac, que restringiram o terceiro e último teste, que está sendo realizado no país, a profissionais de saúde, a vacina da Pfizer, que teve testes iniciados nesta quarta-feira (5), ampliou a participação a toda a população.

Qualquer pessoa poderá se inscrever para os testes da vacina da Pfizer, em parceria com a empresa alemã BioNTech, contra a covid-19 no Brasil. Os primeiros 15 voluntários receberam a aplicação da vacina experimental nesta quarta-feira (5) no Cepic (Centro Paulista de Investigação Clínica), em São Paulo.

 

Segundo o reumatologista Cristiano Zerbini, diretor do Cepic (Centro Paulista de Investigação Clínica) e coordenador da pesquisa em São Paulo, essa fase contará com mil voluntários, divididos entre o Cepic a Instituição Obras Sociais Irmã Dulce na Bahia.

Dos 500 voluntários de São Paulo, 250 receberão a vacina e 250 receberão placebo. Zerbini explica que nem o médico nem o paciente saberão se o que está recebendo é placebo ou não. Até sexta-feira (7), as inscrições estão abertas e podem ser feitas por meio do site do Cepic.

“Até o fim dessa semana, teremos feito a aplicação em 50 participantes. Nas próximas 3 semanas, queremos aplicar em 150 participantes por semana, completando os 500 aqui de São Paulo.”
No questionário de inscrição, uma série de perguntas avaliam a possibilidade de participação ou não, mas Zerbini já adianta que para participar é necessário ter entre 18 e 85 anos, não estar grávida e não possuir doenças crônicas descompensadas, como diabetes e hipertensão.

“Nós vamos dar prioridade para quem tem mais chance de entrar em contato com o vírus, isso inclui profissionais da saúde, mas também funcionários de hospitais, como segurança, recepcionista e equipe de limpeza. A gente também pensa em outras pessoas, como quem mora em comunidades, quem usa muito transporte público e os profissionais do transporte.”

O médico explica que quanto maior variedade de gênero, raça e idade, melhor para o estudo. “Assim, conseguimos chegar perto da realidade da sociedade.”

O estudo tem um período de duração de dois anos, porém são realizadas análises durante todo o período e a vacina poderá ser disponibilizada antes do fim do estudo, se os resultados forem positivos. “Embora tenha 2 anos, as observações mais importantes são no primeiro ano.”

Zerbini acrescenta que “os resultados cientificamente observados, eu acredito que teremos no primeiro trimestre de 2021, isso de todas as vacinas. Depois, tem mais um tempo para ter uma boa distribuição, com logística e tudo. Acredito que ao fim do primeiro semestre de 2021 teremos vacinas disponíveis, duas, três, quatro, todas eficazes”.


A primeira e segunda fase já foram realizada e aprovadas e têm como objetivo testar a segurança e a imunogenicidade (capacidade do organismo produzir anticorpos). “A terceira fase também verifica a segurança e imunogenicidade, mas é mais focada em analisar a eficácia da vacina.”

A vacina desenvolvida pela Pfizer em parceria com a BioNTech utiliza a tecnologia de RNA mensageiro, nunca utilizada antes. Nessa tecnologia é aplicada a molécula de mRNA que carrega a receita para as células do corpo produzirem certas proteínas que estão presentes no vírus.

Depois que o corpo produz essa proteína, o sistema imunológico a identifica como um corpo estranho e começa a resposta imunológica. “A vantagem é que as vacinas de RNA podem ser fabricadas rapidamente usando apenas o código genético do patógeno”, afirma Márjori Dulcine, Diretora Médica da Pfizer Brasil.

 

R7

Dado Ruvic/Reuters

Mais cinco centros de pesquisa do país vão dar início ainda esta semana a testes com a vacina chinesa CoronaVac, da farmacêutica Sinovac, desenvolvida em parceria com o Instituto Butantan.

sarscov

Hoje (5), as vacinas começaram a ser aplicadas em profissionais da saúde na Universidade de Brasília (UnB) e, amanhã (6), no Hospital das Clínicas na Unicamp, em Campinas (SP). Na sexta-feira (7), os testes serão no Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba; e na Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (SP). No sábado (8), será vez do Hospital São Lucas, da PUC do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre.

Até o momento, já há cinco centros de pesquisa em operação para os testes. O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP) foi o primeiro a aplicar a CoronaVac, no dia 21 de julho. Na quinta-feira (30) e na sexta-feira (31), os testes começaram no Instituto de Infectologia Emílio Ribas; na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP); na Universidade Municipal de São Caetano do Sul; e no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

Ao todo, 12 núcleos científicos foram selecionados para a realização da terceira e última fase de ensaios clínicos do imunizante. O cronograma para início da aplicação das vacinas nos dois últimos centros - o Hospital Israelita Albert Einstein, na capital paulista, e o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, no Rio de Janeiro – deverão ser  anunciados em breve.

Os testes com a CoronaVac serão realizados em nove mil voluntários. Apenas profissionais da saúde que ainda não tiveram a doença e que atuam com pacientes com a covid-19 poderão participar dos testes. Para atender aos critérios, esses profissionais da saúde não poderão ter outras doenças e nem estarem em fase de testes para outras vacinas. As voluntárias mulheres também não poderão estar grávidas.

A vacina é aplicada em duas doses, com intervalo de 14 dias. Caso seja comprovado o sucesso da vacina, ela começará a ser produzida pelo Instituto Butantan.

Vacina

A CoronaVac é uma das vacinas contra o novo coronavírus (covid-19) em fase mais adiantada de testes. Ela já está na terceira etapa, chamada clínica, de testagem em humanos. O laboratório chinês já realizou testes do produto em cerca de mil voluntários na China, nas fases 1 e 2. Antes, o modelo experimental aplicado em macacos apresentou resultados expressivos em termos de resposta imune contra as proteínas do vírus.

A vacina é inativada, ou seja, contém apenas fragmentos do vírus inativos. Com a aplicação da dose, o sistema imunológico passaria a produzir anticorpos contra o agente causador da covid-19. No teste, metade das pessoas receberão a vacina e metade receberá placebo, substância inócua. Os voluntários não saberão que vacina receberão.

 

Agência Brasil

Foto: Governo de São Paulo

Uma pesquisa publicada na terça-feira (4) na revista científica "Science", uma das mais importantes do mundo, identificou partes do novo coronavírus (Sars-CoV-2) que podem ser reconhecidas pelo sistema de defesa do corpo mesmo que ele nunca tenha tido contato com a infecção, pela semelhança com alguns vírus que causam resfriados.

Essa semelhança, entretanto, não significa que ter tido resfriados no passado dê alguma proteção contra a Covid-19. No estudo, os pesquisadores destacam que essa possibilidade é uma especulação que ainda precisa ser provada com ensaios clínicos.

"A hipótese de imunidade cruzada entre Sars-CoV-2 e [vírus] HCoVs para resfriado comum ainda aguarda ensaios experimentais", afirmam os pesquisadores, de três universidades nos Estados Unidos e uma na Austrália.


Eles já sabiam, de estudos anteriores feitos em vários países, que uma parte da população (entre 20% e 50%) era capaz de "reconhecer" pedaços do novo coronavírus mesmo sem ter tido contato com ele. Esse reconhecimento é feito com as células T, um tipo de célula de defesa do corpo que é responsável por, além de outras atividades, destruir células infectadas com vários tipos de vírus (não só o Sars-CoV-2).

O que os cientistas não sabiam, entretanto, é como essas células T eram capazes de reconhecer o novo coronavírus sem nunca ter sido expostas a ele.

IMUNIDADE: Na busca de imunidade contra a Covid, anticorpos deixam de ser único foco e ciência mira nas células T
DEFESA: Na Suécia, estudo aponta eficácia das células T no combate ao novo coronavírus
Para tentar desvendar esse mecanismo, eles mapearam 142 partes do novo coronavírus que, em indivíduos infectados, eram "reconhecidas" pelas células T.

Depois, testaram, em laboratório, esses pedaços de vírus contra outras células T, retiradas de amostras de sangue colhidas antes do surgimento do novo coronavírus. Dessa forma, teriam certeza de que as células de defesa nunca teriam tido contato com o Sars-CoV-2.

Nos testes, viram que houve reação dessas células a algumas partes do novo coronavírus. Com isso, demonstraram que as células tinham uma "memória cruzada", que conseguia identificar partes do vírus da Covid-19 que eram semelhantes às de vários outros vírus da família corona, causadores de resfriados. Por isso é que as células das amostras eram capazes de identificar esses pedaços, de outros vírus, no Sars-CoV-2.

"Eles mostraram o mecanismo: você vê a célula reconhecendo ou não", explica Natália Machado Tavares, pesquisadora de imunologia e patologia da Fiocruz Bahia. "Isso não quer dizer que quem teve um resfriado comum causado por um coronavírus está imune", esclarece.

No estudo, os cientistas levantam essa hipótese: de que essa "memória" das células T pode ter relação com a gravidade com que uma pessoa desenvolve a Covid-19. Ou seja: poderia explicar por que algumas pessoas morrem enquanto outras têm apenas sintomas leves, ou nem sequer os apresentam. Mas isso não tem comprovação, frisam os autores.

"Com base nesses dados, é plausível supor que a memória das células T que têm reação cruzada preexistente em alguns doadores possa ser um fator contribuinte para variações nos resultados da doença do paciente com Covid-19, mas, no momento, é altamente especulativo", frisam.


Exposição
A professora e pesquisadora de imunologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Daniela Santoro Rosa explica que o estudo, apesar de trazer várias possibilidades, não consegue dizer se essa exposição anterior a outros tipos de coronavírus vai influenciar na gravidade clínica da Covid-19.

"O que a gente precisa saber é: o que isso causa para o indivíduo? Quem teve essa infecção com [outro] coronavírus, fez essa célula de memória e depois entrou em contato com o Sars-CoV-2, como foi a infecção pela Covid? Foi mais leve?", questiona a cientista.


INTENSIDADE: Reação inicial do corpo à Covid-19 pode prever se a doença será grave, indica estudo liderado por brasileiros
LONGO PRAZO: Imunidade contra a Covid-19 pode ser duradoura, sugere estudo publicado na Nature


Por fim, ela lembra que nem todos os resfriados são causados por coronavírus (vírus da família corona), e, na maioria das vezes, as pessoas não sabem qual tipo de vírus é o causador.

"Quando eles [cientistas] falam 'vírus do resfriado', eles falam do resfriado causado por coronavírus, porque existem outros vírus que causam resfriados: rinovírus, adenovírus", pondera Rosa.

 

G1