Um artigo publicado por pesquisadores brasileiros na plataforma científica MedRxiv informa o desenvolvimento de um teste para Covid-19 rápido e de baixo custo para o Brasil, uma vez que não tem que importar os reagentes usados em testes RT-PCR, além de prever risco de complicações da infecção.

Segundo um grupo de cientistas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), da Universidade de São Paulo (USP) e de colaboradores de centros do Amazonas, o teste brasileiro para Covid-19 utiliza inteligência artificial para analisar amostra de plasma sanguíneo e procurar por um padrão de moléculas característico em pacientes com a doença.
Além de substituir os reagentes por algoritmos de inteligência artificial, o teste brasileiro, de acordo com o artigo, consegue prever os infectados que terão maior risco de complicações em decorrência do coronavírus, como a insuficiência respiratória, que pode levar à intubação do paciente, e distúrbios de coagulação sanguínea, que podem levar à trombose, também associada aos casos graves da Covid-19.

Publicado em 27 de julho, o artigo ainda não foi revisado por pares e o método de testagem aguarda aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os coordenadores da pesquisa, em entrevista à Agência Fapesp, afirmaram que o teste tem têm uma taxa de acerto em torno de 90%.

"O projeto contou com a participação de 728 pacientes, sendo 369 com diagnóstico da Covid-19 confirmado clinicamente e por RT-PCR. As amostras de indivíduos não infectados foram usadas para comparação, como uma espécie de grupo controle. No caso de alguns pacientes que desenvolveram complicações e precisaram ser internados, foi coletada uma segunda amostra de sangue. De modo geral, entre os casos confirmados, havia indivíduos com sintomas leves e graves”, explicou uma das coordenadoras da pesquisa, Jeany Delafiori, ao portal da Fapesp.
Além disso, por utilizar inteligência artificial, o método é capaz de acumular conhecimento e melhorar sua performance quanto mais amostras de sangue analisar.

“Se hoje ele tem uma taxa de acerto em torno de 90%, é provável que acerte ainda mais quando chegar a milhares de pacientes analisados”, afirmou o professor da Unicamp, Anderson Rocha, à mesma publicação.

Testes no Brasil: custo alto e insuficiente
Outras vantagens do método brasileiro são a rapidez, praticidade (é feito com coleta de sangue) e o preço relativamente baixo comparado ao valor atual: enquanto o teste de sangue disponível atualmente pode demorar dias, o brasileiro é capaz de diagnosticar a infecção em 20 minutos. E enquanto o teste RT-PCR (que é feito por amostra de material nasal) custa em torno de R$80 a R$100, o brasileiro deve custar R$40.
Um dos maiores problemas enfrentados pelo Brasil na tentativa de frear o avanço da pandemia de coronavírus é a baixa testagem feita na população. Segundo especialistas ouvidos pelo G1 em junho, testamos cerca de 20 vezes do que é considerado adequado para localizar os casos e rastreá-los.

Uma das justificativas para a baixa testagem é a dependência de reagentes importados para realizar o teste do tipo RT-PCR e a falta de profissionais treinados para fazer a coleta com swab (um tipo de cotonete com haste longa que alcança partes mais profundas do nariz utilizado nos testes), uma vez que, por poder gerar aerosóis contaminados com o vírus, precisa ser realizada em sala apropriada e de maneira específica.

 

G1

A Coordenação de Imunização do município de Floriano encerrou a campanha de vacinação de gripe influenza e divulgou os resultados obtidos com através do trabalho desenvolvido nas unidades básicas de saúde e força tarefa “extra muros”. A coordenadora da pasta, Pollyane Pires, comemorou os dados alcançados e destacou a experiência em novas modalidades de vacinação como o drive thru, por exemplo. 

avacina

Floriano atingiu uma marca impressionante nessa campanha. Foram aplicadas 22 mil doses da vacina. Ao todo, os grupos prioritários (adultos, gestantes, puérperas, trabalhadores em saúde e crianças) estipulados pelo Ministério da Saúde totalizaram mais de 15 mil doses.  

“A vacinação é um direito que a população adquiriu e nosso papel é garantir que essas ações cheguem em todas as partes. Para isso, contamos com parceiros importantes no processo como a UFPI que trouxe a experiência exitosa do drive thru e o florianense abraçou essa modalidade”, disse.  

Uma das áreas de maior cobertura vacinal este ano foi dos idosos que segundo dados informados pela coordenação de imunização do municio, totalizaram uma cobertura vacinal de 120%, ou seja, 7.743 doses aplicadas.

Outro público que teve um número recorde foram os trabalhadores de saúde que atingiu a incrível marca de 119%, público além do estipulado pelo Ministério da Saúde.

ascom pmf

dentistaA saúde bucal é um importante fator na saúde do corpo, explica a cirurgiã dentista Lucia Cappellette, da ABO (Associação Brasileira de Odontologia). “As pessoas precisam entender que a saúde começa pela a boca, se você, no pior cenário, pegar a covid-19, é importante que esteja saudável para combater essa doença.”

Ela explica que tratamentos em andamento precisam ser finalizados, mas que é sempre importante buscar orientação do profissional para saber o que é melhor em cada caso. “Eu poderia dizer que consultas de rotina e a profilaxia [conhecido popularmente como limpeza] pode esperar, mas se é um paciente que tem problema periodontal [problema dentário causado por bactérias que levam à inflamação da gengiva] e ele for intubado, pode gerar uma infecção.”

Segundo Lucia, por falta de higienização da boca durante a internação é comum ocorrerem infecções no período de intubação. “Em alguns casos, podem se proliferar bactérias e essa bactéria migrar para o pulmão, e aí que corpo aguenta uma pneumonia bacteriana junto com a covid-19?”

O cirurgião dentista José Vitor Dal Medico conta que seus pacientes mais idosos estão deixando de ir ao dentista, provavelmente, por medo de contaminação e recomenda que os tratamentos em andamento não devem ser postergados.


Lucia explica que tratamentos de canal, por exemplo, que são interrompidos no meio podem gerar abscessos, quando as bactérias que estão dentro do canal invadem outros tecidos, como os ósseos. “O rosto fica inchado, é uma infecção bem perigosa e pode até virar uma infecção generalizada.”

 

Para ela, os tratamentos que podem esperar são os estéticos, como aplicação de facetas, lente de contatos e clareamento. “Acho que o único que não daria para esperar é a colocação de prótese, é muito desconfortável ficar com o dente faltando.”

Ela alerta que em caso de fratura dentária é importante receber uma avaliação do dentista. “Se for algo simples, pode fazer apenas um polimento para não machucar a mucosa e deixar a restauração para depois. Mas a fratura pode ser mais profunda, estar em um tecido cariado e até ser necessário extrair o dente, pois pode ser um foco de infecção, dependendo da fratura.”

Cuidados de proteção na consulta
Lucia explica que os dentistas já possuem um cuidado com biossegurança, mesmo antes da pandemia. “Existem outras doenças, nós lidamos com a boca do paciente, então precisamos ter um cuidado muito grande, não precisa ter medo de ir ao dentista.”

Para evitar a contaminação no atendimento, os dentistas fazem a desinfecção da sala a cada paciente, aumentando o intervalo entre uma consulta e outra. Além disso, eles utilizam equipamento de proteção que inclui máscara no modelo pff2 ou tripla, face-shield (viseira), óculos de proteção, touca e avental descartável.

O dentista pode optar por utilizar pijama cirúrgico ou um avental de pano por baixo do descartável. Alguns também utilizam proteção para os sapatos ou então deixam um sapato reservado apenas para uso no consultório.

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Para o paciente, a orientação é que ele lave as mãos assim que chegar, não encoste as mãos no rosto, tire a máscara com cuidado e guarde em um saquinho reservado apenas para isso.

“As pessoas muitas vezes jogam a máscara na bolsa, ou colocam no bolso, no mesmo lugar onde coloca dinheiro, cartão, chave. Você pode contaminar sua própria máscara assim”, explica Lucia.

Ela acrescenta que caso a pessoa tenha qualquer sintoma, ela não deve sair de casa nem se consultar.

Estresse da pandemia aumenta bruxismo
Os dentistas afirmam ter percebido um aumento em quadros de bruxismo no período da pandemia. “Eu tratei algumas fraturas dentárias por conta de tensão e estresse”, acrescenta Lúcia.

O bruxismo possui, na maioria das vezes, causas emocionais como estresse e ansiedade. Ele é caracterizado pelo apertamento e ranger dos dentes que acontece, em 80% dos casos, enquanto o paciente dorme.

“Se a pessoa sentir algum desconforto, dor de dente, ou se sentir os sinais do bruxismo como musculatura tensa, dor na região do masseter [músculo localizado entre a mandíbula e a maxila], dor de cabeça e no pescoço ou os dentes mais sensíveis, ela deve procurar um dentista”, acrescenta Vitor.

No longo prazo, o bruxismo pode ocasionar perda estrutural dental, dificultando a mastigação, facilitar fraturas dentais e gerar uma inflamação na polpa do dente, explica o dentista.

“Se você já está fazendo o tratamento de um dente, e eles está com um curativo, por exemplo, e aí você tem um aumento desse bruxismo por conta do estresse, do trabalho em casa, um dia muito tenso, ou uma mordida mais forte que você dá, isso pode causar uma fratura”, explica Lucia.

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Segundo Vitor, o tratamento é feito por meio de placas miorrelaxantes e aplicação de botox. “A placa é utilizada para dormir, não deixa os dentes desgastarem e gera conforto. O botox é aplicado no masseter [músculos da mastigação] para diminuir a potência muscular.”

A dentista conta que uma de suas pacientes, que teria que fazer uma placa para dormir, conversou com ela e preferiu deixar a placa para depois da quarentena. “Por isso a importância de falar com o seu profissional. Ela vai evitar tensões, evitar ver telejornal antes de dormir, procurar relaxar e controlar o bruxismo, mas cada caso é um caso.”


Para evitar novos problemas, os dentistas enfatizam a importância da higienização adequada dos dentes. “É fundamental para a pessoa conseguir se manter longe do dentista por um período”, afirma Vitor.

Lucia conta que percebeu uma diminuição da frequência de higienização durante a quarentena e que, com isso, os pacientes estão com mais placa bacteriana. “Eles acabam admitindo. Como ficam o dia inteiro em casa, estão trabalhando em casa, acabam escovando os dentes apenas uma ou duas vezes por dia.”

O indicado é que a escovação seja feita no mínimo 3 vezes por dia, 30 minutos após as refeições. “A saliva tem um papel importante para ajudar a eliminar algumas partículas de comida.”

Ela explica que é importante fazer a escovação, com um creme dental escolhido com auxílio do dentista e passar fio dental. “A necessidade de usar ou não enxaguante bucal e qual vai ser escolhido tem de ser decidido junto com o dentista, cada paciente tem uma necessidade diferente.”

“Todas são importantes, mas a escovação feita antes de dormir precisa ser impecável.” A dentista explica que além de passarmos um período longo sem escovação, quando dormimos a nossa salivação diminui, o que facilita a proliferação de bactérias.

Outra dica dada pela dentista é que, após ficar doente, os pacientes troquem a escova de dentes. “Seja uma inflamação na garganta, um herpes bucal, uma gripe ou a própria covid-19, é importante trocar a escova depois da resolução da doença, pois você pode se reinfectar, ou no caso de dividir o banheiro com outras pessoas, infectar as pessoas da sua casa.”

 

R7

Foto: Pixabay

A vacina da Universidade de Oxford para a Covid-19 preveniu, em macacos, a pneumonia causada pela doença, mostra uma pesquisa que teve publicação antecipada on-line nesta quinta-feira (30) na revista cientifica "Nature", uma das mais importantes do mundo.

Os resultados preliminares dos testes já haviam sido divulgados há cerca de dois meses e meio, mas a publicação na revista significa que eles foram validados por outros cientistas (passaram pela chamada "revisão por pares", ou "peer review", em inglês). Esse passo é necessário para que qualquer estudo científico seja publicado em uma revista.

"Não foram observadas evidências de pneumonia viral nem doença inflamatória imune" nos macacos vacinados, disseram os cientistas.
A imunização com a vacina, tanto em dose única como aplicada com reforço, induziu a produção de anticorpos e resposta imune celular em macacos resos. Não foram observados efeitos colaterais.

Segundo os cientistas, além de ficarem protegidos da pneumonia causada pelo novo coronavírus, os macacos vacinados também tiveram menor carga viral (quantidade de vírus) em amostra retirada dos pulmões e do trato respiratório inferior.


Seis animais foram vacinados com uma dose da vacina, 28 dias antes de serem expostos ao Sars-Cov-2 (o novo coronavírus). Outros seis foram vacinados 56 dias, e, depois, 28 dias antes da exposição ao vírus.


Os anticorpos contra uma parte específica do vírus começaram a aparecer já 14 dias depois de apenas uma dose, e foram "significativamente aumentados com a segunda imunização", disseram os pesquisadores.

Para os macacos que receberam as duas doses da vacina, o vírus infeccioso (capaz de provocar a infecção pela Covid-19) só foi detectado até um dia depois de o animal ter contato com o vírus. Nos macacos que receberam apenas uma dose, o vírus foi encontrado até 3 dias depois da exposição.


Os cientistas alertaram, entretanto, que a vacina foi capaz de evitar a doença causada pelo novo coronavírus, e não de impedir a transmissão ou a infecção por ele.

"Nosso principal objetivo para uma vacina contra a Sars-CoV-2 é prevenir a doença, e não observamos pneumonia ou antígeno viral nos pulmões de animais vacinados", disseram.

"Com base nos dados aqui apresentados, é possível que uma dose única ou dupla da vacina não impeça a infecção nem a transmissão do vírus. No entanto, isso poderia reduzir significativamente a doença [causada por ele]", explicaram os cientistas.


A microbiologista Natália Pasternak, presidente do Instituto Questão de Ciência, explica que o ideal seria que a vacina impedisse ambos: a doença causada pelo vírus e a transmissão.

"Não é só a de Oxford, todas as vacinas estão com esse problema", afirma Pasternak. "O ideal seria impedir a transmissão também, mas se ela impedir a doenca já é uma vantagem", afirma.

Ensaios em humanos
Na semana passada, os cientistas de Oxford anunciaram que a vacina da universidade é segura e induz resposta imune. A imunização está sendo testada em fase 3 (a última) no Brasil e em outros países.

O efeito deve ser reforçado após uma segunda dose da vacina, segundo os cientistas.

A resposta imune foi medida em laboratório. São necessários mais testes para confirmar se a vacina protege efetivamente a população contra infecções pelo novo coronavírus. Os cientistas ainda não sabem, exatamente, o quanto de resposta imune é necessária para combater a doença.

 

G1