Pesquisadores descobriram que a covid-19 pode agravar um problema com o qual convivem 280 milhões de pessoas em todo o mundo: o zumbido no ouvido.
Um artigo conduzido pela Universidade Anglia Ruskin, no Reino Unido, com apoio das Associações Britânica e Americana de Zumbido, analisou 3.103 pacientes em 48 países.
A conclusão foi publicada na revista científica Frontiers in Public Health, nesta quinta-feira (5). Os pesquisadores constataram que 40% das pessoas que tiveram covid-19 experimentaram, simultaneamente, uma piora do zumbido.
O estudo teve como foco pessoas com zumbido pré-existente, mas um pequeno número de participantes relatou que o ruído foi desencadeado durante os sintomas da covid-19.
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O zumbido pode ser provocado por diversos fatores, mas está associado à redução do bem-estar emocional, depressão e ansiedade.
A pesquisa também descobriu que as medidas de isolamento social impostas para conter o avanço da pandemia piorou quadros de zumbido, principalmente por mudanças significativas na rotina.
O estresse é apontado como um fator que pode desencadear ou agravar o zumbido. Em meio à pandemia, muitas pessoas não procuram atendimento médico para essa condição, o que as deixaria sujeitas a um ciclo vicioso de zumbido e estresse.
"Algumas das mudanças trazidas pela covid-19 parecem ter tido um impacto negativo na vida das pessoas com zumbido, e os participantes deste estudo relataram que os sintomas da covid-19 estão piorando ou, em alguns casos, até iniciando zumbido e perda auditiva. Isso é algo que precisa ser examinado de perto pelos serviços clínicos e de suporte", alerta a principal autora do estudo, Eldré Beukes.
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David Stockdale, executivo-chefe da Associação Britânica de Zumbido e coautor do estudo, acrescenta que o diagnóstico do que está por trás dessa condição pode ser demorado.
"O tratamento inadequado do zumbido nos estágios iniciais geralmente leva a casos muito piores, e o zumbido grave pode ter um grande impacto na saúde mental."
O Fórum Nacional dos Governadores realizou, nessa quarta-feira (4), uma videoconferência com Jarbas Barbosa, diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e da oficina regional para as Américas da Organização Mundial da Saúde (OMS), para tratar sobre atualização, mutações e vacinas para a Covid-19.
De acordo com o representante da OMS, no mundo há 10 vacinas que estão sendo acompanhadas e todas estão na terceira fase de testes e a expectativa é que no primeiro trimestre de 2021 essas vacinas sejam validadas pelos órgãos competentes dos países.
O governador Wellington Dias destacou que a Opas e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) são responsáveis pela compra dessas vacinas por meio de um consórcio de países, no qual o Brasil é signatário e estão lançando nos próximos dias um edital para comprar 2 bilhões de unidades de vacina como uma primeira etapa.
“O Brasil, a partir de compras como essa, já é beneficiário e é possível que tenhamos, no fim deste ano para o começo do próximo, novidades sobre as vacinas que estão sendo testadas no Brasil. A exemplo da AstraZeneca, que é de Oxford, no Reino Unido, que está bem avançada e a Sinovac, que é da China, que já anunciou que vai pedir para ter uma pré-qualificação pela OMS e que tem a vantagem de que qualquer um dos países podem aderir à compra. Normalmente esta compra é feita pelos países e não pelos estados”, disse o governador.
Wellington enfatizou que “há uma sistemática de compra que facilita por não precisar enfrentar toda a burocracia dos países e o Brasil já tem todo o regramento nessa direção para armazenagem de vacinas, equipamentos de proteção individual, assim como realizado os testes”, comentou Dias.
No Brasil, a Anvisa é a responsável pela validação da vacina. “Ela exige tanto a segurança como a eficácia. Precisa ter um relatório publicado, avaliação dos riscos e eles estão trabalhando de uma forma célere para acompanhar todas as fases. No primeiro trimestre de 2021 teremos vacina e o Brasil deve colocar o Plano Nacional de Vacinação à primeira que ficar pronta”, almeja Wellington.
De acordo com o governador piauiense, as informações prestadas pelo representante brasileiro da OMS foram positivas no qual o mesmo destaca estudos que apontam que a situação da América do Sul é diferente da Europa, onde apenas 15% da população havia sido infectada e que agora há uma nova onde de infecção pois, 85 % da população não foi infectada e que começam a ir às ruas por conta do verão.
“Tivemos uma estabilização em um patamar elevado com a redução de óbitos. No caso específico do Piauí,estamos dentro dessa mesma lógica”, comentou Dias.
Sobre a mutação do coronavírus, o gestor enfatizou a informação repassada por Jarbas Barbosa de que as mutações que estão acontecendo não alteram a forma de agir do novo coronavírus, por isso as orientações são a mesmas, sobre o uso de máscaras e distanciamento social e os protocolos já realizados.
“Está havendo mutações, porém não altera o perigo nem os cuidados que devemos ter. Em relação à reinfecção, são casos raros, e ainda não há evidência em um grau elevado de problema”, comentou Wellington.
A gestão municipal está tornando público os locais da vacinação desta sexta-feira, 06, em Floriano-PI. A vacinação antirrábica terá início as 8:00h e vai se estender até as 17:00h.
Dezenas de profissionais da Saúde já estão envolvidos na ação, pois uma programação já foi elaborada.
Veja a lista dos locais da 1ª etapa da Campanha da Vacina Antirrábica.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) vai entregar neste mês à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) documentos para a avaliação das etapas de produção desenvolvidas pela farmacêutica AstraZeneca e pela Universidade de Oxford para a vacina contra o novo coronavírus, encomendada pelo Ministério da Saúde. Detalhes sobre a submissão de documentos à Anvisa foram apresentados pela vice-diretora de Qualidade de Bio-Manguinhos, Rosane Cuber, em uma oficina promovida pela Fiocruz na manhã de hoje (4).
A vacina ainda está em fase de testes em humanos, mas, para acelerar o processo de registro sem prejudicar o rigor da análise, a agência reguladora iniciou a avaliação das etapas de desenvolvimento já concluídas.
Em outubro, a agência recebeu documentos referentes aos resultados dos estudos pré-clínicos, realizados em animais em laboratórios. O cronograma de submissão contínua segue a Nota Técnica 78/2020 e deve ser concluído até o fim de janeiro.
"Isso não está sendo feito só no Brasil. As agências reguladoras de outros países também estão adotando essa estratégia. A agência inglesa está adotando essa estratégia e, na agência europeia, há discussões para adotar essa mesma estratégia de submissão contínua", afirma Rosane Cuber. "Em novembro, a gente submete tudo que está sendo feito nas empresas que estão sendo contratadas pela AstraZeneca para produzir a vacina".
No mês que vem, em dezembro, serão entregues em dois blocos mais documentos que comprovem a qualidade das etapas de produção e a adequação de Bio-Manguinhos a esses processos, além dos primeiros resultados que demonstrem segurança e eficácia da vacina em humanos.
O pedido formal de registro da vacina deve ser protocolado em janeiro de 2021, e o processo final de avaliação deve durar cerca de um mês.
A vacina de Oxford foi a primeira a iniciar a fase de testes clínicos, e os experimentos em curso envolvem 57 mil voluntários, em sete países, como Brasil, Estados Unidos, África do Sul e Inglaterra. Os testes em andamento são chamados de testes de fase três, quando os pesquisadores comparam a incidência da doença em um grupo de voluntários vacinados com outro que recebeu placebo.
Nas etapas anteriores, com menos voluntários, 100% dos participantes vacinados desenvolveram resposta celular e produziram anticorpos séricos neutralizantes com duas doses da vacina. Nos casos em que foi testada apenas uma dose, a resposta celular também foi de 100%, mas a produção de anticorpos caiu para 91%.
Produção das doses
A Fiocruz deve começar a produzir a vacina em janeiro, antes mesmo da aprovação da Anvisa. O imunizante será produzido no Complexo Industrial de Bio-Manguinhos, que fica junto à sede da fundação, na zona norte do Rio de Janeiro. O objetivo de antecipar o processo é ter ao menos 30 milhões de doses até o fim de fevereiro, quando deve ficar pronto o parecer final da Anvisa com o registro da vacina, caso todos os testes confirmem a segurança e a eficácia da vacina. Se esse cronograma se confirmar, Bio-Manguinhos deve entregar em março as primeiras 30 milhões doses ao Ministério da Saúde, para que sejam disponibilizadas à população, a princípio em um esquema de vacinação com duas doses por pessoa.
Entre março e julho, a Fiocruz deve produzir mais 70,4 milhões de doses da vacina a partir do ingrediente farmacêutico ativo (IFA), que será enviado em carregamentos mensais de 15 milhões de doses pela AstraZeneca durante o primeiro semestre do ano, até a soma de 100,4 milhões de doses encomendada pelo governo brasileiro.
O IFA usado para produção da vacina requer uma estrutura de alta tecnologia para seu processamento, com armazenamento a -65 graus celsius. O diretor de Bio-Manguinhos, Maurício Zuma, explica que investimentos para processar e nacionalizar a produção do IFA já estão sendo feitos e envolvem mais de R$ 1 bilhão em recursos públicos e uma doação de R$ 100 milhões de reais da iniciativa privada. Entre as principais ações estão a adaptação de instalações por onde passará o IFA, a construção de uma área modular para controle físico-químico e a readequação das instalações de controle de qualidade.
Com a transferência de tecnologia prevista no acordo, A Fiocruz planeja iniciar a produção nacional do IFA no segundo semestre, com uma capacidade mensal de 15 milhões de doses em um primeiro momento, o que permitirá que mais 110 milhões de doses sejam produzidas até o fim de 2021. Nos dois semestres do ano que vem, o Brasil deve ter acesso a 210,4 milhões de doses da chamada vacina de Oxford, que é uma das dez vacinas que já entraram em testes clínicos de fase três.
No futuro, a Fiocruz planeja expandir sua capacidade de produção, chegando a 30 milhões de doses por mês e 300 milhões por ano, já que as paradas necessárias para o controle de qualidade fazem com que a produção só ocorra em 10 meses por ano. "Estamos discutindo a ampliação dessa produção com a aquisição de equipamentos maiores, mas eles não estarão disponíveis tão rapidamente. Não há disponibilidade no fornecedor para entrega no tempo que a gente gostaria para ampliar a produção para 30 milhões de doses mês", afirma Zuma.
Prontas, as vacinas poderão ser armazenadas a uma temperatura de 2 a 8 graus celsius, o que é compatível com a rede de frios do Sistema Único de Saúde (SUS), segundo Zuma. Cada frasco terá cinco doses da vacina, que será transportada e armazenada em caixas com 25 frascos, o que facilita sua logística, na avaliação do diretor de Bio-Manguinhos. A produção e disponibilização de cada dose deve custar cerca de 3,16 dólares.
O vice-presidente de produção e inovação em saúde da Fundação Oswaldo Cruz, Marco Krieger, avaliou que as 210 milhões de doses farão com que o Brasil seja um dos primeiros países a ter uma vacinação significativa no mundo. No ano que vem, somente Estados Unidos, Reino Unido, União Europeia, Vietnã e Japão devem superar a média de 1,5 dose disponível por habitante, e o Brasil deve chegar a 1 dose por habitante no fim do ano.
Como funciona a vacina?
A vacina desenvolvida pela AstraZeneca e a Universidade de Oxford utiliza a tecnologia de vetor viral, em que uma sequência genética do coronavírus é inserido em outro vírus, incapaz de se replicar, para, então, ser injetada no corpo humano e gerar a resposta imunológica. A vacina utiliza um adenovírus (vírus de resfriado) de chimpanzé para fazer o transporte da sequência da proteína S do coronavírus, que forma a coroa de espinhos que dá o nome ao microorganismo. Esses espinhos são fundamentais no processo de invasão das células humanas e também são capazes de despertar as defesas do nosso organismo. Os testes clínicos buscam comprovar que, uma vez vacinado, o corpo humano reconhecerá essa proteína e poderá produzir defesas que neutralizem sua ação, impedindo que uma pessoa adoeça ao ter contato com o coronavírus.
Até o momento, a mutabilidade do vírus não é considerada uma ameaça à eficácia da vacina, já que as mutações que têm sido observadas pela ciência não apresentam mudanças estruturais na proteína S, o que indica que vacinas que a adotem como alvo podem ser eficazes mesmo diante de mutações do coronavírus.
O vice-presidente da Fiocruz destacou ainda que resultados preliminares de estudos clínicos conduzidos com idosos na Inglaterra apontam que a vacina não perde eficácia nessa população, que é considerada grupo de risco para a covid-19.
"São populações muito vulneráveis à infecção por covid. A maior parte das mortes está nessa população, que, pelo próprio amadurecimento do sistema imune, tem mais dificuldade de fazer uma resposta efetiva", afirmou ele, que aguarda a confirmação dos resultados. "Se isso se confirmar, será um importante diferencial dessa plataforma tecnológica".