A variante do novo coronavírus detectada no Amazonas não é a única responsável pela explosão de casos na região, conforme explica o pesquisador Felipe Naveca, vice-diretor de Pesquisa e Inovação do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), que lidera o estudo que identificou a cepa.

O Estado tem recorde de internações e sepultamentos, além de fila de espera para vagas em UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
"Considero essa situação multifatorial. Há o início da temporada de vírus respiratórios no Amazonas, que historicamente acontece de meados de novembro em diante, no chamado inverno amazônico, quando outros vírus respiratórios, como o influenza, também aumentam. Então, há essa situação sazonal, a presença da variante e a diminuição do distanciamento social", afirma.

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O estudo sugere que as cepas detectadas em viajantes japoneses que tinham passado pela região amazônica evoluíram de uma linhagem viral no Brasil, que circula no Amazonas. A nova variante foi chamada de B.1.1.28. Os dados apontam que a mutação detectada na variante é um fenômeno recente, originada entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021.

O pesquisador afirma que está conduzindo, junto à Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas e Laboratório Central de Saúde Pública do Amazonas, um levantamento genômico de pessoas recentemente infectadas pelo coronavírus no Amazonas com o objetivo de detectar a circulação dessa linhagem no Estado.

Ele ressalta que essa cepa chama a atenção em relação às variantes detectadas no Reino Unido e na África do Sul porque acumulou muitas mutações em pouco tempo. "Essa variante apresenta uma série de mutações que ainda não tinham sido encontradas. Algumas delas envolve mutação na proteína spike, que é a proteína que faz a interação inicial com a célula humana, então isso chama bastante a atenção. É um vírus que acumulou muitas mutações em pouco tempo, acima do que gente estava vendo até o momento", diz.

A evolução do vírus é esperada e o Sars-Cov-2 ainda apresenta uma evolução mais lenta que outros vírus, segundo o pesquisador. "O novo coronavírus tem propriedade de fazer certo controle disso que os outros vírus de RNA não têm", explica.

O próximo passo, de acordo com Naveca, é aprofundar o sequenciamento de dezembro e janeiro para identificar se essa variante já estava em grande quantidade no Amazonas, além de detectar outras que possam surgir.

"É importante ressaltar que o vírus mutante, assim como o vírus original, não atravessa a máscara; não resiste à lavagem das mãos com água e sabão, ou com álcool gel, e a transmissão também é evitada com o distanciamento social. Então, nesse momento, é um apelo que a gente faz à população, para nos ajudar nessa situação tão difícil que nós estamos vivendo no Amazonas e em vários Estados do Brasil", afirma.

"É preciso frear a evolução desse vírus e isso só é feito diminuindo a transmissão, diminuindo o contato de pessoa a pessoa, que é o que transmite o vírus, seja orginal ou seja o mutante", acrescenta.

 

R7

 

A farmacêutica chinesa Sinovac Biotech defendeu nesta quarta-feira (13) a segurança e a eficácia da CoronaVac, um dia após o Instituto Butantan divulgar que a eficácia da vacina contra a Covid-19 é de 50,38%, muito menor do que foi inicialmente anunciado e do reportado em outros países.

A notícia levou Malásia e Singapura, que têm acordos de compra com a Sinovac, a afirmar que buscariam mais dados da empresa chinesa sobre as taxas de eficácia antes de aprovarem e comprarem a vacina.

"Os resultados dos testes clínicos de fase 3 são suficientes para provar que a segurança e eficácia da vacina CoronaVac são boas em todo o mundo", afirmou o presidente da Sinovac Biotech, Yin Weidong, em entrevista coletiva.
Em 24 de dezembro, a Turquia anunciou que a CoronaVac teve eficácia de 91,25% em uma análise preliminar dos resultados, mas o estudo completo não foi apresentado na época.

Na segunda-feira (11), a Indonésia divulgou que a vacina da Sinovac teve 65,3% de eficácia, segundo dados preliminares da fase 3 de testes.

Nesta quarta-feira (13), a Turquia aprovou o uso emergencial da CoronaVac e a Indonésia iniciou sua campanha nacional de vacinação com ela — o presidente Joko Widodo foi o primeiro a recebê-la.

Ao justificar as diferentes taxas de eficácia, Weidong afirmou que diferentes países usaram vacinas do mesmo lote em seus estudos, mas os protocolos de teste não são idênticos.

Foi a primeira vez que um porta-voz da empresa falou sobre as diferentes taxas de eficácia em diferentes países.
Antes de revelar a eficácia de 50,38% da CoronaVac no Brasil, o Instituto Butantan divulgou que a vacina mostrou eficácia de 78% contra casos "leves" e de 100% de eficácia contra casos "graves".

As divulgações parciais dos testes da Sinovac e estudos de outras vacinas chinesas têm levantado preocupações de que elas não estão sujeitas ao mesmo escrutínio público que as alternativas americanas e europeias, segundo a agência de notícias Reuters.

Países pedem mais informação
A Malásia informou nesta quarta que só vai seguir em frente com a compra da CoronaVac se a vacina cumprir os padrões de segurança e eficácia dos reguladores locais.

Na terça (12), a Pharmaniaga Bhd, da Malásia, assinou um acordo com a Sinovac para comprar 14 milhões de doses da CoronaVac e, posteriormente, fabricá-la no mercado interno.

Único país de alta renda com o qual a Sinovac fechou acordo até o momento, Singapura disse que vai analisar os dados oficiais quando a farmacêutica chinesa os divulgar, em vez de depender da eficácia relatada até agora, para então decidir se irá aprovar a vacina.

A Tailândia, que encomendou 2 milhões de doses da CoronaVac, afirmou que ainda está a caminho de receber e aplicar a vacina a partir de fevereiro, mas acrescentou que pedirá informações diretamente à Sinovac.

 

G1

cornaeficavacinaA eficácia da CoronaVac será novamente calculada quando o imunizante tiver autorização para uso emergencial dada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), disse o diretor médico de pesquisa clínica do Instituto Butantan, Ricardo Palácios.


Pouco antes, Palácios anunciou em entrevista coletiva na sede do Butantan que a vacina contra a covid-19 do laboratório chinês Sinovac tem eficácia geral de 50,38%, patamar ligeiramente superior aos 50% estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde e a Anvisa para uma vacina eficaz contra a covid-19.

Ele também reiterou as informações dadas pelo Butantan em entrevista coletiva na semana passada de que a vacina se mostrou 78% eficaz na prevenção de casos leves da doença e 100% em evitar casos graves e moderados no estudo clínico de Fase 3.
"O estudo continua", disse Palácios à Reuters por telefone horas depois da entrevista coletiva.

"Quando sair a autorização emergencial, a gente também tem a autorização para ofertar a vacina para o grupo placebo e quando isso acontecer, o acompanhamento do grupo se encerra. Então a gente vai ter uma nova consolidação de dados, vai ser recalculada a eficácia neste momento", explicou.

Palácios disse que o relacionamento entre as áreas técnicas do Butantan e da Anvisa durante a análise feita pela agência do pedido para uso emergencial tem sido bom até o momento.

"O processo está muito fluido, muito proveitoso", afirmou o diretor do Butantan.

"Acho também que há uma compreensão por parte da agência de que isso é uma autorização para uso emergencial. As informações não estão tão completas como se esperaria para um registro e nesse processo de condução de estudo existem diferentes níveis de amadurecimento dos dados", acrescentou.

A Anvisa anunciou nesta terça-feira (12) que está prevista para o próximo domingo a reunião de sua diretoria colegiada que decidirá tanto sobre o pedido de uso emergencial da CoronaVac, feito pelo Butantan, como da vacina de AstraZeneca/Oxford, elaborado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Indagado sobre os motivos que levaram o Butantan a optar por divulgar em entrevista coletiva na quinta-feira uma eficácia de 78%, que se refere apenas aos casos leves, deixando de fora os "muito leves", que não precisaram de atendimento médico, Palácios disse ser da área técnica do Butantan e que esse departamento não participou da tomada de decisão sobre o momento do anúncio.

"A gente tinha um compromisso que foi mantido de que íamos explicar como área técnica perante o público. Esse era o compromisso que a gente tinha", afirmou.

 

Reuters

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou nesta segunda-feira (11) orientações para a realização de testes rápidos para a investigação de infecção pelo novo coronavírus em farmácias. A publicação prevê ainda recomendações para realização de vacinação em farmácias, caso estejam incluídas nas estratégias de campanhas de vacinação do Ministério da Saúde.

O documento é destinado às farmácias e aos serviços de saúde, públicos e privados, que têm permissão para a realização dos testes. A Nota Técnica aborda a execução de testes rápidos, bem como as medidas de prevenção que devem ser adotadas durante a assistência aos casos suspeitos.

Segundo a Anvisa, a orientação se aplica a toda a equipe da farmácia para minimizar o risco de exposição ao vírus para os clientes durante a pandemia da covid-19.

“Como parte do sistema de saúde, as farmácias desempenham um papel importante na dispensação e fornecimento de medicamentos, administração de medicamentos, incluindo as vacinas e serviços de saúde ao público. É importante garantir a função contínua das farmácias durante a pandemia da covid-19. Durante a pandemia, a equipe da farmácia pode minimizar o risco de exposição ao vírus que causa o covid-19 e reduzir o risco para os clientes usando os princípios de prevenção e controle de infecções e distanciamento social”, argumenta a Nota Técnica.

A agência reguladora recomenda o uso de testes para pesquisa de antígeno viral, por exemplo, do tipo RT-PCR e TR-Ag, para diagnosticar infecção aguda. Além disso, informa que não é recomendado o uso de testes rápidos para diagnosticar infecção aguda. O documento ressalta que os resultados do teste rápido não devem ser usados isoladamente para determinar, por exemplo, se alguém pode voltar ao trabalho.

Infraestrutura

A Anvisa orienta que as farmácias que oferecem o exame por meio de coleta de amostra do trato respiratório superior, como as realizadas por meio de swab, sigam recomendações de biossegurança em relação à infraestrutura.

O documento orienta como s farmácias tenham separação física dos corredores de acesso; portas de acesso dupla com fechamento automático; ar de exaustão não recirculante e fluxo de ar negativo.

Segundo a publicação, além de medidas de contenção aos riscos primários, causados aos trabalhadores que lidam com estes agentes, que incluem a autoinoculação, a ingestão e a exposição aos aerossóis infecciosos, para a sala em que será realizada a coleta, devem ser mais enfatizadas as barreiras primárias (equipamentos de segurança) e secundárias (soluções físicas) para que sejam também protegidos os funcionários de áreas contíguas, a comunidade e o meio ambiente contra a exposição aos aerossóis potencialmente infecciosos.

Vacinação

A publicação prevê recomendações para realização de vacinação em farmácias, caso estejam incluídas nas estratégias de campanhas do Ministério da Saúde. A Nota ressalta que os estabelecimentos precisam assegurar requisitos mínimos para garantir a segurança e qualidade, na conservação, aplicação e no monitoramento das vacinas da campanha, bem como, a segurança do vacinado e a dos profissionais de saúde envolvidos.

“Neste quesito, de forma temporária e excepcional, as determinações sanitárias relacionadas à estrutura física podem ser flexibilizadas para as farmácias privadas durante este período da pandemia”.

 

Agência Brasil