insumoschinaA partir de outubro, a produção da CoronaVac pelo Instituto Butantan deixará de depender de insumos da China. A expectativa do governo vem da construção de uma nova fábrica do Butantan, iniciada em 2 de novembro do ano passado com verba de doações de 23 empresas, arrecadadas em 42 dias, sem contrapartidas.


A previsão é que a nova fábrica seja entregue no dia 30 de setembro e, em seguida, comece o processo de autorização da Anvisa para a operação. 'Isso vai fazer com que tenhamos independência completa na produção da vacina sem necessidade de importar insumos da China", afirmou Wilson Melo, presidente da Invest SP, agência paulista de promoção de investimentos e competitividade.


Atualmente, o governo paulista lida com o atraso no envio de insumos para a produção da CoronaVac. A matéria-prima está pronta e aguarda liberação do governo chinês para ser enviada ao Brasil. Se o material não chegar até o final do mês, o cronograma de vacinação terá de ser alterado não só em São Paulo, como em todo o país, já que a CoronaVac é hoje a única vacina distribuída pelo governo federal aos demais estados. O escritório de São Paulo em Xangai, na China, está negociando a liberação.

O Butantan aguarda a chegada de 5,4 mil litros de matéria-prima até o fim do mês e mais 5,6 mil até o dia 10 de fevereiro. Com o material, é possível produzir 5,4 milhões de doses da vacina. Após a chegada dos insumos, o envase deve ocorrer dentro de cinco ou seis dias. Após o envase, a produção envolve outros processos, como controle de qualidade, por exemplo. A conclusão de todas as etapas leva em torno de 20 dias.

 

R7

Foto: AMANDA PEROBELLI/REUTER

Profissionais de saúde receberam a bula da Coronavac e confirmaram que as contraindicações da vacina são poucas e restringem, principalmente, pessoas com alergia a algum componente da vacina.

A informação foi dada pela CNN, segundo ela, pacientes com doença aguda, início de enfermidade crônica e histórico de epilepsia ou convulsão devem procurar um médico antes da aplicação.


Para casos de reação alérgica a algum componente da vacina no momento da aplicação, o Instituto Butantan afirma que os pontos de vacinação têm doses de adrenalina para reverter um possível choque anafilático.

Gestantes e lactantes não devem se vacinar neste primeiro momento, simplesmente, porque as pesquisas e estudos não contemplaram esse grupo.

A Sociedade Brasileira de Infectologia emitiu um comunicado destacando que não há tratamento preventivo contra a Covid-19, exceto as medidas que já conhecemos: isolamento social, uso de máscaras e higienização das mãos.

Pesquisas clínicas com medicações antigas indicadas para outras doenças e novos medicamentos estão em pesquisa. Atualmente, as principais sociedades médicas e organismos internacionais de saúde pública não recomendam o tratamento preventivo ou precoce com medicamentos, incluindo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), entidade reguladora vinculada ao Ministério da Saúde do Brasil”, consta trecho do comunicado.

 

IstoÉ

A Moderna afirmou na terça-feira (18) que recebeu um relatório do Departamento de Saúde da Califórnia, nos Estados Unidos, sobre possíveis reações alérgicas à vacina contra a covid-19 observadas em várias pessoas que podem estar relacionadas a um determinado lote.

O anúncio da empresa foi feito depois que o principal epidemiologista da Califórnia divulgou, no domingo (17), um comunicado recomendando aos provedores pausarem a vacinação do lote nº. 41L20A devido a possíveis reações alérgicas que estão sob investigação.
"Um número maior do que o normal de possíveis reações alérgicas foi relatado com um lote específico da vacina Moderna administrada em uma clínica de vacinação. Cerca de 10 indivíduos necessitaram de atenção médica ao longo de 24 horas", afirmou o epidemiologista em um comunicado.

O fabricante disse não ter conhecimento de casos semelhantes ​​de eventos adversos em outros centros de vacinação que podem ter administrado vacinas do mesmo lote ou de outros lotes da vacina.

Um total de 307.300 doses do lote permanecem em armazenamento, disse a Moderna, do total de 1.272.200 doses produzidas.

A Moderna divulgou que está trabalhando em estreita colaboração com os reguladores de saúde dos EUA para entender os casos e se a pausa no uso do lote se justifica.

Quase um milhão de doses do lote já foram distribuídas para cerca de 1.700 postos de vacinação em 37 estados, disse a Moderna.

 

Reuters

inflamaçaoCasos severos e fatais de covid-19 têm como característica um quadro de inflamação sistêmica que, além dos pulmões, leva ao colapso diferentes órgãos do paciente. Trata-se de uma reação inflamatória fora de controle, que envolve elevadas taxas de moléculas pró-inflamatórias circulantes no sangue – fato conhecido como tempestade de citocinas. Essa resposta imunológica exacerbada tende a causar danos ainda maiores que o próprio vírus.

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) demonstraram, pela primeira vez, que o processo inflamatório pulmonar, a tempestade de citocinas e a gravidade da doença estão associados ao aumento exagerado de mediadores lipídicos (derivados de ácido araquidônico) e de acetilcolina – substância normalmente produzida no sistema nervoso central e que participa da comunicação entre neurônios.

 

O trabalho foi apoiado pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) por meio de um projeto que investiga biomarcadores e novos alvos terapêuticos para a covid-19. Os resultados foram publicados na plataforma medRxiv , em artigo ainda sem revisão por pares.

“Ao encontrar uma alta concentração desses componentes moleculares no soro de pacientes com quadros graves de covid-19, podemos supor que células pulmonares e leucócitos [do sistema imunológico] liberam, além de citocinas, a acetilcolina, o acido araquidônico e seus derivados. Isso foi uma grande surpresa, pois nunca esses compostos lipídicos tinham sido descritos atuando no pulmão na covid-19”, diz Lúcia Helena Faccioli , professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP-USP).

A pesquisa faz parte dos objetivos do consórcio ImunoCovid – coalizão multidisciplinar que envolve dez pesquisadores da USP e um da UFSCar, além de profissionais de saúde da Santa Casa de Misericórdia e do Hospital São Paulo em Ribeirão Preto, que trabalham em colaboração e com o compartilhamento de dados e de amostras.

 

De acordo com a pesquisadora, o achado abre caminho para novos estudos sobre a participação de mediadores lipídicos nesse tipo de inflamação, bem como possíveis marcadores de gravidade e tratamento da covid-19.

Além dos dois componentes moleculares, os pesquisadores da USP identificaram o decréscimo na expressão CD14 e CD36, glicoproteínas da membrana de células de defesa (leucócitos). Também descobriram que o uso de corticoides no tratamento da inflamação reduz apenas as taxas de acetilcolina, não interferindo no ácido araquidônico e seus derivados.

“Dessa forma, apesar de ser benéfico para muitos pacientes, o uso de corticoides para tratar a hiperinflamação não induz os mesmos resultados para todos os doentes. Por isso, com base no que vimos em nosso estudo, é de se sugerir que o tratamento com corticoides seja iniciado o quanto antes em indivíduos hospitalizados e com quadros graves e críticos, em combinação com inibidores do metabolismo de ácido araquidônico”, diz Faccioli.

Vale ressaltar que o uso inadequado de corticoides pode trazer riscos relevantes para o organismo. É importante buscar orientação médica no que diz respeito à dose, ao período de início e à duração do tratamento. Usar esse tipo de medicamento sem prescrição médica na fase viral da doença, que vem antes da fase inflamatória, pode agravar a infecção.

Quebra-cabeça

A descoberta adiciona peças importantes ao quebra-cabeça que envolve diferentes moléculas em cascata até que ocorra a tempestade de citocina. Estudo realizado por outro grupo da USP, também em Ribeirão Preto, já havia demonstrado a participação de um mecanismo imunológico conhecido como inflamassoma nesse processo.

Para determinar se a infecção pelo vírus SARS-CoV-2 alterava o metabolismo dos mediadores lipídicos, o grupo de Faccioli realizou análises por meio de uma técnica conhecida como espectrometria de massa de alta resolução. Os pesquisadores estudaram o lipidoma (conjunto de moléculas de origem lipídica) no plasma sanguíneo de pacientes com covid-19 e de voluntários saudáveis. No total, 8.791 metabólitos do tipo estavam presentes em pelo menos 50% de todas as amostras.

Em seguida, os cientistas acompanharam a produção de mediadores no soro sanguíneo de 190 pacientes com covid-19 (de 16 a 97 anos), sendo 43 assintomáticos, 44 moderados, 54 graves e 49 críticos. Dessa forma, foi possível estratificar os doentes em quatro fases ou graus diferentes da infecção: leves, moderados, graves e críticos. Soma-se aos dados a análise de 39 participantes saudáveis e 13 hospitalizados sem covid-19 (não infectados), que formaram o grupo controle.

Os resultados do estudo foram confirmados com a análise de dados de expressão gênica de biópsias pulmonares de pacientes infectados pelo SARS-CoV-2 depositados em repositórios públicos e publicados em artigos científicos. Embora mais estudos sejam necessários, os resultados abrem novas perspectivas para o tratamento da covid-19.

 

Agência Fapesp

Foto: ALISSA ECKERT, MS; DAN HIGGINS, MAM/CDC/REUTERS