Trocar o dia pela noite pode ser considerado um hábito ou um até mesmo um estilo de vida? Para algumas pessoas, sim, isso é natural ou até uma obrigação profissional.

Nesta semana, uma criadora de conteúdo viralizou no TikTok ao responder a uma seguidora que a questionava sobre não existirem pessoas "noturnas". A jovem comentou que, com muita facilidade, dormia de dia e passava a noite acordada. No vídeo, a bióloga e DJ Mari Krüger falou brevemente sobre os três cronotipos que existem: matutino, vespertino e intermediário. Mas por que não existe um cronotipo noturno?

A resposta é simples: não é natural, afirma a pesquisadora do Instituto do Sono e professora de medicina e biologia do sono do Departamento de Psicobiologia, na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Vânia D'Almeida. "O ser humano é um animal diurno. Por conta até do processo evolutivo, o nosso organismo está programado para fazer as coisas, como comer a praticar atividade física, entre 7h30 e 19h, e a outra fase é para repouso, no escuro. A gente fica, então, brigando com isso. A hora em que você se expõe ao contrário, está desafiando toda a sua bagagem biológica que te colocou como um ser diurno."

Os cronotipos aceitos cientificamente são justamente os citados pela tiktoker. Segundo o Instituto do Sono, podemos ser classificados como:

  • Matutinos: são pessoas que preferem dormir e acordar mais cedo do que a média das outras pessoas; geralmente atingindo o pico de produtividade pela manhã. Estas pessoas costumar ter maior dificuldades para permanecer acordadas até tarde, bem como para manter-se atentas e produtivas ao final da tarde e durante à noite. Podem ser classificados como matutinos moderados ou extremos. Um indivíduo matutino prefere sair da cama entre 6h e 8h, ou até antes, e dorme por volta das 21h ou 22h.
  • Vespertinos: são pessoas que preferem dormir e acordar mais tarde do que a média das outras pessoas; geralmente atingindo o pico de produtividade no final da tarde ou início da noite. Essas pessoas costumam ter maior dificuldade para acordar cedo ou para trabalhar e estudar em horários pela manhã. Podem ser classificados como vespertinos moderados ou extremos. O horário de sono delas, normalmente, é entre 1h e 11h.
  • Intermediários: são pessoas cujos horários de dormir e acordar coincidem com a média da população. Essas pessoas costumam tolerar com maior facilidade pequenas alterações de rotina e horários.

O Instituto do Sono tem um teste, com 19 questões, em que você pode descobrir qual é o seu cronotipo. Clique aqui para fazê-lo. O nosso organismo todo funciona com base no ritmo circadiano, que regula, em um período de 24 horas, processos fisiológicos, incluindo o sistema imunológico, defesas antioxidantes, regulação da glicose e controle do sono.

Afastar-se demais dos horários convencionais de dormir e acordar pode significar um distúrbio. Portanto, trocar o dia pela noite, por exemplo, "é uma característica de excesso", observa Vânia.

Os transtornos do sono relacionados ao ritmo circadiano podem ser tanto a síndrome de atraso das fases do sono quanto a síndrome de avanço das fases do sono.

Na primeira, é o caso de alguém que dorme às 5h e acorda depois do meio-dia. A segunda seria uma pessoa que desperta às 5h, algo muito comum entre idosos.

A pesquisadora do Instituto do Sono ressalta que os cronotipos têm um componente genético, assim como há evidências científica de que os distúrbios de ritmo também têm.

"Dependendo da genética, do ambiente e até da idade, a pessoa tem preferências pela manhã ou pelos horários mais tarde." Por mais que você se acostume a dormir em horários não convencionais, a inversão do ciclo sono-vigília, também chamada de cronodisrupção, é descrita em diversos estudos científicos como fator de risco para uma série de doenças.

Independentemente do horário em que vamos para a cama, sempre haverá uma descarga de cortisol, uma espécie de hormônio do despertar, entre 5h e 6h, afirma a pesquisadora.

"A pessoa que vai dormir nas primeiras horas da manhã estará menos preparada para o sono", pontua.

Em um artigo publicado no Journal of Biological Rhythms, em março de 2017, o pesquisador Christopher J. Morris e a equipe dele, da Escola de Medicina da Universidade de Harvard, analisaram o impacto do trabalho por turnos na saúde de alguns indivíduos.

Eles observaram que os trabalhadores que trocavam o dia pela noite tiveram um aumento de 11% da proteína C-reativa (um marcador de inflamação no organismo), além de um aumento da pressão arterial.

"Isso pode ajudar a explicar o aumento do risco de inflamação, hipertensão e doenças cardiovasculares em trabalhadores por turnos", escreveram os autores.

Vânia destaca que há "estudos que mostram que é 40% mais alto o risco de doença cardiovascular em quem trabalha no turno noturno".

Outro problema apontado pelo endocrinologista Paulo Rosenbaum, do Hospital Israelita Albert Einstein, é o ganho de peso em pessoas que invertem os horários.

"Trabalhadores noturnos que têm uma mudança do ritmo circadiano vão ter uma inversão de hormônios que provocam saciedade e diminuição do apetite. Já está comprovado que os trabalhadores noturnos tendem a ganhar mais peso por essa mudança dos hormônios que provocam saciedade e diminuição do apetite", afirma.

Ele cita a grelina, que é conhecida como "hormônio da fome", pois regula o apetite, e a secreção dela depende do ritmo circadiano.

Outro hormônio mencionado pelo médico é a leptina, que desempenha um papel fundamental na sensação de saciedade.

Pesquisadores da Universidade Gazi, em Ancara, na Turquia, fizeram um estudo, apresentado em 2017, durante o Congresso Internacional de Bioquímica, em que monitoraram por três meses trabalhadores com turnos diurno e noturno. Eles mediram níveis de melatonina, leptina e grelina.

Os trabalhadores noturnos tinham níveis significativamente mais baixos de melatonina. Também identificou-se taxas ligeiramente menores de leptina neles.

"O nível de grelina e outros parâmetros bioquímicos, incluindo triglicerídeos, açúcar no sangue em jejum, insulina, índice de resistência à insulina e colesterol aumentaram no grupo noturno, mas esses incrementos não foram estatisticamente significativos", anotaram.

Por fim, eles sugerem que esse grupo estava mais sujeito a desenvolver síndrome metabólica (um conjunto de doenças cuja base é a resistência à insulina). Melatonina

Ao contrário do que se difundiu, a melatonina não é o hormônio do sono. Ela é produzida pela glândula pineal quando estamos no escuro. Se houver luz, a produção é inibida.

"A melatonina não induz sono, ela sinaliza o organismo que é noite. A gente tem toda uma programação biológica, genética, para dormir de noite. Se eu deixo a luz acesa, meu organismo vai pensar que ainda não é noite. Normalmente, a produção dela está condicionada a você estar no escuro. A visão conversa com o hipotálamo, que é a região do cérebro que vai controlar isso, sinalizar para todo o organismo", explica Vânia.

Tomar melatonina para dormir não é indicado para quem tem insônia, mas, em entrevista anterior ao R7, a médica Dalva Poyares, também pesquisadora do Instituto do Sono, havia falado sobre os possíveis benefícios da suplementação para quem acaba indo dormir no meio ou no fim da madrugada.

"A melatonina pode ajudar a quem tem um distúrbio de ritmo biológico, como atraso de fase [do sono]. Tem pessoas que têm dificuldade em dormir cedo, mas também têm dificuldade em acordar. Então, não é bem insônia, tem a ver com o ritmo biológico. Então, ela [a melatonina] pode ter uma indicação. E, mesmo assim, em qual dose? Não existe um protocolo", argumentou.

De qualquer forma, é fundamental praticar a chamada higiene do sono, que muitas vezes é a razão pela qual as pessoas têm dificuldade em ir para a cama no horário que precisam e, consequentemente, para acordar no dia seguinte.

Vânia ressalta três condições que devem ser observadas:

  • Iluminação: o ideal é que você esteja em um ambiente escuro.
  • Temperatura do ambiente: que não seja muito calor nem muito frio.
  • Som: evitar o excesso de ruídos.

Além disso, não se deve comer muito próximo ao horário de ir para a cama, nem praticar atividades físicas. As telas precisam ser deixadas de lado pelo menos uma hora antes de se deitar.

R7

 

A Secretaria da Assistência Técnica e Defesa Agropecuária (Sada), através da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Piauí (Adapi), realizou mais uma fiscalização de rotina que resultou na apreensão de vacinas contra a Febre Aftosa, Polivalente, Encefalopatia Equina, Garrotilho, Antirrábica, Gumboro e Polivalente Canina. A ação aconteceu em estabelecimentos comerciais da cidade de Bom Jesus, no sul do estado, onde os fiscais da Adapi identificaram os frascos dos imunizantes armazenados em temperatura inadequada.

adapi

“As doses foram encontradas na temperatura entre 12 e 24 graus Celsius, por isso todo o produto apreendido será destruído. No ato da fiscalização, foi lavrado um termo de apreensão e outro de inutilização do produto”, detalhou Regina Fialho fiscal médica veterinária da Usav de Bom Jesus, responsável pela ação.

A fiscalização é realizada em toda a cadeia de frio da vacina, desde a saída dos laboratórios até a chegada nas revendas. Ao chegar nos revendedores, o responsável deve comunicar ao Serviço Veterinário Oficial da Adapi para que seja feita a verificação dos estoques e temperatura da vacina.

“As vacinas com temperaturas alteradas são inviáveis, pois ficam inativadas e não conferem imunidade ao rebanho, com isso os animais ficam vulneráveis e em caso de contato com o agente infeccioso podem adquirir a doença, trazendo um grande risco a saúde da população e ao agronegócio estadual e nacional”, explicou Simone Pereira, coordenadora do Programa de Vigilância para Febre Aftosa (PEEFA), que também destacou que a temperatura ideal de acondicionamento da vacina contra a febre aftosa é de 2º a 8º graus Celsius.

Segundo Rosal Vaz, fiscal médico veterinário da Usav de Bom Jesus, foram apreendidas 2.570 doses de vacinas contra Polivalente, 730 contra Febre Aftosa, 100 doses contra Encefalopatia Equina, 20 contra Garrotilho, 2.000 doses contra Gumboro, 810 doses Antirrábica, 5 doses contra Polivalente Canina. “As vacinas são sempre acondicionadas em geladeiras de uso exclusivo e devem possuir termômetro com temperatura máxima e mínima, para detecção de qualquer problema de alteração na temperatura”.

A legislação é clara e exigente quanto a revenda veterinária, por isso em caso de negligência, as vacinas poderão ser apreendidas pela fiscalização. Além disso o comprador fica lesado pelo código de defesa do consumidor.

Adapi

A tireoide é uma importante glândula localizada no pescoço que é responsável por produzir hormônios que controlam a velocidade com que as funções químicas do corpo progridem (T4 e T3). Eles estimulam os tecidos do corpo a produzir proteínas e aumentam a quantidade de oxigênio que as células usam. Para funcionar adequadamente, a tireoide precisa de iodo. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), 750 milhões de pessoas em todo o planeta sofrem de algum distúrbio na tireoide, mas estima-se que 60% não saibam. Neste Dia Internacional da Tireoide, veja quais são os principais sinais que sugerem um problema nessa parte do corpo

Hipertireoidismo

Esse quadro é mais comum em mulheres e geralmente ocorre entre 20 e 40 anos de idade. Segundo o NHS (Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido), pessoas que têm tireoide hiperativa costumam sentir ansiedade/irritabilidade; mudanças de humor; dificuldade para dormir; cansaço e fraqueza persistentes; sensibilidade ao calor; inchaço no pescoço devido ao aumento da glândula; frequência cardíaca acelerada e palpitações; tremores e perda de peso

Os tratamentos do hipertireoidismo incluem remédios para reduzir a produção de hormônios, radioiodo (um tipo de radioterapia que diminui a capacidade da tireoide ou cirurgia para remover parte ou toda a glândula

Hipotireoidismo

É o oposto do hipertireoidismo. Nesse caso, a glândula não produz a quantidade de hormônios que deveria. As manifestações da condição se dão, segundo o Ministério da Saúde, com perda de peso; dores musculares; cansaço; prisão de ventre; intolerância ao frio; ressecamento da pele e depressão. "Em adultos, na maioria dos casos o hipotireoidismo é causado por uma inflamação chamada tireoidite de Hashimoto, podendo também ser provocada pela falta ou pelo excesso de iodo na dieta", acrescenta a pasta.

De acordo com o NHS, casos mais graves podem ter sintomas como voz grave e rouca; rosto inchado; sobrancelhas finas ou parcialmente ausentes; frequência cardíaca lenta; perda de audição e anemia. O tratamento do hipotireoidismo é feito com um remédio que vai repor a tiroxina que não é produzida pelo corpo.

Nódulos na tireoide

Alguns pacientes podem desenvolver pequenos crescimentos de células não cancerígenas (nódulos e adenomas) na camada que reveste a superfície interna da tireoide. Segundo a Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, nos EUA, o próprio adenoma pode secretar hormônio tereoidiano e causar hipertireoidismo. Pode ser necessária uma cirurgia para remover esse nódulo.

Câncer de tireoide

O Ministério da Saúde destaca que esse é o tumor mais comum na região da cabeça e pescoço, afetando três vezes mais as mulheres do que os homens. Os sinais são rouquidão inexplicável, dificuldade para engolir e dificuldade para respirar. "O diagnóstico do câncer da tireoide começa com a história clínica e o exame físico. Muitas vezes, em tumores pequenos, os pacientes são assintomáticos. O diagnóstico normalmente é feito após a realização de ultrassonografia do pescoço", acrescenta a pasta

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Cientistas da Universidade de Augusta, nos Estados Unidos, estão analisando drogas estudadas em ensaios clínicos para o câncer para ajudar a frear o envelhececimento dos ossos e músculos de pessoas com HIV.

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Os coquetéis antirretrovirais, utilizados no tratamento da doença, impedem o processo de replicação viral podendo tornar o vírus indetectável e instrasmisível, além de também reduzir a carga viral. Contudo, tanto o vírus quanto o tratamento podem acelerar o envelhecimento dos ossos e músculos, por isso os pesquisadore norte-americanos estão estudando meios de frear esse processo.

Meghan McGee-Lawrence, engenheira biomédica da Universidade de Augusta, disse em comunicado que “essas drogas estão fazendo o que deveriam, estão estendendo a vida útil.” Agora, disse a engenheira, “o que precisamos fazer é lidar com os efeitos colaterais para que você possa estender o tempo de saúde e a vida útil”.

Os cientistas estudam o triptofano, um aminoácido essencial, importante para o metabolismo. A indoleamina è uma enzima natural que ajuda a quebrar o triptofano em produtos utilizáveis como a quinurenina, associada à produção de combustível para as nossas células. Com a idade, os níveis de triptofano tendem a diminuir, enquanto aumenta os níveis da indoleamina. Esse processo resulta em uma maior conversão do triptofano disponível em quinurenina, que é conhecido por ativar o receptor de hidrocarboneto aril (AhR). Normalmente, o AhR tem um papel bastante global, ajudando a perceber o que está acontecendo no ambiente do corpo e fazendo os ajustes necessários, inclusive na resposta imune e na expressão gênica, regulação da glicose e remoção de toxinas. segundo os cientistas, este “receptor já é altamente expresso em células ósseas e musculares e é considerado como tendo um papel fundamental no envelhecimento e na expectativa de vida”.

Com a produção mais alta de quinurenina, mais altos são os níveis produzidos de estresse oxidativo destrutivo, que danifica usinas celulares para que nossas células não obtenham toda energia de que precisam, aumenta a inflamação e geralmente envelhece nossos ossos e músculos.

Os pesquisadores, recentemente, também perceberam que essas dinâmicas relacionadas ao envelhecimento podem aumentar o estresse oxidativo e induzir o processo de envelhecimento, chamado senescência, nas células-tronco da medula óssea, que produzem células ósseas e musculares. Com a senescência, as células normalmente não morrem, mas param de funcionar de forma ideal ou sua função pode mudar e pode começar a secretar muitos fatores inflamatórios. Os problemas com estresse oxidativo e senescência provavelmente resultam dos medicamentos antirretrovirais que afetam as usinas celulares, ou mitocôndrias, de modo que não funcionam de forma eficiente.

Segundo Hamrick, especialista em envelhecimento da Universidade, o resultado final “é a aceleração do envelhecimento em cerca de uma década, observando que outros aspectos, como o declínio cognitivo, também parecem afetados.” O especialsta também afirma que, apesar da clara eficácia dos antirretrovirais atuais contra o HIV, ainda há um nível de inflamação nos pacientes que parece estar aumentando os níveis de quinurenina.

Portanto, os especialistas buscam meios para intervir no processo de composição que produz o enfraquecimento do organismo de maneira precoce. Eles têm evidências de que, por exemplo, marcadores de atrofia muscular, perda óssea e ativação de AhR estão todos aumentados em seu modelo de camundongo de infecção por HIV. Por outro lado, eles têm evidências iniciais de que eliminar o AhR ou inibi-lo com drogas aumenta a saúde e força muscular e óssea em testes com os animais. Eles estão analisando tanto o impacto dos inibidores da indoleamina quanto os medicamentos que inibem diretamente o AhR.

Os novos estudos também testam a hipótese principal de que a ativação excessiva do AhR é a chave para a perda óssea e muscular que ocorrem com o envelhecimento e para a aceleração dos problemas com a infecção e o tratamento do HIV.

“Esperamos identificar alguns novos alvos para prevenir a perda muscular e óssea com o envelhecimento”, disse o cientista.

Os pesquisadores esperam que seu trabalho ajude a ajustar os medicamentos existentes para reduzir seus efeitos que contribuem para o envelhecimento ou fornecer uma terapia adjuvante para pessoas com HIV que interrompe o envelhecimento acelerado.

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Foto: Reprodução/Pixabay