O Piauí deverá alcançar, este ano, o posto de segundo maior produtor nordestino de algodão, atrás apenas do estado da Bahia e à frente do Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas, de acordo com o 9º levantamento da safra brasileira de grãos feito pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A colheita do algodão nos Cerrados do Piauí começou no fim de junho e será concluída em agosto. A estimativa é de que sejam colhidas 78,3 mil toneladas, 8 mil toneladas a mais que o Maranhão, o terceiro colocado. Mantido este resultado, a cultura do algodão no Estado apresentará um crescimento de 16,3% em relação à safra passada. A produtividade média deverá ficar em 3.675 quilos por hectare. A média equivale a uma produção de 245 arrobas por hectare, a segunda melhor do Nordeste.
A fazenda Nova Fronteira, administrada por um grupo que mantém fazendas nos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e na África, começou a colher uma área de 5 mil hectares de algodão no município de Santa Filomena, a mais de 900 quilômetros de Teresina, e espera superar a produtividade média estimada pela Conab. No início da colheita, a média varia de 230 a 250 arrobas por hectare, mas em alguns locais chega a 280 arrobas, o que equivale 4,2 mil quilos.
O responsável pela colheita, Alberto Trulli, explicou que este ano a empresa investiu R$ 3 milhões na aquisição de novas máquinas. “São máquinas que, além de colher, prensam o algodão e já preparam o fardo para armazenamento”. Este ano, a fazenda já colheu 11 mil hectares de soja, com uma produtividade média de 40 sacas de 60 quilos por hectare. A produtividade, um pouco abaixo da média da região, se explica pelo fato de boa parte da área colhida ter sido plantada pela primeira vez.
Para o gerente da fazenda, o gaúcho José Roberto Machry, a construção da BR 235, ligando a cidade de Santa Filomena a Gilbués vai ser determinante para o fortalecimento da produção agrícola na região. “Com certeza vamos plantar mais algodão, soja, milho, arroz e feijão”.
Renascimento
A cultura do algodão no Piauí atravessou grandes dificuldades na década de 1980, destacando-se a chegada ao Brasil da praga do bicudo, inseto responsável por sérios prejuízos à cotonicultura, que foi praticamente extinta na região de Picos, à época a de maior produção e sede de uma indústria têxtil, a única do Estado.
Em 1986, segundo dados do Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) existiam 219.876 hectares de algodão no Estado, sendo 155.081 hectares de algodão arbóreo e 64.796 hectares de algodão herbáceo. A região do Semiárido já foi responsável por 79,51% da área plantada de algodão no Piauí, garantindo 55,08% da produção estadual da fibra. O cultivo de algodão chega a empregar dois homens por hectare ao ano.
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