sintomascovidDesde o começo deste mês, o Ministério da Saúde recomenda que pacientes devem buscar atendimento médico imediato em caso de sintomas relacionados à covid-19, mesmo que eles sejam leves.

De acordo com o secretário-executivo da pasta, Élcio Franco, isso permite evitar o agravamento do quadro clínico dos pacientes e a sobrecarga de UTIs (Unidades de Terapia Intensiva).

"A velocidade de agravamento [da covid-19] pode ser muito rápida". Por isso, caso o atendimento não seja precoce. "o paciente já vai chegar no hospital para ir direto para a UTI e ser intubado", alertou.


No começo da epidemia no Brasil, a orientação era ir ao hospital somente se houvesse sinais mais contundentes, como febre alta persistente e falta de ar. Especialistas ouvidos pelo R7 concordam com a mudança de orientação estabelecida pelo Ministério por essa mesma razão apontada por Franco.

"Isso é uma coisa que a gente, como médico, também foi aprendendo: que avaliar de forma precoce permite diagnosticar, monitorar e prevenir o agravamento", observa o infectologista Jean Gorinchteyn, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo.

"Às vezes, você entra no hospital relativamente bem e depois de algumas horas isso muda", acrescenta Carlos Lazar, professor da disciplina de moléstias infecciosas na PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).

O especialista destaca que a ida imediata ao hospital também é importante para evitar a transmissão do novo coronavírus, que acontece mesmo por pessoas que apresentam sintomas leves.

Ele enfatiza que a avaliação clínica feita pelo médico não substitui o teste RT-PCR, capaz de diagnosticar a infecção pelo novo coronavírus, mesmo que amparada em exames como a tomografia.

Ele enfatiza que a avaliação clínica feita pelo médico não substitui o teste RT-PCR, capaz de diagnosticar a infecção pelo novo coronavírus, mesmo que amparada em exames como a tomografia.

"A análise pode sugerir [o diagnóstico de covid-19], mas não vai ser de total confiança. Só o teste dá essa certeza", afirma, "Exames também não [substituem o teste] porque aquela imagem que você tem na tomografia pode ser covid-19 ou uma infecção por outros vírus, como o influenza", completa.

Ele cita o caso de uma mulher que está no puerpério e levou seu filho para uma consulta na quinta-feira (16). "Ela disse que estava tomando tylenol porque teve febre alta e dor no corpo. Aí falei: 'Precisa fazer o teste'. É bom verificar e fazer quarentena, porque ela pode estar transmitindo para a família", exemplifica.


Gorinchteyn pontua que a análise clínica e o teste de biologia molecular são duas coisas "absolutamente diferentes".

"Se eu paro de fazer teste, paro de fazer diagnóstico. Posso estar tratando a covid-19 ou uma gripe. É essa testagem que faz eu definir etratégias em termos de conduta [perante o paciente]", pondera.

Ambos ressaltam que todos aqueles com suspeita de covid-19 deveriam fazer o teste RT-PCR. "Países com grande número de pessoas infectadas estão na nossa frente [no combate à pandemia] por conta da testagem, assim conseguiram evitar o andar da carruagem", avalia Lazar.

O infectologista menciona Portugal como um exemplo a ser seguido. "Todos que vão viajar para lá têm que fazer o teste, estejam ou não com sintomas, 72 horas antes de ir".

Ele afirma que deveria haver uma testagem maior para detectar casos assintomáticos. Em sua avaliação, a baixa realização de testes foi fator determinante para que a pandemia evoluísse de maneira drástica no país. "Estamos com essa quantidade de mortos porque não testamos", finaliza.

 

R7

Foto: Freepik

dimasO presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou nesta segunda-feira (20) que a vacina Coronavac, desenvolvida a partir de uma parceria entre o governo de São Paulo e um laboratório chinês, pode chegar aos brasileiros no início de 2021. "Poderemos ter essa vacina disponível no início do próximo ano", afirmou o médico infectologista.


Segundo ele, inicialmente estão previstas 120 milhões de doses que poderão ser utilizadas para vacinar 60 milhões de brasileiros. "Estamos aprendendo importantes lições com essa pandemia. Já tivemos, no passado, outras epidemias com o coronavírus. A China já tinha experiência com o desenvolvimento anterior de uma vacina para a Sars, mas não chegou a ser concluído. Por isso, temos que completar esse processo. Esta vacina poderá ser útil para essa epidemia e outras que possam surgir", exlicou Covas.


"Qualquer vacina que seja provada eficaz é válida, melhor se tivessemos duas ou três disponíveis. É natural imaginar dois grupos principais como eventuais prioritários para receber a vacina, são eles: pessoas com doenças mais graves e grupos responsáveis pela manutenção do vírus em comunidades", explicou Esper Kallas, médico e professor da USP.

Dimas e Kallas explicaram ainda as diferenças entre as tecnologias utilizadas para o desenvolvimento das vacinas Coronavac e a de Oxford. "A Coronavac utiliza uma tecnologia tradicional já utilizada contra a raiva e contra a dengue. A tecnologia utilizada no desenvolvimento da vacina de Oxford é nova e poderá ser uma evolução na tecnologia de produção de vacina. Mas o processo produtivo deve ser validado por estudos", afirmou Covas.

 

R7

madicamentocoronaUm medicamento chamado SNG001 reduziria em 79% o risco de se desenvolver uma forma grave da doença Covid-19 - apontam resultados preliminares divulgados nesta segunda-feira (20) pelo laboratório do Reino Unido que o produziu, Synairgen.

Este tratamento inalado usa interferon beta, uma proteína natural que está envolvida na resposta do organismo aos vírus.
O estudo realizado pela Universidade de Southampton em 101 pacientes concluiu que os pacientes tratados com este medicamento têm 79% menos chances do que aqueles que receberam placebo de desenvolver formas graves da doença, ou seja que precisariam de respirador artificial, ou fatal.

Os pacientes tratados com SNG001 têm duas vezes mais chances de se recuperar do que aqueles que receberam um placebo. Três dos pacientes (6%) tratados com placebo morreram, enquanto não houve mortes entre aqueles que foram tratados com SNG001.
O estudo foi realizado em uma amostra relativamente pequena de pacientes e ainda não teve revisão por pares, mas poderia revolucionar a maneira como a Covid-19 é tratada.

Segundo o diretor-geral da Synairgen, Richard Marsden, pode representar um "grande passo adiante".

"Os resultados confirmam nossa crença de que o interferon beta tem um enorme potencial como tratamento inalatório para restaurar a resposta imune dos pulmões, melhorando a proteção, acelerando a recuperação e combatendo o impacto do vírus Sars-Cov-2", declarou o professor Tom Wilkinson, professor de medicina respiratória da Universidade de Southampton, que liderou o estudo.

O professor Stephen Holgate, cofundador da Synairgen, ressaltou que esse tratamento "restaura a capacidade dos pulmões de neutralizar o vírus, ou qualquer mutação do vírus, ou coinfecção por outro vírus respiratório, como influenza, ou VSR (um vírus respiratório comum), como pode acontecer no inverno, se a Covid-19 voltar".

Até agora, apenas um medicamento, a dexametasona, provou ser eficaz para salvar pacientes da Covid-19. Outro tratamento, o antiviral remdesivir, reduz o tempo de internação, mas não a mortalidade.

 

AFP

Foto: Oliver Bunic/AFP

Pesquisadores da Austrália criaram um teste que pode determinar uma nova infecção por coronavírus em cerca de 20 minutos usando amostras de sangue, no que eles dizem ser uma inovação mundial.

Os pesquisadores da Universidade Monash disseram que o teste pode determinar se a pessoa está infectada no momento e se já teve Covid-19 no passado.

"As aplicações a curto prazo incluem identificação rápida de casos e rastreamento de contatos para limitar a disseminação viral, enquanto a triagem populacional para determinar a extensão da infecção viral nas comunidades é uma necessidade a longo prazo", disseram os cientistas em um artigo publicado na revista ACS Sensors nesta sexta-feira (17).

A equipe de pesquisa foi liderada pelo BioPRIA e pelo Departamento de Engenharia Química da Universidade Monash, incluindo pesquisadores do Centro de Excelência ARC em Ciência Convergente BioNano e Tecnologia (CBNS).
O teste utiliza 25 microlitros de plasma de amostras de sangue para procurar aglutinação ou um agrupamento de glóbulos vermelhos que o coronavírus causa.

Enquanto o teste atual de swab (cotonete) é usado para identificar pessoas infectadas com o coronavírus, o ensaio de aglutinação — ou análise para detectar a presença e a quantidade de uma substância no sangue — também pode determinar se alguém foi infectado recentemente, após a infecção ter sido curada, eles disseram.

Centenas de amostras podem ser testadas a cada hora, disseram os pesquisadores, e eles esperam que ele também possa ser usado para detectar um aumento de anticorpos criados em resposta à vacinação para ajudar nos ensaios clínicos.
Uma patente para a inovação foi registrada e os pesquisadores estão buscando apoio comercial e do governo para aumentar a produção.

O novo coronavírus já infectou mais de 13,8 milhões de pessoas em todo o mundo e matou quase 600 mil desde que surgiu na China no final do ano passado. A Austrália registrou mais de 11 mil casos e 116 mortes.

 

reuters