A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou hoje (8) campanha, que vai durar um ano, em que desafiará 100 milhões de pessoas em todo o mundo a tentar parar de fumar com a ajuda das redes sociais.
A campanha, centrada especialmente em países que mantêm elevado número de fumantes (Estados Unidos, México, China, Brasil e Alemanha, entre outros), vai promover a criação, em redes sociais de comunidades que estão abandonando o hábito de fumar, para que se apoiem mutuamente nesse desafio e partilhem informações.
Outro objetivo é aumentar o acesso a serviços de apoio para deixar de fumar e "conscientizar sobre as táticas usadas pelas empresas de cigarros", disse a OMS em comunicado.
A campanha conta com a participação da aplicação WhatsApp e várias multinacionais, entre elas a Google, Amazon, o Facebook e a Johnson & Johnson..
No mundo, cerca de 780 milhões de pessoas afirmam que querem deixar de fumar, mas apenas 30% delas têm acesso às ferramentas que podem ajudá-las a atingir esse objetivo, acrescenta a OMS, que espera, com a campanha, aumentar a disponibilidade dessas ferramentas.
Devido à pandemia de covid-19, uma doença que pode ser mais grave para fumantes com doenças respiratórias crônicas, tem aumentado o número de pessoas interessadas em abandonar o hábito.
"Fumar mata 8 milhões de pessoas por ano, mas se os fumantes ainda precisam de mais motivos para deixar o hábito, a pandemia tem sido um verdadeiro incentivo", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, no lançamento da campanha.
Uma autoridade da OMS (Organização Mundial de Saúde) disse que somente medidas de saúde pública, não vacinas, podem evitar um novo aumento de casos de covid-19, no momento em que as vacinas começam a ser aplicadas no Reino Unido.
"Vacinas são uma ferramenta fantástica, elas serão muito úteis, mas o efeito de a vacina fornecer algum tipo de barreira imune ainda está muito distante", disse a Dra. Margaret Harris, em resposta a uma pergunta durante entrevista coletiva em Genebra sobre se as vacinas evitarão uma terceira onda da doença na Europa.
"As coisas que precisam ser feitas para evitar um aumento, um repique, um crescimento, ou como quer que você queira chamar, são as medidas de saúde pública", acrescentou ela.
Os primeiros vacinados contra a covid-19 no Reino Unido a partir desta terça-feira (8) ainda terão que esperar algumas semanas até que possam se dizer protegidos.
Isto porque a vacina utilizada pelo governo britânico, da Pfizer/BioNTech, requer duas doses para atingir o nível de anticorpos desejável. Mesmo assim, pode ser comparada a outras vacinas tradicionais, em que o nível ideal de defesa do corpo é atingido 28 dias após a primeira dose.
Entretanto, cerca de uma semana após a primeira dose, o organismo já começa a produzir anticorpos neutralizantes contra o coronavírus, explica o investigador principal do estudo da vacina da Pfizer/BioNTech no Brasil, o médico Cristiano Zerbini, do Cepic (Centro Paulista de Investigação Clínica).
"A produção de anticorpos começa logo, mais ou menos uma semana [após a vacinação] você começa a fazer anticorpos. Na primeira, você faz IgM, que são a primeira resposta a uma infecção. Depois, lá pelo 21º dia, o IgM começa a cair, e aumenta o IgG, que são os anticorpos que a gente espera que fiquem por um longo prazo. [...] No caso da Pfizer, você tem um aumento exponencial [de anticorpos], porque toma a segunda vacina com 21 dias."
O pesquisador acrescenta que, se eventualmente, uma pessoa vacinada for exposta ao coronavírus causador da covid-19 (SARS-CoV-2) antes da segunda dose, a chance de desenvolver um quadro mais grave da doença é reduzida, já que ela desenvolveu um certo nível de defesa.
"Se você tomar a a primeira vacina e tiver contato com o vírus, estará pelo menos parcialmente protegido. Algumas pessoas já estarão [protegidas], mas varia bastante, inclusive de acordo com a idade."
A vacina da Pfizer, desenvolvida em parceria com a empresa alemã BioNTech, obteve autorização para uso emergencial no Reino Unido no último dia 2 — duas semanas após as fabricantes anunciarem que os estudos de fase 3, com mais de 43,5 mil voluntários, apontam 95% de eficácia do produto.
"Os anticorpos IgG neutralizantes, aqueles que a gente quer que sejam produzidos, quando se comparou quem tomou a vacina com quem teve a doença, os anticorpos de quem tomou a vacina atingiram mais ou menos 1,9 a 4,6 vezes o número de anticorpos do soros convalescentes [pacientes recuperados da covid-19]."
Zerbini diz que as conclusões serão publicadas nos próximos dias no NEJM (The New England Journal of Medicine), uma das publicações científicas mais respeitadas do mundo.
"Os dados da fase 3 do estudo da Pfizer vão ser publicados logo em uma revista muito importante. Todo mundo vai ter chance de ver como a vacina se comportou. Vai ser o primeiro estudo de fase 3 de uma vacina contra covid publicado no mundo."
No Brasil, o Cepic coordena os estudos da fase 3, que envolvem cerca de 3.000 voluntários. Todos eles já receberam a segunda dose, sem que qualquer evento adverso grave tenha sido registrado.
Dor no local da injeção e fadiga estão entre os efeitos mais relatados, mas que desaparecem algumas horas depois, segundo o médico. Todos serão acompanhados pelo período de dois anos.
A publicação dos resultados da fase 3 de testes no NEJM também será mais um passo no processo de registro da vacina no Brasil, junto à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
A empresa mantém o pedido de registro sanitário, que é um pouco mais demorado do que a autorização para uso emergencial, mas permite, uma vez aprovado, o uso em massa e comercialização do imunizante.
Vacinas que forem liberadas pela autorização de uso emergencial devem ser exclusivamente de uso do SUS (Sistema Único de Saúde), que determinará grupos específicos para receber as doses.
Diferente de outros países da América Latina — México, Panamá, Costa Rica, Equador, Peru e Chile —, o Brasil não fechou um acordo de compra da vacina da Pfizer/BioNTech.
O principal argumento alegado pelo Ministério da Saúde para deixar de fora o primeiro imunizante a ser aprovado para uso é a baixa temperatura de armazenamento: -75°C.
Entretanto, a Pfizer desenvolveu e fornece uma caixa especial, com gelo seco, capaz de manter 5.000 doses da vacina na temperatura ultrabaixa por até 15 dias.
"Quando chega no local da vacinação, a vacina pode ser retirada da caixa e colocada em um refrigerador normal entre 2°C e 8°C por até cinco dias. Dá para transportar para qualquer lugar do Brasil", observa Zerbini.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) anunciou nesta segunda-feira (7) que iniciou a inspeção na fábrica da AstraZeneca, fabricante da vacina de Oxford, que passa por testes no Brasil, na cidade de Wuxi, na China.
A análise vai até sexta-feira (11). A agência já havia realizado inspeção na empresa Sinovac, que fabrica a CoronaVac. Assim como a vacina de Oxford, a CoronaVac também passa por testes no Brasil. Ambos os fabricantes já entraram com pedido de análise na Anvisa e a inspeção faz parte do processo para o possível registro da vacina.
A agência informa que no primeiro dia de inspeção, verificou o gerenciamento de risco, gerenciamento de cocumentos e plano mestre de validação, além de requisitos técnicos como Bancos Sementes e Celulares (partículas virais e células hospedeiras utilizadas na fabricação da vacina) e os locais de armazenamento dos produtos intermediários e do insumo ativo biológico exportado ao Brasil.
Os inspetores também verificaram os procedimentos da amostragem de matérias-primas, a qualidade do transporte, o sistema de numeração de lotes, tratamento do ar-condicionado e sistema de geração e distribuição de água para uso farmacêutico.