Não é de hoje que as vacinas enfrentam resistência, envolta em uma série de alegações inverídicas. Mas uma pesquisa conduzida pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) mostra que uma parcela significativa dos brasileiros não confia plenamente nos imunizantes.

Os resultados do estudo "Confiança na ciência no Brasil em tempos de pandemia" chamam atenção para o fato de que 40% dos entrevistados dizem concordar com a afirmação de que "as empresas farmacêuticas escondem os perigos das vacinas". Este é um percentual maior dos que discordam (34,1%). Outros 22,4% não concordam e nem discordam, enquanto 3,4% não souberam ou não responderam.

Quando questionados se as vacinas são necessárias, 69,6% disseram que sim, mas 19,7% discordaram. Para 10,2%, não havia concordância e nem discordância a respeito do tema; e 0,5% não souberam ou não responderam.

Quase metade dos entrevistados (46,4%) acham que as vacinas produzem efeitos colaterais que são um risco; 30,5% discordam; e 21,5% não concordam e nem discordam; 1,5% não souberam ou não responderam.

Há, por outro lado, números mais animadores na pesquisa: 86,7% entendem que as vacinas são importantes para proteger a saúde pública; e 75,7% consideram os imunizantes seguros.

Especificamente em relação às vacinas contra a Covid-19, 73% avaliam que elas ajudam a acabar com a pandemia, e 72% dizem que ela protege de formas severas da doença, internações e mortes.

Para 69%, os imunizantes desenvolvidos contra a Covid-19 são seguros, e 71% os consideram eficazes.

Perguntados se o governo federal forneceu informações falsas sobre a vacina da Covid-19, 47% dizem que sim, ao passo que 30% discordam e 19% não concordam e nem discordam.

A Fiocruz chama atenção ainda para outro dado: 13% dos entrevistados disseram que não pretendem tomar doses de reforço da vacina anti-Covid, e quase 8% dos que têm filhos menores sob sua responsabilidade declararam não ter a intenção de vaciná-los.

"A pesquisa revelou que a hesitação vacinal está em parte associada à escolaridade, à familiaridade com conceitos científicos e ao conhecimento de instituições científicas, sendo fortemente influenciada pelo grau de engajamento dos entrevistados na sociedade civil e na política, pelos posicionamentos econômicos e pelos valores", diz a Fiocruz em comunicado.

Cabe ressaltar que todos os imunizantes em uso no Brasil passam pelo crivo da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) antes e depois da aprovação. Todos os eventuais efeitos adversos são obrigatoriamente reportados ao órgão regulador.

Não há notícias de eventos graves em massa com nenhuma vacina em uso no país. Em todas elas, os benefícios (proteção contra doenças) superam os riscos.

R7

Uma combinação da vacina experimental contra melanoma da Moderna e a imunoterapia de grande sucesso Keytruda, da Merck, diminuiu a recorrência ou morte por câncer de pele em 44%, de acordo com os resultados de um estágio intermediário de teste.

melanoma

Foi o primeiro estudo randomizado a mostrar que a combinação da tecnologia de mRNA com uma droga que acelera a resposta imune ofereceria um resultado melhor para pacientes com o tipo mais letal de câncer de pele. "É um tremendo avanço na imunoterapia", disse Eliav Barr, chefe de desenvolvimento clínico global e diretor médico da Merck, em entrevista. Paul Burton, diretor médico da Moderna, disse em uma entrevista separada que a combinação "tem potencial para ser um novo paradigma no tratamento do câncer".

O estudo envolveu 157 pacientes com melanoma em estágio III/IV cujos tumores foram removidos cirurgicamente antes de serem tratados com a combinação medicamento/vacina ou Keytruda isoladamente, com o objetivo de retardar a recorrência da doença.

A combinação foi geralmente segura e mostrou um benefício estatisticamente significativo em comparação com Keytruda sozinho após um ano de tratamento. Um campo promissor

Em outubro, a Merck exerceu a opção de desenvolver e comercializar em conjunto o tratamento, conhecido como mRNA-4157/V940, dividindo custos e lucros igualmente. A Merck e a Moderna planejam discutir os resultados com as autoridades reguladoras e iniciar um estudo de Fase III em pacientes com melanoma em 2023.

A colaboração Merck/Moderna é uma das várias que combinam drogas poderosas que alertam o sistema imunológico para atacar o câncer com tecnologia de vacina mRNA. Essas chamadas vacinas neoadjuvantes são projetadas para atacar tumores com altos níveis de mutação.

A vacina personalizada funciona em colaboração com o Keytruda, da Merck, um chamado inibidor de checkpoint projetado para desativar uma proteína chamada "morte programada 1" ou PD-1, que ajuda os tumores a escapar do sistema imunológico.

Para desenvolver a vacina, os pesquisadores coletaram amostras de tumores e tecidos saudáveis ​​dos pacientes. Depois de analisá-los para decifrar sua sequência genética e isolar proteínas mutantes exclusivamente associadas ao câncer, essa informação foi usada para projetar uma vacina direcionada contra o câncer.

Quando injetadas em um paciente, suas células agem como uma fábrica, produzindo cópias perfeitas das mutações para o sistema imunológico reconhecer e destruir.

Reuters

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Um amplo estudo global publicado no último dia 7 no periódico científico The BMJ alerta para o aumento significativo do número de adolescentes e jovens adultos com diabetes tipo 2, uma doença que costumava se desenvolver mais em pessoas de meia-idade e idosos.

obesidade

O artigo mostra que a incidência da doença em adolescentes e indivíduos abaixo de 40 anos saltou de 117 por cada 100 mil pessoas, no ano de 1990, para 183 por 100 mil, em 2019 – um aumento de 56,4%. Já a taxa de mortalidade padronizada por idade teve um ligeiro aumento no mesmo período: de 0,74 por 100 mil pessoas para 0,77 por 100 mil.

Segundo os autores, o sobrepeso e a obesidade são as principais causas do aumento da incidência de diabetes tipo 2 precoce em todos os países.

"Nosso estudo mostrou uma clara tendência ascendente do ônus do diabetes tipo 2 de início precoce de 1990 a 2019. Essas descobertas fornecem uma base para entender a natureza epidêmica do diabetes tipo 2 de início precoce e exigem ações urgentes para lidar com o problema de uma perspectiva global", descrevem os autores do estudo. O diabetes tipo 2, ou diabetes mellitus, é uma doença na qual cria resistência aos efeitos da insulina. Assim, mesmo que produzida até mesmo em quantidades maiores pelo pâncreas, ela não é suficiente para atender às necessidades do organismo.

"Conforme o diabetes tipo 2 avança, ocorre uma diminuição da capacidade de produção de insulina pelo pâncreas", explica o Manual MSD de Diagnóstico e Tratamento.

Assim como o estudo do The BMJ, o guia médico também menciona a obesidade como o principal fator de risco para o desenvolvimento de diabetes tipo 2.

"Uma vez que a obesidade causa resistência à insulina, as pessoas obesas precisam de uma grande quantidade de insulina para manter valores de glicemia normais", diz a publicação.

Os principais sintomas da doença são:

  • Aumento da sede • Aumento da micção • Aumento da fome • Visão embaçada • Sonolência • Náusea • Diminuição da resistência durante atividade física

Entretanto, o Manual MSD faz uma ressalva.

"É possível que as pessoas com diabetes tipo 2 não apresentem nenhum sintoma durante anos ou décadas antes de serem diagnosticadas. Os sintomas podem ser sutis. O aumento da micção e da sede no início é moderado, embora piore gradativamente após várias semanas ou meses. A pessoa acaba se sentindo extremamente cansada, fica mais propensa a ter visão turva e pode ficar desidratada. Nos estágios iniciais do diabetes, às vezes, a glicemia fica excepcionalmente baixa, um quadro clínico denominado hipoglicemia."

As principais complicações da doença envolvem danos cardiovasculares que podem resultar em infarto e acidente vascular cerebral, problemas renais e oftalmológicos, entre outros.

A principal forma de evitar o diabetes tipo 2 é por meio de uma dieta equilibrada, com a prática regular de exercícios físicos e perda de peso em indivíduos com sobrepeso ou obesidade.

R7

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Apesar de ser uma época de festas, reunião da família e momento de descanso para alguns, o final do ano também pode ser um período estressante. Correria para organizar festas, comprar presentes, entregar metas no trabalho, barulhos… a lista é grande.

enxaqueca

Tudo isso, aliado aos exageros na alimentação e bebidas alcoólicas, pode desencadear crises de enxaqueca e, segundo a neurologista Idele de Melo Guimarães Cantalice, o número de pacientes com enxaqueca socorridos aumenta em média 30% nesta época.

“No período de fim de ano, observamos um aumento das crises, constatada nas urgências médicas, com pacientes sendo medicados por via endovenosa, intramuscular ou nasal. Há vários fatores que contribuem para isso. Para além dos excessos, consumo de alimentos específicos e estresse, estão a privação do sono, por exemplo, comum durante as festas”, explica a neurologista.

Cuidado com a alimentação A alimentação é um dos fatores que mais engatilham crises de enxaqueca. Entre os vilões mais conhecidos estão bebidas alcoólicas, abuso de bebidas com cafeína, alimentos gordurosos ou industrializados, frutas cítricas, chocolate, carnes curadas e salsichas.

De acordo com Dra. Idele, no entanto, a experiência não é universal. “Os alimentos são gatilhos já muito bem conhecidos para crises de enxaqueca, porém é muito individual. Um alimento que pode desencadear a dor em um paciente não desencadeia em outro”, diz.

Contudo, alguns alimentos não devem ser ingeridos em excesso, como bebidas alcoólicas (segundo a médica, a regra varia entre pacientes. Alguns têm crise apenas com vinho tinto, outros, com cerveja) e carnes curadas.

Já outros, como tender, bacon, salsicha, queijos maturados, salames, chocolate e maionese, comuns em pratos da ceia de Natal, devem ser evitados.

Quando a crise vem, ela reforça que o ideal é ingerir mais água, tomar analgésicos logo no início da dor, procurar ficar em local escuro e sem barulho e colocar uma compressa fria nos olhos ou na fronte.

A crise é caracterizada, em seu início, como uma sensação de peso na região da fronte ou do lado da cabeça (geralmente começa de um lado). É uma dor pulsátil, que vai piorando e dura de três a cinco horas, associada a náusea ou tontura, incômodo com luz e barulho.

Mas a neurologista dá uma dica: manter a regularidade no horário das refeições e ingerir mais água que o habitual. “Por exemplo, caso a pessoa vá ingerir bebida alcoólica, deve procurar intercalar com água. Ao beber água logo no início da dor, é observada uma melhora mais rápida da crise”, finaliza.

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