Uma parcela significativa da população pode sofrer de uma condição chamada misofonia, que é basicamente irritar-se ao ouvir determinado som, que pode ser o de mastigação de um alimento, por exemplo.
Pesquisadores do King's College London revelaram em um artigo na revista Plos One, nesta semana, que cerca de 18% da população geral do Reino Unido pode ter misofonia, descrita por eles como uma tolerância menor a certos sons.
Essas pessoas costumam ter fortes reações negativas a ruídos específicos. Os entrevistados durante o estudo relataram irritação e também sensação de desamparo quando não conseguiam se afastar dos sons.
Os autores ressaltam que a pesquisa se restringe à prevalência na população britânica e suas conclusões não podem ser estendidas a outros países, mas acrescentam que a ferramenta usada no estudo pode ser útil para médicos que tratem a misofonia.
Eles criaram uma escala de 0 a 10 para saber qual era a resposta emocional das pessoas aos sons de gatilho e em qual intensidade.
A principal autora do estudo, Silia Vitoratou, ressalta a importância de abordar o tema, uma vez que muitas pessoas não estavam cientes de que poderiam sofrer de misofonia.
"Isso significa que a maioria das pessoas com misofonia não tem um nome para descrever o que está sentindo. Nossa equipe trabalha duro para aumentar o perfil da condição e fornecer aos médicos as ferramentas necessárias para entender e avaliar a misofonia de forma eficaz", disse, em comunicado.
Descobrir quais são os sentimentos por trás dos gatilhos é também um passo importante para o acolhimento desses pacientes, acrescenta outra autora do trabalho, Jane Gregory, da Universidade de Oxford.
"Trata-se de sentir que há algo errado com você pela maneira como você reage aos sons, mas também não ser capaz de fazer nada a respeito. Pode ser um alívio descobrir que você não está sozinho, que outras pessoas também reagem dessa maneira aos sons. Para descobrir que existe uma palavra para o que você está experimentando", explica.
O médico Marcus Vinícius Malheiros Kalume aderiu à campanha internacional “Lots Of Socks”, que significa “Muitas Meias”, no Dia Mundial da Síndrome de Down, comemorado em 21 de março. A brincadeira envolve o uso de meias coloridas e, às vezes, com pés desiguais como alerta à necessidade de dar atenção às pessoas que têm essa condição.
“Foi um dia muito fez porque todos participaram e a integração foi total. É importante prestar atenção nas pessoas com Síndrome de Down para ampliar a inserção social e mostrar a necessidade de terem cuidados específicos”, disse.
Marcus Vinícius lembrou que o Hospital Clinicor adota todas as normativas da Política Pública da Pessoa com Deficiência. “Aqui há um tratamento diferenciado e humanizado para todos que nos procuram”, ressaltou.
A data de 21 foi escolhido internacionalmente para representar o movimento Down em referência à variação genética que caracteriza a síndrome: a trissomia que ocorre no cromossomo 21.
Alerta
Com base no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), foram notificados 1.978 casos de Síndrome de Down de 2020 a 2021. A prevalência geral da Síndrome no Brasil, neste período, foi 4,16 por 10 mil nascidos vivos.
Crianças, jovens e adultos com esta condição estão mais suscetíveis a problemas de saúde diversos, como doenças oculares, problemas de audição, excesso de peso, hérnias umbilicais, infecções, insuficiência cardíaca e renal.
A dificuldade de locomoção também está presente devido à fragilidade das articulações e do tecido muscular.
Há, ainda, a possibilidade de surgimento de doenças do aparelho digestivo, problemas circulatórios e disfunções endócrinas, daí a necessidade de acompanhamento médicos e de especialistas.
“Diante das características comuns às pessoas com Síndrome de Down, no Clinicor oferecemos várias possibilidades de acompanhamento e orientação para todos tenham qualidade de vida”, disse Marcus Vinícius Kalume.
Recomendações É importante ter uma rede de apoio para os cuidados das pessoas com Síndrome de Down.
Neurologista: para monitorar o desenvolvimento das funções cerebrais e cognitivas;
Cardiologista: para monitorar o sistema de hemodinâmica
Pneumologista: para acompanhar o aparelho respiratório
Fonoaudiólogo(a): para acompanhar e desenvolvimento dos aspectos relacionados à fala e à comunicação;
Nutricionista: para orientações sobre alimentação saudável, manutenção do peso e nutrientes importantes para prevenir doenças comuns para crianças com essa condição;
Pedagogo: para facilitar o processo de aprendizagem;
Psicólogo: para ajudar a lidar com as emoções e com as possíveis dificuldades relacionadas à inserção social.
O uso prolongado de telas é um dos fatores de risco para a saúde da coluna, mostra estudo financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e publicado na revista científica Healthcare.
Entre os fatores de risco está o uso de telas por mais de três horas por dia, a pouca distância entre o equipamento eletrônico e os olhos, a utilização na posição deitada de prono (de barriga para baixo) e na posição sentada. O foco do estudo foi a chamada dor no meio das costas (thoracic back pain, ou TSP).
Foram avaliados 1.628 estudantes de ambos os sexos entre 14 e 18 anos de idade, matriculados no primeiro e segundo ano do ensino médio no período diurno, na área urbana do município de Bauru (SP), que responderam a questionário entre março e junho de 2017.
Desses, 1.393 foram reavaliados em 2018. A pesquisa constatou que de todos os participantes, a prevalência de um ano foi de 38,4%, o que significa que os adolescentes relataram TSP tanto em 2017 quanto em 2018. A incidência em um ano foi de 10,1%; ou seja, não notificaram TSP em 2017, mas foram encaminhados como casos novos em 2018. As dores na coluna ocorrem mais nas meninas do que nos meninos.
“A diferença entre os sexos pode ser explicada pelo fato de as mulheres relatarem e procurarem mais apoio para dores músculo-esqueléticas, estarem mais expostas a fatores físicos, psicossociais e de stress, terem menos força do que os homens, apresentarem alterações hormonais resultantes da puberdade e baixos níveis de atividade física”, diz um dos autores do artigo, Alberto de Vitta, doutor em educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) com pós-doutorado em saúde pública pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu. Pandemia
TSP é comum em diferentes grupos etários na população mundial. Estima-se que afete de 15% a 35% dos adultos e de 13% a 35% de crianças e adolescentes. Com a pandemia do covid-19, crianças e adolescentes têm usado celulares, tablets e computadores por um tempo maior, seja para atividades escolares ou para o lazer. Com isso, é comum adotarem posturas inadequadas por tempo prolongado, causando dores na coluna vertebral.
O tempo gasto com dispositivos eletrônicos (por exemplo ver televisão, jogar videogames, utilizar o computador e smartphones, incluindo comunicações electrônicas, e-games, e internet) pode ser classificado da seguinte forma: baixo (menos de 3 horas/dia), médio (acima de 3 horas/dia até 7 horas/dia) e alto (acima de 7 horas/dia), considera o pesquisador.
Segundo De Vitta, é possível que a incidência da TSP tenha aumentado com a pandemia, mas ainda não há estudos. “Podemos supor que aumentou, devido à atividade escolar em casa, no entanto não há dados sobre isso. Estamos organizando um estudo multicêntrico que será realizado em cidades de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e do Rio Grande do Sul”, informou o pesquisador, que atualmente leciona e pesquisa no Departamento de Fisioterapia da Faculdade Eduvale de Avaré (SP) e no programa de pós-graduação em Educação, Conhecimento e Sociedade da Universidade do Vale do Sapucaí (Pouso Alegre, MG). Fatores
A TSP tem tratamento, diz o professor. “Há vários tipos de tratamentos como, por exemplo, a reeducação postural global, o pilates e a fisioterapia baseada em recursos eletrotermofototerapêuticos: ultrasom, laser, entre outros”.
Fatores de risco físicos, fisiológicos, psicológicos e comportamentais ou uma combinação deles podem estar associados à TSP. “As dores musculoesqueléticas, como na coluna torácica, lombar e cervical, são multidimensionais”, explica o pesquisador.
“Os fatores físicos (carteiras inadequadas, mochilas com peso acima do recomendado e outros), comportamentais (utilizar os equipamentos eletrônicos acima de três horas por dia, posturas inadequadas) e os fatores de saúde mental (sintomas emocionais, stress etc) estão associados a essas dores”.
A conjugação de físicos e comportamentais gera um aumento da força de compressão dos discos intervertebrais, levando à desnutrição dos discos, comprometendo a integridade do sistema músculo-esquelético, predispondo o indivíduo à fadiga e a níveis de dor mais elevados.
“Parece haver uma relação entre sintomas emocionais e manifestações físicas, como o aumento da secreção do cortisol hormonal e alterações na regulação hormonal do glândulas supra-renais, que geram efeitos inibidores sobre o sistema imunitário, a digestão e sintomas de desgaste corporal excessivo, cansaço, fadiga, dores musculares e articulares. Todos esses fatores estiveram relacionados aos dados das nossas pesquisas relacionadas às dores lombares, cervicais e torácicas em estudantes do ensino médio”. Puberdade precoce
A puberdade é um estado natural do corpo humano que, por consequência de alterações hormonais, tende a se apresentar a partir dos 8 anos de idade em meninas e 9 anos em meninos
Entretanto, as crianças estão entrando nessa fase cada vez mais cedo. Ganho de peso, consumo excessivo de alimentos ultraprocessados e sedentarismo estão entre as principais causas. Mas, outro fator tem chamado a atenção dos pesquisadores.
De acordo com o resultado de uma pesquisa apresentada durante a 60ª Reunião Anual da Sociedade Europeia de Endocrinologia Pediátrica, a puberdade precoce pode estar sendo estimulada pela alta exposição às telas, como tablets e celulares.
“Estudos mostram que a luz azul das telas diminui a produção de melatonina, hormônio relacionado ao ciclo do sono. A menor produção de melatonina pode ser um sinal para o corpo de que já está na hora de entrar na puberdade. Além disso, o ganho de peso e a ansiedade que podem estar associados ao excesso no uso de telas também alteram a produção de determinados hormônios como a leptina e a serotonina, que podem ocasionar a puberdade de forma precoce”, explica a endocrinopediatra do Sabará Hospital Infantil, Paula Baccarini.
A especialista afirma que, devido ao isolamento durante o período pandêmico, as crianças passaram a se alimentar de forma menos saudável, gerando outros efeitos colaterais que também alteram os hormônios: “O estresse e a ansiedade também são fatores que podem adiantar o início da puberdade, somados ao sedentarismo, à piora do padrão alimentar e ao ganho de peso”, acrescenta. Rotina
O ideal é que a criança mantenha uma rotina com hábitos saudáveis de vida, com atividade física, sono adequado e alimentação natural, com consumo reduzido de produtos industrializados, o que naturalmente já reduz o tempo livre para uso de telas, aconselha a médica. “É importante lembrar que a criança aprende com o exemplo dos pais. Então, é fundamental que o controle do tempo de tela seja de toda a família e não apenas da criança,” completa.
Outras atividades podem ajudar a dimunuir esse tempo. “Criar rotinas como hábito de leitura, brincadeiras recreativas, jogos de tabuleiro, desenho, quebra-cabeças. Além disso, usar o fim de semana para reunir a família fora de casa, se possível em contato com o sol e a natureza podem ajudar”, sugere a endocrinopediatra.
Caso os pais identifiquem sinais de puberdade precoce - como aparecimento do broto mamário, desenvolvimento de pelos pubianos, crescimento acelerado, acne, eles devem procurar um endocrinologista pediátrico para fazer o diagnóstico, identificar a causa e avaliar a necessidade de tratamento.
“O tratamento é indicado nos casos em que a puberdade ocorre precocemente ou evolui em ritmo muito acelerado, com risco de a primeira menstruação acontecer cedo ou de ocorrer parada do crescimento antes da idade prevista, com perspectiva da criança crescer menos do que a previsão genética. Consiste em um tratamento hormonal que bloqueia a produção desses hormônios associados ao desenvolvimento da puberdade”, explica a especialista.
Uma vez iniciada a puberdade, não há como reverter o quadro, apenas tratar com o bloqueio puberal quando indicado, aponta a médica. “Por isso, a importância do estabelecimento de hábitos saudáveis de vida durante a infância, como forma de tentar reduzir o risco de a puberdade ocorrer precocemente. Importante dizer que essas mudanças do hábito de vida também estão relacionadas à diminuição de outras condições, como a obesidade”.
É considerada precoce a puberdade que surge antes dos 8 anos em meninas e dos 9 anos em meninos; e atrasada, a puberdade que tem início após os 13 anos em meninas e após os 14 anos, em meninos.
A médica considera o risco de adiantamento da menstruação e da parada precoce do crescimento, com prejuízo da altura final da criança, além dos riscos psicossociais associados à puberdade precoce. Se necessário, indicará tratamento para bloquear, por um tempo, o desenvolvimento puberal.
Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Indiana (EUA) desenvolveram um exame que permite diagnosticar a ansiedade. O teste, feito por meio da coleta de sangue, examina biomarcadores capazes de identificar o risco de alguém desenvolver ansiedade, a gravidade do quadro atual e quais as melhores abordagens terapêuticas para o tratamento.
O estudo foi publicado na terça-feira (7), no periódico científico Molecular Psychiatry.
“Muitas pessoas sofrem de ansiedade, que pode ser incapacitante e interferir na vida diária”, disse em comunicado o professor de psiquiatria Alexander Niculescu, autor do estudo.
Ele alega que a abordagem atual é a análise clínica, que direciona ao receituário medicamentoso. Porém, alguns fármacos podem gerar dependência e originar outros problemas.
"Queríamos ver se nossa abordagem para identificar biomarcadores sanguíneos poderia nos ajudar a associar as pessoas aos medicamentos existentes que funcionariam melhor e talvez fossem uma escolha não viciante”, completa.
Anteriormente, Niculescu foi o responsável por desenvolver exames de sangue para a detecção de dores, assim como de depressão, transtorno bipolar e transtorno de estresse pós-traumático, o último com métodos semelhantes aos utilizados para identificar a ansiedade.
O estudo foi realizado em três etapas, cada uma de forma independente: descoberta, validação e teste.
Os participantes fizeram coletas de sangue com intervalos entre três e seis meses ou sempre que ocorresse uma nova internação psiquiátrica.
Ao examinar os biomarcadores de RNA no sangue, os pesquisadores puderam identificar o estado atual de ansiedade dos pacientes e tratá-los com medicamentos e nutracêuticos (alimentos e suplementos que proporcionam benefícios à saúde), para mostrar como as diversas opções poderiam ser eficazes, com base em seu perfil.
“Além dos medicamentos, existem outros métodos para tratar a ansiedade, como terapia cognitivo-comportamental ou mudanças no estilo de vida. Mas ter algo objetivo como este teste, em que podemos saber qual é o estado atual de alguém, bem como seu risco futuro e quais opções de tratamento correspondem ao seu perfil, é muito poderoso para ajudar as pessoas”, afirma o pesquisador.
Ele diz que, com a possibilidade de mudanças dos biomarcadores individuais, o teste permitiria avaliar o risco de uma pessoa desenvolver níveis mais altos de ansiedade no futuro, bem como outros fatores que podem afetar sua ansiedade, como alterações hormonais.
Niculescu afirma que sua descoberta poderá ajudar a evitar as consequências da ansiedade, que, muitas vezes, ocasiona ataques de pânico, passíveis de ser confundidos com ataques cardíacos, e encaminhar os pacientes para um tratamento mais adequado a cada perfil.
O autor acredita que o novo teste possa ser combinado com os demais, também desenvolvidos por ele, para permitir uma visão mais abrangente do estado da saúde mental do paciente e de riscos, além de ter a possibilidade de usá-lo para desenvolver novos tratamentos para ansiedade mais direcionados a biomarcadores individuais.