Ao celebrar, a primeira missa na Capela Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, nesta sexta-feira, 14, o arcebispo metropolitano de Teresina, Dom Jacinto Brito, parabenizou a Assembleia Legislativa por incorporar a fé às suas atividades diárias em benefício da população e do desenvolvimento do Piauí.
Dom Jacinto Brito, que foi recebido pelo deputado Antônio Félix (PSD) e pelo chefe de Gabinete da Presidência, Guilherme Melo, celebrou a missa auxiliado pelo capelão do Poder Legislativo, padre Manoel Gomes.
O arcebispo teresinense disse que a fé pode ajudar as pessoas no desempenho de suas funções e em todo os aspectos da vida. "Aqui, estou, também, para me congratular com os deputados e servidores desta Casa pela passagem do Natal, desejando a todos boas festas e um Feliz Ano Novo", acrescentou ele.
O filme "Gonzaga - De pai para filho", de Breno Silveira, já supera a marca de 1,3 milhão de espectadores. Gente que foi ao cinema para conhecer - melhor - Luiz Gonzaga, cujo centenário de nascimento é comemorado nesta quinta-feira, 13, com festa em Exu, no Sertão de Pernambuco, sua cidade natal. Um dos atores que viveu o Rei do Baião nas telonas foi o sanfoneiro Chambinho do Acordeon, que já está na cidade e conheceu a casa que foi o último lar do Mestre Lua e foi transformada em museu.
Foi a primeira vez que o artista entrou na casa, em uma visita rápida mas recheada de emoções. Chambinho chegou a chorar no quarto simples em que Luiz Gonzaga dormia, já com seus 70 e poucos anos e bastante doente, no térreo da residência. O quarto mais "chique", com banheira, chuveiro elétrico e até ar-condicionado, ficava no primeiro andar e ele locomovia-se apenas com cadeira de rodas. "Dá para sentir a presença dele aqui", comenta o sanfoneiro.
E não é a primeira vez que Chambinho "sente" a presença de Gonzagão. Durante as filmagens do longa-metragem, no início deste ano, certa noite ele sonhou com Gonzaga. "No meio da noite, [Gonzagão] puxou a minha perna, dizendo 'faça isso direito, viu?'. Imagina como eu fiquei", lembra. Parece que o "carão" surtiu efeito. A crítica recebeu bem a atuação do sanfoneiro, que soube da seleção por meio da esposa, Daniela Piccino.
"Ele é tímido demais, é que agora está mais 'treinado'. Quando falei da seleção, ele disse que era sanfoneiro, que não tinha nada a ver, que era loucura, mas insisti, afirmando que louco seria ele se não participasse. Foram seis meses até ser escolhido", conta a mulher.
Durante a seleção, Chambinho visitou Picos, no Piauí, onde mora toda a família dele - o sanfoneiro diz que o nascimento em São Paulo foi "por acidente". "Resolvi conhecer o Parque Aza Branca, aqui em Exu. Já estava fechando, mas deu tempo de ver o museu e o mausoléu. Acredita que quando entrei no mausoléu meu celular tocou dizendo que eu tinha passado em mais uma etapa? Foi um sinal, com certeza", acredita Chambinho.
Chambinho é alto, de sorriso largo. Assim como Gonzagão, é atencioso com os fãs, que se surpreendem com a semelhança dele com o mestre no começo da vida adulta, entrando na casa dos 30 anos. Com o seu acordeon, sempre toca músicas do Rei do Baião nos shows. A preferida é "Asa Branca", ave que tem um viveiro logo na entrada da casa do velho Lua e inspirou a canção tida como um hino sertanejo.
"É uma emoção muito grande conhecer esse lugar, voltar ao Parque Aza Branca. Passa um filme na minha cabeça. Estou há quase dois anos mergulhado na vida de Gonzagão, por causa do filme, mas sinto que ainda há muito o que se pesquisar, desvendar dele. E é como se eu estivesse voltando para agradecer tudo que aconteceu na minha vida desde a primeira vez que pisei aqui", diz Chambinho.
Canções inéditas na voz de Luiz Gonzaga serão lançadas no CD O Samba do Rei do Baião, em fase final de produção. Apesar do nome, o disco inclui fado, marchas carnavalescas, mazurca e outros gêneros. É um trabalho conjunto de Gonzaga com Teo Azevedo e a participação de Socorro Lira, Oswaldinho da Cuíca e Oswaldinho do Acordeom, além dos músicos Papete e Chico Salles, forrozeiro, violeiro e membro da Academia Brasileira de Cordel, entre outros nomes.
A informação é do jornalista Assis Ângelo, pesquisador e biógrafo de Gonzaga. O lançamento faz parte das comemorações do centenário de Luiz Gonzaga. A produção artística de Luiz Gonzaga contém 625 gravações, além de composições que ele nunca gravou, mas que chegaram a fazer sucesso na voz de outros intérpretes entre os quais Cyro Monteiro, Jamelão e a portuguesa Ester de Abreu.
Muitos registros nesse sentido foram garimpados pelo jornalista em pesquisas no exterior, incluindo países da Europa e da América Latina. O pesquisador é dono de uma coleção que reúne livros, revistas, partituras, discos, vídeos, transmissões de entrevistas concedidas a emissoras de rádio e de televisão, além de documentos, na maioria sobre música popular brasileira (MPB).
Algumas dessas preciosidades registram a alegria do forró de Luiz Gonzaga e a reprodução de Asa Branca. A toada emociona pelo lamento triste de uma condição vivida pelo sertanejo da caatinga em tempos de seca e pela bela sequência na harmonia das notas. A música foi criada em 1947, período em que o filho de Januário mudou o visual e começou a aparecer em suas andanças pelo país em trajes estilizado à semelhança do Rei do Cangaço, Lampião.
Asa Branca virou praticamente um hino entre os clássicos de MPB, adotada como base de ensino nos conservatórios. “É a música mais regravada do cancioneiro brasileiro. Quem mais chega perto em volume de regravações é o chorinho Carinhoso, de Pixinguinha e João de Barro”. A canção acaba de ser regravada por um grupo coreano. A música tem inspiração no “folclore nordestino, especialmente, do estado de Pernambuco, onde Luiz Gonzaga aprendeu a cantar e a tocar ainda menino”, conta o pesquisador.
Em um fim de tarde, ele e o parceiro compuseram Baião, que foi gravado em inglês, por Carmem Miranda, em 1950. Outras composições ganharam sotaques estrangeiros como Paraíba e Baião de Dois em japonês, por Keiko Ikuta,, em 1958; e Juazeiro, na voz da cantora de jazz norte-americana Peggy Lee, em 1953.
Nessa última regravação, os nomes dos autores não foram citados e eles nunca receberam os direitos. Bem que Humberto Teixeira, advogado e poliglota, tentou corrigir a falha. Foi aos Estados Unidos exigir os direitos autorais, mas a Justiça americana deu a causa por perdida sob o argumento de tratar-se de uma reprodução do folclore brasileiro. Assis observa que Carmélia Alves, a rainha do Baião, que morreu neste ano, foi a cantora brasileira que levou o Baião para o mundo.
No Brasil, Asa Branca foi gravada pelo cantor e compositor Geraldo Vandré, em 1965, e por Caetano Veloso, em 1971. Luiz Gonzaga foi o primeiro a gravar Pra Não Dizer que Não Falei de Flores, de Geraldo Vandré. “O próprio Vandré, em seguida, soltou o disco dele, um compacto que foi imediatamente recolhido pela censura. O do Gonzaga não, e é uma gravação muito bonita”, diz o jornalista.
Hoje celebramos os cem anos do nascimento de Luiz Gonzaga. Ele Nasceu em 13 de Dezembro de 1912. Além da dimensão artística, é indubitável o papel de sua música na difusão do imaginário sobre o Nordeste, inclusive do ponto de vista ambiental e social.
Foi Luiz Gonzaga, junto com seus poetas como Zé Dantas, Patativa do Assaré e Humberto Teixeira e muitos outros que divulgaram o sertão nordestino que está no imaginário do povo brasileiro.
A música de Gonzaga continua viva por ser uma obra prima da cultura popular, mas a nossa realidade mudou. Há muito por caminhar, mas grande parte do caminho foi feito.
Sem perdermos nossas raízes culturais, principalmente a musical, hoje já podemos fazer novos baiões, novos xotes, novos rastapés, um novo forró, para a alegria nordestina que nunca morre.
Em Teresina várias festas em homenagem ao Rei do Baião e muitos seguidores gonzagueanos também vão comemorar esta data tão especial.