Mais um brasileiro foi admitido pela conceituada Universidade Harvard, nos Estados Unidos. João Henrique de Aquino Vogel, de 18 anos, morador do Rio de Janeiro, dispensou vagas em importantes instituições brasileiras, como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o Instituto Militar de Engenharia (IME), e disse 'sim' a Harvard, onde obteve bolsa de estudo integral. Nos Estados Unidos, João Henrique também foi aceito pela Universidade Duke. O resultado oficial foi divulgado em 29 de março.
Outros dois estudantes do Brasil, Tábata Amaral, de 18 anos, e Gustavo Haddad Braga, de 17 anos, ambos de São Paulo, também foram aceitos em Harvard. A seleção é feita pelo Scholastic Assessment Test (SAT, Teste de Avaliação Escolar), uma espécie de "Enem americano", que também é aplicado no Brasil aos interessados em disputar vagas nos Estados Unidos. Para ser admitido também é necessário fazer o teste de proficiência em inglês, o Toefl (Test of English as a Foreign Language).
Nas provas do SAT, uma de conhecimentos em ciências e outra de inglês, João Henrique fez 2.240 e 1.970 pontos (o total era 2.400 em cada). No Toefl, o estudante garantiu nota 104, quando o máximo era 120.
Filho de um professor nascido na Espanha e de uma dona de casa, o estudante atribui o sucesso ao apoio da família e da escola, o Sistema Elite de Ensino. "Sempre tive bolsa de estudo, porque meu pai é professor. Ele está no Brasil há 20 anos e quis ser professor para garantir um bom estudo para mim. Se minha família tivesse de pagar, não teria condições."
O estudante concluiu os ensinos fundamental e médio em escolas da rede particular como bolsista. No ensino médio, descobriu o mundo das olimpíadas e garantiu seis prêmios: bronze e prata na Olimpíada Estadual de Química em anos diferentes; ouro na Olimpíada Nacional de Astronomia e três menções honrosas.
Solidariedade
Em Harvard, João Henrique pretende estudar física e economia, e ainda tem dúvidas sobre ciências da computação. Fã de física, ele quer se dedicar à área mais como hobby. Com economia o plano é desenvolver o lado das ciências humanas. "Meu pai é envolvido com causas sociais e percebi que quero trabalhar com pessoas, mudar vidas. Depois de formado quero voltar para o Brasil e atuar em educação pública, melhorar o sistema."
Em 2010, João Henrique coordenou uma campanha em sua escola para arrecadar alimentos, roupas e itens de higiene para um abrigo do Rio de Janeiro. Também reverteu o ingresso para entrada dos jogos esportivos do colégio em alimentos. No Natal, os alunos apadrinharam cada criança abrigada e doaram kits com brinquedo e roupa.
Depois de concluir o ensino médio no fim do ano passado, João Henrique tornou-se voluntário do Sistema Elite. O jovem ajuda a realizar um trabalho de preparação e orientação aos alunos que querem estudar nos Estados Unidos. Para ele, o suporte emocional - e financeiro, para aplicação das provas - foi fundamental, por isso é necessário retribuir.
"Não há limite para nada, podemos chegar onde quisermos se tivermos dedicação. Queria fazer engenharia no IME ou no ITA, mas depois comecei a olhar para as melhores universidades do mundo. Com trabalho e esforço é possível", diz.
Para João Henrique, a alegria agora é a mesma de ter acertado as dezenas premiadas da loteria. "Me sinto como se tivesse ganhado na Mega-Sena. A diferença é que loteria é sorte. Estou realizado acadêmica e profissionalmente pelo resto da minha vida. Minha mãe chora, meu pai conta para todo mundo. A saudade? Vou saber em agosto [quando deve viajar], por enquanto é só alegria."
G1