O Campus Floriano divulga o resultado final da reavaliação socioeconômica da POLAE/2018.
Ifpi
O Campus Floriano divulga o resultado final da reavaliação socioeconômica da POLAE/2018.
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O Diário Oficial da União publicou nesta quinta-feira (1º) as condições para a renegociação da dívida do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). A medida poderá beneficiar 500 mil estudantes que estão com mais de 90 dias de atraso no pagamento. A dívida total desses alunos chega a R$ 10 bilhões.
Podem ser renegociados os contratos com atraso no pagamento de pelo menos 90 dias e ainda tiverem no período de amortização e não tenham sido alvo de ação judicial pelo agente financeiro. A medida vale para os contratos de financiamentos concedidos até o segundo semestre de 2017.
Os contratantes do Fies terão duas opções: o reparcelamento, que permite estender o prazo de pagamento da dívida para até 48 parcelas mensais, além de incluir os estudantes com contratos mais antigos na campanha de renegociação; e o reescalonamento, que possibilita diluir os valores em atraso nas parcelas a vencer.
Parcela de entrada
Para isso, deverá ser paga uma parcela de entrada, em espécie, correspondente ao maior valor entre 10% do valor consolidado da dívida vencida e R$ 1 mil. O valor da parcela mensal de amortização resultante da renegociação não poderá ser inferior a R$ 200, mesmo que implique a redução do prazo remanescente contratual.
O estudante financiado interessado em renegociar a dívida com o Fies deverá apresentar-se na agência bancária onde firmou o contrato, com um ou mais fiadores, cuja renda não poderá ser menor do que o dobro do valor da nova prestação calculada, respeitando o tipo de garantia contratada.
Os estudantes poderão aderir à renegociação até 31 de dezembro de 2019. Os períodos de solicitação e contratação da renegociação deverão ainda ser definidos pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Ontem (31), o ministro da Educação, Rossieli Soares, disse que ainda serão feitas reuniões com o Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
Fonte: Com informações da Agência Brasil
Crianças e adolescentes da educação básica (ensino infantil ao ensino médio) que estejam internados para tratamento de saúde terão acesso ao atendimento educacional durante o tratamento em ambiente hospitalar ou domiciliar. O direito passou a ser assegurado nas últimas semanas após sanção da norma que modificou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (nº 9.394), com a inclusão de novo dispositivo.
“Eu acho ótimo porque o paciente não esquece os assuntos. Existe uma professora que me acompanha, ela é professora de todas as matérias e todas as séries”, afirma a adolescente Kauane Freitas Assis, de 15 anos, que frequenta o ambiente hospitalar há cerca de 12 meses devido a um tumor na cabeça. Os passos seguintes foram a realização de drenagem e, dias depois, a cirurgia, quando ficou internada durante um mês, aproximadamente. “Quando descobri, eu estava de férias, então não precisei deixar a escola”, relembra. Após o procedimento cirúrgico, a paciente deu início à quimioterapia no Hospital Martagão Gesteira.
Realizada há algumas semanas pelo então Presidente da República em exercício – o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli –, a aprovação da Lei 13.716 visa apenas garantir o direito uma vez que as classes hospitalares já são uma realidade. Licenciada em Pedagogia, Andresa de Almeida Camargo, de 40 anos, destaca que as turmas são diferenciadas. “Nossas ações pedagógicas são todas pautadas no calendário letivo das escolas municipais, mas flexibilizamos o currículo quando necessário. Precisamos ter em vista que o impacto do tratamento leva a alguma queda no desempenho de ações cotidianas dos pacientes”, comenta a docente da Escola Municipal Hospitalar e Domiciliar Irmã Dulce.
Atualmente, as classes hospitalares estão em quase todos os hospitais da rede pública, em clínicas de hemodiálise, residências e Casas de Apoio, de acordo com a profissional, que atua no Martagão Gesteira há aproximadamente dez anos. A unidade está ligada à Rede Municipal de Educação de Salvador e dispõe de uma equipe de profissionais que realizam acompanhamento educacional.
Especialista em Educação Especial e Inclusiva e em Neuropsicologia Clínica, Camargo tem uma dinâmica de trabalho específica: no turno matutino, ensina os alunos permanentes, que passam mais tempo dentro do hospital por estarem fazendo tratamento oncológico. Durante a tarde, dá aula aos alunos não permanentes, que são da clínica cirúrgica e da clínica médica.
Sobre o perfil profissional necessário para atuar nas escolas hospitalares, Andresa destaca a importância da interação na sala de aula e da necessidade de estar atento ao desenvolvimento dos alunos. “É preciso estar disposto a flexibilizar a prática educacional, ter o feeling para mudar todo o seu planejamento e atingir o objetivo da sua aula, se for preciso. E, neste momento, não ver a mudança como um fracasso profissional, mas como uma habilidade a mais”, avalia a docente. Especializações em Pedagogia Hospitalar e/ou Domiciliar podem auxiliar o profissional a desenvolver as habilidades e competências necessárias para atuar na área.
Doenças graves
O texto aprovado pelo Congresso Nacional foi alternativo a duas propostas apresentadas por deputados. “Uma criança ou adolescente ao serem acometidos de uma doença grave (câncer, traumas, ortopédicas, AIDS, etc.), que as obrigará a se manter sob tratamento médico hospitalar por meses, sofre um profundo impacto quando impedida de frequentar regularmente a escola”, aponta o Projeto de Lei 4.415, de 2012.
Ainda de acordo com o texto inicial, tornar obrigatória a oferta de atividades educativas por parte do Poder Público e dos hospitais ou instituições similares reforça a responsabilidade do Estado e da sociedade em criar condições para o acesso de todos ao ensino.
Tunísia Cores – Ascom Educa Mais Brasil
Saber se a escola de um aluno é privada ou pública, a renda de sua família e até a profissão dos pais pode explicar, na média, o resultado obtido no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Um estudo feito pelo cientista de dados e mestre em Economia do Setor Público pela Universidade de Brasília (UnB) Leonardo Sales, a pedido do Estado, mostra que fatores socioeconômicos como esses estão correlacionados a até 85% da nota no exame.
O levantamento foi feito com base nos microdados do Enem e do Censo Escolar de 2017 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC). O modelo traça correlações com base nas notas e informações de 1,3 milhão de estudantes que fizeram a prova no fim do ano passado. Segundo o estudo, dez variáveis são as que mais se correlacionam ao desempenho na prova, incluindo se a escola do candidato é privada, a renda da família, a oferta de equipamentos multimídia no colégio, o número de funcionários por aluno, entre outros. Um desempenho mais baixo está associado a variáveis como estudar em escola pública, morar em um domicílio que não tem computador, inexistência de carro e acesso a internet e/ou telefone fixo.
Isso não significa que cada um desses fatores seja o motivo específico pelo qual o aluno foi bem, ou seja, que sejam a causa do desempenho. No caso de variáveis relacionadas aos bens que a família do candidato tem em casa, por exemplo, essas informações estão diretamente ligados à renda. Também não significa que o preparo do aluno não faça diferença, mas que o perfil dos que têm notas semelhantes se repete. “Os dados mostram que existem dificuldades relacionadas às condições sociais que tornam o caminho mais difícil rumo à faculdade. Isso, na verdade, valoriza os que, mesmo com péssimas condições de vida, conseguem um bom resultado”, diz Sales.
Os dados do estudo corroboram análises já existentes sobre o desempenho de estudantes em testes – quanto maior a renda da família e as condições da escola e da comunidade escolar, mais chances eles terão de conseguir melhores resultados. Dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) já mostram essa relação – quanto maior o nível socioeconômico do colégio, maiores são as médias no índice oficial, que é o principal indicador do governo federal de qualidade da educação básica no País.
Isso não significa que o desempenho individual não tenha importância, mas que só isso explica pouco sobre o resultado nas avaliações, segundo especialistas. “O grande fator que pesa no desempenho do aluno está associado à família, pela renda e pelo capital cultural e social. Importa se a criança foi criada em um ambiente letrado, se tem livros, se ela é desafiada. E, é claro, importa a renda”, diz o professor aposentado da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Chico Soares, especialista em avaliações.
“As características individuais também importam”, afirma ele. “Mas é mais difícil que elas, sozinhas, deem conta das características institucionais. Não há como a escola compensar a família. O que não teve na família, dificilmente terá na escola. E se não tiver apoio em nenhum dos dois, fica mais difícil ainda.”
Convívio
O especialista ressalta ainda que, na escola, o que acaba pesando mais é o convívio com outros alunos semelhantes. “O grande diferencial são os pares, ou seja, pessoas que também vieram de família com maior capital cultural e econômico. Isso cria um ambiente muito propício para o aprendizado.”
Quais são as variáveis?
Afeta positivamente
1. Se o aluno estudou em uma escola privada
2. A renda per capita familiar
3. O nível de utilização de equipamentos multimídia no colégio
4. O número de funcionários (relativo à quantidade de alunos) da escola
5. Se a instituição possui parque infantil
Afeta de forma negativa
1. Se o aluno estudou em uma escola pública estadual ou municipal
2. Inexistência de computador no domicílio
3. Inexistência de carro no domicílio
4. Inexistência de acesso à internet no domicílio
‘Tive uma família com condições e estrutura para me financiar’
Aluno do ensino público durante toda a vida, Erick Henrique, de 25 anos, é um dos produtos da inclusão socioeconômica fomentada pela prova. Por ter pai militar, ingressou na Fundação Osório, da rede federal, aos 7 anos, depois de ser alfabetizado em uma instituição filantrópica. Nascido e criado no Morro da Providência e sem condições financeiras ideais, o hoje empreendedor superou as dificuldades para ser aprovado na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), onde cursa Administração.
“Na rede estadual, percebi que a base que tive na Fundação Osório foi ótima. Questionei um pouco meu ensino médio. Queria fazer um curso, mas é muito caro e não tinha condições, mesmo trabalhando (comecei aos 16). Estudei em casa, sem muita motivação ou pré-vestibular, e no fim passei no curso que queria em uma faculdade pública”, disse.
As diferenças não residiam apenas no conteúdo. Filho mais velho dos três de uma dona de casa que só ingressou no ensino superior depois dele, relembra momentos em que a estrutura de sua escola, o Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro, da rede estadual, se mostrava defasada em relação ao ensino privado.
“Mesmo sendo uma escola de referência entre as públicas, não havia tecnologia de ponta e às vezes faltava professor. Ainda sofri com greves porque o governo não valoriza a educação. Faltava modernização porque o colégio não recebia investimentos compatíveis com a estrutura que precisava manter”, frisou.
Apoio
Juliane Godas, de 21 anos, tem uma história diametralmente oposta. A estudante de Medicina da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), que teve toda sua formação em escolas particulares, sabe das benesses que uma boa condição financeira traz. “Tenho total noção que faz muita diferença. É muito privilégio. Eu já sabia, mas vi na prática aqui na UniRio. Mesmo sem ter muito, eu estou muito à frente da maioria. Tive a sorte de ter condições financeiras de poder tentar três vezes”, declarou.
Nascida em Peruíbe, Juliane teve como principais dificuldades uma mudança de cidade e a adaptação a um ensino um pouco mais forte. Ela teve condições de ficar três anos em um cursinho e se esforçar para alcançar sua tão sonhada aprovação no curso de Medicina.
“Meus pais também pagaram aulas particulares no último ano, foi bem caro, ficou apertado, mas foi importante. Eu tive uma família com condições e estrutura para financiar minha educação. Pouquíssimas pessoas têm essa chance”, destacou ela.
Apesar de ter vivido em uma realidade diferente, ela defende a política de cotas. “Só reduz a diferença, não iguala. Ainda há um abismo”, opinou.
Visão dos dois lados. Já Pedro Diniz, também de 21, viveu os dois lados da moeda. De mau aluno no ensino particular até a evasão escolar, o filho de um administrador rural e uma dona de casa só pegou gosto pelo estudo no pré-vestibular. “Fui reprovado por duas vezes em Jacareí. Primeiro foi em escola particular. Não gostava de estudar. Na segunda vez, passei em uma prova de reclassificação do Estado, mas arrumei um emprego em São Paulo e larguei os estudos”, contou.
Após um ano sem estudar, o jovem, que se mudou duas vezes de cidade, resolveu voltar às salas de aula. Como bolsista integral do Cursinho da Poli, prestará vestibular pela segunda vez, e tentará ingressar no curso de Agronomia. “Paguei um supletivo com meu salário. Depois entrei em um pré-vestibular. Dividia as mensalidades com meu pai. No primeiro ano, não tive sucesso. Agora vou conseguir. Tenho toda a estrutura necessária.”
Estadão