Sensação entediante é estar frente a uma página em branco – no escritório ou na sala de aula – e perceber faltar a ideia. São aqueles vários começos e recomeços alimentadores da insatisfação. Todos os escritores já passaram por isso.

Há uma analogia da qual gosto muito: escrever é como tocar Piano. Existem os que se esforçam para o estudo da Música; os que – mesmo sem tamanho talento – praticam a ponto de profissionalizarem-se; os que têm professores; os que conseguem brotar amor pelo que fazem.

Por que preciso escrever? Porque o meu ofício exige isso; com a fina escrita, posso ser visto; meu sonho pode transformar-se em realidade; as palavras bem-educadas garantirão uma comunicação admirada; com admiração, um profissional estará sempre (ou durante muito tempo) na memória das pessoas.

Desconheço quem não dobra os joelhos à elegância da caneta, às sutilezas da inversão oracional, ao tempero de determinada ironia, à educação de vocativos racionais, ao fechamento chique. Um ser consciente do poder vocabular passa a ganhar asas, a ver sentimento, a saber a força do sinestésico, a pensar mais antes de quaisquer registros, a pesquisar para conferir autenticidade, a agradar sem bajular hipérboles malfeitas.

E quando faltar a ideia? É abrir um poema de Drummond e observar atento o radical do termo “restaurante”: restaure-se. Quando o tanque criativo estiver quase vazio, é embebedar-se da Literatura. Sugiro Crônicas, Poemas, Romances Clássicos, Contos. O mais importante – neste parágrafo de orações tão curtas – é: seja curioso e detalhista. Abrace uma nova palavra, como se conhecesse uma nova pessoa; é essa aparente loucura, nada literal, que engravidará sua percepção de Escrita: o processo demorará meses, mas enfim chegará o dia…o dia em que o aplauso encontrará sua habilidade comunicativa; o dia em que muitos perguntarão a você: “Onde diabos você consegue achar tantos novos termos, lágrimas e ideias?”

Será hora das respostas clichês: valorize o dicionário; faça como o Buarque e tenha um Analógico; leia Manoel de Barros; estude a Gramática de sua Língua, como se estudasse a estratégia de uma batalha; treine, treine e treine, a recompensa vocabular virá.

Sem a consciência do plural, a mensagem pode (e até deve) chegar; sem a devida pontuação, um texto também seguirá o seu destino; até mesmo sem quaisquer processos normativos, quaisquer ideias hão de levar o pensamento a algum lugar. No entanto, a pergunta do escritor (também locutor) pode ser: “Como minha palavra chegará àquele tímpano? Como causarei determinada reflexão? Como atingirei meu objetivo (pessoal ou profissional) usando tais sílabas, tons e construções?”

Um homem ciente da palavra polida não apenas convence: adentra respeitosamente o coração alheio, ansioso (deixo uma proposital ambiguidade com esse termo no masculino) para mudar, aprender e ajudar.

msn

 

consciencianegraEm alusão ao Dia da Consciência Negra, comemorado no dia 20 de novembro, o Núcleo Estudos e Pesquisas Afro (NEPA) da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) e também o Fórum de Promoção da Igualdade Racial, vai organizar a discussão do tema “Olhares Contemporâneos sobre o Racismo Estrutural: 130 anos de abolição ?”. O evento acontecerá nos dias 20 à 23 de novembro, no campus Dra. Josefina Demes, em Floriano.

A V Semana da Consciência Negra tem como principal objetivo discutir olhares plurais do racismo estrutural na conjuntura que vivemos. Além de abordar o “por quê” que esse racismo persiste com vivacidade nas instituições do país ainda 130 anos depois da abolição.


O encontro contará com mesas redondas, palestras e atividades culturais como dança africana e indígena, capoeira, maculelê, reggae, entre outras práticas remetidas à matriz africana. O primeiro dia contará com a conferência de abertura com Túlio Henrique Ferreira, Prof. Dr. em História.

A programação da semana seguirá com mesas redondas com os temas:

20/11: Relatos de pessoas das religiões de origem africana (Candomblé e Umbanda), ministrada pelo professor Cássio Santos e representantes das religiões.
21/11: Apresentação de trabalhos por alunos e ex-alunos com temas relacionados aos 130 anos de abolição e os olhares diversos sobre isso.
22/10: Mesa redonda com o tema: “A Mulher negra no Brasil Contemporâneo”, ministrada pelas professoras Alma Patrícia e Flávia Regina e a coordenadora de Secretaria de Cultura em Floriano, Elineuza Ramos.


23/10: Conferência de encerramento com o professor Solimar Oliveira.
Além dessas atividades, no decorrer de todos os dias ocorrerão um curso de Contação de Histórias a partir da literatura africana, e, também, oficinas que terão como tema Corpo da Negra e do Negro na Sociedade e Brincadeiras de Mau Gosto de cunho racista.

Para o professor Robison Pereira , um dos organizadores do evento, é um momento de uma profunda reflexão e reunião para que possamos tratar as estratégias de luta contemporânea e também no futuro. “A V Semana da Consciência Negra vai nos fazer discutir acerca desse racismo presente que perpassa por todas as instituições atualmente. É espantoso que depois de 130 anos de abolição da escravatura ainda vivamos o racismo. Ele não é escancarado, mas vem de forma disfarçada e deve ser combatido, e este evento vem em prol de gerar visibilidade às lutas e resistências negro atualmente”, pontua.

Dia da Consciência Negra

O Dia da Consciência Negra é comemorado em 20 de novembro em todo o território nacional. A data faz referência ao dia da morte de Zumbi dos Palmares. Ele foi um dos maiores líderes negros do Brasil que lutou para a libertação do seu povo e contra o sistema escravista. A importância da data está no reconhecimento dos descendentes africanos na constituição e na construção da sociedade brasileira.

 

Uespi

Entre os dias 23 e 26 de outubro foi promovido pela Universidade Estadual do Piauí (UESPI) o XVIII Simpósio de Produção Científica (SPC) e o XVII Seminário de Iniciação Científica (SIC), no Diferencial Buffet. O evento premiou discentes e docentes com base nas suas pesquisas científicas dos Programas PIBIC (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica) e do PIBITI (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação).


Na quarta-feira (24/10), os trabalhos premiados foram os das áreas de Ciências Agrárias, Ciências Exatas e da Terra, Engenharia e Ciências Biológicas. Na quinta (25/10), alunos de Linguística, Ciências Humanas, Letras e Artes exibiram em pôsteres e em sessões orais de seus projetos. O último dia (26/10), foi dedicado as áreas de Ciências da Saúde, Ciências Sociais Aplicadas e Multidisciplinar.

A Estudante Débora Lívia, do curso de Letras-Português, campus Clóvis Moura, foi gratificada com o 1° lugar por seu trabalho sobre o discurso religioso, trabalhando as relações de poder dentro dos cânticos da igreja católica. “É um trabalho de extrema relevância, tendo em vista que nós vivemos em uma nação dita cristã. Segundo o Datafolha, 80% da nossa população é cristã. Então, esse discurso circula dentro da nossa sociedade, provocando no meio social efeitos que vão culminar numa regulamentação de comportamentos”, ressalta a aluna.


alunosTambém premiada, a estudante do curso de Comunicação Social Margella Furtado, juntamente com seu orientador Profº Dr° Orlando Berti, apresentou seu trabalho sobre as rádios comunitárias do Piauí. Ela procurou construir um perfil das rádios, mostrando a presença delas nos 224 municípios. “O movimento de rádios comunitárias no país é muito mais antigo do que a lei de Radiodifusão, por exemplo, que é de 1998. Então, por ser um dos maiores meios de comunicação, se forem comparados as rádios comercias e públicos estatais, resolvermos fazer um perfil delas aqui no Piauí”, explica.
Pesquisa e extensão social

No último dia de evento, a Profa. Dra. Andréia Rufino ministrou a palestra: Pesquisa Extensão e Realidade Social. Ela destacou que a comunidade acadêmica precisa repensar o que nos levam a realizar pesquisas. “A palestra tem como objetivo, provocar, instigar, mostrar as formas que os pesquisadores da UESPI devolvem os resultados da sua pesquisa a população. Ressaltar de que maneira estamos articulando a pesquisa com a extensão”, disse a palestrante.

O evento foi considerado um sucesso pela organização. A Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação, Bárbara Melo, que está a frente do projeto, falou sobre as premiações: “Foram 860 alunos participantes. Desses, 27 foram premiados. A banca avaliadora foi formada pelo Comitê Interno de Pesquisa da UESPI, que selecionou os 6 melhores trabalhos de cada grande área. A segunda rodada de avaliação foi feita por avaliadores externos, da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e do Instituto Federal do Piauí (IFPI), para avaliar dentro dos 6 trabalhos, os 3 melhores em cada área”, destacou.

Além disso, a Pró-reitora falou que o simpósio é um momento de divulgação de pesquisas realizadas por graduando, mestrandos e doutorandos. Nos seminários foram apresentados os projetos de iniciação científica realizados no período de 2017 e 2018.
Segundo o professor e coordenador do evento, Gustavo Gusmão, é muito importante dá visibilidade aos trabalhos que estão sendo desenvolvidos na universidade. “Começamos a trabalhar o simpósio há 4 meses. Com isso, foi possível termos apresentações de trabalhos na comunicação oral, em modalidade de pôsteres, oficinas e palestras. Tivemos uma participação que superou as nossas expectativas. Principalmente, dos campus do interior”, salienta o coordenador.

 

Uespi