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O câncer de colo do útero mata uma mulher a cada dois minutos no mundo. Para que as futuras gerações atuem preventivamente e vivam livres dessa neoplasia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a liderar iniciativas que eliminem a doença globalmente até 2030. A ação é um grande marco, pois, pela primeira vez, 194 países, incluindo o Brasil, se comprometeram a adotar as medidas necessárias, entre elas, a vacinação contra o papilomavírus humano (HPV).

Atualmente, há dois tipos de vacinas disponíveis no país: a HPV4 e a HPV9, que previnem quatro e nove subtipos de vírus, respectivamente. “A HPV9 passa a ser recomendada pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) como preferencial por aumentar a proteção contra as doenças associadas ao vírus. Ela é efetiva na redução de casos de cânceres de colo do útero, vulva, vagina, ânus, pênis, orofaringe e de verrugas genitais em ambos os gêneros, de 9 a 45 anos”, explica Dra. Juliana Oliveira da Silva, infectologista, coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar e do Centro de Vacinação do Hcor.

No momento, a vacina mais abrangente só pode ser obtida em unidades privadas de saúde. A expectativa é que ela seja disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) até o final do ano. A SBIm recomenda, sempre que possível, o uso preferencial da vacina HPV9 e a revacinação entre os anteriormente vacinados com HPV2 ou HPV4, com o intuito de ampliar a proteção para os tipos adicionais.

“Independentemente da abrangência, é fundamental que meninas de 9 a 14 anos e meninos de 12 e 13 anos recebam a imunização. No Brasil, a cobertura vacinal contra HPV está abaixo da necessária para reduzir, de maneira mais eficaz, o impacto dos cânceres de colo de útero e de ânus, das verrugas genitais e de outras doenças associadas ao vírus. Enquanto a recomendação da OMS é que 90% da população de até 15 anos seja imunizada, aqui no Brasil registramos 75,81% nas meninas e 52,16% nos meninos em 2022”, destaca a médica.

A especialista explica que a baixa adesão à vacina contra HPV pode estar relacionada ao fator cultural. “Atualmente, existe muita desinformação sobre a vacina porque acreditam que ela incentiva as meninas a iniciarem as relações sexuais mais cedo. É preciso mudar esse pensamento, ampliar a adesão para prevenir a infecção e evitar complicações que podem custar tantas vidas”, alerta.

Globalmente, o câncer de colo de útero é o quarto mais comum em mulheres e o segundo mais prevalente em jovens entre 15 e 44 anos. No Brasil, de acordo com Instituto Nacional de Câncer (INCA), são registrados anualmente cerca de 16 mil casos novos e seis mil mortes. Os números classificam essa neoplasia como grave questão de saúde pública, apesar de ser uma doença evitável e tratável, desde que diagnosticada precocemente e manejada de maneira eficiente.

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