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Data: 5/04/2025

Artigo publicado no Journal of Biological Chemistry descreve uma molécula capaz de inibir in vitro a proliferação do parasita causador da doença de Chagas.

O estudo foi conduzido por pesquisadores da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e do CQMED-Unicamp (Centro de Química Medicinal da Universidade Estadual de Campinas), um INCT (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia) apoiado pela FAPESP. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, a dificuldade de diagnóstico e de tratamento tornou a doença de Chagas uma das quatro maiores causas de mortes por doenças infecciosas e parasitárias no país, com média de 4 mil casos por ano nos últimos dez anos.

A enfermidade é causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi e transmitida por insetos (triatomíneos) popularmente conhecidos como barbeiros ou bicudos. Se não for tratada, pode causar danos irreversíveis e letais ao coração e a outros órgãos vitais. Até o momento, existem apenas dois medicamentos disponíveis: o nifurtimox e o benzonidazol. De acordo com a DNDi (Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas), cerca de 20% dos pacientes interrompem o tratamento por causa dos efeitos colaterais, que incluem intolerância gástrica, erupções cutâneas e problemas neuromusculares.

“As opções de tratamento ainda são muito tóxicas, ou seja, para atacar o parasita o medicamento acaba afetando outros processos do nosso corpo, gerando os indesejáveis efeitos colaterais”, explica Katlin Massirer, coordenadora do CQMED e autora do estudo. Uma das alternativas é encontrar medicamentos que atinjam apenas o foco da doença.

“A identificação de proteínas-alvo no parasita que sejam relevantes para o desenvolvimento de medicamentos ainda é um desafio de maneira geral. Quando se consideram os protozoários parasitas, isso é particularmente difícil, uma vez que estes têm vias enzimáticas e metabólicas distintas”, explica Massirer.

A primeira etapa nessa busca é validar proteínas que possam ser um bom alvo para o desenvolvimento de moléculas que sejam a base para gerar novos fármacos. No caso da doença de Chagas, o ideal é que seja um alvo capaz de interromper especificamente algum processo importante para a proliferação do parasita, sem afetar outros processos do organismo humano.

Os grupos da Unifesp e Unicamp vêm estudando a enzima chamada TcK2. “Trata-se de um novo alvo potencial, dado o seu papel central na fase intracelular do ciclo de vida do Trypanosoma, ou seja, se inibirmos suas funções, o parasita não se multiplica na mesma velocidade”, explica Sergio Schenkman, professor da Unifesp e autor do estudo. O ciclo de vida do T. cruzi alterna basicamente entre uma fase de vida livre com uma fase intracelular obrigatória, de infecção no hospedeiro, quando a multiplicação é mais acelerada.

Para esse alvo, os pesquisadores testaram 379 moléculas inibidoras e apenas duas tiveram potencial de inibir a TcK2. Entre elas, a molécula chamada dasatinib teve um desempenho melhor na inibição da enzima, provocando a desaceleração da proliferação do parasita em células de cultura, no laboratório. “Para assegurar que a molécula estava agindo na TcK2, nós testamos a dasatinib em Trypanosoma geneticamente modificados, sem TcK2, e a molécula inibidora não teve efeito”, explica Schenkman. “Dasatinib bloqueia a proliferação do parasita apenas em células que expressam TcK2, validando que esta enzima é o alvo do composto”, complementa Massirer.

O dasatinib já é um medicamento utilizado no tratamento de leucemias mieloides agudas e crônicas. “A terapia é eficaz devido à elevada sensibilidade ao dasatinib de uma proteína que está alterada na leucemia mieloide. No entanto, nos regimes de dosagem atuais, o dasatinib não atinge uma concentração suficiente para inibir a proliferação do T. cruzi. Logo, são necessários melhoramentos”, explica Schenkman. Ademais, a droga tem um custo elevado, chegando a R$ 15 mil por mês, um valor inacessível a grande parte da população, sobretudo àquela exposta ao risco da doença.

Uma vez validado esse alvo no parasita e utilizando o dasatinib como ponto de partida, poderá ser encontrada uma molécula inibidora. Para isso, os cientistas pretendem avançar no entendimento de como se dá a ligação entre o inibidor e a enzima para então estudar formas de tornar a molécula mais potente e específica. O passo seguinte será testá-la em animais de laboratório.

Uma possibilidade, segundo Schenkman, é que esses novos compostos sejam úteis para desenvolver uma droga atuando em combinação com outras já existentes. “O uso combinado das novas drogas poderia acelerar o tratamento, reduzir as doses, os efeitos colaterais e as taxas de abandono do tratamento, pois a TcK2 atua no parasita”, acrescenta o pesquisador.

O estudo também recebeu financiamento da FAPESP por meio de um Projeto Temático. E contou com a colaboração de pesquisadores da Unesp (Universidade Estadual Paulista) em Araraquara, Drug Discovery and Evaluation Unit, Universidade de Dundee (Reino Unido), Charles University (República Tcheca) e UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

Agência Fapesp

Um estudo realizado na Suécia e publicado nesta quarta-feira (12) na revista científica Circulation encontrou uma ligação entre certas bactérias intestinais e placas ateroscleróticas coronárias, que são uma das principais causas de ataques cardíacos.

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O trabalho analisou as bactérias intestinais e as imagens cardíacas de quase 9.000 participantes sem doença cardíaca conhecida. Os pesquisadores descobriram que bactérias orais, particularmente espécies do gênero Streptococcus, estavam associadas a um aumento da ocorrência de placas ateroscleróticas nas pequenas artérias do coração quando presentes na flora intestinal.

"Acabamos de começar a entender como o hospedeiro humano e a comunidade bacteriana nos diferentes compartimentos do corpo se afetam. Nosso estudo mostra pior saúde cardiovascular em portadores de Streptococcus no intestino. Agora precisamos investigar se essas bactérias são atores importantes no desenvolvimento da aterosclerose", disse em comunicado um dos principais autores do estudo, a professora Marju Orho-Melander, da Universidade de Lund.

As descobertas foram baseadas em avanços na tecnologia que permitiram a caracterização profunda de comunidades bacterianas e melhorias nas técnicas de imagem. A equipe de pesquisa descobriu ainda que algumas das espécies ligadas ao acúmulo de depósitos de gordura nas artérias do coração também estavam presentes na boca. Essas bactérias foram associadas a marcadores de inflamação no sangue.

"O grande número de amostras com dados de alta qualidade de imagens cardíacas e flora intestinal nos permitiu identificar novas associações. Entre nossos achados mais significativos, Streptococcus anginosus e S. oralis subsp. oralis foram os dois mais fortes”, complementou o principal autor do artigo, Sergi Sayols-Baixeras, da Universidade de Uppsala.

Os cientistas pretendem aprofundar as investigações para determinar o papel exato dessas bactérias no desenvolvimento da aterosclerose.

"A aterosclerose se desenvolve lentamente à medida que colesterol, gordura, células sanguíneas e outras substâncias no sangue formam placas. Quando a placa se acumula, ela causa o estreitamento das artérias. Isso reduz o suprimento de sangue rico em oxigênio para os tecidos dos órgãos vitais do corpo", informa o Instituto Nacional de Coração, Pulmões e Sangue dos Estados Unidos.

Além de problemas cardiovasculares, como infarto e derrame, a aterosclerose pode provocar problemas renais e cerebrais.

"A redução do fluxo sanguíneo pode levar a sintomas como angina. Se uma placa estourar, podem se formar coágulos sanguíneos que podem bloquear a artéria completamente ou viajar para outras partes do corpo. Bloqueios, completos ou incompletos, podem causar complicações, incluindo ataque cardíaco, acidente vascular cerebral, demência vascular, disfunção erétil ou perda de membros. A aterosclerose pode causar morte e incapacidade", salienta o instituto.

R7

Foto: Freepik

A Carretinha da Saúde já atendeu 915 crianças de 0 a 6 anos nas regiões Norte e Sul do estado na primeira semana de atuação do projeto. Os serviços iniciaram nos municípios de Luís Correia e Bom Jesus e fazem parte das ações desenvolvidas pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) por meio do Pacto Pelas Crianças. O Pacto tem por finalidade planejar e intermediar a implementação de políticas públicas transversais de cuidado com a Primeira Infância. São dois veículos que, no total, já realizaram 233 atendimentos na área da fonoaudiologia, 242 odontológicos e 440 oftalmológicos. Além das especialidades, o serviço também já prescreveu 97 óculos para crianças, que serão entregues gratuitamente pelo projeto. Os atendimentos acontecem nos turnos da manhã e tarde.

No município de Bom Jesus foram 526 crianças beneficiadas pela ação sendo 129 atendimentos na área de fonoaudiologia, 131 na área de odontologia e 266 na área da oftalmologia. Foram 52 óculos prescritos e 16 carteiras de vacina atualizadas.

"A atualização da carteira vacinal das crianças também é uma das ações que a Secretaria de Estado da Saúde vem desenvolvendo dentro do Pacto pelas Crianças por meio da Carretinha da Saúde", ressalta a superintendente de Atenção Primária à Saúde e Municípios, Leila Santos.

Em Luís Correia, a Carretinha da Saúde atendeu 389 crianças, sendo 104 atendimentos fonoaudiólogos, 111 odontológicos e 174 oftalmológicos. 45 óculos foram prescritos durante os atendimentos. A primeira unidade seguirá com os atendimentos no município de Bom Jesus até o próximo dia 13 de julho. Atualmente, a carretinha está recebendo as crianças dos municípios de Currais e Santa Luz. No dia 17 de julho, a carreta estará no município de Monte Alegre do Piauí para iniciar os atendimentos.

A segunda unidade da carretinha seguirá com os atendimentos na cidade de Luís Correia até o dia 18 de julho. No município, os atendimentos foram para as crianças residentes de Luís Correia e Cajueiro da Praia. No dia 20 de julho a unidade seguirá para Parnaíba, dando início a primeira etapa dos atendimentos na cidade.

“Temos recebido muitas respostas positivas das famílias e das crianças. Em uma semana já foram detectadas mais de 100 crianças com a necessidade de uso de óculos de grau, e nós estaremos entregando esses óculos para elas. Nos casos em que foram detectados problemas auditivos também serão encaminhados para fazerem o aparelho auditivo ou implante coclear. Cito o exemplo de uma criança com deficiência que necessitava de um óculos de 8 graus e a família não tinha conhecimento dessa necessidade. A Carretinha da Saúde está ajudando as nossas crianças a terem um diagnóstico precoce para que todas as medidas cabíveis sejam adotadas para que elas tenham uma vida mais saudável e feliz”, destaca a coordenadora do Pacto Pelas Crianças do Piauí, Isabel Fonteles.

O investimento estimado no serviço para este ano chega a quase R$ 1 milhão, valor que deve dobrar em 2024. Todo o recurso é do Tesouro Estadual.

Sesapi

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou nesta segunda-feira (20) uma lista de 934 pomadas capilares autorizadas a voltar ao mercado (veja abaixo).

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A decisão de proibir a venda de todas as pomadas para trançar, modelar ou fixar cabelos foi adotada em fevereiro devido ao número de relatos de eventos adversos graves notificados à agência, como irritação nos olhos e até cegueira temporária.

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A Anvisa ressalta que se trata de uma lista restrita e que a interdição continua para produtos que não estiverem citados no documento acima.

Segundo as investigações, a maioria dos produtos que causou efeitos adversos oculares graves apresenta altas concentrações da substância Ceteareth-20.

Por isso, a interdição segue para produtos que estejam nessa condição, "permitindo o retorno ao mercado de parte dos produtos que possuem essa substância abaixo da concentração de 20% em suas fórmulas", diz a Anvisa.

Desde o início do ano e como parte da investigação aberta para apurar o caso, a Anvisa já cancelou a autorização de 635 produtos por motivos como uso de ingrediente não autorizado ou fora do limite, ausência de declaração do responsável técnico da empresa e não apresentação de estudos e testes solicitados.

A agência diz que "continuará o monitoramento de todos os casos de efeitos adversos associados às pomadas capilares e agindo sobre aquelas que venham a ocasionar novos eventos".

Por que todas as marcas tinham sido proibidas?

Por precaução. A Anvisa tinha decidido suspender temporariamente a venda de todas as 3.154 marcas (nacionais e importadas) comercializadas no país diante do aumento de relatos de problemas de saúde causados pelas pomadas.

Alguns consumidores relataram queimaduras nos olhos ao entrar na piscina ou após tomar chuva, fazendo com que a pomada escorresse do cabelo para o rosto.

? Entre os eventos relatados por consumidores estão:

Cegueira temporária (perda temporária da visão); Forte ardência nos olhos; Lacrimejamento intenso; Coceira; Vermelhidão; Inchaço ocular; e Dor de cabeça.

'Dias sem enxergar'

Somente em Pernambuco, mais de 250 pessoas foram atendidas em PE por causa do uso dos produtos.

Em março do ano passado, o g1 noticiou o caso da manicure Josiane Reis de Souza, que ficou dias sem enxergar após ter usado uma pomada modeladora para trançar os cabelos no Rio de Janeiro.

Quando saí da piscina e começou a escorrer, a minha visão foi ficando toda esbranquiçada, tudo nublado, parecia que eu estava dentro de uma nuvem de fumaça. Durante a madrugada, já não conseguia mais enxergar. Tive que ir ao hospital porque meus olhos queimavam muito. Chegando no Hospital do Olho, o médico averiguou que a minha córnea havia sido queimada. — Josiane Reis de Souza ao relatar o que sentiu na época ao usar a pomada

A dona de casa Mayara Santana também passou por situação parecida. Ela disse que comprou uma pomada capilar em uma loja de cosméticos e usou o produto por conta própria.

"Usei a pomada para fazer tranças no cabelo. Por volta das 17h, começou a chover e eu senti um incômodo intenso, uma ardência muito grande nos olhos", contou

Orientações sobre o que fazer

Consumidores

Não use ou adquira esses produtos que não estiverem na lista da Anvisa. Se fez uso recente, lave os cabelos com cuidado, sempre lembrando de inclinar a cabeça para trás, para que o produto não entre em contato com os olhos. Em caso de contato acidental com os olhos, lave imediatamente com água em abundância. Em caso de qualquer efeito indesejado procure imediatamente o serviço de saúde mais próximo de você.

Profissionais, salões e comércio

Já no caso de profissionais que atuam em salões e comércio em geral, as orientações são:

Não utilizem os produtos que não estiverem na lista da Anvisa em nenhum cliente. O manuseio do produto também pode trazer risco aos aplicadores. Não comercialize esses produtos que estão fora da lista enquanto a medida estiver em vigor. Não existe determinação de recolhimento no momento, mas o produto que estiver fora da lista da Anvisa deve ficar separado e não deve ser exposto ao consumo ou uso.

G1 Bem Estar

Foto: divulgação