A Exposição ATALHO PARA BEM ALI, de artistas visuais teresinenses, está exposta em Fortaleza no Centro Cultural Banco do Nordeste. Foi aberta no último sábado, 9 de novembro, e fica em exposição permanente até 9 de janeiro próximo.
Consta de trabalhos de uma série de artistas da capital piauiense que vem fazendo interferências urbanas das mais variadas, mudando o aspecto visual da cidade e chamando a atenção de todos. Artistas como Guga Carvalho, Danilo Medeiros, Thiago Saraiva, Adler Murad, Fábio Expiga, LuRebordosa, Jell Carone e os grupos Donada, Circuito Grude e Abacateiro mostram ao público alencarino as diversas formas de intervenção urbana e simbiose plástica com os aspectos do cotidiano da urbe.
Como a exposição foi aberta a 9 de novembro, aniversário do poeta piauiense Torquato Neto, acontece simultaneamente uma mostra da produção de cinema super-8 feita nos anos de 1972/73 em Teresina, com filmes do próprio Torquato, Arnaldo Albuquerque, Edmar Oliveira, Antônio Noronha, Francisco Pereira e Carlos Galvão. Para proferir uma palestra sobre o assunto, o poeta Durvalino Filho discorreu sobre a dinâmica deste suporte inédito até então e o modo de produção destes filmes realizados em plena ditadura do general Médici – e como isso veio influenciar as gerações futuras. Uma sala anexa fica exibindo permanentemente esses filmes para o público sentado em cadeiras, poltronas e almofadas.
Os artistas visuais piauienses aproveitaram as madrugadas em Fortaleza para executar diversas interferências pelas ruas da cidade, deixando a nossa marca em suas paredes. Destaque para o trabalho do misterioso artista Granizo (que ninguém sabe quem é) que realizou seus atalhos em muros de Fortaleza: portas com maçanetas feitas em spray e que prometem uma passagem para outra dimensão – a rua, a esperança, o amor, o prazer, etc.
“Outras cidades brasileiras vêm demonstrando um interesse incomum pelo que está sendo jeito aqui, pois o que vem acontecendo em Teresina nessa área não está acontecendo com a mesma força na própria Fortaleza, por exemplo”, diz Durvalino Filho, palestrante da exposição.
“Os artistas visuais de Teresina resolveram transpor os limites das lojas de decoração, já que Teresina não possui galerias permanentes nem pinacoteca – e avançam com suas interferências pelas ruas, tornando a cidade mais bela, mais participante e também mais enigmática. Fizemos o mesmo nos anos 70 com o filme super-8, pois na época Teresina dava seus primeiros passos para ter uma televisão e boiava num marasmo intelectual que só veio a ser quebrado com a chegada do governo Alberto Silva, que criou um novo espaço urbano e lançou as bases da Teresina metrópole que é hoje”.
Coordenada por Guga Carvalho e o fotógrafo cearense Solón Ribeiro, ATALHO PARA BEM ALI tem sido bastante visitada pelo público de Fortaleza, especialmente novos artistas plásticos que demonstram grande interesse em interagir com a rapaziada de Teresina. A exposição pretende viajar para Brasília, Salvador e Rio de Janeiro nos primeiros meses de 2015 – para só então aportar em Teresina com suas performances.
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