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cieloEm entrevista exclusiva a "Folha de São Paulo" publicada nesta segunda-feira, o nadador Cesar Cielo, campeão olímpico em 2008 e pentacampeão mundial - tri nos 50m livre e bi nos 50m borboleta -, afirmou que desde sua conquista em Pequim, a estrutura da natação brasileira só piorou e que o país não pode mais viver de ‘máscaras das medalhas'.

 

"Em número de atletas, a gente andou para trás. Se pegar o número de federados de dez anos atrás, não posso falar com certeza, mas, se aumentou, duvido que tenha sido de forma negativa. E isso para um esporte em que a gente ganha medalha desde 2008 todos os anos. A parte estrutural só piorou. O que melhorou foi o grupo (da seleção). Todos foram crescendo juntos, é uma grande equipe. Evoluíram a parte técnica, a capacidade dos atletas, mas em estrutura...", disse.

 

Cielo também criticou o procedimento de desenvolvimento de atletas e o calendário nacional de competições com poucos torneios para aqueles que estão surgindo.

 

"O processo é um funil, começa com mil para, talvez, ter um que vai dar certo. O esporte no Brasil hoje está vivo por causa dos clubes. É difícil do nosso lado também (dos atletas de elite). Qual é o cartel de competições que a gente tem? Tem Maria Lenk, José Finkel e Open. Na agenda de Grand Prix da USA Swimming (entidade que organiza a natação dos EUA) tem uma competição por mês. É como no tênis, o cara não tem dinheiro para viajar para jogar em Dubai, mas pode jogar o ATP 250 aqui na América do Sul. Tem que fazer em todos os lugares, tem que ter competição no Nordeste porque o pessoal não tem dinheiro para viajar."

 

O nadador afirmou que o dinheiro precisa ser investido em quem está surgindo, para dar chances para outros atletas competirem e não viver ‘máscara de medalhas': "Não precisa mais de investimento em cédula, não quero mais dinheiro, tem que investir em quem está aparecendo, dar chance de competir. A gente não pode mais viver dessas máscaras das medalhas. Temos lá seis ouros em Mundiais, mas as arquibancadas do Maria Lenk estão vazias", acrescentou.

 

O campeão olímpico ainda comentou sobre a movimentação dos jogadores de futebol sobre o calendário da CBF e da pressão política que ex-atletas, como Hortência, Raí e Ana Moser, estão fazendo para moralizar a administração esportiva.

 

"Fazer só barulho não adianta. Tem que fazer pressão de forma política, não tem jeito. E nessa parte o esporte precisa dos ex-atletas em ação. O atleta na ativa é um alvo muito fácil. É muito fácil prejudicar um cara desses. Por isso precisamos do pessoal que parou entrando em cena. Quem foi para competição internacional sabe como é. O massagista (da natação dos EUA) foi atleta olímpico. O cara para de nadar, mas continua envolvido no esporte. Técnicos ou até dirigentes dos EUA são ex-atletas olímpicos, a linguagem deles é a de quem fez natação, sabem do que estão falando", afirmou Cielo.

 

Fonte: ESPN