O curso de medicina voltou a ser o mais concorrido do vestibular da Fuvest. A disputa de 56,43 candidatos por uma das 275 vagas no curso de medicina na Universidade de São Paulo (USP) e na Santa Casa, no entanto, é pequena se comparada a outros processos seletivos. Na Universidade Estadual Paulista (Unesp), que terá a primeira fase neste domingo, 18, a concorrência é de 185,3 candidatos por vaga. Na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), são 127,3 candidatos por vaga. A disputa na Unicamp começou no último domingo, 11. A primeira fase da Fuvest será no dia 25.
Garantir uma vaga na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Estadual de Maringá (UEM), Universidade Estadual de Londrina (UEL), Universidade Estadual do Maranhão (Uema), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) ou Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) também não é nada fácil.
Os números não assustam os estudantes que disputam vagas nos cursos de medicina. Em geral, esses candidatos têm afinidade com ciências exatas e aprenderam a enfrentar outros números, aqueles que podem ser os verdadeiros vilões para quem sonha em ser médico: a concorrência entre candidato e vaga.
O estudante João Paulo Natalino Ferrari, de 20 anos, vai tentar uma vaga no curso de medicina pelo quarto ano consecutivo. Sua família é de engenheiros, mas ele sonha em ser médico desde criança. Ferrari foi aprovado em uma faculdade particular de Araraquara, a Uniara, vai se matricular como garantir, mas vai prestar o vestibular da Unicamp, Unesp, Fuvest, além de outras instituições privadas.
“A concorrência não me assusta, porque temos de avaliar quantas pessoas estão no seu ou acima do seu nível. No montante de candidatos tem muita gente que está saindo do ensino médio e não tem boa preparação. Eu me assustaria mais se soubesse que há dez candidatos melhores ou tão bem preparados como eu, do que saber que há 300 pessoas na disputa geral”, afirma Ferrari.
Neste ano, o candidato resolveu mudar a estratégia dos estudos focando nas disciplinas de ciências humanas, com as quais tem mais dificuldade. Também mescla o tempo de estudo no cursinho e em casa, por pelo menos uma hora diária de exercício físico na academia. “Aos fins de semana procuro descansar, até para melhorar o aproveitamento. Este ano estou bem confiante”, diz.
‘Tem de enfrentar’
Yuri Inoue, de 18 anos, também encarar vai uma sequência de provas seguidas com os vestibulares da Unicamp, Unesp, Fuvest, Unifesp e da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM).
Inoue afirma que o vestibulando de medicina sabe que tem de enfrentar uma concorrência grande, porque os números são esperados e não assustam. O estudante concluiu o ensino médio em 2011 e neste ano se dedicou ao cursinho, mesclando os estudos na instituição e em casa à noite. “A rotina é puxada, entro no cursinho à 7:00h, fico o dia todo. Tem dia que estudo até as 2:00h da manhã, além de fim de semana e feriado. Mas, por outro lado, acho que estou bem preparado para as provas.”
Universidades federais que vão usar o Sistema Unificado de Seleção (Sisu) para definir seus calouros só terão a concorrência divulgada durante o processo do sistema do MEC, em janeiro.
Teste como treineiros
Os estudantes Diogo Silva Lira e Eduardo Galvão de Franca de Moraes Alves, de 17 anos, de São Paulo, foram aprovados como treineiros na Fuvest no ano passado, mas como neste ano, concluem o ensino médio, entram na disputa por uma vaga no curso de medicina para valer.
Além da Fuvest, os estudantes vão prestar os vestibulares da Unicamp, Unesp, Unifesp, além de disputar vagas em outras instituições por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Apesar de saberem que é comum o candidato a uma vaga em medicina, não conseguir ser aprovado logo na primeira tentativa, os jovens estão confiantes e dizem não se intimidar com o tamanho da concorrência.
“Temos ciência de que a concorrência é bem alta, como se fosse de um concurso público. Alguém vai ter de ocupar as vagas e estudamos para que sejamos nós”, diz Eduardo. O jovem diz que encara uma rotina pesada de estudos, inclusive aos fins de semana quando participa de simulados. Para ele, o candidato que quer estudar medicina precisa estudar mais do que os outros, ir além e não errar. “Décimos de pontos decidem os que entram ou ficam fora da universidade.”
Diogo Silva Lira conta que neste ano abdicou de atividades de lazer, como jogos de futebol e saída com os amigos. “Procuro não me importar com os dados [da concorrência] porque o resultado é individual, depende de cada um. E se eu me preocupar muito com isso pode ser que me prejudique nas provas.”
G1