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Cientistas do Brasil e Reino Unido apontaram uma relação entre a desnutrição de grávidas com casos de microcefalia por conta do vírus da zika. Um estudo publicado na sexta-feira (10) pela revista "Sciences Advances" mostrou que uma alimentação pobre em proteínas aumenta os riscos de infecção nas mães o que pode provocar a malformação dos fetos.


Os pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade de Oxford, na Inglaterra, que assinam o estudo em conjunto, explicaram que os casos de síndrome congênita associada à infecção pelo vírus da zika (CZS, da sigla em inglês) estão diretamente ligado a fatores ambientais e de estilo de vida.

A CZS, é como é chamada uma série de malformações associadas com a zika. Entre elas estão as alterações cerebrais (microcefalia e lisencefalia), problemas na retina e aumento dos ventrículos cardíacos.

A zika é transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, o mesmo responsável pela dengue.


Casos se concentram no Nordeste


O Brasil foi apontado pela pesquisa como um dos países mais afetados pelas infecções do vírus da zika, com a maior parte dos casos –cerca de 75% – concentrados na região Nordeste.

"A infecção congênita pelo zika pode ser piorada por fatores ambientais, principalmente uma dieta pobre em proteínas", disse em nota o professor da Universidade de Oxford Zoltán Molnár, um dos autores do estudo.

Os cientistas explicaram que a dieta das comunidades mais pobres do país, baseada no alto consumo de carboidratos e baixo consumo de proteínas teve um papel definitivo no agravamento dos efeitos da síndrome.

Mesmo resultado em cobaias
O estudo replicou os efeitos da infecção em camundongos que receberam uma dieta pobre em proteínas e os pesquisadores observaram que os sinais da doença registrados em humanos também foram identificados nas cobaias.

As fêmeas de camundongo com alimentação não balanceada tiveram uma infecção mais persistente que as saudáveis. Entretanto, o cientista alertou que apenas ter uma boa alimentação não é suficiente para evitar a doença.

“Melhorar a dieta por si só não protege contra infecções pelo zika", explicou Molnár. "Mas pode determinar a gravidade da infecção."

O estudo ponderou que ainda é cedo para realizar experimentos clínicos em humanos, mas defendeu que o padrão identificado nos camundongos já seria suficiente para apontar um caminho no desenvolvimento de tratamentos para a infecção.

 

g1